A partir do próximo ano, vão começar a ser criadas residências para pessoas com doenças mentais graves e incapacitantes. De acordo com Caldas de Almeida, Coordenador Nacional de Saúde Mental , "o objectivo é integrar aos poucos as duas mil pessoas que estão em hospitais psiquiátricos ou institucionalizadas em unidades das ordens religiosas", refere. O diploma que vai reger a criação destas estruturas será aprovado em breve, garante.
Residências deste género já existiam, mas "tinham um peso modesto, beneficiando 200 a 300 pessoas. Além disso, não existiam de forma qualificada, por se tratarem de iniciativas de organizações não governamentais", explica o coordenador ao DN. Depois da integração dos hospitais psiquiátricos, este é o segundo passo que será dado para integrar estas pessoas na comunidade, garantindo-lhes melhores cuidados e mais autonomia.
O modelo destas residências já estava previsto no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, mas ainda não tinha sido definido um diploma próprio para a saúde mental. "As residências vão ter três níveis, consoante a autonomia dos doentes. Alguns podem viver sozinhos e apenas serem visitados de vez em quando; outros, necessitarão de apoio especializado 24 horas", explica.
Em 2009, serão lançados os primeiros projectos e o objectivo cumprido até ao final do plano (2016). Mas recorda que além das pessoas institucionalizadas é necessário integrar aquelas que não estão em nenhuma estrutura. "Há pessoas que não têm nada e que não chegam às unidades. Mas há casos de doentes cujas famílias não têm capacidade para cuidar deles. Estes casos são a nossa prioridade e estou convencido que nos vão aparecer mal criarmos as primeiras residências", refere.
Esta integração dos doentes vai necessitar, ao mesmo tempo, de programas de aprendizagem e reabilitação: "Nos casos mais graves, será necessário reaprender a ser autónomo, a gerir dinheiro ou regras de higiene. Nos doentes mais jovens, os programas são mais voltados para a integração profissional".
Estes programas de reabilitação já existem, mas em número reduzido. Agora, haverá um esforço para gerar centros de dia e de reabilitação. Isto significa que terá de ser feito um reforço em termos de recursos humanos ou, pelo menos, de retreinamento.
Em Outubro começam a ser formados profissionais de várias disciplinas, com o objectivo de trabalharem na comunidade e prestarem cuidados domiciliários, outras áreas que começam a ser reforçadas em 2009. "Já foi criada uma linha de financiamento de cinco milhões de euros para que os interessados apresentem projectos de trabalho na comunidade", frisa o coordenador. Prioridades são os programas de prevenção e de tratamento específico das crianças. Uma em cada cinco sofre de doença mental.
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