sexta-feira, 29 de abril de 2011

Acessibilidade nos Museus, uma visão integrada - acção de formação

O Instituto Nacional para a Reabilitação, INR, IP, em colaboração com o Grupo para a Acessibilidade dos Museus - GAM - e em parceria com o Instituto de Museus e Conservação, IMC, IP, vai realizar em Lisboa, entre 30 de Maio e 29 de Junho, às segundas e terças, a acção de formação "Acessibilidade nos Museus, uma visão integrada". 

Esta será a primeira de duas acções de formação do curso relativo a esta temática, que trata a área da acessibilidade de forma transversal a toda a actividade do museu. Serão abordadas questões ligadas à arquitectura, ao design de exposições, aos suportes de comunicação (escrita de textos acessíveis, guias multimédia, maquetas, relevos, réplicas, internet), às actividades desenhadas pelo serviço educativo dos museus e outros eventos, bem como a outros serviços (como os cafés e restaurantes) e também aos seus recursos humanos.

Esta acção terá uma duração total de 50 horas e será monitorizada por formadores especialistas nestas áreas.
Para efeitos de participação na acção, anexa-se o programa e a respectiva ficha de inscrição que deverá ser enviada para manuela.s.branco@inr.mtss.pt ou inr@inr.mtss.pt
In: INR

Deficiência: Oportunidade na adversidade

O dicionário de sinónimos pode associar "deficiente" a "inútil" e "mutilado", mas a corredora Aimee Mullins vem agora redefinir o significado desta palavra. Desafiando estes sinónimos, ela mostra como é que a adversidade (no caso dela, tendo nascido sem tíbias) lhe abriu as portas do potencial humano.

Genes responsáveis por estilos de aprendizagem

Investigadores da Universidade Brown, nos EUA, descobriram que as variações genéticas específicas podem prever como pessoas persistentes acreditam num conselho que lhes é dado, mesmo quando é contrariado pela experiência.

O estudo, publicado no Journal of Neuroscience, aborda a mímica entre duas regiões do cérebro que têm diferentes reacções sobre como as informações recebidas devem influenciar o pensamento. O córtex pré-frontal (CPF), área executiva do cérebro, analisa e armazena as instruções recebidas, tais como os conselhos de outras pessoas (por exemplo, ‘não vendas essas acções’). O estriado, enterrado mais profundamente no cérebro, é onde as pessoas processam a experiência para saber o que fazer (‘Os stocks muitas vezes sobem depois de os vender’, por exemplo).
Os investigadores, incluindo Michael Frank, professor assistente de ciências cognitivas, linguísticas e psicológicas na Brown, estudaram o estriado intensamente e descobriram que numa tarefa de aprendizagem, as pessoas são mais orientadas por um conselho no início. Depois, os genes é que determinam quando as lições da experiência prevalecem.

“Estamos a estudar de que forma o manter instruções no córtex pré-frontal muda a maneira do estriado funcionar”, explicou o autor Bradley Doll, um estudante de pós-graduação. “Isso distorce o que as pessoas aprendem sobre as contingências que estão realmente a ocorrer”, acrescentou.

Distorcer a experiência

Durante a investigação, foram estudadas pessoas com e sem variações genéticas que afectam a actividade do neurotransmissor dopamina no CPF e no estriado. Uma variação num gene chamado COMT que afecta a dopamina no CPF, por exemplo, ajuda as pessoas a recordar e a trabalhar com conselhos.

As pessoas com uma variação do gene DARPP-32, que afecta a resposta à dopamina no estriado, aprenderam mais depressa a partir da experiência quando nenhum conselho era dado, mas também os tornou mais facilmente impressionáveis para o viés do CPF quando a instrução era dada. O estriado dava mais peso às experiências que reforçavam as crenças do CPF, e menos peso às experiências que as contrariassem. Os investigadores chamam a isto viés de confirmação, que é omnipresente em vários domínios tais como na astrologia, na política e até mesmo na ciência.

“As pessoas distorcem o que experienciam para que seja apreendido como mais consistente com o que já pensavam”, afirmou Michael Frank.

Para realizar a experiência, foram recrutadas mais de 70 pessoas que deram amostras de saliva e em seguida realizaram uma tarefa de aprendizagem informatizada. Aos participantes foram mostrados símbolos numa tela e pedido para escolherem os ‘correctos’, que tiveram de aprender através de feedback. Como o feedback era probabilístico, era impossível escolher o símbolo correcto em todos os testes, mas os indivíduos puderam aprender, com múltiplos testes, que símbolos tinham maior probabilidade de estarem correctos.
Para alguns símbolos, os indivíduos receberam orientação sobre qual resposta seria mais provável de estar correcta. Às vezes, o conselho estava errado. Em última análise, as pessoas com variantes genéticas particulares foram as que ficaram mais tempo presas ao conselho errado, e num teste realizado mais tarde, eram mais propensas a escolher símbolos sobre os quais foram aconselhadas estarem correctos em vez de aqueles que na realidade tinham maior probabilidade de o estarem. Usando um modelo matemático, os cientistas descobriram que a extensão do viés de confirmação sobre a aprendizagem depende dos genes.

Pode parecer que ter genes à mercê de um córtex pré-frontal de temperamento forte e um estriado demasiado subserviente pode tornar as pessoas perigosamente alheias à realidade, mas para Michael Frank há uma boa razão para o cérebro acreditar no conselho: O conselho está muitas vezes certo e é conveniente.

