Muitas escolas recusam preparar ementas alternativas a alunos com doenças alimentares, privando-os de almoçar com os colegas na cantina, enquanto outras aceitam fazer dietas especiais, mas com erros de confecção que põem em risco a saúde das crianças. (...)
"Cada cidadão que necessita de uma refeição com regras especiais deve ter direito a ela, mas ainda é frequente recusar esse direito a algumas crianças, que se vêem obrigadas a regressar a casa para o almoço, ou, pior ainda, que recebem refeições com erros grosseiros na confecção", critica Jorge Amil Dias, especialista em gastrenterologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria.
De acordo com o Ministério da Educação, a legislação prevê que os estabelecimentos de ensino forneçam dietas próprias a alunos com restrições alimentares medicamente comprovadas, mas o próprio secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, admite que algumas escolas não estejam a cumprir.
"As escolas têm obrigação de providenciar as condições para que a criança ou o jovem tenha essa alimentação [alternativa]. Mas admito que nem todas as escolas no país tenham condições para o fazer", afirmou o responsável, em declarações à agência Lusa.
Nesses casos, acrescentou, o problema deve ser reportado ao Ministério da Educação, para que a tutela possa actuar e resolver o problema.
Segundo o especialista da Sociedade Portuguesa de Pediatria, as maiores dificuldades residem, muitas vezes, na falta de formação, sendo "numerosas as situações que necessitam de conhecimentos específicos por parte dos profissionais responsáveis e operacionais nas cantinas escolares".
Em declarações à Lusa, Jorge Amil Dias aponta o caso das crianças com doença celíaca, que não podem ingerir glúten, uma proteína presente no trigo, centeio, cevada e aveia, sob pena de provocarem lesões potencialmente graves no intestino e noutros órgãos.
Para que estas crianças possam "ter uma vida inteiramente normal, sem se sentirem discriminadas", o especialista defende que as cantinas têm de preparar refeições sem glúten, salientando que "não é aceitável, nestes casos, ir ao bife panado e raspar a camada de pão ralado, pois a contaminação continua a ser enorme".
"O Ministério da Educação, as associações profissionais de restauração e os sindicatos do sector devem tomar medidas para proporcionar a necessária formação aos profissionais", sublinha.
Cristina Nobre, mãe de uma criança com doença celíaca, conhece bem o problema: os técnicos do infantário onde a filha andou garantiam-lhe que preparavam uma dieta alternativa, mas as análises clínicas feitas regularmente vieram a comprovar que a menina continuava a ingerir glúten.
"Como não era em casa, obviamente só podia ser na escola. Tive de a mudar por causa disso e até fiz uma reclamação, mas nunca me deram resposta", relata.
Actualmente, a filha Melissa frequenta uma escola do primeiro ciclo onde a empresa de catering que fornece as refeições lhe proporciona uma ementa especial, mas tudo vai mudar quando passar para o 2º e 3º ciclos, já que o estabelecimento de ensino da sua zona de residência recusa preparar dietas alternativas, à semelhança de muitos outros em todo o país.
"Vai ser um enorme transtorno para mim e uma situação muito complicada para a minha filha. Tenho medo que os colegas gozem com ela, se tiver de levar uma marmita para a escola, já com 10 ou 11 anos. Bem basta ela ter a doença, quanto mais ser submetida a uma situação em que façam pouco dela por causa disso", explica Cristina Nobre.
Além da doença celíaca, que afecta cerca de um por cento da população, há muitas outras patologias que exigem uma dieta específica. Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), "estima-se que as alergias alimentares atinjam entre quatro e cinco por cento das crianças e as intolerâncias alimentares ainda mais do que isso".
"Nos casos mais graves, se as crianças ingerirem alimentos em relação aos quais têm alergia podem ocorrer choques anafilácticos que até podem ter desfechos fatais. É muito preocupante", explica o presidente da SPAIC, Mário Morais de Almeida.
Face aos riscos, o especialista salienta a necessidade de dar mais formação aos responsáveis dos refeitórios, até porque muitos alimentos "podem estar escondidos", como acontece, por exemplo, no caso de alguns sumos de fruta que contêm leite ou de comidas congeladas que têm lactose na sua confecção.
