quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Solidariedade... e os nossos?!

Há quatro anos, o mar tirou-lhes tudo. Em poucos minutos perderam a família, os amigos e a casa onde viviam. Agora, dez crianças vítimas do tsunami estão em Portugal para receber apoio psicológico.
"O apoio psico-social está a decorrer desde Fevereiro de 2005. Nessa altura, os alunos tinham um olhar vazio e perdido. Estavam sedentos que alguém os ajudasse a gerir as emoções", recorda Susana Monteiro, psicóloga do Cefipsi.
Para motivar o interesse pelos estudos, os especialistas portugueses prometeram trazer a Portugal os alunos que mais se esforçassem. Esta semana, dez chegaram a Lisboa, para concluir a última fase da terapia.
Até ao final do mês, o grupo de jovens entre os 13 e os 17 anos vai percorrer o país, visitando praias e rios para perder o medo da água, um enorme desafio para quem ainda vê o mar como inimigo.
"É um 'programa de cura'. Algumas alunas perderam os pais, os irmãos, os amigos e os vizinhos. Perderam a sua casa e os seus pertences, mas agora estão bem. Nunca as vi tão felizes", congratula-se a professora Bonifelsia Reshendra, que acompanhou as estudantes na visita a Portugal.
Também a psicóloga vai notando nas crianças um "olhar brilhante e um sorriso cada vez mais presente". Mas Susana Monteiro não tem ilusões: sabe que percorreram um longo caminho, mas garante que ainda há muito a fazer até que consigam "reconciliar-se com a vida", o último e mais importante passo da terapia.
"Elas dizem que já se sentem bem, mas a ferida ainda está aberta. A nossa esperança é que no regresso ao Sri Lanka, após estas duas semanas, tenham só a cicatriz, que já não dói quando se toca", deseja a psicóloga.
Comentário:
Portugal sempre se assumiu como um país solidário, apesar da nossa reduzida dimensão e dos poucos recursos de que dispomos. Penso que é uma característica quase inata! Esta notícia é mais um exemplo dessa atitude altruista.
No entanto, somos solidários com as populações de outros países e esquecemos com facilidade os problemas dos nossos conterrâneos, os problemas que existem ao nosso lado. Esta notícia faz-me pensar nas nossas escolas, nos muitos alunos que, por inércia, falta de verbas, de coragem ou de sensibilidade, continuam sem qualquer tipo de apoio psicológico!
Lanço, com este post, um alerta no sentido da solidariedade começar a ser vivida interiormente, no país, para que, depois, todos, possamos colaborar e ser solidários com os restantes povos!

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