As pessoas que tendem a seguir as instruções dos outros, embora em graus variados com base nos seus genes, podem tomar decisões sensatas muito mais rapidamente do que se tivessem que aprender a coisa certa através da experiência. Em alguns casos (por exemplo, 'Perigo: Alta Tensão'), a experiência é um caminho muito perigoso para aprender. Mas noutros casos (por exemplo, 'O técnico deve estar lá às 13h00' ou 'Esta slot machine compensa'), acreditar no conselho por muito tempo é tolice.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Alexandro sem acesso às caixas multibanco


Luís Alexandro, de vinte anos, sente-se marginalizado quando quer levantar dinheiro e encontra um degrau que o impede de chegar à caixa multibanco em Matarraque, Cascais, onde reside, ou quando não consegue aceder às cabines telefónicas, por estas estarem muito elevadas.


E até na Escola Secundária de São João do Estoril, que o jovem frequenta, há pavilhões que não estão adaptados para pessoas com deficiência motora.
O Ministério da Educação garante que a escola de São João do Estoril pertence ao grupo das que vão integrar a fase IV do Programa de Modernização de Escolas Secundárias. Adianta que a questão dos acessos é sempre tida em conta no âmbito das intervenções da Parque Escolar.
A SIBS, empresa que gere as máquinas de multibanco, esclarece que o elevado número de ATM por habitante – o maior da Zona Euro – permite que haja na proximidade imediata de um equipamento com menor facilidade de acesso outro cujas características asseguram a melhor acessibilidade. Já a PT disse ao Correio da Manhã que existem em Portugal cerca de 500 cabines telefónicas para clientes com necessidades especiais, estando ainda programada a implementação de mais 300 infra-estruturas.
"ACHO-ME CAPAZ DE FAZER TUDO"
Natural da África do Sul, Luís Alexandro veio para Portugal com nove anos para tentar ter uma vida melhor, apesar de ter nascido com uma malformação na coluna vertebral (espinha bífida). Desloca--se em cadeira de rodas desde sempre, mas, independentemente das limitações motoras, tenta viver o dia-a-dia de melhor forma possível. Actualmente tem vinte anos e está no 12º ano de escolaridade, a terminar o curso de Programação e Gestão de Sistemas Informáticos na Escola Secundária de São João do Estoril, em Cascais, apesar de o seu curso de sonho ser o Termalismo. Faz vela e basquetebol adaptado. Durante o Verão, inspecciona as praias da linha, a partir do paredão, prestando primeiros-socorros. E para este Verão já tem planos: "Arranjar um emprego, de preferência ao ar livre, ganhar algum dinheiro e mais independência."
O carro adaptado que ganhou ao participar na ‘Acção Qualidade de Vida’ da Associação Salvador mudou a vida deste jovem. "Antes estava dependente da minha mãe para tudo." E confessa que muitas vezes se questionou: "Porquê a mim?" Acrescenta que "ver pessoas em situações piores o ajuda a abrir os olhos, a superar e a achar que é capaz de fazer tudo".

Planos de Acção CRI/AE

Está em curso o processo de elaboração dos Planos de Acção conjuntos dos Centros de Recursos para a Inclusão e dos Agrupamentos de Escolas, para o ano lectivo 2011/12. Os mesmos devem ser apresentados às respectivas DRE até ao próximo dia 29 de Abril.
Para mais informações consulte os seguintes documentos:

In: DGIDC

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Número de jovens a pedir apoio psicológico está a aumentar

Raparigas tendem a pedir mais ajuda.Estudos revelam que um em cada cinco adolescentes sofre de depressão. Alertar os jovens e o público em geral para a realidade desta doença e dar a conhecer os mecanismos de apoio existentes são os pontos centrais do colóquio «Depressão nos Jovens», a realizar-se no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC), depois de amanhã, às 14h. A entrada é livre.

A psicóloga Ana Melo, do Gabinete de Aconselhamento Psico-Pedagógico dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (SASUC) e oradora do colóquio, revela que, “do número total de pedidos de consulta que são solicitados ao Gabinete, 27 por cento dos jovens apresentam critérios clínicos para a depressão”.
Uma difícil adaptação ao ambiente universitário em jovens do primeiro ano, causada pela quebra de laços familiares e dificuldades em estabelecer um novo grupo de amigos, pode conduzir a reacções depressivas. Ana Melo ressalta, ainda, que dificuldades económicas crescentes e a pressão para o sucesso são também factores que estão a contribuir para o aumento do número de jovens a pedir apoio psicológico.

De acordo com Manuel João Quartilho, professor na Faculdade de Medicina da UC e também orador do colóquio «Depressão nos Jovens», os indícios desta doença são vários: alteração do humor, tristeza prolongada, diminuição do interesse ou prazer nas actividades comuns, irritabilidade e impaciência, diminuição da auto-estima, sentimentos de culpa e inutilidade e, mesmo, de ideação suicida. Em caso de sintomas, pedir ajuda é o passo a tomar.

Segundo Manuel Quartilho, “por norma, os jovens com depressão tendem a pedir ajuda, nomeadamente no âmbito das suas relações familiares ou sociais” e acrescenta que “as raparigas fazem-no mais frequentemente que os rapazes”.

