quarta-feira, 31 de julho de 2013

O ministro da Educação-mercadoria

As coreografias políticas de inferior qualidade, geradas pela irresponsabilidade de Gaspar, Portas, Passos e Cavaco, varreram o importante sério em função do urgente falso. O país viveu as últimas semanas à espera da salvação e acabou condenado. Os pequenos delinquentes políticos foram premiados. Tudo voltou ao princípio. Os mesmos de sempre ficaram satisfeitos. Passos Coelho, qual garoto a quem perdoaram a última traquinice, retomou a sua natureza profunda. Foi escasso o tempo necessário para o ouvir recuperar o discurso de ódio à Constituição e aos funcionários públicos. Sem vergonha, resgatou a União Nacional.
Com tal e eloquente fundo, surpreendem os dias de desespero que Nuno Crato vem laboriosamente oferecendo aos professores e à escola pública? Só a quem tem memória curta. E são, infelizmente, muitos. Atropelam-se os exemplos.

1. Repito o que já escrevi: não houve nem há qualquer concurso nacional de professores. Houve, e continua a haver, um enorme logro. Uma espécie de dança macabra para dividir a classe, tornando mais fácil reduzir e despedir. Navegar por entre a teia kafkiana da legislação aplicável é um desesperante exercício de resistência. Só legisladores mentalmente insanos e socialmente perversos a podem ter concebido, acrescentando sempre uma nova injustiça à anteriormente perpetrada. O caso da Educação Especial é um belo exemplo. De um decreto exigente (nº 95/97), que uns respeitaram, a um despacho permissivo (nº 866/2013), que outros aproveitaram, vai apenas o poder discricionário do pequeno secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar. Professores com formação sólida e prática longa nas diferentes vertentes da Educação Especial estão a ser ultrapassados por colegas, oriundos de outros grupos de recrutamento, com especializações bem menos exigentes e sem prática no sector. Pelo meio, reclamações sobre o mesmíssimo problema decididas pelo ministério de forma oposta, recurso a tribunais e a deputados, que expressam indignação mas nada fazem, e a confiança no Estado reduzida a zero.

2. Nos últimos dias, as escolas foram literalmente abalroadas com a imposição ministerial da redução do número de turmas e cursos profissionais. Trata-se de alunos já matriculados e aceites no pré-escolar, 1º ciclo, cursos de educação e formação e planos de currículos alternativos. A leviandade do ministério, promotor da autonomia das escolas pelo discurso e ferozmente dela castrador, pela prática centralizadora, deita fora o trabalho já feito para preparar o ano-lectivo. Para os poucos professores ainda contratados, adensa-se a negritude do futuro. Sobre o destino a dar aos alunos que escolheram as escolas públicas, só a mente capta de Crato nos poderá esclarecer. Colégios privados? IEFP? Recorde-se ao cidadão incauto, vítima da desinformação que se vai seguir, que isto ocorreu na véspera da publicação das turmas, na véspera da comunicação das necessidades de professores, na véspera dos concursos de Agosto, na véspera da concepção dos horários. Os directores dizem-se chocados. Mas até ao momento em que escrevo, não conheço um só que se tenha demitido.

3. O Estado de direito é constantemente posto em causa pelo Ministério da Educação e Ciência. No caso vertente, que acima citei, o despacho nº 5048-B/2013 acaba de ser incumprido pelo ministro e pelos dois ajudantes que o assinaram. Nada lhes acontece. E o trio ri-se na cara dos directores, professores, pais e alunos.

A 13 de Março transacto, denunciei aqui um caso grave em que o director-geral dos Estabelecimentos Escolares, José Alberto Duarte, foi alvo de queixa disciplinar. Que aconteceu? Gaveta funda do esquecimento. O ministro, o dito, seu amigo de estimação, e o secretário de Estado Casanova riram-se da cidadã que se queixou. Aparentemente, apenas se divisa uma consequência: as juntas médicas, pelo menos na jurisdição de Lisboa e Vale do Tejo, eclipsaram-se misteriosamente. Seria bom saber porquê e tornar clara a estranha relação com a estranha clínica que as executava.

