sábado, 29 de janeiro de 2011

"Educação é o grande projecto para Portugal"

O primeiro-ministro, José Sócrates, disse hoje, sábado, em Braga que "o grande projecto" para Portugal é a aposta na educação, "porque é o investimento mais importante na afirmação de um país".

"Aqui está o grande projecto nacional. Esta época vai ficar marcada pela aposta na educação", afirmou José Sócrates a propósito do projecto de modernização das escolas secundárias que prevê a requalificação 313 estabelecimentos, num investimento global de 2,9 mil milhões de euros. (...)
"Este é um país que aposta tudo na educação. Este é um projecto de muita ambição para o país e é a aposta maior na educação de que há memória", reafirmou o primeiro-ministro, sublinhando que é "uma aposta de conjunto, que vai do pré-escolar ao ensino secundário".
José Sócrates frisou que o país tinha de fazer este investimento na reconversão do parque escolar, ao nível do secundário, porque "essas escolas eram espaços que tinham ficado para trás no processo de desenvolvimento do país".
Comentário:
Sem me alongar no comentário, diria apenas que o PM fala, fala, fala... mas as verdadeiras questões, a educação continua moribunda...
Sobre os alunos com NEE que, dentro de dois anos, passam a frequentar o sistema educativo até ao 12º ano ou perfaçam dezoito anos, com a medida de currículo específico individual, que ofertas credíveis, certificadas, possíveis de um verdadeiro reconhecimento social vão ser oferecidas?! Para esses, considero que o PIT é uma falácia!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Curso de Braille - Formação para a Comunidade

A delegação de Braga da ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal) irá desenvolver Formação para a Comunidade, nomeadamente, cursos de Braille.

A Formação para a Comunidade prevê a realização de Cursos de Braille, que têm como objectivos: Sensibilizar para a importância de um sistema de
leitura/escrito utilizado por pessoas com deficiência visual; Capacitar para a utilização correcta da simbologia Braille a fim de que possam comunicar através deste sistema de leitura/escrita; Actualizar, reforçar e reciclar conhecimentos da escrita/leitura Braille.

Estas acções de formação têm como destinatários: 
- Pessoas sem Deficiência Visual, 
- Professores, 
- Formadores, 
- Educadores, 
- Técnicos, 
- Estudantes e 
- Outros interessados.

Acções:
Cursos de Braille a realizar nas instalações da ACAPO às:
- Segundas- 10h-12h
- Terças e Quintas -18h às 20h
- Sábados-10h-12h

Duração de 30 horas

Preço:45 Euros

Os formandos destes Cursos beneficiarão dos seguintes apoios:
- Manual de Apoio,
- Certificado de Frequência.

O Sistema BRAILLE é um processo de leitura e escrita por meio de pontos em relevo hoje empregado no mundo inteiro.

“Ler com os dedos” tornou-se tão vulgar para os cegos que, hoje em dia, não se pode pensar em qualquer programa de reabilitação que não passe pela aprendizagem do Braille”.

Para mais informações contacte:
ACAPO
Rua Cruz de Pedrado nº 114, 4700-219 Braga
Tel: 253 26 77 66 
Fax: 253 26 77 68
E-mail: renatosilva@acapo.pt

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cadeira de rodas inteligente criada na Universidade do Porto

A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) divulgou esta quarta-feira a criação de uma plataforma que permite transformar qualquer cadeira de rodas eléctrica numa cadeira de rodas inteligente capaz de ser comandada por voz e por sensores, noticia a Lusa.


O invento chama-se «IntellWheels» e é capaz de se desviar sozinho dos obstáculos, planear tarefas, comunicar com outros dispositivos, além de permitir ao paciente seleccionar o seu modo preferido de comando da cadeira de Rodas.

O protótipo, desenvolvido por um grupo de docentes da FEUP que investigam no Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores (LIACC) e no INESC Porto, resulta de um projecto cujo objectivo era transformar uma cadeira de rodas comercial num equipamento inteligente, de custos reduzidos e com poucas alterações do ponto de vista ergonómico.

Iniciado em 2006, o projecto permitirá, de acordo com o comunicado da FEUP, «oferecer uma maior autonomia e qualidade de vida aos cidadãos de mobilidade reduzida, podendo vir a ser comercializado em breve».

O «IntellWheels» também prevê a realização de uma recolha alargada de dados e a realização de um vasto conjunto de experiências, utilizando pacientes reais, de modo a validar completamente todas as metodologias desenvolvidas.

Luís Paulo Reis, docente da FEUP e coordenador do projecto, admitiu em comunicado que a conclusão da investigação realizada e a validação da plataforma, protótipos e simulador vai possibilitar, a médio prazo, «transformar as cadeiras de rodas inteligentes em produtos comerciais, com elevadas capacidades no auxílio a idosos e outros indivíduos com graves deficiências motoras».

Para além da FEUP, do LIACC e INESC Porto, juntaram-se recentemente ao projecto três novos parceiros: Universidade de Aveiro (UA), Escola Superior de Tecnologia de Saúde do Porto (ESTSP/IPP) e a Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC).

Estudo sugere que bilíngues são mais atentos

Investigadores da Universidade de Granada, em Espanha, constataram que pessoas bilíngues não têm apenas vantagens no que concerne à facilidade em comunicar em dois idiomas, mas também no que respeita à capacidade de atenção e memória.

Pedro Macizo Soria e Teresa Bajo Molina chegaram a essa conclusão depois de realizarem testes com pessoas bilíngues em espanhol e inglês e que, como tal, tinham alto conhecimento de ambas as línguas e usavam-nas frequentemente.

Foram feitas várias provas -  legendar desenhos, ler, traduzir frases -, cujo tempo de realização foi medido, tal como a actividade cerebral. 

