terça-feira, 31 de outubro de 2023

Seminário de Psicologia da Educação

A Direção-Geral da Educação (DGE) e a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) vão realizar, numa ação conjunta, o X Seminário de Psicologia da Educação, no dia 7 de dezembro de 2023, dirigido a psicólogos e psicólogas com intervenção em contexto escolar, a docentes, a diretores e diretoras de escola e outros agentes da comunidade educativa, incluindo pais e encarregados de educação.

Num contexto educativo marcado pela necessidade urgente de recuperar o bem-estar e as aprendizagens, urge compreender e encontrar novas respostas de atuação. Neste seminário, que conta com especialistas nacionais e internacionais, pretende-se promover a reflexão e o debate em torno de temas prementes que contribuam para apoiar cada um dos intervenientes educativos na sua intervenção.

  • Programa Provisório.
  • As inscrições decorrem entre os dias 31 de outubro e 20 de novembro de 2023.
  • As inscrições são limitadas à capacidade do auditório sendo admitidas por ordem de registo.
  • As inscrições nas sessões interativas estão condicionadas pela capacidade de cada um dos espaços onde se realizam. Quando a capacidade de cada um dos espaços é esgotada, os participantes serão colocados respeitando a ordem da sua inscrição e opção.
  • Os participantes selecionados serão avisados via e-mail.
  • Já está disponível a ficha de inscrição.
  • O Seminário está acreditado pelo Sistema OPP de Acreditação de Ações Formativas conferindo, aos psicólogos, créditos que podem ser utilizados nas candidaturas às especialidades profissionais da OPP.

Contactos

Telefone: 213 934 569 | 213 936 883   
Endereço eletrónico – dseeas@dge.mec.pt | Euroguidance-pt@dge.mec.pt

Fonte: DGE

domingo, 29 de outubro de 2023

Aplicação da Lei da não discriminação - Relatório 2022

A Lei n.º 46/2006, de 28 de agosto, tem por objeto não só prevenir e proibir a discriminação, direta ou indireta, em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde sob todas as suas formas, como também sancionar a prática de atos que se traduzam na violação de direitos fundamentais ou na recusa ou condicionamento de quaisquer outros direitos, pelos mesmos motivos.

Em cumprimento do disposto nesta Lei, o Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., recebe as queixas apresentadas, encaminha-as para as entidades administrativas com competências inspetiva e/ou sancionatória e elabora um relatório anual sobre a aplicação da Lei nº 46/2006.

Publica-se, assim, o Relatório referente ao ano de 2022, onde se reúnem os dados relativos às queixas por discriminação em razão da deficiência e do risco agravado de saúde apresentadas ao longo do ano de 2022. Estas queixas foram enviadas quer ao INR, quer às entidades com competências de natureza inspetiva ou sancionatória, cujas atribuições incidem sobre o tema da queixa em causa.

O presente relatório procura refletir o exercício da aplicação da Lei, pela compilação dos dados quantitativos recolhidos nos termos legais, relativamente à prática de atos discriminatórios e sanções eventualmente aplicadas.

Fonte: INR

sábado, 28 de outubro de 2023

Os estudantes estão a escrever pior? “Voltei este ano a corrigir exames nacionais e assustei-me”

A pandemia e consequente isolamento e os ecrãs e a escrita inteligente podem não explicar tudo. Os nossos filhos estão a escrever pior e a culpa também é nossa: lemos pouco à frente deles e não lhes incentivamos a leitura e escrevemos ainda menos e eles também. Fomos falar com três professores de Português, para tentar identificar a raiz do problema e procurar soluções

João Francisco Silva tem 54 anos e é professor de Português há quase 30. Dá aulas a alunos do 3º ciclo e do ensino secundário. Conversava connosco num dia de folga, enquanto procurava livros numa superfície comercial: “são para os meus alunos. Os bons alunos merecem tudo!”. João Francisco é perentório em afirmar que os estudantes “estão a dar muito mais erros de Português” e nem sequer tem dificuldade em encontrar os “problemas estruturais” que podem ajudar a justificar o fenómeno. Lemos pouco à frente dos nossos filhos e incentivamos pouco a leitura e há um “desinvestimento na Educação” que faz com que os apoios e os projetos específicos sejam reduzidos de ano para ano.

“Por exemplo, esta questão da redução do crédito horário às escolas, que retirou muitos professores de projetos específicos e dos apoios aos alunos. O Português é uma disciplina universal que está presente em todos os projetos. Não há horas para projetos e eles vão acabando, o que faz com que a prática da língua seja reduzida”, justifica.

O professor foi corretor de exames nacionais do 12º ano durante décadas e diz que é inevitável comparar a geração atual com as que já lhe passaram pelas mãos. “Já há muito tempo que não corrigia exames nacionais. Voltei a corrigir este ano e assustei-me. Alunos meus deste ano que fizessem um exame de há 15 anos não seriam capazes. O exame do 12º ano deste ano era muito fácil comparado com os de há uma década. Vivemos numa era de facilitismo. Muitos dos jovens estão muito fragilizados e muito infantilizados. E o Covid não explica tudo. Há muitos jovens que ainda não cortaram o cordão umbilical com os pais”, aponta.

“Enquanto professor e pai, tenho muito receio desta geração e da próxima, porque estamos a criar jovens muito infantilizados. Os jovens têm pouca resiliência e ler é uma das coisas que fazem menos atualmente. Os jogos são mais apelativos e tudo o que é instantâneo, automático é mais atrativo. Têm um léxico muito básico e muito elementar. Tenho alunos do secundário que têm muita dificuldade em estruturar ideias e verbalizá-las ainda é pior”, acrescenta.

A prova de que os jovens leem menos do que deviam e da necessidade que têm de viver no imediatismo, diz o professor, é a “falta de compreensão nas fichas e nos testes”. Não releem as perguntas ou os textos e têm uma “dificuldade tremenda” em retirar ideias de textos escritos.

“90% dos alunos não sabem recorrer a um dicionário”

João Francisco Silva confessa preocupação quando vê alunos seus que chegam ao ensino secundário “a escrever de forma muito debilitada”. Reconhece que as tecnologias trouxeram um certo facilitismo e, por isso, têm um papel importante nesta matéria, mas sublinha que o problema não está nos telemóveis ou nos tablets, mas no (mau) uso que lhes damos.

“A culpa não é das tecnologias é de quem recorre a elas de forma incorreta. Devíamos apostar na literacia digital dos jovens, para eles terem noção e a consciência de que não basta o copy paste ou um texto bonitinho feito pelo Chat GPT. Tem de haver um treino, um investimento, um ensinamento de como se usam as tecnologias”, apela o docente.

As novas tecnologias vieram facilitar-nos tanto a vida que muitos de nós, principalmente os mais jovens, já não executamos tarefas que impliquem algum esforço. “Quando eu escrevo alguma coisa no quadro, eles não passam para os cadernos. Perguntam se podem tirar fotografia. Já ninguém faz pesquisas em livros ou em dicionários, por exemplo. E nem precisam de escrever para pesquisar. É mais fácil ditar para o telemóvel e o telemóvel responde. Noventa por cento dos meus alunos não sabem recorrer a um dicionário. E com isso não há visualização da palavra. Logo, não há memorização”, relata.

“Mas não os proíbo de usarem tecnologias. Acho que são úteis se forem bem usadas. Mas, nas pesquisas, começo sempre pelos livros”, garante.

Os alunos de Alberto Veronesi, 43 anos, são um pouco mais pequenos e estão agora a aprender as primeiras letras. Alberto é professor do 1º ciclo. Aqui, o fenómeno é menor, mas já se depara com a luta inglória contra os telemóveis, que vieram roubar a prática da escrita. “Como em tudo na vida a prática ajuda à melhoria das competências e o facto de eles estarem cada vez mais habituados aos ecrãs onde escrevem com sugestões de correção do próprio digital, como aliás acontece com os programas de escrita, acabam por não treinarem o suficiente sem as bengalas corretivas. Na escola, quando lhes pedem para escrever, os erros aparecem todos porque não há a ‘máquina’ que os corrige”, analisa.
Os erros mais comuns

Há erros que são transversais a todos os níveis de ensino, mas há também falhas que são específicas de cada época da vida. Aqueles com que Veronesi mais convive no seu dia-a-dia são os relacionados com a fonologia.