Sucedem-se cenas canalhas envolvendo directores (a última que me chegou refere-se ao Agrupamento de Escolas de Lagares e tem de tudo, droga e sexo incluídos). O arrastamento destes episódios, invariavelmente com disputas entre lóbis locais, sem esclarecimento e apuramento da verdade, deteriora a vida nas escolas, a níveis inaceitáveis. A Inspecção parece estar, neste e noutros casos, em licença sabática. O ministro cala-se, sem entender que a liberdade não pode ser apenas formal. Pais, professores ou alunos que não tenham dinheiro para procurar a justiça nos tribunais, não têm, verdadeiramente, liberdade. Quem não tem dinheiro para pagar a justiça fora da Escola, por injustiças geradas na Escola, não tem liberdade para exigir justiça dentro da Escola. Nuno Crato não entende isto. Preocupa-o um só poder: o absoluto dos credores. É ministro da Educação-mercadoria.

Santana Castilho

In "Público" de 31.7.13 via facebook

Nota: Destacado no texto é da autoria do editor do blog.

Ação procura crianças com doença rara para terapia

"Encontrar os outros 150" é o nome da campanha que está a ser relançada em Portugal, para encontrar crianças portadoras de uma doença rara, designada por progeria. A iniciativa vem no seguimento do Triple Drug Trial, um ensaio clínico que vai juntar cerca de 40 crianças de várias partes do mundo para testar potenciais tratamentos para a doença.

De acordo com um comunicado (...), a Progeria Research Foundation (PRF) voltou a lançar uma campanha, em Portugal e em vários países do mundo, para encontrar crianças com Progeria, que ainda não tenham sido identificadas.

Também conhecida por Síndrome de Huntchinson-Gilford, esta é uma doença rara, genética e fatal, que se carateriza pelo aparecimento de um envelhecimento acelerado, ainda durante a infância. Paragem do crescimento, queda do cabelo, perda de gordura corporal e rigidez articular são alguns dos sintomas da patologia.

“No lançamento da campanha em 2009, excedemos as nossas expetativas de forma significativa e identificámos cerca de 50 casos em poucos anos”, explicou Audrey Gordon, presidente da PRF. Com o relançamento da campanha, o objetivo é “encontrar cada vez mais crianças com progeria e proporcionar-lhes cuidados médicos essenciais”.

Como adianta o comunicado, os casos que se identifiquem vão ter a possibilidade de integrar ensaios clínicos de medicamentos da Fundação, permitindo desenvolver a investigação médica para criar tratamentos para esta doença.


A PRF pede para, se conhecer alguém sintomas e aparência de um caso de progeria, enviar um email para info@progeriaresearch.org. Clique AQUI para consultar mais informações.

terça-feira, 30 de julho de 2013

AS TURMAS NECESSÁRIAS. O MEC É QUE SABE.

Como tem vindo a ser referido no universo da educação, o MEC decidiu definir a rede escolar para o próximo ano lectivo à revelia do trabalho e propostas desenvolvidos pelas escolas com base, evidentemente, do seu conhecimento do contexto e demografia que servem. Dados os antecedentes do Ministério este comportamento arbitrário não é de todo estranho.
A consequência da aplicação do despacho que chegou às escolas e agrupamentos é a diminuição significativa do número de turmas afuncionar no próximo ano.
Esta diminuição das turmas embora também afecte o ensino regular, reflecte-se sobretudo na oferta relativa ao ensino profissional e Cursos de Educação e Formação, no âmbito dos Percursos Curriculares Alternativos e dos Programas Integrados de Educação e Formação.
No que respeita ao ensino regular, a Associação Nacional de Dirigentes Escolares exemplifica com o o agrupamento de Cinfães, onde foram propostas 32 turmas do 1.º ciclo e apenas 22 foram homologadas.
É verdade que ser o MEC a decidir administrativamente o número de turmas a funcionar é pouco compatível com a retórica sobre a autonomia das escolas e agrupamentos mas muito coerente com a prática arrogante do MEC e da sua política assente na diminuição de professores e muito provavelmente no criar de algumas oportunidades de negócio a alguns estabelecimentos de ensino particular.
Como vai sendo habitual o Ministro Nuno Crato já veio dizer que existe alguma precipitação na interpretação do despacho, claro, a iliteracia dos responsáveis pelas escolas não permite mais, que é apenas uma proposta e que ainda não está fechada, lembremos os discursos sobre a mobilidade especial dos professores, e que "nenhum aluno ficará sem turma" restando saber que turma, em que escola e com que dimensão.
Mais um capítulo da PEC - Política Educativa em Curso.
José Morgado

Educação especial no bom caminho mas ainda com muitas falhas

Escolas devem apostar mais na formação interna e na transição dos alunos para a vida pós-escolar, conclui Inspeção-Geral da Educação e Ciência, num relatório citado pelo 'Público'.