Os resultados mostraram que as pessoas bilíngues activam os dois idiomas em simultâneo, mesmo em situações em que apenas um é necessário. De forma a resolverem esse “conflito” e seleccionarem a língua indicada para o momento, é necessária a actuação de  um mecanismo que decorre na área pré-frontal do cérebro e que inibe o idioma que não é ideal para o contexto. 
Este processo comprova, segundo os investigadores, que é possível ignorar uma informação interna.  

O estudo acrescenta ainda que os bilíngues utilizam mecanismos de atenção muito mais vezes do que os monolíngues e são capazes de trabalhar melhor em situações em que estão sujeitos a distracções e de tomar melhores decisões.

O caso dos intérpretes difere desta situação, pois estes são obrigados a utilizar duas línguas as mesmo tempo durante o trabalho. O estudo indica que  estes profissionais realizam um grande  esforço cognitivo, o que faz com que o cérebro aja de forma diferente, dependendo da experiência da pessoa.

Bullying - criminalização aplica-se apenas a maiores de 16 anos

A proposta de lei, aprovada na semana passada na Assembleia da República, "é apenas para ser aplicada aos indivíduos com mais de 16 anos", afirmou Alexandre Ventura, em declarações aos jornalistas após a sessão de encerramento do curso de ensino à distância "Violência e Gestão de Conflitos na Escola", na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

Destina-se - adiantou o membro do Governo - a "situações de absoluta excepcionalidade, de grande violência", ou com carácter fortuito ou reiterado.

"Sendo com carácter fortuito, normalmente prende-se com situações de violência física, com carácter reiterado diz respeito ao bullying escolar", esclareceu.

Na sua intervenção, o secretário de Estado Adjunto e da Educação frisou que a alteração recente do Código Penal se destina a resolver "questões de excepcional violência" e "não a criminalizar todas as situações de violência" na escola, o que justifica a proposta de lei em causa.

"É necessário que as pessoas entendam que não é intenção do Ministério da Educação passar a resolver as situações de indisciplina nas escolas ou de violência mais banal - 'banal' não desculpabilizando essa violência - , através da aplicação do Código Penal", disse aos jornalistas, lembrando os instrumentos já existentes neste domínio, nomeadamente o estatuto do aluno, os regulamentos internos dos estabelecimentos de ensino e a lei tutelar educativa.

Contudo, segundo Alexandre Ventura, "há situações de absoluta excepcionalidade que, de facto, ultrapassam a capacidade das escolas, das direcções e dos professores, de resolver".

"Nesses casos de absoluta excepcionalidade deve ser equacionada a possibilidade de aplicação do Código Penal, mas caberá aos tribunais e aos juízes tomarem as decisões a este propósito", considerou, ao salientar também o "carácter dissuasor" da criminalização.

O curso encerrado pelo membro do Governo teve a duração de 90 horas e foi frequentado por professores com função de direcção de turma de 15 escolas do país, segundo uma nota do Ministério da Educação (ME).

Inserido no âmbito de um protocolo firmado entre o Ministério da Educação e a Universidade de Coimbra, este projecto-piloto de formação de docentes "insere-se na opção estratégica do ME de prevenir comportamentos agressivos ou violentos, em espaços educativos".

Quando os pais não vão à escola...

"Os pais que não vêm à escola são os que mais precisavam de vir." É um lamento sincero que frequentemente se ouve aos professores ou até mesmo a encarregados de educação em reuniões de turma. Falam, obviamente, dos pais dos alunos malcomportados, com insucesso ou que faltam muito às aulas.

Porque não vão todos os pais à escola? As razões serão, com certeza, muitas. Pensemos em algumas:

O "professorês" ou "escolês" - Esta linguagem é frequentemente utilizada nos documentos distribuídos aos encarregados de educação e nos contactos orais ou escritos (competências transversais, áreas curriculares não disciplinares, critérios de retenção).

Abordagens negativas - Muitos pais são chamados à escola devido a ocorrências negativas: faltas às aulas, mau comportamento. Estas informações podem acabar por ser sentidas como acusações, porque nem sempre se lhes segue uma busca de estratégias de resolução do problema. Se a acusação é feita numa reunião de encarregados de educação, o vexame é maior ('O Francisco é insuportável e malcriado. Está sempre a insultar os colegas. Até no meio das aulas!') e a vontade de nova deslocação à escola desaparece.

Reuniões sem conteúdo significativo - "Senhores encarregados de educação, chamei-os cá para lhes distribuir a ficha de avaliação do 1.º período. Não tenho muito mais para dizer. Estou à disposição para responder às perguntas que queiram fazer e depois dou por terminada a reunião". Os encarregados de educação poderão sentir-se defraudados perante uma reunião com tão pouco conteúdo. Terão vontade de se esforçar por ir a outra?

O que fazer para motivar os pais a irem à escola?
As estratégias seriam, pelo menos, tantas quantos os problemas que afastam os pais da escola. Vejamos algumas, em contraponto aos problemas referidos.

A linguagem - O director de turma precisa de conhecer bem o contexto sociocultural dos encarregados de educação e utilizar uma linguagem a ele adequada. Deverá ter esse cuidado na comunicação oral e na escrita.

Abordagens positivas - Quando é preciso chamar os pais por haver problemas, há vários cuidados a ter:
1. Não culpabilizar os pais, seja de forma directa ou indirecta.

2. Respeitar a sua dignidade e a sua privacidade - Não se deve nomear alunos e respectivo mau comportamento diante de outros. Essa estratégia vexa e não motiva nem orienta para a resolução. Quando se quer falar de um aluno específico, tal deve ser feito num atendimento individual.