“Temos sobretudo os referentes à segmentação (juntar ou separar palavras). Em primeiro lugar, temos a hipossegmentação, como por exemplo: ‘ligame’ em vez de ‘liga-me’ ou ‘adorote’ em vez de ‘adoro-te’. De seguida, também temos erros de hipersegmentação, ou seja, separar as palavras que deveriam escrever juntas. Exemplo: ‘a mor’ em vez de ‘amor’ ou ‘a mizade’ ou ‘amiza de’ em vez de ‘amizade’. Ainda dentro dos motivados pela fonologia temos os relacionados à estrutura silábica. Como são exemplo ‘braco’ em vez de ‘branco’, ‘peciso’ em vez de ‘preciso’ ou ‘espoldiu’ para ‘explodiu’”, enumera o professor da Escola Básica Manuel Teixeira Gomes, Marvila.

Mas há mais: quem está a aprender a ler e a escrever ainda troca muitas vezes o ‘ç’ e os dois ‘s’ ou o ‘x’ pelo ‘z’, não reconhece quando tem de dobrar o ‘r’ e aparecem muitos ‘caro’ que deviam ser ‘carro’ ou que antes de /p/ e /b/ deve usar sempre o /m/ e não o /n/.

João Pedro Aido é presidente da Associação de Professores de Português (APP) e acrescenta, nos alunos mais novos, um problema de construção frásica que se apoderou das salas de aula e dos recreios. “Em muitas construções omitem o verbo e os artigos quando falam. Dizem, por exemplo, ‘Professora, posso casa de banho?’ ou ‘posso água?’”, exemplifica.

Quanto aos mais velhos, diz o presidente da APP, “os problemas mais graves talvez não sejam ortografia, mas sim pontuação, sintaxe, construção e estruturação”.

Os alunos mais crescidos que se sentam à frente de João Francisco Silva acrescenta exemplos elucidativos: “Escrevem ‘pk’, em vez de ‘porquê”. “Encontrei muito isso nos exames nacionais. E eles têm muito tempo para o redigirem. Mas também dão muitos erros de acentuação. Para eles a acentuação não existe (o ‘às’ para eles é ‘as’) e confundem muitas vezes o acento grave com o agudo. O ‘para’ e o ‘pára’ veio-lhes complicar muito a cabeça. O ‘ão’ e o ‘am’… ‘farão’ aparece muitas vezes escrito ‘faram’. Há muitos nomes próprios escritos com minúsculas”, enumera.

João Francisco Silva nota que os alunos “escrevem como ouvem” e encontra muito português do Brasil misturado com a norma europeia, “porque ouvem muitos vídeos de youtubers e tiktokers brasileiros”. João Pedro Aido concorda, mas é mais específico na evocação da questão: “O problema da apropriação de certas estruturas da variedade de português do Brasil é os alunos não terem consciência se as formas são corretas ou erradas. Se veem vídeos onde ouvem alguém dizer ‘eu vi ele’, acham que está correto e passam a falar e a escrever assim”.

Ainda vamos a tempo de travar a fundo

João Pedro Aido sublinha que “não há dados que nos possam comprovar que dão mais erros, mas há dados preocupantes”. As provas de aferição, por exemplo, têm mostrado que os alunos até têm resultados mais positivos na escrita do que na oralidade. Aliás, sublinha o docente, era importante que as escolas tirassem lições das provas de aferição e implementassem programas e encontrassem estratégias que fomentassem a exposição a atividades de leitura e de escrita: “Quando a escola se organiza para lidar com este problema, isso tem impacto no trabalho dos alunos e no seu desempenho”.

“As bibliotecas escolares têm um papel decisivo e muito importante. Há estudos que mostram que um terço dos alunos nunca leram um livro ao longo de todos os ciclos letivos. Apesar de todo o trabalho notável que as bibliotecas fazem, os alunos não as procuram para requisitar um livro para ler nos tempos livres. É fundamental as bibliotecas escolares terem livros atualizados. Às vezes aquele livro pode fazer a diferença para atrair o jovem para a leitura”, sugere.

João Francisco Silva acrescenta que, em casa, também preciso dar o exemplo: “É fundamental ler à frente do filho. O filho ver o pai a ler é das coisas mais bonitas que podem existir. Ao final do dia, tem de ser um livro na mesa de cabeceira e não o telemóvel e estou convicto que isso diz muito de como a pessoa vai ter sucesso na vida”.

O presidente da APP concorda que o problema começa mesmo em casa e dá conta de um aspeto que mais lhe “chamou a atenção nos últimos anos” e que a pandemia até pode ajudar a explicar, “mas não explica tudo”. “Há muita falta de comunicação na família, falta de interação entre os diferentes elementos da família. Isso tem implicações por exemplo ao nível da articulação das palavras, a ponto de haver mais alunos precisarem de terapia da fala. Muitos alunos que estiveram fechados em casa aquele tempo todo, como também não conviviam com ninguém de fora, regressaram às escolas com muitos problemas. As máscaras também vieram causar uma entropia muito grande, porque não vemos os outros a falar e as crianças que estão a aprender não visualizam os movimentos necessários para articular determinados sons. Mas o maior problema é mesmo a falta de comunicação”, alerta.

Já João Francisco Silva não isenta quem governa de responsabilidade e sugere uma descida do IVA dos livros, para incentivar à leitura. Mas não é só: é fundamental que os diferentes anos letivos sejam planeados atempadamente “e os manuais cheguem a tempo e horas às escolas”. E a reutilização dos manuais tem inúmeras vantagens, mas nem tudo são rosas: “Os jovens precisam de ler, sublinhar, circundar determinadas palavras. Nos manuais reutilizáveis, na esmagadora maioria dos casos não o podem fazer”.

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Hiperatividade e défice de atenção: “O nosso cérebro não pára, há um ruído gigante aqui dentro. É insuportável”

Depois de vários anos a sentir que algo não estava bem, mas sem perceber ao certo o que era, Ana Isabel Paiva recebeu aos 40 anos o diagnóstico de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA).

O problema acompanhava-a desde criança - ou não se tratasse a PHDA de uma condição do neurodesenvolvimento que está presente desde a infância -, mas foi passando despercebido. “Tinha um excelente desempenho na escola, apesar de não conseguir prestar atenção ao que os professores diziam, e não perturbava ninguém. A minha família era muito estruturada e contribuiu de forma decisiva para o meu percurso escolar.” Durante a faculdade, porém, os sintomas tornaram-se mais evidentes.

“Não conseguia aprender à mesma velocidade do que as outras pessoas. Tinha de me esforçar muito mais. E isso deixava-me muito frustrada." A situação não melhorou quando começou a trabalhar e entrou na vida adulta. Muito pelo contrário. E Ana Isabel Paiva foi-se sentindo cada vez mais diferente dos que a rodeavam, como explica no mais recente episódio do podcast de saúde mental “Que Voz é Esta?”.

“As outras pessoas conseguem ter um pensamento do início ao fim sem serem abalroadas por outros 50 que não têm nada a ver com o pensamento inicial. Ninguém se põe a fazer 12 tarefas em simultâneo para, no final, não concretizar nenhuma. O nosso cérebro não pára. Há um ruído gigante aqui dentro. É insuportável.”

Quando está a trabalhar, e mesmo noutras circunstâncias, tem dificuldade em gerir o tempo. “Eu tenho zero perceção do tempo. Cinco minutos ou cinco horas são exatamente a mesma coisa para mim. Não consigo ter noção de quanto tempo vai demorar cada tarefa. Também aconteceu muitas vezes estar a conduzir e chegar ao destino sem me lembrar do caminho que fiz, ou estar a conduzir e perceber que não sabia há quanto tempo não estava a olhar para a estrada", diz Ana Isabel Paiva, que vive em Palmela e trabalha numa empresa na área da qualidade alimentar.