Há alunos surdos sem ensino de Língua Gestual Portuguesa, alunos cegos sem ensino de braille e, nalgumas escolas, as acessibilidade e equipamentos não estão ainda adaptados aos alunos com necessidades educativas especiais.

Mas os esforços feitos no sentido da inclusão têm tido resultados positivos e também tem crescido o grau de satisfação de pais e encarregados de educação (...).
In: DN

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Professor descobre equação da felicidade

A equação da felicidade foi desenvolvida pelo professor nova-iorquino Todd Kashdan que apresentou seis fatores essenciais para atingir o bem-estar e, consequentemente, a felicidade, avança o jornal britânico 'Daily Mail'. A equação resulta da combinação perfeita desses elementos.

Segundo o professor de psicologia, os agentes para uma vida feliz são: viver no momento (M), ser curioso (C), fazer coisas de que gostamos (L), pensar nos outros primeiro (T), cultivar as relações (N) e cuidar do corpo (B).

Assim, a equação da felicidade é: (Mx16 + Cx1 + Lx2) + (Tx5 + Nx2 + Bx33).

O professor Kashdan baseou-se num estudo britânico para desenvolver as suas teorias. O psicólogo acredita que esta fórmula é a receita para sentir-se bem com o seu interior. "Cada elemento requer um pouco de trabalho. Masesse esforço trará as maiores recompensas possíveis”, disse.

SAIBA MAIS ACERCA DOS COMPONENTES DESTA EQUAÇÃO

M: Viver no momento – Aprecie os sons, os cheiros e as paisagens que dá como garantidos. 

C: Ser curioso- Explore os aspetos desconhecidos, misteriosos, complexos e incertos do nosso mundo uma vez por dia.

L: Fazer coisas de que gostamos- Se há alguma coisa que nos deixa preenchidos, é a prática de atividades que são importantes para nós. 

T: Pensar nos outros primeiro- Faça elogios, boas ações e oiça os outros. Se fizer isto cinco vezes por dia, verá que se sente bem só por fazer os outros felizes.

N: Cultivar as relações – Dedique tempo a um parceiro, amigo ou membro da família pelo menos duas vezes por dia.

B: Cuidar do corpo – Não precisa de fazer grandes loucuras para ser saudável. Cuidar do corpo consiste numa alimentação saudável pelo menos três vezes por dia e despender trinta minutos diários para fazer exercício físico.

Movimento MAES organiza arraial para ajudar duas crianças com cancro

Um grupo de mães mobilizou-se para angariar fundos e ajudar duas famílias na luta contra o cancro. O arraial baptizado de "Grão a Grão" realiza-se este sábado, até à meia-noite, em Lisboa.

Esperavam fraca adesão durante a manhã. Mas foram aparecendo, aos poucos, “grão a grão”, os que ouviram o apelo de um grupo de 12 mães que organizaram, em dez dias, um arraial para ajudar duas crianças especiais com cancro: Leonor, de quatro anos, e Ivanoel, de 14. A urgência em angariar fundos para os levar à Alemanha, para serem tratados, não foi suficiente para salvar Ivanoel. Morreu na noite de sexta-feira para sábado, no Instituto Português de Oncologia (IPO), precisamente na véspera do arraial cuja intenção era salvá-lo.

A notícia não chegou ainda aos convidados que afluem à Escola Avé-Maria, em Lisboa. Pelas 14h00, já são 250 as pessoas que passaram por aqui. A morte de Ivanoel vê-se nos olhos de Joana Haderer e de Diana Frazão, duas das organizadoras do evento. Fazem por não chorar, embora a dor as assole. Não podem quebrar, há um arraial para manter de pé e dinheiro para angariar.

Escolas, empresas e restaurantes contribuíram para o colorido da festa, as mesas estão recheadas de comida: salgados, doces, bebidas. Assou-se um porco. Tudo em troca de “grãos”. É hora do almoço, mas os pátios da escola não convidam só ao repasto. Há diversão para as crianças, insufláveis e pinturas faciais. O cheiro a bifana invade o espaço. Há rifas, uma banca solidária e, ao longo do dia, sortear-se-á uma viagem a Cabo Verde e outras estadias em hotéis. A filosofia da angariação não podia ter nome mais adequado: “Grão a Grão”.