3. Sugerir e/ou procurar, em conjunto com eles, estratégias de resolução.

4. Reuniões com conteúdo significativo.

Há muitas coisas que podem ser transmitidas aos pais numa reunião. Podem ser dadas indicações de formas de apoio ao estudo dos filhos (organização do local de estudo, organização do tempo de estudo, eliminação de factores de distracção). Podem ser debatidos temas, como por exemplo 'A alimentação e o rendimento escolar'. O professor de Ciências da Natureza poderia colaborar na sua dinamização.

Da boa relação entre a escola e a família beneficiarão todos os envolvidos, particularmente os alunos. Há portanto que reflectir sobre ela e promovê-la.

Armanda Zenhas

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Alunos surdos integram coro universitário

Incluir os alunos da licenciatura de Linguagem Gestual Portuguesa nas actividades extra-curriculares da Universidade Católica (UCP) foi o ponto de partida. O exemplo dado pela série norte-americana "Glee" - transmitida em Portugal no canal Fox Life - num dos episódios da primeira temporada, foi a inspiração. 
A coordenadora do curso do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da UCP, Ana Mineiro, enviou em abril do ano passado um email à diretora e ao maestro do coro da Universidade com um vídeo em que um grupo interpretava a música de John Lennon "Imagine", acompanhado por alunos surdos. 
Na mensagem eletrónica lançava um desafio: "o que acham de fazermos o mesmo?". Ana Mineiro explicou à Lusa que "é importante as pessoas entenderem que estes alunos podem ser integrados também nesta dimensão, que podem cantar tal como os ouvintes, mas que cantam com as mãos e não com a voz". 
"O facto de não haver audição não implica que não haja competência do movimento do corpo que permite fazer ritmos. É uma questão de informar o corpo dessas pessoas das regras do movimento, para que ele surja. O prazer que dá aos ouvintes cantar é exatamente o mesmo que dá ao surdo fazer a melodia do corpo", referiu o diretor do ICS da UCP, Alexandre Castro-Caldas.

Surpresa geral

O desafio de Ana Mineiro foi abraçado pelo coro, que ficou surpreendido com o resultado final.  "Foi uma surpresa para todos. No primeiro ensaio em que nos juntámos ficámos tão estupefactos com o que o coro de surdos estava a fazer que nem conseguimos cantar, não entrámos a tempo", recordou a diretora, Rita Ferreira Fernandes.
O maestro, Rui Peixoto, partilha da mesma opinião. "Foi uma surpresa e um grande desafio para todos", disse, revelando que, como a experiência "resultou muito bem" há "projetos para o futuro com outras peças e outro tipo de participação". 
A primeira atuação do coro que mistura ouvintes e surdos decorreu na festa de Natal da UCP, a segunda foi na quinta-feira passada nas cerimónias do dia do ICS. 
Os ensaios tiveram de começar separados "para que [os alunos surdos] aprendessem a música através do ritmo e das direções que o maestro lhes ia dando", lembrou Rita Ferreira Fernandes.Antes da primeira apresentação bastaram dois ensaios em conjunto. 
Para Carlos Martins, solista, integrar o coro é uma forma de ter "um estatuto de igualdade" e espera que no futuro iniciativas deste género se estendam a todo o país. 
Aprender a música "foi fácil" para este aluno da licenciatura de Linguagem Gestual Portuguesa. 
"O maestro tem connosco um código visual, que acompanhamos. Além disso, as pessoas surdas têm uma noção de ritmo e melodia e é só incorporar isso. É fácil", disse em língua gestual, traduzido para a Lusa pela intérprete do coro. 
O diretor da UCS lembra que "a música faz parte do organismo" e, por isso, basta estimular o ritmo de quem, não a conseguindo ouvir, sente-a.

Notícia com vídeo em Expresso online.

Epilepsia explica alucinações de Chopin

Chopin sofria de epilepsia, doença que provavelmente explica as alucinações descritas pelo compositor, revelaram investigadores espanhóis.
O próprio compositor, que morreu em 1849, com 39 anos, descreveu as alucinações como "visões aterradoras" e a sua amante, George Sand, relatou momentos em que o músico se mostrou assustado com visões. 
Numa carta escrita para a filha de George Sand, Chopin descreveu um momento, durante um concerto, em Inglaterra, em 1848, em que se retira abruptamente .
De acordo com a pesquisa desenvolvida pelos investigadores espanhóis, agora divulgada na Medical Humanities, o tipo e a frequência das alucinações que o compositor apresentava é comum em pacientes que sofrem de epilepsia do lobo temporal.
Os cientistas explicam que as alucinações ocorrem em diversos distúrbios médicos e psiquiátricos, incluindo a esquizofrenia. Mas, normalmente, manifestam-se sobre a forma de vozes e não de visões. Portanto, concluem que a explicação mais provável para as visões de Chopin é um tipo de epilepsia que ocorre no lobo temporal do cérebro.
In: JN online

GNR encontra criança deficiente amarrada a uma cama

O Jornal de Notícias noticia que a GNR, ao efectuar buscas numa residência, deparou-se com uma criança com deficiência, amarrada a uma cama, com cordas, na casa de um dos suspeitos visados na investigação. A menina, com oito anos, sofre, ao que foi possível apurar, de autismo e os seus progenitores mantinham-na em condições precárias na casa onde viviam, e, aparentemente, estava debilitada, amarrada e em condições sub-humanas.
Esta notícia é de pasmar. Como é possível, nos tempos de hoje, em que se fala e propaga a inclusão, deparamo-nos com situações destas?! O que falhou?!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Aplicação do Acordo Ortográfico no sistema educativo

A Presidência do Conselho de Ministros, através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, determina a aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa no sistema educativo no ano lectivo de 2011-2012 e, a partir de 1 de Janeiro de 2012, ao Governo e a todos os serviços, organismos e entidades na dependência do Governo, bem como à publicação do Diário da República
Para mais informações e explicações sobre o Acordo Ortográfico, existe o http://www.portaldalinguaportuguesa.org/

Quanto custa educar um aluno numa escola do Estado?