Na “maior parte dos casos”, a PHDA mantém-se na vida adulta, explica Bernardo Barahona Corrêa, médico e investigador da unidade de neuropsiquiatria da Fundação Champalimaud, em Lisboa. Manifesta-se por um “conjunto de estilos cognitivos e de características de comportamento cujo elemento central é a dificuldade em manter a atenção concentrada numa tarefa - sobretudo se essa tarefa for monótona ou longa -, a dificuldade em inibir elementos distratores que vêm dispersar a atenção que deveria estar focada nessa tarefa, a dificuldade em controlar alguns impulsos, em adiar a gratificação, em gerir o tempo, em organizar recursos.”

Estes sintomas manifestam-se sobretudo quando as crianças iniciam o seu percurso escolar, mas são “transversais” a todos os contextos de vida. Também podem surgir “entre os dois e os três anos” de idade, sublinha, por sua vez, Cristina Martins Halpern, neuropediatra na consulta de desenvolvimento do CADIN - Centro de Apoio ao Desenvolvimento Infantil - e no serviço de neurologia infantil do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa. "Nessas idades, pode haver o que se chama perturbação de irrequietude. Estamos a falar de bebés que são muito ativos e agitados, e que exigem uma supervisão constante. Há um impacto funcional no próprio bebé e na família."

Crianças com PHDA não tratada apresentam “muitos problemas ao nível do percurso escolar e das interações sociais, o que mais tarde gera problemas de ansiedade e baixa autoestima, que, por sua vez, criam um campo fértil para outros problemas na vida adulta", avisa Bernardo Barahona Corrêa. Entre esses problemas estão a depressão, a perturbação de ansiedade e o abuso de substâncias - "consumidas muitas vezes numa tentativa de autorregulação das emoções” - mas também o desemprego, a instabilidade laboral, o divórcio.

É importante, por isso, garantir que é feito um diagnóstico precoce, mas isso nem sempre acontece. Antes de perceber que tinha PHDA e iniciar o tratamento, Ana Isabel Paiva recebeu outros dois diagnósticos: depressão e perturbação bipolar. “Tive muitas dificuldades em encontrar especialistas em neurodiversidade. Senti-me muito perdida. Qualquer pessoa com PHDA que chegue à idade adulta sem um diagnóstico correto é uma pessoa extremamente resiliente, mas completamente exausta."

Bernardo Barahona Corrêa admite que há fragilidades na área do diagnóstico. “Uma parte dos psiquiatras de adultos tem pouca ou nenhuma formação em perturbações do neurodesenvolvimento. Como tal, acabam evidentemente por estar pouco disponíveis para contemplarem uma possibilidade de diagnóstico desse género.”

O tratamento da PHDA na infância baseia-se em intervenções que visam o comportamento e no desenvolvimento de estratégias com a criança, a família e as escolas, no sentido de garantir uma "melhor adaptação", diz Cristina Martins Halpern. Se for necessário, são prescritos fármacos.

Ana Isabel Paiva faz medicação hoje em dia para a PHDA. Embora sinta alguns efeitos adversos, garante que os benefícios são claramente superiores. "Sinto um alívio indescritível. O silêncio, a serenidade... A medicação não faz milagres, mas torna tudo mais suportável. Posso dizer que a minha vida começou aos 40 anos."

“Que voz é esta?” é um novo podcast do Expresso dedicado à saúde mental. Todas as semanas, as jornalistas Joana Pereira Bastos e Helena Bento vão dar voz a quem vive com ansiedade, depressão, fobia ou outros problemas de saúde mental, e ouvir os mais reputados especialistas nestas áreas. Sem estigma nem rodeios, vão falar de doenças e sintomas, tratamentos e terapias, mas também de prevenção e das melhores estratégias para promover o bem-estar psicológico. O podcast conta com o apoio científico de José Miguel Caldas de Almeida, psiquiatra e ex-coordenador nacional para a saúde mental.

Fonte: Expresso por indicação de Livresco

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Criação de grupo de trabalho para revisão do Decreto-Lei n.º 163/2006 e normas técnicas de acessibilidade

No passado dia 20 de outubro, dia em que se comemora o Dia Nacional das Acessibilidades, foi publicado em Diário da República o Despacho n.º 10752-A/2023, que determina a criação de um grupo de trabalho interministerial para revisão do Decreto-Lei n.º 163/2006, de 8 de agosto, e respetivas normas técnicas de acessibilidade. Tal criação é justificada pelo facto de o prazo legal previsto no Decreto-Lei n.º 163/2006, para a adequação do edificado ao cumprimento das normas técnicas da acessibilidade, se encontrar ultrapassado sem que, todavia, uma parte muito representativa deste tenha sido adaptada.
Atualmente, existem soluções materiais e tecnológicas mais adequadas à garantia da acessibilidade, impondo-se ainda salvaguardar neste âmbito a matéria da segurança contra incêndios.
Assim, tirando partido do vasto trabalho de levantamento sobre as ineficiências e oportunidades de melhoria do Decreto-Lei n.º 163/2006 e procurando conferir maior certeza jurídica na aplicação da diversidade de diplomas legais subsequentes à publicação daquele diploma, considera-se existir maturidade técnica suficiente para regulamentar melhor esta área de especial importância, contribuindo desta forma para a melhoria das condições de acessibilidade e de inclusão das pessoas com deficiência, nomeadamente no ambiente digital, construído, comunicacional e na informação.
O grupo de trabalho será coordenado pela área governativa do trabalho, solidariedade e segurança social, através da Estrutura de Missão para a Promoção das Acessibilidades (EMPA), coadjuvada pelo Instituto Nacional para a Reabilitação I. P. (INR I. P.).
Para mais informações, o diploma pode ser consultado na íntegra aqui.

Fonte: INR

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Tecnologia pode ser "salvação para milhões" na Educação, mas está a agravar exclusão

O relatório A tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?, da responsabilidade da UNESCO, aborda o uso de ferramentas tecnológicas em sala de aula e aponta impactos do uso da tecnologia na Educação. Focando na experiência universal de aprendizagem à distância forçada pela pandemia de covid-19, o relatório conclui que a tecnologia é hoje um maior fator de exclusão do que de inclusão no ensino, devido ao acesso desigual entre estudantes em contexto social mais favorecido e os mais desfavorecidos: um dos pontos destacados no estudo sobre o ensino online refere que este evitou o colapso das escolas na pandemia, mas, do alcance potencial de mais de mil milhões de estudantes, não foi capaz de chegar pelo menos a 500 milhões, o equivalente a 31% dos alunos de todo o mundo, entre os quais 72 % dos mais pobres.

Esta é uma das principais conclusões do estudo, em debate esta quarta-feira no Simpósio Internacional sobre Tecnologias e Educação na Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (ESEPF), Porto. Assim, refere o documento: "A tecnologia pode ser uma salvação para a educação de milhões, mas para já exclui muito mais pessoas".

Professores e investigadores, a ESEPF e a Organização Estados Ibero-americanos (OEI) para a Educação, Ciência e Cultura encontram a justificação para estes dados contundentes não na tecnologia em si, mas na falta de acesso à mesma. "Os governos, as empresas de tecnologia e os doadores internacionais ainda abordam a divisão digital com algum grau de fatalismo: a infraestrutura digital é algo que os países ricos obtêm, mas os países pobres não podem pagar e, por extensão, não devem esperar obter. Penso que é importante ver a tecnologia, especialmente o acesso à internet, como um serviço público e começar a tratá-la como tal, defendendo o acesso universal à banda larga", explica Mary Burns, investigadora convidada, da ESEPF.

A responsável diz ainda haver cobertura de banda móvel em 95% do mundo, mas "os habitantes, muitas vezes, "não conseguem aceder a esta rede devido à falta de acessibilidade ou à falta de equipamento".

"Este é o desafio maior, mas os governos, na maioria dos casos, podem trabalhar com empresas de tecnologia para fornecer esse acesso (sempre haverá lugares no mundo que não têm acesso à internet por razões geográficas). Este é o primeiro passo e requer vontade política, políticas e muito dinheiro", sustenta. Para Mary Burns, só quando esse acesso estiver assegurado é que "os governos podem voltar-se para o acesso ao nível das escolas - equipamento, infraestrutura, formação para professores e alunos, conteúdo digital, padrões e integração da tecnologia no currículo, na instrução e na avaliação", admintido tratar-se de "um processo muito longo, mas que precisa de ser realizado para diminuir a divisão digital e tornar a tecnologia mais inclusiva em vez de exclusiva".