Os fundos angariados ajudarão as famílias na luta contra o cancro. Vinte e oito mil euros é quanto custa o tratamento na Alemanha. “Nós sabemos que essa terapêutica não é reconhecida em Portugal, mas nem sequer perguntámos aos pais o que era isso das células dendríticas. Pensámos que estes pais precisavam de ajuda financeira para tratar os filhos e quisemos ajudar, seja pelo método que for. Se fosse o nosso filho, nós íamos até ao fim do mundo para o salvar”, explica Joana Haderer, porta-voz do Movimento de Apoio, Esperança e Solidariedade (MAES), que concebeu a ideia do arraial. “Infelizmente, já não fomos a tempo pelo Ivanoel”, diz, com tristeza.

Com a notícia da morte do jovem de 14 anos, o grupo de mães pensa ajudar da mesma maneira a família do Ivanoel, até porque foram muitas as despesas. “Se for para ajudar no apoio psicológico à família, também poderá ser”, diz Diana Frazão. “Os pais de Ivanoel estiveram connosco aqui ontem à noite a ajudar-nos um pouco, e explicaram-nos que o Ivanoel não estava bem”, conta Joana, que via nas mensagens que Ivanoel escrevia no Facebook um sinal de esperança. “Apesar das dores e da febre, dava a ideia que estava com muita força e que estava a tentar controlar tudo isso. Ele estava já há duas semanas internado no IPO. A família, que é de Odemira, já tinha sido chamada para cá para estar perto dele”, diz Joana Haderer.

"Grão a Grão" pode bem vir a ser o início de qualquer coisa que poderá, no futuro, abraçar outras causas. Capacidade de organização e espírito solidário não faltam a este grupo de mães que começou a movimentar céus e terra através do Facebook. “Foi um milagre”, conta Joana. “Eu não conseguia acompanhar o ritmo dos patrocínios que nos iam chegando”. A página Grão a Grão no Facebook foi criada há cerca de dez dias e já tem mais de três mil seguidores.

Comissão de apreciação do contingente especial para candidatos portadores de deficiência física ou sensorial ao ensino superior

O Despacho n.º 9903/2013 nomeia as entidades que compõem a comissão de peritos a que se refere o n.° 4 do anexo II do Regulamento do Concurso Nacional de Acesso e Ingresso no Ensino Superior Público para a Matrícula e Inscrição no Ano Letivo de 2013 -2014, aprovado pela Portaria n.° 224/2013, de 9 de julho.
A comissão tem as competências fixadas pelo n.° 5.° do anexo II do Regulamento do Concurso Nacional de Acesso e Ingresso no Ensino Superior Público para a Matrícula e Inscrição no Ano Letivo de 2013 -2014, aprovado pela Portaria n.° 224/2013, de 9 de julho.
Compete ainda à comissão, dentro dos limites estabelecidos pelas regras fixadas pelo anexo II do Regulamento do Concurso Nacional de Acesso e Ingresso no Ensino Superior Público para a Matrícula e Inscrição no Ano Letivo de 2013 -2014, aprovado pela Portaria n.° 224/2013, de 9 de julho, estabelecer os critérios a considerar na apreciação dos pedidos de admissão ao contingente especial para candidatos portadores de deficiência física ou sensorial para o concurso nacional de acesso e ingresso no ensino superior público para a matrícula e inscrição no ano letivo de 2013 -2014.

domingo, 28 de julho de 2013

Depressão altera o cérebro, mostra estudo feito nos EUA


Através de imagens de ressonância magnética funcional, cientistas descobriram alterações no cérebro de crianças em idade pré-escolar com depressão que não foram observadas em crianças com o mesmo perfil, mas que não tinham o distúrbio.

Publicado na edição de Julho do jornal The Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, o estudo examinou 23 crianças de quatro a seis anos que tinham recebido o diagnóstico de depressão e 31 crianças com o mesmo perfil, porém saudáveis.

Os pesquisadores usaram testes devidamente validados para diagnosticar a depressão. Eles também excluíram do estudo as crianças com distúrbios neurológicos, autismo ou atrasos no desenvolvimento, e as que nasceram prematuras. Nenhuma das crianças participantes tomava antidepressivos.