Qualquer pessoa que acompanhe a actualidade relacionada com a Educação sabe que o Ministério da Educação (ME) sofre de um grave problema de falta de transparência. De resto, muitos dirão (com razão) que não se trata de um problema exclusivo ao ME. E porque se trata de um problema generalizado, é tão importante a missão de uma imprensa exigente, cujas investigações e reportagens ajudam os cidadãos a escrutinar os seus representantes e governantes, devolvendo ao debate público as informações que faltam.
Hoje, especificamente no debate das políticas educativas, essa missão faz cada vez mais sentido. Os cortes de 10% no Orçamento do ME 'obrigaram' a uma redução de 30% no financiamento das escolas com contrato de associação,escolas que são públicas mesmo que não pertencendo ao Estado. Escusado será dizer que um corte de 30% é, por definição, abusivo, nomeadamente quando põe em risco a educação de 53 mil jovens e crianças. Para o justificar, a Ministra Isabel Alçada alega que os valores fixados, 80.080€ anuais por turma, para o financiamento das escolas com contrato de associação tornam esse financiamento equivalente ao das escolas públicas do Estado, o que seria justo se fosse verdade. Mas será que é mesmo verdade?
O PSD e o CDS-PP tentaram saber mas, na Assembleia da República, os restantes partidos (PS, PCP e BE) acharam que não valia a pena fazer as contas, alinhando-se com o Governo. Para estes partidos, o compromisso ideológico com a Escola estatal secundariza a realidade dos factos. Mas bastará essa resposta para os milhares de pais que se têm manifestado em nome da defesa da Educação dos seus filhos? Claramente que não.
As dúvidas abundam. Para que um corte de 30% num dos lados tornasse os financiamentos equivalentes, as escolas públicas com contrato de associação teriam de ter tido, durante anos, um financiamento que suportasse um custo por aluno largamente superior ao das escolas públicas do Estado. Se tivermos em conta que as escolas com contrato de associação têm mais despesas do que as do Estado (com os salários dos professores, por exemplo, pagos directamente por estas escolas) e que os indicadores disponíveis (OCDE, por exemplo ) apontam para que o custo nas escolas públicas do Estado seja mais elevado, a medida não faz sentido. Sobra a palavra da Ministra, que recusa sustentar as suas afirmações com números.
A actual situação é muito simples: o ME não diz quanto custa educar um aluno numa escola pública do Estado, mas diz-nos que cortar 30% no financiamento das escolas públicas com contrato de associação torna os custos equivalentes. Há escolas em risco de fechar, professores em risco de despedimento, crianças em risco de perder a sua escola, pais em vias de verem frustradas as suas ambições para a Educação dos seus filhos. Enquanto o ME, interesseiramente, não divulga os dados que os cidadãos reclamam saber, promovendo a ignorância e a indiferença, os partidos de esquerda alinham na farsa. Já só os jornalistas podem desmascarar a mentira. Fica então o apelo: não deixem, por favor, cair esta questão.


Alexandre Homem Cristo

Baixo auto-controlo na infância resulta em pobreza, menos saúde e criminalidade

As crianças com baixo auto-controlo têm tendência a serem adultos mais pobres, com menos saúde e maior propensão para cometer crimes e consumirem substâncias que causam dependência. O estudo publicado hoje na edição online da revistaProceedings of the National Academy of Sciences analisou mil pessoas durante mais de 30 anos.

A equipa de Terrie Moffitt e Avshalom Caspi, da Universidade de Duke, em Durham, na Inglaterra, analisou o auto-controlo de 1037 indivíduos nascidos em 1972 e1973 em Dunedin, na Nova Zelândia quando tinham entre três e cinco anos. Os dados foram recolhidos a partir de observações junto de professores, pais e cientistas. Depois, os investigadores voltaram a verificar os comportamentos daquelas 1037 pessoas já durante a adolescência e vida adulta, quando tinham 32 anos.

“O nosso estudo, mostra pela primeira vez, que a força de vontade que se tem quando se é uma criança influencia as probabilidades de se ser saudável e rico durante a vida adulta”, disse, citada pela Reuters, Terrie Moffit, primeira autora.
Segundo o artigo, as crianças com pouco auto-controlo tinham mais tendência a ter problemas de saúde durante a vida adulta (27 por cento contra as crianças com mais auto-controlo que tinham só onze por cento), como pressão arterial elevada, obesidade, problemas de respiração ou doenças sexualmente transmitidas. Além disso, era mais provável serem dependentes de substâncias (dez por cento contra três por cento) como o tabaco, o álcool e as drogas, tornarem-se pais solteiros (58 por cento contra 26 por cento), terem dificuldade em gerir dinheiro e terem um registo criminal aos 32 anos (43 por cento contra 13 por cento).
“Conseguir ter auto-controlo e gerir os impulsos é uma das exigências que as sociedades pedem mais cedo às crianças”, explicou a cientista. 
Os cientistas confirmaram ainda estes resultados com a análise de comportamento entre 500 gémeos ingleses em que compararam a evolução do irmão com menos auto-controlo. Os resultados confirmaram o que se tinha achado com o estudo neozelandês. 
Em ambos os casos, os comportamentos eram independentes do nível de QI. O comportamento de cada indivíduo reflectiu-se na adolescência. As crianças com menos auto-controlo tinham uma maior tendência para cometer actos com um risco potencial maior.
“A tentativa e o erro são uma parte saudável da vida quando se é adolescente”, explicou a cientista à Time. “Mas os adolescentes com um bom auto-controlo fazem tentativas e erros estrategicamente, e apreciam a diferença entre uma experiência com uma aprendizagem útil e um perigo real. Estou convencida que os adolescentes podem ser ajudados para fazerem esta distinção.”
In: Público online