O colóquio conta, ainda, com a presença de Luís Providência, Vereador do Desporto, Juventude e Lazer da Câmara Municipal de Coimbra, Filipa Craveiro, da Linha SOS Estudante da Associação Académica de Coimbra (AAC), e a Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB).

«Depressão nos Jovens» é uma iniciativa conjunta do Museu da Ciência e do Gabinete de Apoio a Necessidades Educativas Especiais da UC e insere-se no ciclo de debates “Homem, Cidade, Ciência”, que tem como objectivo discutir diversos aspectos da vida nas cidades contemporâneas, estimulando o diálogo entre a comunidade científica, a sociedade civil e as autoridades locais, representada nesta sessão pela Câmara Municipal de Coimbra.

Portugal tem a 8.ª maior taxa de pobreza infantil

A taxa de pobreza infantil em Portugal é de 16,6 por cento, um valor superior à média dos países da OCDE (12,7 por cento) e a oitava maior do grupo, refere um estudo da Organização hoje publicado.

Portugal apresenta a oitava maior taxa de pobreza infantil entre os 34 países da OCDE, atrás de Israel, do México, da Turquia, dos Estados Unidos, da Polónia, do Chile e de Espanha.
De acordo com o relatório "Doing better for families", hoje publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), referindo dados da última década, Dinamarca, Noruega e Finlândia têm as menores taxas de pobreza infantil, com 3,7 por cento, 4,2 por cento e 5,5 por cento, respectivamente.
Para a generalidade dos países da OCDE, as crianças que vivem em famílias monoparentais em que apenas um adulto aufere rendimentos tendem a ter taxas de pobreza mais elevadas do que as que vivem em famílias duo-parentais em que apenas um adulto trabalha. No entanto, Portugal configura uma excepção a esta tendência, a par da Dinamarca, da Noruega e da Suécia.
A percentagem de crianças que vivem em famílias em que os dois pais estão empregados é, regra geral, elevada, com destaque para a Eslovénia, Portugal e os Estados Unidos, onde mais de 60 por cento das crianças vivem em famílias cujos pais trabalham a tempo completo.
A taxa de mortalidade infantil caiu em quase todos os países da OCDE, com Portugal a apresentar a descida mais acentuada da mortalidade entre crianças dos 0 aos 14 anos desde 1970, tanto por ferimentos acidentais como intencionais.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Encontro sobre integração profissional de deficientes em Évora

O Salão Multiusos da Cáritas Diocesana de Évora acolhe dia 28 deste mês o segundo Encontro “+ inclusão”, subordinado ao tema “Integração Profissional de Pessoas Portadoras de Deficiência: o Potencial Silencioso”.

Este encontro pretende alertar a comunidade em geral e empregadora em particular para a mais-valia que constituem, em termos profissionais, as pessoas portadoras de deficiência, partilhar boas práticas ao nível do concelho e apresentar as medidas do Instituto do Emprego e Formação Profissional nesta área.

O Contrato Local de Desenvolvimento Social é um projeto coordenado pela Cáritas Diocesana de Évora, que aposta na capacitação de indivíduos, famílias e entidades, tendo como objetivo principal o combate à exclusão social e a construção de projetos autónomos de vida.

sábado, 23 de abril de 2011

Governo corta nos apoios aos alunos com deficiências

As terapias que usam expressões artísticas estão excluídas dos apoios aos alunosNo próximo ano lectivo os alunos com necessidades especiais vão ter menos apoios nas escolas. As equipas dos Centros de Recursos para a Inclusão (CRI) que acompanham as crianças portadoras de deficiências nos agrupamentos escolares vão ficar reduzidas a um fisioterapeuta, dois terapeutas ocupacionais e da fala e um psicólogo. De fora ficam assistentes sociais, monitores e ainda os técnicos de psicomotricidade que asseguram outras necessidades que os estabelecimentos de ensino poderiam solicitar às instituições privadas (psicoterapia, musicoterapia ou outras terapêuticas que envolvem expressões artísticas). 

São algumas das regras do novo modelo de financiamento para os CRI impostas pelo Ministério da Educação às instituições privadas, mas há outros cortes anunciados que podem comprometer a sobrevivência destes centros criados há três anos quando o governo decidiu retirar estas crianças das instituições e integrá-las nas escolas com os outros alunos. 

"A tutela não se compromete a pagar os encargos obrigatórios como seguros e consultas de medicina do trabalho, segurança social ou subsídios de refeições e nem sequer definiu critérios para pagar as deslocações dos técnicos às escolas", critica João Dias, dirigente da Federação Portuguesa para a Deficiência Mental - Humanitas. Em causa estão também as indemnizações aos técnicos decorrentes dos contratos a prazo, interrompidos sempre que os projectos educativos são suspensos pelo ministério: "Esses custos passam igualmente a serem suportados pelas instituições."

Tudo isto são despesas que os responsáveis dos CRI garantem não ter condições para suportar, avisa Rogério Cação, da Federação de Cooperativas de Solidariedade Social (Fenacerci), dando o exemplo do CRI que dirige em Peniche: "Com a redução das equipas que prestam apoio às escolas terei de dispensar cinco técnicos. Fazendo uma média de anos de trabalho que deram à casa, que são sete, e de salários que rondam os mil euros, terei de pagar cerca de 40 mil euros a estes funcionários. Tendo em conta que já tenho um défice de seis mil euros do ano anterior, diria que o centro não é governável."