As crianças realizaram exames de ressonância magnética cerebral enquanto visualizavam imagens de rostos alegres, tristes, amedrontados e inexpressivos. Os pesquisadores descobriram que a actividade da amígdala e do tálamo direitos era significativamente maior nas crianças com depressão, o que também tinha sido observado em adolescentes e adultos com depressão.

«Descobrimos algo no cérebro que é compatível com a ideia de modelos neurobiológicos da depressão - as partes do cérebro envolvidas e como elas interagem», afirmou Michael S. Gaffrey, principal autor do estudo e professor adjunto no departamento de psiquiatria da Universidade de Washington, em St. Louis.

«Podemos começar a utilizar essa informação, juntamente com outras, – sintomas, outros marcadores biológicos – para identificar e posteriormente prevenir e tratar esse distúrbio», finaliza.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Criado o primeiro psicólogo virtual

O Instituto para Tecnologias Criativas, nos EUA, desenvolveu um projeto com o objetivo de identificar sinais de depressão ou de stress pós-traumático através do computador. Em breve, será possível realizar uma consulta com um psicólogo que, na realidade, não existe.
Segundo a "BBC" , a "Ellie" é a terapeuta virtual deste projeto. É uma imagem transmitida por um computador.
O sistema informático deteta o modo de como os pacientes sorriem, o movimento dos olhos, o tom de voz e a linguagem corporal. Esses "comportamentos" são registados e analisados e informam a "Ellie" sobre qual a melhor forma para interagir com o paciente.
Com base em diálogos diários entre os pacientes e o psicólogo virtual, o computador apreende várias formas de reagir com diferentes pessoas.
Em breve, a "Ellie" poderá funcionar sozinha, utilizando o conhecimento fornecido por alguns dos mais importantes psicólogos do Mundo.
O investigador do projeto, Louis-Philippe Morency, foi já premiado pelo trabalho de relacionar Psicologia e movimentos faciais. Morency refere que "pesquisamos respostas emocionais ou mesmo a falta de uma resposta emocional". Acrescenta ainda que "pessoas ansiosas tendem a mexer mais com as mãos, pessoas em dificuldades, geralmente, têm um sorriso mais curto e de menor intensidade e indivíduos deprimidos desviam o olhar".
Skip Rizzo, responsável pelo departamento de realidade virtual médica do Instituto para Tecnologias Criativas, na Universidade do Sul da Califórnia, afirma que "o software não é um substituto para um profissional real, mas pode ajudar pessoas a obter o tratamento que necessitam".
Este projeto tem a colaboração de militares norte-americanos que já estiveram envolvidos em guerras no Iraque e no Afeganistão.
"Existe um tabu entre soldados que, muitas vezes, hesitam em falar dos seus problemas", afirma Rizzo. "Um aconselhamento virtual talvez alivie essa relutância".
In: JN

Formação em Braille

O Departamento de Apoio ao Emprego e Formação Profissional da ACAPO informa que estão abertas vagas, no Porto, para a frequência dos cursos, destinados à comunidade, de "Grafia Braille para a Língua Portuguesa" e "Grafia Matemática Braille". Estes cursos decorrem entre 29 de julho e 10 de agosto.

A ACAPO possui um Centro de Recursos especializado para a área da deficiência visual, reconhecido e credenciado pelo IEFP, disponibilizando outros cursos para além dos que presentemente se encontram anunciados.

De um modo geral, as suas ações pretendem dotar os formandos de conhecimentos e competências no domínio de temáticas fundamentais para as pessoas cegas e com baixa visão, designadamente: Braille; Orientação e Mobilidade; Adaptação das TIC para pessoas com deficiência visual.

Embora neste momento só existam as vagas acima referidas, as restantes ações poderão decorrer em Braga, Coimbra, Lisboa e Porto.

Para mais informações, aceder ao sítio da ACAPO.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Escolas do 1.º ciclo na Madeira perdem 500 alunos no próximo ano letivo

Menos 500 alunos vão frequentar o 1.º ciclo do ensino básico público na Madeira no próximo ano letivo, região que regista, também, uma quebra de 25 por cento nas crianças inscritas para frequentar as creches oficiais.
Dados disponibilizados (...) pela Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos dão conta de que, no 1.º ciclo, "os 9622 alunos de 2012/2013 passarão a, aproximadamente, 9129" no próximo ano letivo.
"Uma maneira fácil de entendermos melhor é saber que no 4.º ano, este ano, frequentavam 2500 alunos, que passam para o 5.º ano, e entram no 1.º ano do 1.º ciclo apenas 1900 alunos, ou seja uma diferença no global de 600 crianças a menos", disse o secretário regional da Educação, Jaime Freitas.
Já ao nível das creches públicas (dos zero aos dois anos), a tutela informa que "haverá uma redução na frequência de cerca de 800 para 650 crianças", sendo que nos estabelecimentos oficiais de educação pré-escolar (três aos cinco anos) haverá uma diminuição de cerca de 180 crianças.
A culpa é da crise

Jaime Freitas atribui a redução a questões demográficas, mas também à crise.