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

“Eugénio – O Génio das Palavras” Versão 2.0

O Eugénio é uma ferramenta de apoio à escrita vocacionado para pessoas com dificuldades motoras ou cognitivas. Trata-se de um agente de software que monitoriza a vizinhança do cursor para propor um conjunto de sugestões de palavras que possam completar o texto do utilizador. Desta forma pode evitar-se algum esforço adicional e possíveis erros de escrita.
Com o passar do tempo o Eugénio também se vai adaptando ao estilo de escrita do utilizador, tornando-se por isso mais eficaz na ajuda prestada. Para utilizadores com dificuldades de acesso ao teclado físico do computador o Eugénio dispõe de vários teclados de ecrã que permitem a escrita com recurso ao rato.
Eugénio disponibiliza ainda outro método de acesso para utilizadores com grandes dificuldades motoras – o varrimento. Com este método é possível a selecção de teclas através de um ou dois manípulos externos. O sistema também funciona em conjunto com o sintetizador de fala DIXI+, permitindo ao utilizador ouvir o texto que escreveu, ou transmitir uma mensagem a outra pessoa.
Este sistema funciona no ambiente Microsoft Windows e possui uma página internet (http://www.l2f.inescid.pt/~lco/eugenio) a partir da qual pode ser obtido de forma gratuita. O programa foi desenvolvido em colaboração entre o Laboratório de Sistemas Interactivos (LabSI) da ESTIG, o Laboratório de Sistemas de Língua Falada (L²F) do INESC ID e o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral de Beja (CPCB), através do projecto «CAPE - Comunicação Aumentativa em Português Europeu» financiado pelo programa CITE IV do Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência.
Os autores deste trabalho receberam o Prémio de Mérito Científico “Maria Cândida Cunha 2004”. Este prémio foi criado para galardoar projectos de investigação e desenvolvimento que tenham contribuído para a melhoria da qualidade de vida e integração económica e social de pessoas com deficiência. Desde 1997 que este prémio está instituído no Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência (SNRIPD), enquanto iniciativa do Programa Ciência, Inovação e Tecnologia (CITE).
Encontra-se agora em desenvolvimento uma nova versão deste sistema mais vocacionada para a comunicação oral. Para que as palavras e frases propostas se encontrem mais adequadas a cada diálogo em particular o sistema irá utilizar outra informação do contexto além do texto escrito. Uma das capacidades já desenvolvidas consiste na determinação da localização do utilizador através de tecnologia de posicionamento (e.g. GPS) para a sugestão de vocabulário específico para cada local físico, que pode ser por exemplo uma sala de aula ou o bar da escola. As sugestões do sistema também irão ser formuladas com base no reconhecimento do tema da conversa e do próprio interlocutor. Para tal será utilizada tecnologia de reconhecimento de fala desenvolvida pelo Laboratório de Sistemas de Língua Falada (L²F) do INESC-ID.

Para mais informações, comentários ou sugestões contactar:

Luis Garcia 
Laboratório de Sistemas de Informação e Interactividade da ESTIG 
Rua Pedro Soares 7800-295 Beja PORTUGAL  
Tel: +351 284 311 540 
Fax: +351 284 327 184 
luisbgarcia@estig.ipbeja.pt 
http://www.estig.ipbeja.pt/~lfnhbg 


Luis Caldas de Oliveira 
Laboratório de Sistemas de Língua Falada do INESC-ID  Rua Alves Redol 9, 1000-029 Lisboa PORTUGAL 
Tel: +351.213100268 
Fax: +351.213145843 
lco@inesc-id.pt 
http://www.l2f.inesc-id.pt/~lco

Para descarregar o programa, aqui.

Português no topo da investigação de software para invisuais

Abílio Guimarães começou como todos os invisuais a aprender braille, mas desenvolveu conhecimentos que o levaram ao topo da investigação mundial do software para invisuais.

Além do OpenOffice livre (o programa para invisuais custa 1300 euros), Abílio Guimarães tem participado no projecto NonVisual Desktop Access (NVDA), responsável por inúmeras adaptações informáticas que facilitam a vida a quem não vê, como por exemplo, a instalação de som nas caixas multibanco dos Estados Unidos.
A experiência de Abílio Guimarães iniciou-se em Vila Verde, na criação do fundo documental para cegos e amblíopes. Ali foi reunida documentação em braille e suporte áudio. "Fui investigando novos apoios, porque a ambição era alcançar os melhores meios. Investiguei e dei passos para a Informática. A ideia era criar software livre à escala mundial e a oportunidade abriu-se com o convite de um grupo australiano, integrando a investigação que previa instalação de software na região do Texas.
"Elaborei um projecto que envolveu todas as entidades de Dallas e Forthworth. Um cego que esteja numa paragem de autocarro fica a saber para onde vai, as páginas das entidades estão todas adaptadas para cegos. Seria interessante que houvesse esse laivo de inovação na região do Minho", lança o alerta Abílio Guimarães.
Em Vila Verde (e em Portugal), Abílio Guimarães destaca o facto de a Biblioteca Municipal local ser a "única instituição pública a disponibilizar software livre a quem procura. Este espaço vai além da biblioteca comum, preparando as pessoas e formando-as para acolher informação". Em termos práticos, com o software, qualquer invisual pode digitalizar uma carta do banco e ficar a saber o assunto. "Podem aceder e produzir informação, sem dependerem dos outros", destaca Abílio, lembrando que entre os 200 utilizadores já formados contam-se pessoas de todo o país. "Há pessoas que vivem escondidas, devido à sua deficiência. Se este software for alargado a outras instituições, certamente que haverá mais pessoas a aderir". E alerta os responsáveis: "ao nível económico, uma pessoa cega integrada custa muito menos ao erário público".
Abílio garante que quem frequenta o curso "não sai sem saber como evitar um vírus na Internet, usa todos os dedos para escrever, sabe corrigir um texto. Aqui funcionamos como uma espécie de centro consultivo, porque também indicamos que computadores ou telemóveis devem adquirir".