Uma preocupação partilhada por Paula Barros, coordenadora dos programas de Educação e Parcerias da OEI Portugal. "A introdução de tecnologias digitais na Educação não transforma automaticamente as condições estruturais do modelo organizacional e pedagógico dos Sistemas Educativos, nem responde aos problemas da exclusão, da qualidade das aprendizagens, ou da gestão ineficaz dos sistemas", sublinha.

Neste contexto, Paula Barros relembra uma das conclusões do relatório: "A tecnologia não precisa ser avançada para ser eficaz". O mais importante na aprendizagem "é como a tecnologia é utilizada".

"Por exemplo, apesar do facto de a rádio e a televisão existirem desde os Anos 1920 e 1930, só a partir dos Anos 1970/80 é que a rádio começou a mostrar impacto na aprendizagem. Da mesma forma, a televisão tem sido usada para transmitir conteúdo para professores e alunos, mas, por exemplo, no México [um dos países monitorizados pela OEI] só recentemente os dados do programa Telesecundaria mostraram impacto na aprendizagem dos alunos. Semelhante ao Telesecundaria, Portugal utilizou telescolas para proporcionar acesso Secundário a estudantes rurais e fornecer algum nível de formação a monitores em sala de aula que não eram professores qualificados", explica.

Paula Barros assume que a tecnologia, por si só, não resolverá o problema de aprendizagem existente, mas "possibilitará novas formas de educar, aprender e avaliar que são extremamente valiosas que devem ser ponderadas".
Aspetos positivos e casos de sucesso

Mary Burns também se debruçou sobre os aspetos positivos referidos no Relatório da UNESCO e é perentória ao afirmar que "a tecnologia tem múltiplos benefícios diretos e indiretos para a Educação". "Sabemos que, em termos de aprendizagem, os alunos têm mais probabilidade de aprender com tecnologia do que sem ela, especialmente os alunos em situação de risco. Mas sabemos que, se os estudantes do Sul Global não puderem usar a tecnologia com a mesma frequência e da mesma forma que os seus pares em países ricos, ficarão para trás em termos de oportunidades educacionais e profissionais", explica.

No relatório A tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem? apontam-se outras vantagens, como as oportunidades para estudantes com deficiências. Rádio, televisão e telemóveis substituem a educação tradicional em populações de difícil acesso. Quase 40 países usam instrução por rádio. No México, um programa de aulas transmitidas pela televisão, em conjunto com apoio em sala de aula, possibilitou um aumento de matrículas de 21%. Na China, refere o estudo, as gravações de aulas de alta qualidade distribuídas a 100 milhões de estudantes rurais melhoraram os seus resultados em 32% e diminuíram a desigualdade salarial entre populações urbanas e rurais em 38%.

Contudo, alerta a UNESCO, a tecnologia pode ter um impacto negativo se for inadequada ou excessiva. Dados de avaliações internacionais em larga escala, tais como os fornecidos pelo Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Programme for International Student Assessment - PISA), sugerem uma correlação negativa entre o uso excessivo das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e o desempenho académico. Descobriu-se que a simples proximidade de um telemóvel era capaz de distrair os estudantes e provocar um impacto negativo na aprendizagem em 14 países.

Fonte: DN

terça-feira, 24 de outubro de 2023

GNR revela número preocupante de casos de bullying nas escolas

De acordo com o comunicado emitido pela GNR, o ano letivo 2022/23 registou mais de 100 casos de bullying e cyberbullying em contexto escolar.

A Guarda Nacional Republicana (GNR) divulgou estatísticas preocupantes, que revelam que no ano letivo 2022/2023 foram registados 140 casos de bullying e cyberbullying em escolas por todo o país. Esta triste realidade tem levado a força de segurança a intensificar as suas ações de sensibilização e de combate à violência no contexto escolar.

“No mesmo ano letivo, a guarda registou 140 crimes, envolvendo ‘bullying’ e ‘cyberbullying’”, revelou a GNR num comunicado emitido no Dia Mundial de Combate ao Bullying (20 de outubro).

Nesse mesmo comunicado, a GNR detalhou que no âmbito das suas responsabilidades na prevenção criminal, realizou 1.285 iniciativas de sensibilização no ano letivo passado e que estas ações foram dirigidas a um público de 52.652 crianças, jovens e adultos.

Através destas ações, a GNR tem como objetivo alertar e sensibilizar a sociedade em geral, com foco especial nas crianças e nos jovens. A estratégia de consciencialização procura contribuir para a transformação dos comportamentos na sociedade, fomentando uma maior intolerância social em relação à violência nas escolas.

A GNR também chama a atenção para o facto de que a violência muitas vezes “ocorre fora da visão dos adultos e grande parte das vítimas esconde ou evita a denúncia da agressão sofrida”. Esta sensibilização é extensível aos pais, professores e funcionários das instituições de ensino, que são encorajados a reconhecer e a denunciar os sinais de alerta tanto no ambiente escolar como em casa.

A GNR revela ainda que continua empenhada na realização de campanhas educativas que abordem questões de violência, cidadania, não discriminação, direitos humanos e direitos da criança, bem como das regras para o uso responsável da internet. Para além disso, a GNR dispõe ainda de “militares com formação especializada, que desempenham um papel essencial no acompanhamento personalizado às vítimas, encarregando-se de encaminhar as mesmas para outras instituições com competências neste âmbito”, pode ler-se no respetivo comunicado emitido.

O que é bullying e cyberbullying?

O bullying é uma série de atos intencionais e repetidos de violência física ou psicológica, praticados por uma ou mais pessoas numa relação desigual de poder, causando dor e angústia nas vítimas. Com a crescente presença das redes sociais, surgiu a variante virtual conhecida como cyberbullying.

Os sinais de alerta para o bullying muitas vezes são silenciosos e podem estar associados a mudanças de humor, desânimo físico ou psicológico, impaciência, ansiedade, queixas físicas persistentes como dores de cabeça e/ou de estômago, distúrbios do sono e hematomas inexplicáveis. Embora o bullying não seja categorizado como um crime específico na legislação penal de Portugal, o mesmo está ligado a vários delitos, incluindo ofensas à integridade física, injúrias, ameaças e coações.

Fonte: New Men por indicação de Livresco

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Alteração das regras de mandato do diretor do Centro de Formação de Associação de Escolas

Decreto-Lei n.º 99/2023, de 23 de outubro, entre outros efeitos, procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 127/2015, de 7 de julho, que aprova as regras a que obedece a constituição e o funcionamento dos Centros de Formação de Associação de Escolas (CFAE).
As alterações determinam que a decisão de recondução do diretor do CFAE pode ser até um máximo de três reconduções consecutivas, sendo tomada por maioria simples dos membros do conselho de diretores da comissão pedagógica, e que o diretor do CFAE pode cumprir até quatro mandatos consecutivos.

domingo, 22 de outubro de 2023

Equipa da UMinho premiada por desenvolver método para aprender a ler

Uma equipa da UMinho (Fernanda Viana, Iolanda Ribeiro, Irene Cadime, Sandra Santos, Bruna Rodrigues, Helena Costa, Maria do Céu Cosme, Rui Ramos), a par de Celda Morgado (Politécnico do Porto), venceu o Prémio Ana Maria Vieira de Almeida, atribuído pela Fundação Vasco Vieira de Almeida e pela Fundação Calouste Gulbenkian. Os investigadores foram distinguidos por desenvolverem uma nova abordagem da leitura, visando a prevenção das dificuldades geralmente experimentadas no seu domínio.

A obra galardoada, “Arriscar a mudança. Os desafios dos modelos multinível na aprendizagem da leitura e da escrita”, resulta de um projeto desenvolvido no agrupamento de escolas de Briteiros e financiado pelo Município de Guimarães. Guimarães. A obra, que será publicada online, disponibiliza o racional teórico, a metodologia adotada e os resultados obtidos, além de materiais originais a usar no ensino da leitura. São de salientar os resultados obtidos pelos alunos participantes nas provas de aferição do 2º ano de escolaridade no final do projeto, que se situaram bem acima da média nacional.