"Em 1980 tínhamos cerca 6500 nascimentos por ano na Região Autónoma da Madeira, neste momento temos 2047, números relativos a 2012, sendo que a perspetiva para 2013 não é aumentar, é continuar esta descida", adiantou Jaime Freitas.
O governante admitiu que "muitas famílias têm optado por recorrer a meios alternativos de guarda das crianças", através de elementos do seu agregado restrito ou alargado.
"Por outro lado, muitas famílias têm sido atingidas pelo flagelo do desemprego", declarou, referindo que se há entre os elementos do casal quem não tenha ocupação laboral dispõe de disponibilidade para cuidar de crianças: "Primeiro têm menos recursos disponíveis para pagar as creches e têm tempo disponível para cuidar dos filhos".
Para o secretário regional, será este "conjunto de circunstâncias de índole social e económica", a que acresce a emigração de "algumas famílias", a fazer "com que as creches sofram esta redução enorme de 25 por cento das crianças que a frequentam".

Menos alunos, menos professores

O governante sustentou que face a este cenário há que "dimensionar o parque escolar para as necessidades das crianças e adequar os recursos humanos necessários a essa resposta".
"Não vamos estar a contratar professores para não terem trabalho, claramente que não o vamos fazer", avisou.
"Passamos por dificuldades económico-financeiras muito graves, o que requer da nossa sociedade um esforço que é transversal e que sendo exigido a todos os cidadãos, não podemos agora na área da educação fazer contratações desnecessárias", explicou.
Quanto aos outros níveis de ensino, a secretaria regional ainda está a efetuar o levantamento, mas "há uma indicação genérica de que também há uma redução de alunos", acrescentou Jaime Freitas.

Nota: Este cenário é um reflexo do que se passa na generalidade do país, com uma redução significativa de nascimentos e, consequentemente, de alunos nas escolas.

Aprovação da orgânica do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE)

O Decreto-Lei n.º 102/2013, de 25 de julho, aprova a orgânica do Instituto de Avaliação Educativa, I.P. (IAVE), e altera o Decreto-Lei n.º 125/2011, de 29 de dezembro, que aprova a orgânica do Ministério da Educação e Ciência.
O IAVE, I.P., tem por missão o planeamento, a conceção e validação dos instrumentos de avaliação externa de conhecimentos e capacidades dos alunos dos ensinos básico e secundário, o tratamento e a divulgação de informação relevante para a tomada de decisões que concorram para incrementar a qualidade, eficácia e eficiência do sistema educativo nacional, assegurar a coordenação da participação nacional em estudos internacionais de avaliação externa de alunos, bem como a elaboração de provas de certificação de conhecimentos e capacidades específicas para outros fins e outros graus de ensino, quando solicitado.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Componente letiva e não letiva dos doentes de educação especial

O Ministério da Educação e Ciência (MEC) editou o documento "Lançamento do ano letivo 2013-2014" onde sintetiza e concentra a informação essencial.

Relativamente à educação especial, transcreve, ainda que com algumas omissões, alguns registos publicados nos diversos normativos.

A componente letiva, a constar no horário semanal de cada docente, encontra-se fixada no artigo 77.º do ECD, considerando-se que está completa quando totalizar 25 horas semanais, no caso do pessoal docente da educação pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico, ou 22 horas semanais (1100 minutos), no caso do pessoal dos restantes ciclos e níveis de ensino, incluindo a educação especial.

Aos docentes de educação especial compete lecionar as áreas curriculares específicas a que se referem os n.º 2 e n.º 3 do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, e respetivas alterações, bem como os conteúdos curriculares referentes aos currículos específicos individuais estabelecidos no n.º 3 do artigo 21.º do mesmo diploma legal. (Falta acrescentar que também lecionam as componentes do currículo Comunicação e Matemática para a vida, a que se refere a Portaria n.º 275-A/2012, de 11 de setembro).

