segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Professores desiludidos com a actual escola

Uma certa manhã, há mais ou menos um ano, Manuela Medina teve uma epifania. "Estava a ir para a escola e pensei: eu vou trabalhar… Eu, antigamente, nunca ia trabalhar, eu ia para a escola porque ser professor não pode ser encarado como um trabalho, onde se é obrigado a ir." Foi ali que decidiu pedir a reforma.
Essencialmente, tomou a decisão por causa da "desvalorização completa da função de professor". Manuela Medina, foi sempre activa na defesa dos direitos dos professores. Foi uma das fundadoras do Sindicato de Professores da Zona Norte e conseguiu com que, após o 25 de Abril, fosse aprovado "um dos mais avançados estatutos da carreira docente da época". Agora, "esta ministra veio dar uma marretada completa a tudo o que foi conquistado".
Discorda também das aulas de substituição. "São a maior fantochada que se possa imaginar. A medida teoricamente até é correcta, mas da maneira como são dadas não vale a pena." Os alunos e os pais também não saem muito bem na fotografia. "Há uma indisciplina, uma má-criação e um desinteresse total. Os miúdos não têm a noção do que podem dizer e fazer. Aqui, os pais têm muita, muita responsabilidade."
Todavia, na sua opinião, de há três anos para cá, a falta de respeito para com os professores "agravou-se com a desvalorização do seu papel levada a cabo pelo Ministério. Por esse motivo, considera que a ministra da Educação, e quem a escolheu, também se encontram entre os principais responsáveis pela grande indisciplina que actualmente se verifica.
Manuela confessa que quando recebeu os papéis da reforma sentiu "um alívio imenso" e beijou toda a gente. Um ano depois, não tem qualquer angústia e diz que muitos estão à espera de fazer o mesmo. "Encontro colegas meus, das mais variadas escolas, e estão todos à espera de vir embora, com uma ânsia enorme de abandonar a escola. Há cinco anos pensava: isto bateu no fundo, agora vai melhorar. Mas cada vez afunda mais e não vejo uma luz ao fundo do túnel. Estou muito pessimista para o futuro das nossas gerações".
Comentário:
Este é mais um exemplo, na primeira pessoa, do clima de desmotivação e de alguma angústia que vai grassando nas escolas portuguesas. É, também, o reflexo sintomático do rumo que a política educativa nacional está a seguir, fruto de mentes alucinadas que defendem hoje aquilo que anteriormente criticavam!

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