De acordo com os autores, a maneira como se ensina a ler mantém-se praticamente idêntica ao que se efetuava no último século, embora hoje se saiba muito mais sobre leitura e sobre o modo como as crianças aprendem a ler. Neste projeto, arriscou-se uma abordagem diferente, ao incorporar na prática pedagógica as diretrizes apontadas pela investigação recente na área da leitura, identificando precocemente potenciais riscos, desenvolvendo uma ação preventiva através da diferenciação pedagógica e monitorizando os avanços. (...)

Fonte: Braga TV por indicação de Livresco

sábado, 21 de outubro de 2023

Estudo Diagnóstico das Aprendizagens 2023: Apresentação de Resultados


(Clicar na imagem para aceder ao relatório)

O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) efetuou um estudo diagnóstico sobre as aprendizagens, envolvendo alunos dos 3.º, 6.º e 9.º anos de escolaridade. No estudo, foram avaliadas as literacias da leitura, matemática e científica.

O Relatório Estudo Diagnóstico das Aprendizagens 2023 apresenta os resultados.

O Jornal Público procede a uma análise com o título "Resultados do 6.º e 9.º anos desceram. A pandemia ajuda a perceber porquê".

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Seminário Nacional - Autism: Spectrum of Employment Skills!

É já no próximo dia 31 𝐝𝐞 𝐨𝐮𝐭𝐮𝐛𝐫𝐨, em formato híbrido, no Centro Cultural Casapiano (Lisboa) e online através da plataforma Zoom,
que iremos realizar o Seminário Nacional do projeto ASES - Autism: Spectrum of Employment Skills!

Este projeto, cofinanciado pelo programa Erasmus+ da União Europeia, tem como principal objetivo desenvolver recursos e ferramentas de formação para promover a inclusão de adultos no espetro do autismo no mercado de trabalho, nomeadamente através da criação de um Serious Game ASES; de um Currículo de Formação e respetivo material de formação; de um E-Guide (Guia Eletrónico) e de um Toolkit ASES para recrutadores e gestores de Pequenas e Médias Empresas.

Neste seminário vamos:
• Apresentar estes resultados, de forma a disseminar e promover a sua utilização
• Partilhar boas práticas de recrutamento e emprego inclusivo
• Partilhar testemunhos de jovens autistas, de recrutadores e empregadores e de familiares de pessoas autistas.

Inscrição Obrigatória e Gratuita Aqui

Fonte: INR

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Madeira adquire dispositivo de leitura para pessoas cegas pioneiro em Portugal

Chama-se Tactonom Reader e é o primeiro equipamento do género vendido em Portugal. Configura um investimento na ordem dos 4.200 – por parte da Secretaria Regional de Educação, através da Direcção Regional de Educação – num aparelho de leitura de imagens tácteis, cuja grande novidade é o sistema de software associado: uma base de dados de imagens tácteis internacional e de acesso gratuito, que permite aos alunos cegos ou com baixa visão ler braille com recurso a áudio.

“Ele tem uma componente de hardware – que é o aparelho onde nós lemos as imagens tácteis – e tem uma base de dados associada, internacional, com milhares de imagens tácteis, cujo conteúdo é carregado para o aparelho, para o aluno poder explorar uma imagem táctil com áudio. Portanto, vai enriquecer a experiência de leitura, ao dar informação descritiva dos elementos que [o aluno cego ou com baixa visão] que está a tactear na imagem”, Aquilino Rodrigues, director técnico da Sertec - Tecnologia Acessível. A empresa nasceu nos anos 1990, fruto do interesse despertado pelo surgimento de sintetizadores de voz para os computadores pessoais e oferece actualmente diversos produtos de apoio às necessidades das pessoas cegas ou com baixa-visão, bem como a outras dificuldades, tais como a dislexia, disfunções neuro-motoras, e mobilidade reduzida.




Aquilino Rodrigues realça que esta possibilidade permite ao aluno “aprender por si próprio e explorar”. “Antes, isso só era possível com a ajuda de alguém (seja do professor ou dos pais) ao lado a descrever imagem”, enfatiza.

A base de dados o Tactonom Reader funciona como uma espécie de Wikipédia, com informação ‘ilimitada’, uma vez que é pública e qualquer pessoa pode actualizá-la.

Por outro lado, este dispositivo – que foi produzido por uma empresa alemã, com sede em Lisboa, que desenvolve software em Portugal – permite criar actividades interactivas. “O aluno não é apenas um utilizador passivo do sistema, no qual está a ouvir conteúdos que alguém produziu. Ele pode interagir com o aparelho, através de actividades que foram definidas pelo professor”, observa o responsável da Sertec, que veio também dar formação aos profissionais da Divisão de Acompanhamento à Surdez e à Cegueira (DASC), onde ficará instalado este primeiro aparelho.

Isto, porque conforme avançou o secretário regional de Educação, Ciência e Tecnologia, na entrega do equipamento à DASC – que decorreu nas instalações daquela divisão da Direcção Regional de Educação – futuramente as escolas Bartolomeu Perestrelo e Francisco Franco serão igualmente dotadas deste sistema.

“Nós temos duas escolas de referência para alunos cegos – a ‘Bartolomeu Perestrelo’, como escola básica, e a ‘Francisco Franco’, como escola secundária – e, obviamente, que no processo evolutivo destes alunos, sem dúvida alguma, fará todo sentido equiparmos também as escolas com esta tecnologia, para que a resposta seja uma resposta já na escola e não apenas no processo de apoio a estes alunos”, avançou Jorge Carvalho.

Em declarações aos jornalistas, o governante manifestou também a convicção de que a aquisição deste equipamento representa “um passo muito significativo” em termos de “inclusão” e “equidade”. “Estes alunos – os cegos e com baixa acuidade visual – passam a estar também muito mais próximos daqueles que são os alunos que, não tendo essa deficiência, têm já acesso a este tipo de equipamento”, sustenta.

“Não temos muitas reservas de que este equipamento vem criar condições para melhorarmos todo o processo de ensino e aprendizagem e, acima de tudo, libertar também os nossos profissionais para uma condição que vem facilitar todo este processo, naquilo que é um princípio que nós pugnamos, que é uma escola inclusiva, que procura responder a todos os alunos”, reforça Jorge Carvalho, frisando que, neste sentido, “tecnologia é Educação”.

Questionado sobre o facto de o primeiro Tactonom Reader do país ser vendido para a Madeira, por iniciativa Direcção Regional de Educação, o recém-empossado secretário regional sublinha que “a Região em termos educativos tem estado sempre na vanguarda da inovação. E, sabendo que existe esta resposta para este tipo de aluno, não podia deixar de concretizar essa mesma realidade e proporcionar os nossos alunos e aos nossos professores aquilo que de melhor neste momento vai acontecendo no mundo da Educação, em termos da Educação Especial”. “Sabemos que a Região foi percursora em muitos aspectos e continua a sê-lo”, rematou.

Na Madeira estão referenciados 41 alunos cegos ou com baixa visão.

Fonte: DNotícias por indicação de Livresco

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

“Há um efeito negativo indirecto da pobreza no desenvolvimento das crianças”

O estudo diz respeito apenas a Lisboa. Que percepções tem a população residente na capital sobre a importância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento das crianças? A pobreza é referida por 89% dos inquiridos como o grande obstáculo, seguida da violência familiar (87,7%), da saúde mental dos pais (86%), das doenças infantis (85,3%), do stress dos pais (81,7%) ou das suas doenças crónicas ou prolongadas (78,7%).

Promovido pela Fundação Nossa Senhora do Bom Sucesso, o estudo foi desenvolvido pelo Instituto Superior de Saúde com uma amostra de 300 pessoas – aleatória e estratificada por freguesia, idade e género. Os resultados são divulgados esta terça-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

“O que as pessoas valorizam mais é a pobreza”, observa o coordenador do estudo, Fausto Amaro. Ora, “isso pode ser discriminatório”. “A pobreza (https://www.publico.pt/2023/07/01/sociedade/noticia/choque-aumento-pobreza-infantil-mitigado-prestacoes-sociais-2055245), em si mesma, não é causa de não desenvolvimento infantil.” “Não é pelos pais serem pobres que maltratam as crianças ou que as crianças não se desenvolvem bem”, enfatiza.