domingo, 23 de janeiro de 2011

“Ela quer muito andar e falar”

A família de Maria de Sameiro, uma menina de sete anos que sofre de paralisia cerebral, necessita de 25 mil euros para pagar um tratamento que irá permitir que a criança ande e fale. A menina, filha de um casal de pescadores de Vila do Conde, terá de fazer sessões intensivas de fisioterapia, três vezes por semana, e durante dois anos e meio. Cada sessão custa 90 euros.


"A minha ‘Sameirinho’ é uma lutadora. Ela quer muito andar e falar. Quando vê os meninos a correr e a saltar fica muito desanimada. Não temos dinheiro para o tratamento", afirmou Catarina Macieira, mãe da menina.
Desde o dia em que nasceu que os médicos garantiram que ‘Sameirinho’ nunca poderia andar nem falar. Mas há cerca de um mês um novo especialista trouxe esperança aos pais, que vivem apenas da pesca.
"Deixei de trabalhar quando a minha menina nasceu. Vivo unicamente para ela. Até agora já coloquei 500 euros de parte, mas isto não chega nem para começar. Para além das sessões ainda temos de pagar as deslocações, que são muito caras", referiu a mãe, emocionada.
A Câmara de Vila do Conde já efectuou algumas obras na casa da família, de modo a proporcionar uma maior mobilidade à menina.
Comentário:
Nesta notícia, faltou referir em que consiste o método aplicado nestas situações!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Marcha pela Igualdade

No próximo dia  11 de Junho de 2011, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, realizar-se-á a Marcha pela Igualdade.
Pretendemos com este evento sensibilizar a população em geral para a realidade que envolve os diversos rostos da deficiência. Mostrar à sociedade e poder político, que a deficiência existe e que é vivida todos os dias, pelo que existe necessidade premente de haver respostas justas e inclusão efectiva. Este movimento cívico tem como base a união de vontades de fazer, de actuar. Assim necessitamos que todos os interessados nesta causa se juntem a nós para que este evento tenha o maior impacto e abrangência possível.
Organização:
* Eduardo Jorge -  Administrador do 
tetraplegicos.blogspot.com/;  facebook: Blogue Tetraplégicos (913 240 014  / 241 822 079)
* Élio Castelo - 918 881 129 / 961 828 548
* Miguel Loureiro - Administrador do www.deficiente-forum.com;
facebook: Deficienteforum Df (938 590 061 / 254 400 776) 

Trabalho infantil aumentará em Portugal

O investigador Pedro Goulart alerta que a "crise actual vai conduzir, no curto prazo, a um aumento do trabalho infantil em Portugal, provocando efeitos negativos no sucesso escolar".


Numa conferência na Universidade do Minho Pedro Goulart estabeleceu, por outro lado, uma relação entre o trabalho infantil em Portugal e a situação de crise a que se chegou.
Nos estudos que realizou em parceria com Arjun S. Bedi, o investigador verificou que "nos anos 70 há um abrandamento da redução da taxa de trabalho infantil com o surgimento de muitas pequenas empresas de cariz familiar", nomeadamente ligadas aos setores têxtil e do calçado.
Essas empresas "tiveram uma viabilidade de curto prazo, porque tínhamos salários muito baixos comparativamente aos nossos parceiros europeus" e parte do trabalho "nem sequer era remunerado, porque realizado por familiares e filhos", lembrou.
Com a abertura dos mercados, primeiro a Leste e agora à China, Portugal deixou "de ser competitivo e essas pessoas ficaram sem trabalho, nem forma de o encontrar, por falta de qualificações".
"As crianças, que nessa altura trocaram a escola pelo trabalho, estão hoje em dia, na sua maioria, numa situação de pobreza", resumiu. Por isso, o investigador alertou que o trabalho infantil vai crescer no curto prazo por causa da crise, "especialmente nas famílias com terras, em que os filhos vão ter de trabalhar antes de irem para a escola". Situação que "vai ter efeitos negativos no sucesso escolar, como está provado" nos estudos já realizados, antecipou.
Como soluções para o problema, Goulart refere a necessidade de "iniciativas que mantenham e atraiam os adolescentes à escola". O emprego de crianças e jovens diminuiu radicalmente de 1950 até à actualidade, como reflexo das transformações económicas e sociais de Portugal. Nos anos 50, a taxa de trabalho infantil era na ordem dos 60 por cento. Uma década depois tinha caído para 50% e no final dos anos 70 andava à volta dos 35%. Na viragem do milénio, "8 a 12% das crianças ainda declaravam algum tipo de atividade, a qual tinha efeito negativo no sucesso escolar, mesmo sendo apenas uma hora de trabalho diária", confirmou Pedro Goulart.
 A actividade económica de jovens com menos de 16 anos em Portugal "é maioritariamente a ajudar a família, numa posição subserviente, sem remuneração e com saberes muito diferentes e por vezes antagónicos à escola", referiu. Os dados contrapõem-se aos de outros países mais escolarizados -- com uma expansão da escolarização menos recente - e onde adolescentes exercem atividade do tipo "empreendedor", afirmou o investigador. Pedro Goulart é doutorando na Universidade Erasmus de Roterdão, tendo já dado aulas ao nível de licenciatura e mestrado. Faz investigação sobre economia do trabalho e da educação e história económica, com realce para o trabalho infantil e a escolaridade em Portugal.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Estatuto do docente de educação especial no conselho de turma