"Tem de haver maior competência entre os profissionais das empresas de catering e os técnicos que trabalham nas cantinas", alerta.
"Cada cidadão que necessita de uma refeição com regras especiais deve ter direito a ela, mas ainda é frequente recusar esse direito a algumas crianças, que se vêem obrigadas a regressar a casa para o almoço, ou, pior ainda, que recebem refeições com erros grosseiros na confecção", critica Jorge Amil Dias, especialista em gastrenterologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria.
De acordo com o Ministério da Educação, a legislação prevê que os estabelecimentos de ensino forneçam dietas próprias a alunos com restrições alimentares medicamente comprovadas, mas o próprio secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, admite que algumas escolas não estejam a cumprir.
"As escolas têm obrigação de providenciar as condições para que a criança ou o jovem tenha essa alimentação [alternativa]. Mas admito que nem todas as escolas no país tenham condições para o fazer", afirmou o responsável, em declarações à agência Lusa.
Nesses casos, acrescentou, o problema deve ser reportado ao Ministério da Educação, para que a tutela possa actuar e resolver o problema.
Segundo o especialista da Sociedade Portuguesa de Pediatria, as maiores dificuldades residem, muitas vezes, na falta de formação, sendo "numerosas as situações que necessitam de conhecimentos específicos por parte dos profissionais responsáveis e operacionais nas cantinas escolares".
Em declarações à Lusa, Jorge Amil Dias aponta o caso das crianças com doença celíaca, que não podem ingerir glúten, uma proteína presente no trigo, centeio, cevada e aveia, sob pena de provocarem lesões potencialmente graves no intestino e noutros órgãos.
Para que estas crianças possam "ter uma vida inteiramente normal, sem se sentirem discriminadas", o especialista defende que as cantinas têm de preparar refeições sem glúten, salientando que "não é aceitável, nestes casos, ir ao bife panado e raspar a camada de pão ralado, pois a contaminação continua a ser enorme".
"O Ministério da Educação, as associações profissionais de restauração e os sindicatos do sector devem tomar medidas para proporcionar a necessária formação aos profissionais", sublinha.
Cristina Nobre, mãe de uma criança com doença celíaca, conhece bem o problema: os técnicos do infantário onde a filha andou garantiam-lhe que preparavam uma dieta alternativa, mas as análises clínicas feitas regularmente vieram a comprovar que a menina continuava a ingerir glúten.
"Como não era em casa, obviamente só podia ser na escola. Tive de a mudar por causa disso e até fiz uma reclamação, mas nunca me deram resposta", relata.
Actualmente, a filha Melissa frequenta uma escola do primeiro ciclo onde a empresa de catering que fornece as refeições lhe proporciona uma ementa especial, mas tudo vai mudar quando passar para o 2º e 3º ciclos, já que o estabelecimento de ensino da sua zona de residência recusa preparar dietas alternativas, à semelhança de muitos outros em todo o país.
"Vai ser um enorme transtorno para mim e uma situação muito complicada para a minha filha. Tenho medo que os colegas gozem com ela, se tiver de levar uma marmita para a escola, já com 10 ou 11 anos. Bem basta ela ter a doença, quanto mais ser submetida a uma situação em que façam pouco dela por causa disso", explica Cristina Nobre.
Além da doença celíaca, que afecta cerca de um por cento da população, há muitas outras patologias que exigem uma dieta específica. Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), "estima-se que as alergias alimentares atinjam entre quatro e cinco por cento das crianças e as intolerâncias alimentares ainda mais do que isso".
"Nos casos mais graves, se as crianças ingerirem alimentos em relação aos quais têm alergia podem ocorrer choques anafilácticos que até podem ter desfechos fatais. É muito preocupante", explica o presidente da SPAIC, Mário Morais de Almeida.
Face aos riscos, o especialista salienta a necessidade de dar mais formação aos responsáveis dos refeitórios, até porque muitos alimentos "podem estar escondidos", como acontece, por exemplo, no caso de alguns sumos de fruta que contêm leite ou de comidas congeladas que têm lactose na sua confecção.
"Tem de haver maior competência entre os profissionais das empresas de catering e os técnicos que trabalham nas cantinas", alerta.
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