E tal como o centro de Peniche tem de reavaliar as suas condições, os outros 74 centros que prestam actualmente apoio às escolas terão de fazer o mesmo. "Só no final deste mês, após terminar o prazo de candidaturas, é que vamos ver o verdadeiro impacto destes cortes. Será esse o momento para saber quais os centros que vão desistir por incapacidade financeira", alerta o dirigente da Humanitas. 

Isabel Cottinelli Telmo, presidente da Federação Portuguesa de Autismo, não espera pelo fim deste prazo para deixar o aviso: "Se os encargos com a segurança social, subsídios de refeições e outros custos não forem suportados pelo Estado, não temos alternativa senão suspender o apoio, que prestamos a cerca de 120 crianças de escolas na área de Lisboa e Setúbal."

Tão grave quanto os encargos que "deixam de ser da responsabilidade da tutela", é a redução do "leque de profissionais especializados" que já não fazem parte das equipas que prestam apoio a estas crianças, esclarece João Dias. "No caso das instituições federadas na Humanitas, a eliminação das assistentes sociais das suas equipas implica deixar de apoiar as famílias na busca de soluções para os alunos que estão na transição para a vida activa."

O que está em causa - defende Rogério Cação - é uma posição "inequívoca" que a tutela terá de tomar: "O governo tem de clarificar se quer ou não continuar com estas parcerias e não pode pensar que está a fazer um favor a quem presta este tipo de apoios. Os CRI prestam um serviço público e, como tal, todos os seus custos devem ser pagos pelo Estado", remata o dirigente da Fenacerci.

Comentário:
Poucos comentários há a fazer, infelizmente! Se durante o presente ano lectivo, as horas e os técnicos disponibilizados são manifestamente insuficientes, para o próximo ano lectivo será pior... Assim vai a Educação em Portugal!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

“Uma vida normal para o nosso bebé”

Ainda na maternidade, a recuperar do choque de ter tido um filho sem a mão esquerda, Sílvia Santos, de 33 anos, decidiu que havia "males maiores" e que iria fazer tudo para mudar a sorte do menino.

"Queremos uma vida normal para o nosso bebé", dizem os pais de Nuno, residentes em Apúlia, Esposende, que lançaram uma campanha de recolha de tampinhas de plástico. As semelhanças com o caso de Rodrigo – o menino de Fão que recebeu uma mão biónica – são muitas e foi ao ver uma reportagem da história de Rodrigo que o casal decidiu que tinha de fazer o mesmo para o seu filho. "Entrei em contacto com a mãe do Rodrigo e ela, através da cooperativa que criou, está a ajudar--nos nesta campanha", disse, animada, a mãe de Nuno Miguel.

Com apenas quatro meses e ainda muito novo para poder usar a mão eléctrica, o pequeno Nuno vai receber, em Agosto, a primeira prótese de plástico. "É uma prótese que custa 800 euros e que tem de ser substituída de seis em seis meses, até poder colocar a mão eléctrica", explicou Sílvia Santos ao CM. O casal – Manuel Santos é carpinteiro e Sílvia é delegada comercial – tem outra filha, de cinco anos.
As tampinhas podem ser entregues à cooperativa Dar a Sorrir, que tem vários pontos de recolha no País e um site na internet: www.darasorrir.com.
Comentário:
Eis um bom exemplo de determinação, de luta e de persistência. Todos podemos colaborar! Neste campo, as escolas poderão utilizar a recolha de tampinhas como forma de sensibilizar os alunos para a rpoblemática da diferença, contribuindo, naturalmente, para o bem-estar da criança e para a preservação do ambiente.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Professores portugueses não conseguem desligar-se do trabalho fora da escola


Os professores portugueses não conseguem "recarregar baterias" após um dia de escola, mantendo-se sempre ligados ao trabalho, o que provoca "um desgaste enorme", conclui um estudo revelado esta quinta-feira.
Desenvolvido em 2010 no âmbito da tese de doutoramento da docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) Maria Alexandre Costa, este estudo visou estudar uma população que vivesse elevados níveis de stress e de que forma as actividades desenvolvidas nos tempos livres têm impacto no seu trabalho.
Em declarações à Lusa, a docente explicou ter escolhido um grupo de 100 professores do ensino pré-universitário para tentar perceber qual a influência do tempo livre na produtividade destes profissionais.
"A maioria dos professores revela uma grande dificuldade em distanciar-se do trabalho", disse, acrescentando que estes profissionais "levam muitas vezes trabalho para casa", como correcção de testes e preparação de aulas, "mas também muitas preocupações", como mau comportamento dos alunos.
Na sua opinião, os professores são incapazes de recarregar totalmente as baterias e, por estarem sujeitos a níveis elevados de stress, "o desgaste é tal que pode já não ser possível algum dia recuperá-las", podendo-se comparar a "uma bateria viciada".
Maria Alexandre Costa acrescenta que os professores "têm maior dificuldade em se envolver em actividades de recuperação" (relaxamento), porque muitas vezes "são confrontados em casa com situações similares às vividas durante o dia de trabalho", como, por exemplo, explicações/orientações aos filhos.
Na sua opinião, o segredo "é encontrar formas de relaxamento que são próprias para cada pessoa", porque "quanto maior é o desgaste de um dia de trabalho, mais difícil é relaxar, embora haja uma maior necessidade de o fazer".
O estudo conclui também que a segunda-feira é o dia mais difícil para os professores, porque é quando "os profissionais se sentem menos relaxados".
Para a docente, esta é uma conclusão "curiosa", uma vez que, apesar de ser o dia seguinte ao maior período da semana destinado aos tempos livres, apresenta-se como aquele em que "os professores mais rapidamente perdem esse relaxamento".
O estudo permitiu também concluir que "à sexta-feira há recuperação de relaxamento" (distanciamento psicológico da actividade profissional), referiu a docente, que interpreta este dado como "o efeito de contaminação do fim-de-semana".
Para realizar este estudo, Maria Alexandre Costa acompanhou os professores durante duas semanas, colocando-lhes questões antes do início do trabalho, "logo pelas 8 horas", e ao final da jornada "para avaliar como correu o dia de trabalho".