Desfeito o equívoco, o sociólogo é categórico: “Há um efeito negativo indirecto da pobreza no desenvolvimento. As pessoas têm menos recursos. As crianças tendem a viver em habitações com menos condições, a ter pior alimentação, a ter menos livros, menos estimulação.”

Há, porém, outros factores em jogo e esses podem afectar as crianças de qualquer classe social. “Uma parte muito importante do desenvolvimento infantil diz respeito à vinculação”, sublinha. “A estimulação infantil é cognitiva, mas também afectiva. Tem de haver amor. Esse amor tem de ser transmitido por quem cuida da criança. É fundamental que a criança sinta afecto e segurança para se desenvolver de forma saudável.”

Um bom ambiente familiar e social é mencionado pela maioria dos inquiridos (88,3%) como essencial para uma infância saudável e feliz. Entre os factores apontados como positivos emergem o passar tempo com os pais (90,3%) ou a brincar com outras crianças (90%).

Problemático, alerta Fausto Amaro, é “as pessoas não terem noção da importância dos três primeiros anos”. Quase dois terços (64,3%) revelaram não conhecer a idade em que se realiza o maior desenvolvimento do cérebro (0 aos 3 anos) e mais de um quarto (29%) não considera a exposição prolongada a ecrãs um entrave. Poucos reconhecem o potencial da educação pré-escolar.

Só 57,7% conferem um papel educativo à creche. A maior parte (79,7%) julga que a função principal dessas estruturas é tomar conta das crianças enquanto os pais estão a trabalhar. Ainda assim, mais de três quartos (77,3%) admitem a sua relevância no estímulo das crianças.

No caso do jardim-de-infância (crianças com idades entre os três e os seis anos), há “um reconhecimento mais consensual (83,3%) do papel que tem no estímulo das crianças”. E na educação (66,7%). Ainda assim, “três quartos (74,3%) destacam a função de tomar conta das crianças”.

Deste estudo, desenvolvido por Mafalda Duarte e Paula Espírito Santo, resultam várias recomendações. “Uma delas é tentar, através de campanhas de informação, de acções formativas, sensibilizar as pessoas para a importância dos primeiros anos de vida”, refere o coordenador. E fazê-lo tendo como aliados os serviços de saúde, as instituições de solidariedade social, as comissões de protecção de crianças e jovens. (...)

Fonte: Público em acesso livre

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Baixa escolaridade dos pais duplica o risco de pobreza dos filhos

O relatório “Portugal e o Elevador Social: Nascer pobre é uma fatalidade?” foi publicado pela Fundação “La Caixa”, pelo banco BPI e pela universidade Nova SBE. Com base no inquérito às condições de vida e do rendimento de 2019 em Portugal, os investigadores concluíram que “a escolaridade do pai tem um impacto determinante na situação de pobreza dos filhos” quando estes chegam a adultos. Por exemplo, as pessoas cujo pai completou apenas o ensino básico são duas vezes mais afetadas pela pobreza do que aquelas cujo pai completou o ensino secundário.

Na mesma lógica, entre os adultos cujo pai tinha ensino básico, apenas 20% completam o ensino superior. Esta percentagem sobe para 58,5% e 75,6% para adultos com pais com ensino secundário ou superior, respetivamente. Assim, “ter um pai com ensino superior quase quadruplica a probabilidade” de um adulto concluir uma licenciatura, aponta o relatório.

A escolaridade dos pais não é o único fator que desencadeia a pobreza, pois a situação laboral do agregado familiar também é decisiva. O estudo revela que “um em cada quatro adultos que, aos 14 anos, tinham um pai desempregado, é pobre”. No entanto, ter o pai empregado, por si só, não baixa muito a probabilidade de se ser pobre. Tudo depende do tipo de emprego, pois “os filhos de agricultores e de trabalhadores não qualificados têm uma taxa de risco de pobreza três vezes maior do que os filhos de especialistas das atividades intelectuais (22% e 7%, respetivamente)”, sublinha o estudo.

Há ainda outros fatores que podem constituir uma agravante. Os adultos oriundos de famílias monoparentais têm uma probabilidade de 20% de ser pobres, mas os que são oriundos de famílias numerosas estão ainda pior (23%). A falta de contacto com o pai também agrava em 23% o risco de viver na pobreza.

A situação financeira do agregado também é determinante na transmissão intergeracional da pobreza. Um terço dos adultos cuja família não conseguia comprar todo o material escolar aos 14 anos é, hoje, pobre, enquanto que a taxa de pobreza baixa para metade nas restantes famílias. A falta de uma refeição proteica diária também faz aumentar o risco de pobreza de 10% para 22%.

Nas outras variáveis sociodemográficas, destaque para o facto de a nacionalidade ser um fator influenciador (um quarto dos filhos de imigrantes são pobres), bem como o grau de urbanização do concelho onde vivem (os adultos que cresceram em áreas rurais têm maior risco de pobreza).

Hoje é o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, uma efeméride assinalada desde 1987 e que visa sensibilizar os decisores políticos e a sociedade para a necessidade de se adotarem medidas que mitiguem as causas deste problema social.

Fonte: JN

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Candidaturas abertas para a Edição de 2023 do “Concurso Cartaz 3 de Dezembro - Dia Internacional das Pessoas com Deficiência"

Estão abertas as candidaturas para a Edição de 2023 do “Concurso Cartaz 3 de Dezembro - Dia Internacional das Pessoas com Deficiência”, que premeia o trabalho gráfico que, através de um cartaz, sensibilize a opinião pública para o reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência.

1.º Prémio no valor de € 3 000 (três mil euros) – atribuído em partes iguais pelo Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P. e El Corte Inglês, Grandes Armazéns, S.A.

2 Menções Honrosas – prémios não pecuniários com o apoio do CENCAL - Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica.

Candidaturas abertas até ao dia 17 de outbro de 2023.

Nas 15 edições anteriores foram distinguidos diversos cartazes criados por profissionais da arte e do design, por pessoas com deficiência, estudantes e cidadãos que prosseguem valores humanistas, igualdade e equidade.

As candidaturas devem ser submetidas através do preenchimento do formulário de candidatura.

Consulte o regulamento do concurso “Cartaz 3 de Dezembro”.

Parceiros:


Esclarecimentos adicionais através do endereço eletrónico INR-uifd@inr.mtsss.pt.

Fonte: INR

sábado, 14 de outubro de 2023

Promover a diversidade e a inclusão nas escolas da Europa


(Clicar na imagem)

A diversidade do panorama educativo está a aumentar; no entanto, os alunos oriundos de meios desfavorecidos e aqueles que sofrem discriminação ou tratamento desigual apresentam um desempenho desproporcionalmente inferior nas escolas. Igualdade, equidade e inclusão são princípios fundamentais da União Europeia. Tornaram-se também tópicos-chave do discurso da ciência educacional e uma prioridade política em toda a Europa. Este relatório investiga políticas e medidas nacionais/de nível superior em 39 sistemas educativos europeus, que abordam a discriminação e promovem a diversidade e a inclusão nas escolas. Centra-se, em particular, em iniciativas específicas para apoiar os alunos com maior probabilidade de sofrer desvantagens e discriminação, incluindo raparigas/rapazes, estudantes de diferentes origens migrantes, étnicas e religiosas, estudantes LGBTIQ+ e estudantes com necessidades educativas especiais ou deficiência. As conclusões mostram que políticas e medidas relevantes nas áreas investigadas – monitorização, estratégias, acesso, currículos, aprendizagem e apoio socioemocional, e educação e formação de professores – estão amplamente presentes. No entanto, não visam igualmente todos os grupos de estudantes. O relatório também destaca áreas onde as políticas e medidas podem ser mais desenvolvidas.

Fonte: Eurydice

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Dia Nacional das Acessibilidades - II Fórum Inclusivo

A Estrutura de Missão para a Promoção das Acessibilidades (EMPA), e o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR, I.P.), convidam à participação nas comemorações oficiais do Dia Nacional das Acessibilidades, que vão decorrer no dia 20 de outubro, entre as 10h00 e as 17h00, no Auditório Orlando Monteiro do Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P..

Ao assinalar o Dia Nacional das Acessibilidades pretende-se promover uma reflexão alargada sobre a realidade portuguesa, ponderando os diferentes níveis de responsabilidades e abordando a perspetiva do caminho percorrido, as necessidades que persistem, mas também, as respostas em execução e os desafios futuros. Pretende-se envolver poderes públicos, setor privado, social e comunidade em geral.