As sucessivas alterações na organização escolar têm como consequência o surgimento de novas situações, para as quais ainda não existe, aparentemente, uma posição assumida. Vem isto a propósito da definição do estatuto do docente de educação especial no conselho de turma.
Recordo que, há alguns anos, quando os professores eram colocados nos designados apoios educativos ao abrigo de Despacho Conjunto n.º 105/91, solicitou-se um pedido de esclarecimento sobre o estatuto do professor de educação especial no conselho de turma, tendo-se recorrido à analogia com o estatuto do docente de Educação Moral e Religiosa Católicas (EMRC), na situação em que nem todos os alunos da turma se encontrem inscritos a esta disciplina. No fundo, pretendia-se saber se o professor colocado em educação especial poderia pronunciar-se sobre os restantes alunos da turma e, inclusivamente, intervir na apreciação das avaliações e na votação de notas.
A resposta do organismo ministerial, não recordo qual, referia que o professor de EMRC era considerado da turma e, portanto, poderia pronunciar-se sobre todos os alunos, independentemente de frequentarem ou não a dita disciplina. Relativamente ao professor colocado nos apoios educativos, reconhecia-lhe um poder de intervenção limitado unicamente aos alunos quem prestava apoio. Face ao enquadramento normativo da altura, considerei, e mantenho a opinião, de que se tratava de uma visão muito redutora, limitado e minimalista da função do professor de apoio educativo, equiparado, no fundo, a um técnico ao serviço dos outros.
Entretanto, surge a criação do grupo disciplinar de Educação Especial (Decreto-Lei n.º 20/2006), destinado a promover a existência de condições para a inclusão socioeducativa de crianças e jovens com necessidades educativas especiais de carácter prolongado. Posteriormente, procedeu-se à redefinição dos apoios especializados, através da publicação do Decreto-Lei n.º 3/2008, introduzindo alterações significativas no paradigma educacional e organizacional. O docente de educação especial passou a ser reconhecido e a assumir um estatuto idêntico aos restantes professores.
No entanto, as questões anteriores persistem: qual a esfera de intervenção do docente de educação especial num conselho de turma?
Penso que a resposta a esta questão consta do Despacho n.º 11120-B/2010, quando, na parte relativa à planificação do trabalho a desenvolver com a turma (art.º 11º), refere no n.º 3 que “os docentes titulares de turma, disciplina e de educação especial que integram a equipa pedagógica são responsáveis pela evolução das aprendizagens dos alunos, sob orientação do director de turma.”
Na minha perspectiva, este articulado vem esclarecer algumas situações. Fica claro que o docente de educação especial integra, em toda a sua plenitude, a equipa pedagógica, ou seja, o conselho de turma. Assim, é co-responsável, em conjunto com os restantes docentes, pela evolução das aprendizagens dos alunos da turma, mesmo que, à semelhança do docente de EMRC, não trabalhe directamente com todos os alunos.
Desconheço, por enquanto, a posição dos técnicos das estruturas regionais e nacionais do Ministério da Educação. No entanto, penso que, perante esta realidade, não pode ser muito diferente.

A dificuldade da equidade

Foi uma das bandeiras da criação da escola pública. Laica, gratuita e universal: a criação de uma maior equidade entre os alunos. A escola pretendia, assim, que as gritantes desigualdades de nascimento, de riqueza e de meio ("capital") cultural fossem aplanadas por um sistema de ensino que daria a todos o mesmo. A escola elege-se como uma estrutura que, ao contrário da sociedade, dá a todos o mesmo. É uma estrutura que se assume, por natureza, como uma estrutura benigna, redutora das desigualdades e promotora de uma nova justiça: não já a justiça da competição, do nascimento, do poder, do dinheiro ou da influência, mas sim o poder da capacidade, da vitória dos efectivamente mais capazes. Mais capazes, não como a reprodução das desigualdades da sociedade, mas sim com uma nova distribuição do poder agora baseado no que cada um podia (à semelhança da parábola bíblica dos talentos) fazer com aquilo que tinha disponível e que era, teoricamente, o mesmo que todos os outros.
Teoricamente, sim, mas como a investigação e a estatística eloquentemente mostraram, este esforço de dar a todos o mesmo gorou-se porque a possibilidade de receber o que era dado era muito diferente. Se usássemos uma metáfora de volume, o que cada aluno pode receber é diferente em volume e na forma do recipiente. Assim, falar em equidade na escola de hoje é o mesmo que falar no desafio que a escola enfrenta não de dar o mesmo a todos mas de dar a todos, e da melhor maneira, o máximo que poderem receber. Evoco o livro de David Justino "Difícil é Educá-los" (Editora FFMS, 2010) quando se refere à equidade como um objectivo central da Educação: "... o que hoje sabemos da investigação científica (...) é que para além do papel preponderante do capital familiar no sucesso dos alunos, há outros factores que fazem a diferença, desde a escola, a qualidade competência dos seus professores, a organização do sistema de ensino, o papel da comunidade e das relações sociais de proximidade, e, não menos importante, a capacidade de todos poderem gerar expectativas elevadas e oportunidades sociais que as realizem" (p.89). Mais adiante diz: "Um bom professor, tal como uma boa escola, é aquele que consegue contrariar o determinismo sociológico do estatuto socioeconómico familiar pela qualidade do seu ensino, pela forma como potencia as aprendizagens, pelas expectativas que consegue criar e pelas capacidades que consegue desenvolver nos alunos" (p.91-92).
É esta, em larga medida, a missão do professor de Educação Especial: criar expectativas positivas e fundamentadas sobre o percurso escolar de alunos, de quem muitas vezes já muitos outros desistiram. Ao criar estas expectativas, ao potenciar estas aprendizagens e capacidades, o professor de Educação Especial mostra o que é que a escola deve ser em termos de equidade: uma estrutura que apesar do seu passado é capaz de olhar de forma personalizada para os seus alunos, para o seu percurso, necessidades e possibilidades de se realizarem como seres humanos. Precisamos para isso de uma escola que se assuma como uma estrutura que lida com pessoas de corpo inteiro e não com crianças que irão ser pessoas. A equidade constitui, no ponto de vista ético, um profundo e autêntico respeito pelo que a pessoa é, apoiando a construção de um projecto de vida criativo, participativo e exigente. Desconstruído o mito da escola igualitária pela homogeneidade, é este talvez o grande desafio da escola inclusiva.
David Rodrigues
Presidente da PIN-ANDEE
(Retirado do Editorial da Newsletter 2/2011 da Pró-Inclusão)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Curso de Formação Pós Graduação “Violência em Crianças: uma abordagem sistémica e pedagógica”