Educação dos 0 aos 3 anos - Recomendação do Conselho Nacional da Educação

Foi publicada uma Recomendação do Conselho Nacional da Educação (CNE) relativa à educação dos 0 aos 3 anos. Numa leitura superficial, verificamos que faz alguns comentários à educação especial e à intervenção precoce.
Assim, segundo um estudo comparativo internacional, o relatório considera haver lacunas importantes na formação para a articulação com pais, para o trabalho específico com as crianças dos 0 aos 3 anos, na educação especial e para situações de educação bilingue ou multicultural e, ainda, em questões de investigação e avaliação. As possibilidades de formação contínua e de desenvolvimento profissional são muito desiguais entre os países, sobretudo entre o pessoal com menos formação, prevalecendo a preocupação com o baixo estatuto e deficientes condições de trabalho e salários do pessoal que trabalha com as crianças de 0 -3 anos ou em atendimento extra-escolar.

Os dados que foram fornecidos ao CNE pelo gabinete da Secretária de Estado da Reabilitação demonstram  uma significativa cobertura de intervenção precoce, situada, sobretudo, nas regiões mais densamente populosas e uma prevalência da modalidade creche nas instituições de solidariedade social.
No estudo anterior da OCDE (2006), chegou-se à conclusão que “as investigações realizadas por um grande número de países revelam que a intervenção precoce contribui significantemente para colocar as crianças de famílias de baixo rendimento no bom caminho para o desenvolvimento e para o sucesso escolar”
Ao nível dos problemas, os parceiros consideraram indispensável uma plena implementação dos serviços de intervenção precoce para crianças em risco, integrando creches e amas na rede nacional de intervenção precoce. Torna-se necessária a indispensável detecção de situações “de risco”, garantindo a prevenção primária mas, também, não deixando de investir na qualidade de inclusão, e evitando “rotular” as crianças e interferir na privacidade das famílias.
O CNE propõe, ao nível da reconfiguração do papel do Estado, a revisão da Lei-Quadro da Educação Pré -Escolar (passando a chamar-se Lei-Quadro para a Educação dos 0 aos 6 anos) de modo a abranger a educação dos 0 aos 3 anos, garantindo princípios de equidade social, acessibilidade, oferta universal (progressiva) e, sem dúvida, a necessidade da intervenção precoce. Esta lei consagraria uma tutela comum ME/MTSS sobre os serviços destinados aos 0 -3 anos e redefiniria políticas integradas, inclusivas e estruturantes, de modo a ultrapassar as práticas assistencialistas, não deixando de sublinhar a importância de um trabalho articulado e convergente entre MTSS e ME, enquanto a tutela não passar definitivamente para o ME que garantiria, no entanto, desde já, a tutela pedagógica.
Quanto ao intervir para prevenir, propõe que cada instituição deve ter um plano de intervenção para crianças “em risco”. No entanto, na tomada de decisão, deve sempre prevalecer o princípio do superior interesse da criança. A articulação com as equipas locais de intervenção precoce deve fazer -se, não apenas ao nível das creches mas, também, da rede circundante de amas. Deve -se investir na qualidade da inclusão mas, também, num estado de permanente atenção na detecção de necessidades das crianças que careçam de intervenção especializada. Importa reconhecer novos problemas colocados às crianças filhas de famílias imigrantes que estão em situações de grande vulnerabilidade e usar uma abordagem inter e pluridisciplinar de modo a evitar fragmentar a criança e sua família entre serviços e tutelas.

Para aceder à Recomendação n.º 3/2011, A Educação dos 0 aos 3 anos, aqui.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Guia para lidar com o stress

"Reconhece-se atualmente que o stress relacionado com o trabalho é um dos principais desafios do setor da Educação. Muitos são aqueles que, estando ligados ao ensino e à formação, sentem stress, reconhecem que trabalham em condições stressantes e precisam de encontrar soluções para o problema, gerindo os diversos fatores de risco e prevenindo os danos pessoais e organizacionais associados ao stress", refere Sara Brandão, coordenadora do projeto Stressless - Promover a Resiliência dos Educadores ao Stress. 

Trata-se de um projeto que será desenvolvido ao longo de dois anos, começou em novembro do ano passado e terminará em outubro de 2012, para criar um guia prático de intervenção validado a nível internacional. A iniciativa envolve nove países e é promovida pela Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI), ao abrigo do Programa Aprendizagem ao Longo da Vida. 