Programa (em atualização)

10h00 - 10h15 | Sessão de abertura
- Ana Sofia Antunes, Secretária de Estado da Inclusão

10h15 - 11h15 | Painel 1: Desafios, necessidades e responsabilidades

Perspetiva da administração pública central:
- Sofia Pires Bento, Coordenadora do Grupo de Trabalho da Estratégia Nacional de Acessibilidade Pedonal
- Marta Rosado Fonseca, Equipas Técnicas de Promoção das Acessibilidades
- João Branco Pedro, Conselho Consultivo da EMPA e Laboratório Nacional de Engenharia Civil

Perspetiva da administração pública local:
- João Pestana, Divisão Municipal de Requalificação do Espaço Público, Câmara Municipal do Porto
- Eduardo Quinta Nova, Vereador da Câmara Municipal de Sintra

Moderação e considerações finais: Lia Ferreira, Coordenadora da EMPA

11h15 - 11h45 | “Selo Território Inclusivo”, medida da ENIPD 2021-2025
Um selo de diversidade, cidadania e direitos humanos
- Rodrigo Ramos, Presidente do INR, I.P.

12h00 - 14h00 | Pausa para almoço livre

14h00 - 14h15 | Perspetiva do mainstreaming. Que vivências no quotidiano?
- Conselho Consultivo da EMPA

14h15 - 15h00 | Painel 2: Uma reflexão conjunta: O que tem sido feito? Que oportunidades e que dificuldades?
- Pedro Nave, Equipa do Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa
- Representante da Agência para a Modernização Administrativa, I.P.
- Representante do Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P.
- Representante dos Transportes Metropolitanos de Lisboa
- Diogo Martins, Especialista Nacional em Acessibilidade do Accessible EU
Moderação e considerações finais: Rodrigo Ramos, Presidente do INR, I.P.

15h00 - 15h30 | Assinatura de protocolo com as Ordens Profissionais e LNEC

15h30 - 16h30 | Plano de Recuperação e Resiliência
Assinaturas de Termos de Aceitação

16h30 | Sessão de encerramento
- Ana Mendes Godinho, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

Faça a sua inscrição neste formulário, até ao dia 19 de outubro. Inscrições limitadas à capacidade do espaço.

Fonte: INR

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Associação pede formação para professores apoiarem alunos disléxicos

A Associação Portuguesa de Dislexia (Dislex) alertou (...) para a “incapacidade” de os professores acompanharem e identificarem alunos disléxicos e defendeu formação nesta área, especialmente para os docentes do 1.º Ciclo.

Em Portugal, o único estudo de prevalência da dislexia, apresentado em 2011, aponta uma taxa de 5,4% de crianças com perturbações da aprendizagem relacionadas com a dislexia. Ou seja, estima-se que haja, pelo menos, um aluno disléxico por turma nas escolas portuguesas e que quase metade das crianças portuguesas que frequentam a educação especial sejam disléxicas”, recordou esta terça-feira a associação, por ocasião do Dia Mundial da Dislexia.

Num testemunho enviado à agência Lusa, a presidente da Dislex, Helena Serra, advertiu que há ainda muitos casos por identificar e que o único estudo português peca por falta de representatividade, ao ter incluído 1.460 crianças, todas do 1.º Ciclo.

Este é um problema com origem na formação dos professores, porque o sistema educativo não prevê um tipo de formação específica de forma obrigatória. Deste modo, muitos casos acabam por ser detetados já numa fase tardia da vida da criança, o que se traduz, posteriormente, em insucesso escolar, em muita frustração, em oposição à frequência da escola, em discriminação por parte dos colegas e em défice de saúde mental”, acrescentou Helena Serra.

A formação de professores especializados e de apoio socioeducativo, defendeu, é um fator essencial para garantir “uma intervenção adequada” nas crianças com dislexia e um acompanhamento que atenue os problemas das crianças com esta condição.

“Só depois da identificação destes casos por parte dos profissionais de educação qualificados é que psicólogos, docentes especializados e terapeutas da fala podem intervir”, sublinhou, destacando que o “apoio ocasional” do docente de educação especial não é suficiente.

A dislexia é uma perturbação específica de aprendizagem, com origem neurológica, caracterizada por dificuldades no reconhecimento adequado das palavras e dificuldades de descodificação. Apesar de estar relacionada com a aprendizagem da leitura, pode ter consequências noutras áreas académicas e a nível emocional e comportamental.

Segundo os dados conhecidos, a dislexia afeta 600 milhões de pessoas no mundo. A associação divulgou alguns exemplos de figuras mundialmente conhecidas, que se destacaram na comunidade, e que sofreriam de dislexia, tais como o físico Albert Einstein, os pintores Pablo Picasso e Vicent Van Gogh, o cientista e artista Leonardo Da Vinci, a escritora Agatha Christie, o estadista Winston Churchill, o cineasta Steven Spielberg e o cozinheiro Jamie Oliver.

A Dislex — Associação Portuguesa de Dislexia foi fundada em 2000, no Porto, para promover a investigação nesta área e a formação de profissionais.

Fonte: Observador por indicação de Livresco

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Seminário " Acesso e sucesso no Ensino Superior- Ver com outros olhos"

A Associação Bengala Mágica está a promover o Seminário " Acesso e sucesso no Ensino Superior- Ver com outros olhos".

Esta iniciativa surge na sequência do Ciclo de Webinars que levámos a cabo em parceria com o Movimento Academia Acessível e com a Pró-inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, nos meses de março, maio e julho e que permitiu alargar o debate sobre questões que têm preocupado as instituições de Ensino Superior relativamente à inclusão de estudantes com cegueira e baixa visão nestes contextos.

O Seminário supracitado pretende encerrar este ciclo formativo permitindo dar voz a estudantes de ensino superior, docentes de ensino superior, responsáveis por gabinetes de apoio a estudantes no ensino superior e famílias de estudantes com cegueira e baixa visão.

A inscrição pode ser efetuada Aqui

Até ao dia 16 de Outubro

Fonte: INR

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Dia Mundial da Saúde Mental: investir nas crianças e nos jovens

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 50% das perturbações mentais nos adultos começam a desenvolver-se antes dos 14 anos. De igual forma, a investigação comprova o impacto negativo das perturbações mentais e comportamentais na qualidade de vida das crianças e jovens, tornando urgente a atuação com medidas promotoras do bem-estar e da proteção desta população de modo a aumentar a resiliência e acautelar problemas futuros.

Sendo um aspecto essencial da satisfação geral individual, a saúde mental deve ser olhada ao longo do desenvolvimento e não somente na vida adulta. Ou seja, a saúde mental também pertence às crianças e aos jovens, considerando que, como aponta a psicopatologia do desenvolvimento, em todos os períodos do ciclo de vida existem forças e vulnerabilidades durante os quais poderão ocorrer alterações não adaptativas.

Considerando que a nossa saúde psicológica é influenciada por fatores biológicos, emocionais, físicos, socioeconómicos e pelo ambiente e, perante jovens numa fase desenvolvimental em que o bem-estar está muito ligado às experiências de vida e às relações interpessoais, os pais devem estar atentos aos sinais que indiquem que algo não está bem com os seus filhos para evitar o seu agravamento e para uma intervenção mais eficaz por um técnico especializado.

São exemplos, a irritabilidade constante, o uso excessivo dos jogos, do telemóvel ou do computador, o afastamento dos colegas, a ausência de apetite, a falta de vontade de estar com a família, a agressividade, o isolamento, etc.. Por outro lado, importa fortalecer os fatores protetores que ajudam a gerar saúde psicológica, incluindo a criação de proximidade dos pais com o jovem, o incentivo a relação com os pares e uma boa comunicação familiar.

O que fazer para promover a saúde mental dos adolescentes?

Procure reduzir o preconceito ligado à doença mental e fale sobre a saúde mental envolvendo todas as dimensões da nossa existência, como as relações, a escola, as condições de vida, o sono, etc., e como é importante estar atento ao nosso bem-estar físico e mental e pedir ajuda quando perceber que algo não está bem. Ao explicar a importância da saúde mental, está a ensiná-lo a normalizar, respeitar e aceitar as suas emoções e fragilidades, bem como as dos outros.