Sábados - 5 de Fevereiro a 4 de Junho de 2011 - 9h00 às 18h00.


Módulos: 
Módulo I  
O estatuto da criança;
Módulo II  
Tipos de violência / violência sobre as crianças;
Módulo III  
Repercussões da violência sobre o desenvolvimento psico-afectivo e mental da criança;
Módulo IV  
Protecção de crianças e jovens;
Módulo V  
Violência na escola e em contexto educativo.


Escola Superior de Educação João de Deus, ou site, ou site  www.ese-jdeus.edu.pt/foco, procedendo ao pagamento de uma pré-inscrição de 50 Euros, dedutível da 1ª mensalidade, por transferência bancária (NIB 0035.0675.00037616830.78 da CGD, enviando cópia do comprovativo) ou na secretaria (cheque ou Multibanco).  
Mensalidades: 130 Euros por mês x 4 meses. 
Escola Superior de Educação João de Deus 
Av. Álvares Cabral, 69  (ao lado do Jardim da Estrela) 
Tel: 213 968 154  


Mais informações



segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Lesões cerebrais: Células estaminais são esperança para criança portuguesa

Células estaminais
Um estudo pioneiro nos Estados Unidos está a dar esperança na recuperação de lesões cerebrais com o recurso a células estaminais do sangue do cordão umbilical. O Falar Global dá-lhe a conhecer Inês, 2 anos, uma das crianças portuguesas que participa nesse estudo.
Inês nasceu no dia em que lhe foi detectada paralisia cerebral. Uma perturbação do controlo da postura e movimento, consequente de uma lesão no cérebro em período de desenvolvimento que se estima afectar 2 em cada 1000 bebés.

Acreditar tem mais força
Não se conhecem as causas nem a cura para os danos cerebrais, mas a esperança da recuperação da Inês nasceu no mesmo dia que ela, no dia em que os pais decidiram preservar as células estaminais do cordão umbilical.
Um vídeo do YouTube que mostra um bebé com paralisia cerebral dos Estados Unidos, que se baseia na infusão de células estaminais do cordão umbilical na própria criança. Passados alguns dias, o bebé que não falava e que nem tinha controlo sobre o seu corpo, passou apenas a ser uma sombra do que era. Foi esse o vídeo que deu esperança a Cristina Godinho, mãe da pequena Inês.

Infusão de células, método experimental
Este método faz parte apenas de um estudo experimental onde é testada a segurança do procedimento, não se podendo atribuir a evolução da criança às células estaminais.
"Quando estamos a falar de testes de fase 1 é isso que interessa. É saber se o procedimento é seguro ou se há algum risco. Depois, posteriormente, será avaliada a sua eficácia. Há neste momento um estudo já com esse objectivo, de começar a testar a eficácia da infusão do cordão nesses doentes específicos com paralisia cerebral", refere David Ferreira, director médico da Crioestaminal.

Resultados à vista
A Inês foi aceite no estudo e em Abril de 2009 viajou até aos Estados Unidos para receber a primeira dose das suas células estaminais. Os resultados, que poderiam manifestar-se entre 6 meses a um ano, começaram a surgir mais cedo.

"Dois meses depois de termos regressado dos Estados Unidos, notámos que ela de facto começou a olhar, começou a interagir, a fazer coisas que não fazia, a ter mais mobilidade com as mãos. Acima de tudo, notámos que ela melhorou a parte do tronco, obviamente que toda a parte de fisioterapia completa e é um factor muito importante", relata o pai da criança, Paulo Pinho.
Uma segunda infusão está marcada para breve, numa fase do estudo em que realmente se vai testar a eficácia do procedimento, mas este é um processo limitado.
"sabemos que a infusão de células estaminais está limitada à dosagem que existe de células. Portanto, a partir do momento em que gastarmos a última dose, provavelmente não teremos mais essa possibilidade", acrescenta Paulo Pinho.

40 mil amostras criopreservadas
Todo o processo de recolha de células estaminais após o parto, obedece a vários espaços para garantir a sua congelação. Além de ser preciso obter um número específico de células, também é necessário evitar problemas que inviabilizam o processo. Na Crioestaminal, a empresa pioneira na criopreservação em Portugal, e onde a Inês tem as suas células estaminais guardadas, existem ao todo, desde 2006, cerca de 40 000 amostras criopreservadas. Mas das mais de 600 amostras recolhidas por mês, 5% são rejeitadas.

Notícia com vídeo, aqui.