"O projeto tem como objetivo o desenvolvimento de um guia para a intervenção no stressdos educadores, testado e validado internacionalmente", resume. Um guia prático de intervenção para educadores e instituições do setor. O Stressless está a dar os primeiros passos e, neste momento, tem em curso um processo de análise das efetivas necessidades dos educadores. Para avaliar o nível de stress dos educadores, bem como perceber quais os esforços preventivos das instituições, foi feito um questionário e realizaram-se entrevistas. "Os resultados recolhidos através destes dois métodos permitirão o posterior desenvolvimento dos conteúdos do guia para a intervenção no stresse, finalmente, o seu teste num curso gratuito para os educadores", explica. 

O diagnóstico está feito e foram auscultados mais de 500 educadores e 45 instituições. Neste momento, os dados estão a ser tratados e os resultados serão divulgados num relatório que estará disponível no final de maio no site da SPI (www.spi.pt/stressless). "A construção do guia de intervenção estará, assim, suportada por um exercício de diagnóstico conduzido em todos os países da parceria - através da realização de questionários aos educadores e de entrevistas a instituições educativas - e por um exercício de identificação de boas práticas, igualmente realizados nos nove países", adianta Sara Brandão. 

Depois de avaliadas as necessidades, o Stressless entra então numa nova etapa. Em outubro deste ano, arrancam os workshops de validação em que 15 educadores, 15 por evento, têm a oportunidade de testar o guia. Estes encontros terão lugar em cinco países, Portugal incluído, que serão divulgados no site da SPI, no Facebook e na newsletter do projeto. A participação é gratuita. 

A versão final do guia é apresentada em agosto de 2012 numa sessão europeia destinada a 15 educadores. Os interessados em participar neste curso podem candidatar-se a bolsas de formação junto da Agência Nacional para a Gestão do Programa Aprendizagem ao Longo da Vida. 

"Com o final do projeto, setembro e outubro de 2012, esta ferramenta, testada e validada, será distribuída num DVD e disseminada no YouTube e em vários seminários e mesas-redondas", revela a coordenadora do projeto. 

Sara Brandão sustenta ainda que "a diversidade dos parceiros permitirá a identificação de necessidades em vários países e a construção/validação de um guia de intervenção ajustado às necessidades dos educadores e instituições educativas, em geral, tendo por referência as melhores práticas existentes na Europa". Universidades, entidades formadoras, associações de professores e educadores dos nove países são os parceiros do Stressless que conta com um consórcio que integra 10 entidades de nove países e é apoiado pela Comissão Europeia, ao abrigo do Programa Aprendizagem ao Longo da Vida - Subprograma Grundtvig. 
Sara R. Oliveira

Informações 
22 6099164 

"Vidas Profundas" - Revista Diversidades, n.º 31

Editorial da Revista Diversidades, n.º 31, subordinada ao tema "Vidas Profundas".

Pautados pela procura incessante de práticas conducentes à melhoria da  qualidade de vida e do bem-estar da população com necessidades especiais, esta edição primaveril da  Diversidades dedica-se à complexa, enigmática e heterogénea área da deficiência profunda.
A primavera, símbolo de vida e do desabrochar de esperanças e desafios, inspira-nos a contemplar, com a envolvência dos nossos sentidos, as idiossincrasias que compõem cada ser na sua unicidade e os laços afetivos que os unem na sua pluralidade.
Mediante o equilíbrio entre a pertença e a diferenciação, agimos de forma  concertada, na autenticidade da cooperação estratégica entre múltiplos intervenientes, pois a eficácia das mais diversas intervenções terapêuticas e pedagógicas consubstancia-se na sinergia dessa participação ativa.
Tendo presente que a esperança conduz os sonhos e estes o comportamento, a ajuda profícua a todos quantos vivem e convivem com esta realidade pressupõe um equilíbrio ecológico, expresso em expectativas, que reduzam sentimentos de culpa e ansiedade e fortaleçam competências e recursos pessoais.
Os novos tempos que vivemos colocam-nos outros desafios como as reestruturações familiares e o aumento da esperança média de vida. Como tal, é pela dedicação de todos que se constroem oportunidades de ajuste às especificidades de cada Vida Profunda.
Com gestos atentos e empáticos, criamos ambientes flexíveis, moldáveis às características, preferências e oportunidades de interação das crianças, jovens e adultos com necessidades especiais, que tudo merecem e de nós muito esperam.
Predispostos a aprender sempre, recetivos a continuar a caminhada da evolução, despertamos novos olhares, entrevemos novas metas e, com profissionalismo e competência, atentamos sobre a centralidade da promoção da infoinclusão, da adaptação de brinquedos, do recurso a métodos ativos e inovadores, de índole multissensorial.
Impelidos pela suavidade da brisa fresca desta estação, lançamos o desafio da urgência do esforço e da participação de todos, na resposta aos anseios da população com deficiência profunda e suas famílias, de acordo com a missão, objetivos e valores que distinguem a nossa ação.
E, associando-nos ao Dia Mundial do Autismo, instituído pela Organização das Nações Unidas, em dezembro de 2007, que definiu o dia 2 de abril como marco da mobilização mundial, iluminamos a capa desta edição com a cor azul, tonalidade eleita para esta causa, deixando a todas as pessoas com perturbações do espectro do autismo e suas famílias a nossa solidariedade. 