Não fique à espera que sejam os outros a falar sobre a saúde e doença mental com os seus filhos.

Explique que todas as emoções são válidas e devem ser vividas sem receio, mesmo a raiva ou a tristeza, que as pessoas erroneamente tentam evitar sentir. Naturalmente, a expressão das emoções negativas deve acautelar o prejuízo do próprio e dos outros.

Transmita e sirva de exemplo ao jovem sobre o equilíbrio entre as tarefas da escola/trabalho e o bem-estar. Um adolescente pode ser muito bom aluno, mas se estiver isolado ou deprimido não está a ter um desenvolvimento pleno.

A nossa saúde psicológica depende também das relações interpessoais e do convívio. Estar com os pares é essencial para o equilíbrio emocional dos adolescentes, por isso, importa haver espaço para possibilidade de expandir competências sociais e emocionais através da interação social, da comunicação, da partilha, das atividades físicas e lúdicas.

Incentive a participação do jovem em atividades artísticas porque revelam um potencial para o seu desenvolvimento cognitivo, emocional e físico.

Estabeleça expectativas e objectivos razoáveis e realistas acerca do desempenho académico da criança/jovem e comunique-os ao seu filho. Além disso, elogie o seu esforço e ajude-o a lidar com as dificuldades de uma forma positiva centrada na resolução e não na repreensão.

Desenvolva a resiliência, orientando-os a prestar atenção aos seus sentimentos e necessidades e também dos outros; fomentando relações positivas com familiares e amigos que os ajudem a pensar e a lidar com os desafios dos dias bons e menos bons; investindo em coisas que dão sentido e propósito à vida; aceitando que nem tudo está sob o nosso controlo e que a incerteza faz parte da vida; cuidando do nosso bem-estar, e recorrendo ao humor sempre que possível.

Envolva o jovem na criação de soluções e na tomada de decisões criando um espaço para que ele sinta que tem voz na família. Por outro lado, ele também deve ser um veículo através do qual possa partilhar boas práticas junto dos seus pares.

Incentive-o a envolver-se em projetos de cidadania ativa, com responsabilidades que promovem a autonomia e dão a possibilidade de organizar e gerir o seu tempo.

Ajude o jovem a manter padrões de sono de qualidade e, se for preciso, não o deixe levar o telemóvel para a cama à noite até que seja capaz de se autorregular. As crianças e os jovens em idade escolar precisam de dormir entre nove a 12 horas à noite. A falta de sono irá prejudicar a atenção às aulas, causar irritabilidade e um comportamento desajustado. Crie uma rotina para a hora do deitar que permita às crianças e aos jovens relaxar o corpo e a mente.

Crie uma rotina familiar com momentos em que estão juntos e momentos em que cada um tem o seu espaço. Os adolescentes precisam e gostam de ter momentos seus e isso contribui para a autonomia.

Finalmente, oriente o jovem para usar os seus esforços para a realização das suas capacidades e necessidades, bem como para as necessidades de crescimento coletivo. Os jovens precisam ser desafiados a olhar mais para o outro desviando-se do seu umbigo para poder viver de forma mais social e interessada na procura de significado para a vida.

Vera Ramalho

Fonte: Público de acesso livre

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Seminário Direitos das Pessoas com Deficiência - Qualidade de Vida e Inclusão

A Fundação AFID Diferença, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, promovem o Seminário “Direitos das Pessoas com Deficiência – Qualidade de Vida e Inclusão”, que se realiza no dia 17 de outubro, na Fundação Calouste Gulbenkian.
A iniciativa tem como objetivo promover a inclusão e melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência, reunindo especialistas, profissionais, familiares e a comunidade em geral, incentivando o debate de temas relevantes.
A inscrição tem caráter obrigatório e deverá ser efetuada no formulário, disponível online, até ao dia 15 de outubro.

Fonte: CIREP - Boletim Informativo n.º 135 — 09/10/2023

domingo, 8 de outubro de 2023

Porque quero ser professora? Para mudar o mundo!

Anualmente, o Dia Mundial do Professor é celebrado a 5 de outubro. É assim desde 1994 e comemora o aniversário da adoção da recomendação da OIT/UNESCO, de 1966, relativa ao estatuto dos professores, que estabelece critérios relativamente aos seus direitos e deveres, assim como estipula normas para a sua formação inicial e seu aperfeiçoamento, para o recrutamento, para o emprego, e também para as condições de ensino e de aprendizagem.

É um dia para celebrar o papel dos professores na educação e, através desta, na transformação do mundo. É um dia para celebrar as conquistas dos professores nas comunidades, nas escolas e, em especial, na vida de cada aluno. É um dia para celebrar os desafios presentes e futuros, com a esperança e a convicção de que ser professor é ter a missão de não deixar ninguém para trás.

Escolheria, por isso, a inclusão como a missão central dos professores no presente e no futuro. Hoje, pensar a inclusão é valorizar a diversidade, isto é, ver cada pessoa como única e especial na sua identidade, traduzida esta nas mais variadas características (a idade, o sexo atribuído à nascença, a origem, a etnia, a religião, a cultura, a língua, a identidade de género, a orientação sexual, entre outras).

A inclusão (ou a educação inclusiva) é o direito de todas as crianças e jovens a uma educação de qualidade, que considere e valorize a diversidade. A educação implica necessariamente a inclusão como processo através do qual a escola e a comunidade se organizam para garantir o acesso, a participação e a aprendizagem efetivas de todas as crianças e jovens, bem como de contribuir para a eliminação de todas as formas de exclusão e discriminação.

Daqui decorrem três reflexões:

Em primeiro lugar, a escola (e os demais contextos educativos) constituem espaços privilegiados de oportunidades e de aprendizagem. Contudo, estar na escola, ir à escola, não basta. É necessário que cada escola se constitua como uma comunidade efetiva, onde cada pessoa, cada professor, cada aluno é visto, conhecido e representado nesta comunidade e nos seus princípios, ações, medidas e documentos.

Em segundo lugar, recusar, tolerar, aceitar ou valorizar a diversidade manifestam-se na sociedade e nas escolas. Enquanto comunidade, espera-se que as escolas sejam espaços seguros e acolhedores, o que implica que os seus profissionais adotem atitudes positivas de inclusão e de valorização da diferença e que a escola se organize e adote medidas para a promoção de sentimentos de pertença e de relação.

Em terceiro lugar, dar nota da necessidade de reconhecermos situações de invisibilidade nas escolas tornando-as visíveis, dando-lhes espaço e voz de participação e representação. No mesmo sentido, assinalar a necessidade de identificarmos e atuarmos rapidamente e atempadamente em todas as barreiras que colocam algumas pessoas em situação de maior risco ou em situação efetiva de discriminação e de exclusão.

Nos últimos anos, avaliações nacionais e internacionais da educação inclusiva em Portugal, como é o caso de trabalhos da Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC), da OCDE ou de trabalhos de investigação, designadamente na Universidade Católica Portuguesa, assinalam que, ainda que a legislação portuguesa neste aspeto seja inovadora e que as escolas e os seus profissionais valorizem a inclusão, existem desafios à sua operacionalização.

Assim, persiste uma perspetiva focada na inclusão das crianças e alunos com necessidades específicas ou necessidades de saúde especiais, ignorando-se frequentemente outras dimensões relevantes da diversidade. Destaca-se que, mesmo com a publicação do Decreto-Lei n.º 54 em 2018 relativo à educação inclusiva, com os planos de desenvolvimento pessoal, social e comunitário e com as medidas de recuperação das aprendizagens, persistem diferenças importantes nos resultados de aprendizagem, bem-estar e inclusão de estudantes de contextos socioeconómicos menos favorecidos, família com baixos recursos, migrantes ou pessoas ciganas.

Por este motivo, o aprofundamento e sustentabilidade de medidas que possam valorizar a diversidade nos processos de aprendizagem e participação são essenciais. Neste processo, destaco a importante missão de ser professor. Afinal, “uma criança, um professor, um livro, uma caneta podem mudar o mundo” (Malala Yousafzai, prémio Nobel da Paz).

Marisa Carvalho

Fonte: Público por indicação de Livresco