Para aceder à revista, aqui.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Acção de Sensibilização e Divulgação sobre Síndrome de Asperger/Perturbações do Espectro do Autismo

O Núcleo do Apoio Educativo do Agrupamento de Escolas Dr. Vieira de Carvalho em parceria com a APSA – Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger, vão organizar uma Acção de Sensibilização e Divulgação sobre Síndrome de Asperger/Perturbações do Espectro do Autismo.
Este evento realizar-se-á na EB2,3 Dr. Vieira de Carvalho, em Moreira da Maia, no dia 03 de Maio de 2011 pelas 18:30 horas.
Esta acção tem como objectivo apresentar a APSA, fazer uma caracterização da Síndrome de Asperger e Perturbações do Espectro do Autismo, das suas causas, dos sinais mais característicos e alguns procedimentos que poderão ajudar a lidar com os indivíduos com esta patologia.

A entrada é gratuita mas devem preencher o formulário de inscrição que deve ser pedido ao seguinte email: accao.apsa@gmail.com, até ao dia 30 de Abril.
Será entregue um certificado de participação, no final da acção, a todos os participantes.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Relacionar informação entre tacto e visão é capacidade que tem de ser aprendida

Há mais de 300 anos, o cientista irlandês William Molyneux perguntou ao filósofo John Locke: se um cego de nascença que consegue distinguir pelo tacto as diferenças entre esferas e cubos, ao adquirir o sentido da visão conseguirá distinguir esses objectos apenas com esse sentido? Esta questão – conhecida como Problema de Molyneux – tem agora uma resposta: não.

Um grupo de investigadores do MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts, conseguiu responder a essa pergunta através de uma investigação feita com crianças cegas na Índia, que começaram a ver depois de intervenção cirúrgica. As crianças não foram capazes de relacionar diferentes tipos de informação sensorial, mas aprenderam a fazê-lo rapidamente, numa questão de dias.
Os investigadores, liderados por Pawan Sinha, professor no departamento de Ciências Cognitivas do MIT, estudaram cinco crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 17 anos e cegas de nascença, quatro com cataratas congénitas e uma com córnea opaca.

Construíram 20 pares de formas simples a partir de blocos e testaram as crianças 48 horas antes da cirurgia que lhes iria permitir ver pela primeira vez. As crianças não tinham tido contacto com estas formas antes e depois de ver também não foram capazes de as identificar só através da visão.

Este estudo, agora publicado na «Nature Neuroscience», decorreu no âmbito do Projecto Prakash (“luz”, em sânscrito), uma iniciativa que tem uma dupla missão: restaurar a visão a crianças com formas tratáveis de cegueira e investigar de que forma o cérebro aprende a processar a informação visual.

As causas da maioria dos casos de cegueira na Índia são a deficiência de vitamina A, cataratas, distrofias de retina ou microftalmia. Metade dos casos são tratáveis ou podem ser evitados, mas a maior parte das crianças não tem acesso a cuidados médicos, especialmente nas zonas rurais. O projecto já examinou mais de 24 mil crianças e conseguiu tratar 700.

domingo, 17 de abril de 2011

Doença rara e sem cura trava desenvolvimento de Artur


Deleção 1p36. O nome deste problema de saúde é tão complexo como os seus sintomas. Atraso motor, problemas auditivos e de visão, explosões de humor ou epilepsia são apenas algumas das consequências da doença.
Artur tem dois anos mas ainda não se senta, não gatinha, apenas rebola. A sua última grande vitória foi conseguir segurar a cabeça, o que deveria ter acontecido aos cinco meses. Praticamente não fala. Diz "mamã", "olá", "não" e, quando tem fome, "ham". Artur é uma das duas crianças em Portugal com uma doença rara: a deleção 1p36 .

sábado, 16 de abril de 2011

Avaliação na Educação Pré-Escolar e Educação Especial

Através da Circular nº.: 4 /DGIDC/DSDC/2011, de 11/04/2011, a Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular vem tecer algumas considerações sobre a avaliação na educação pré-escolar. 
Relativamente às crianças que se encontram abrangidas pelas medidas da educação especial, podemos constatar que, entre as diversas finalidades da avaliação, esta deve recolher dados para monitorizar a eficácia das medidas educativas definidas no Programa Educativo Individual (PEI).
Relativamente aos intervenientes no processo de avaliação, são enumerados as crianças, a equipa, os encarregados de educação, o Departamento Curricular de Educação Pré-Escolar, os órgãos de gestão e os docentes de educação especial (profissionais que participaram na elaboração e implementação do PEI do aluno).
Podem considerar-se como dimensões fundamentais para avaliar o progresso das aprendizagens das crianças as seguintes: as áreas de conteúdo (Orientações Curriculares da Educação Pré-Escolar);  os domínios previstos nas Metas de Aprendizagem;  outras específicas estabelecidas no projecto educativo e/ou projecto curricular de grupo e no PEI.
Relativamente aos momentos de avaliação, no final de cada período dever-se-á assegurar, entre outras, a avaliação do PEI. No período de encerramento do ano lectivo, além do referido anteriormente, dever-se-á assegurar também: a articulação com o 1º CEB dos Processos Individuais das Crianças que transitam para
este nível de ensino; a elaboração do relatório circunstanciado definido no artigo n.º 13 do DL n.º 3/2008; a preparação do ano lectivo seguinte.
Este documento, relativamente à intervenção ao nível da educação especial, não acrescenta nada de novo, apenas reforça os procedimentos e o papel dos docentes desta modalidade de educação e ensino.
Para aceder à Circular, aqui.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Matrículas para o primeiro ano podem ser feitas pela Internet a partir de hoje

As matrículas para o primeiro ano do ensino básico podem ser feitas a partir desta sexta-feira pela Internet e até 15 de Junho, mas mantém-se a possibilidade de inscrição em papel na própria escola.

A medida foi avançada em Setembro pelo secretário de Estado da Educação, João Mata, como uma das apostas do Governo no Plano Tecnológico.

Em Fevereiro, o Ministério da Educação anunciou que a partir de agora o processo de matrícula decorrerá entre Abril e Junho de cada ano, meses em que se verifica a grande maioria das candidaturas.

A plataforma informática que permite as matrículas electrónicas no primeiro ano é disponibilizada no Portal das Escolas

Segundo informação do ME, para fazerem a matrícula electrónica, os encarregados de educação "deverão estar munidos do seu cartão de cidadão, bem como do do seu educando, respectivos códigos de identificação e de um leitor de cartões, que garantirá a autenticação da matrícula".

O projecto "Matrícula Online" visa permitir que os encarregados de educação realizem o processo pela Internet, com recurso à autenticação através do Cartão do Cidadão. Permite ainda que os pais vão acompanhando o estado da matrícula do seu educando, informa o ME.

Acrescento que os alunos com necessidades educativas especiais (NEE) têm prioridade sobre os restantes.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Haverá crianças más?

"Com alguma frequência tenho ouvido comentários como: esta criança é mesmo má, tem prazer em fazer mal aos outros, tem prazer em irritar, desafia o tempo todo, sensibilizamos mas sem qualquer sucesso! Há mesmo crianças más? Que aconselhar a esses pais para que possam ter êxito na sensibilização? Gostaria que partilhassem este tema que leva ao desespero de muitos pais."

Helena Inácio

Não há crianças más, há crianças perturbadas. Quando uma criança apresenta "um padrão de comportamento repetitivo e persistente, em que são violadas os direitos básicos dos outros ou importantes regras ou normas sociais próprias da idade", estamos perante uma perturbação de comportamento, que aparece devidamente caracterizada na DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais). 

Quem trabalha em contexto escolar sabe bem o quanto estas crianças são difíceis de "agarrar", uma vez que as palavras parecem ter pouca ressonância junto delas, pois, como diz o povo, as mensagens "entram a cem e saem a duzentos". Crianças com perturbações de comportamento têm fraca empatia e pouca preocupação com os sentimentos, desejos e bem-estar dos outros. Podem ser insensíveis e não ter sentimentos de culpa e remorso. A leitura que fazem da intenção dos outros, sobretudo em situações ambíguas, é distorcida, interpretando-as como mais hostis e ameaçadoras do que na realidade são. 

Por este motivo têm muitas reações de agressividade desproporcional aos comportamentos que lhe deram origem. As crianças com este tipo de perturbação tentam habitualmente culpar os outros dos seus próprios comportamentos, apresentam baixa autoestima, baixa tolerância à frustração, temperamento explosivo e comportamentos marcados por grande imprudência. 

O porquê da existência deste tipo de comportamentos é a grande questão. Segundo estudos realizados, a perturbação de comportamento tem componentes genéticas e ambientais, aumentando o risco sempre que os pais biológicos ou adotivos apresentam perturbação antissocial da personalidade ou têm um irmão com perturbação de comportamento. Este tipo de perturbação é também mais frequente quando os pais biológicos apresentam dependência do álcool, perturbação de humor ou esquizofrenia, histórias de perturbação de hiperatividade com défice de atenção ou perturbação de comportamento. 

Estudos recentes no âmbito da neurologia mostram que pessoas com personalidade antissocial apresentam alterações ao nível do sistema límbico, que é uma parte do cérebro responsável pela empatia e pela solidariedade. 

O que concluir de tudo isto? As crianças que habitualmente caracterizamos como sendo "más", com comportamentos que, efetivamente, podem caracterizar-se como tal, terão de ser alvo de tratamento psiquiátrico. Quanto mais precoce for a intervenção, melhor poderá ser o prognóstico. Felizmente, na maioria dos sujeitos, a perturbação remite na idade adulta. No entanto, existe uma substancial proporção de indivíduos que, quando adultos, continuam a revelar comportamentos que podem ser enquadrados na perturbação antissocial de personalidade. Quanto mais precoce for o início da perturbação de comportamento pior é o prognóstico. 

Para concluir, poder-se-á afirmar que embora não exista cura para as perturbações de comportamento é fundamental que estas sejam identificadas e tratadas precocemente, de forma a minimizar os efeitos habitualmente devastadores que a elas estão associados. Pela minha experiência de muitos anos a trabalhar em contexto escolar, posso afirmar que as comissões de proteção de crianças e jovens poderão ser excelentes parceiros, na busca das melhores soluções para estas, crianças profundamente perturbadas!
Adriana Campos