É ainda da responsabilidade destes docentes o apoio à utilização de materiais didáticos adaptados e de tecnologias de apoio. O apoio pedagógico relativo ao reforço e desenvolvimento de competências específicas previsto na alínea d) do n.º 1 do artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 3/2008, e respetivas alterações, pode, em função da especificidade das competências a desenvolver, ser também prestado pelo docente de educação especial. 

A avaliação especializada, decorrente da referenciação de alunos para medidas de educação especial, assume caráter prioritário sobre toda a atividade docente, com exceção da letiva. De aceitação obrigatória, o serviço inerente à avaliação especializada integra-se na componente não letiva dos docentes.

Professores só podem dar aulas se tiverem 14 no exame

Diploma é para aplicar só em 2014. Contratados com dez ou mais anos de serviço completo têm um regime especial. (...)


O diploma enviado aos sindicatos estabelece que “a prova visa verificar o domínio de conhecimento, capacidades e competências fundamentais para o exercício da função docente”.

Este “exame” terá um tronco comum, escrito, que visa, entre outros, avaliar a capacidade dos candidatos para “resolver problemas em domínios não disciplinares”. A proposta do MEC é que tenha uma duração máxima de 120 minutos. Quem não for aprovado nesta componente não poderá sequer prestar provas na parte específica.

Já a componente específica “é constituída por uma prova que pode ser escrita, oral ou prática”. Terá uma duração entre 120 e 180 minutos, conforme os grupos disciplinares. E o seu conteúdo variará: um professor de Biologia, por exemplo, fará uma prova dessa área; um de Educação Tecnológica será sujeito a avaliação em Artes Visuais, ou Informática ou ainda Electrotecnia. E um de Matemática terá que provar o que sabe de... Matemática.

Duas dezenas de provas

O MEC informa que a elaboração das provas — um total de 20, de acordo com a lista proposta pelo ministério — será coordenada pelo Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) e, posteriormente, pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), que lhe sucederá. “A apreciação e a classificação serão feitas pelo Júri Nacional da Prova, integrado na Direcção-Geral de Administração Educativa (DGAE), em articulação com o Gave/IAVE”, acrescenta num comunicado.

A classificação dos professores expressa-se em “Aprovado” ou “Não aprovado”. Mas “assume ainda uma expressão quantitativa, numa escala de zero a 20 valores” que resultará de uma “média ponderada” das “classificações obtidas nas diferentes provas”. Os professores do 1.º ciclo, por exemplo, serão avaliados a Português e a Matemática, para além de fazerem a “prova comum”. As duas primeiras valem, cada uma, 25% da nota. E a última vale 50%.

O ministério considera aprovado o candidato que obtenha: “a) em cada uma das componentes da prova, classificação igual ou superior a 14 valores”; e “b) uma classificação final igual ou superior a 14”. Questionado sobre se as duas alíneas, a) e b), são exigidas cumulativamente aos candidatos, o MEC não soube esclarecer (...).

Quem “chumbar” pode sempre fazer a prova nos anos seguintes. E quem for aprovado, mas acabe por não celebrar contrato de trabalho em funções públicas nos cinco anos subsequentes, deve propor-se a nova avaliação.

Os professores contratados com mais anos de serviço encontram-se numa situação especial: “O candidato com dez ou mais anos completos de serviço docente efetivo, que não obtenha aprovação na prova, poderá repeti-la uma única vez na edição seguinte sem prejuízo da admissão ao concurso de seleção e recrutamento de pessoal docente imediatamente subsequente à data de realização da primeira prova.”

Mais exigência

Quando foi concebida (o primeiro decreto regulamentar, nunca aplicado, é de 2008), a prova de avaliação dos professores tinha um objetivo: assegurar que o exercício efetivo de funções docentes ficava “reservado a quem possui todos os requisitos necessários a um desempenho profissional especializado e de grande qualidade”. (...)

Estes novos “exames” serão realizados nas escolas designadas pelo Júri Nacional. Escolas que serão escolhidas “tendo em conta critérios de segurança, de eficácia e de eficiência inerentes ao processo de realização das mesmas”.

Por Andreia Sanches

terça-feira, 23 de julho de 2013

Tentaram quebrar a espinha dorsal aos docentes?

No meu livro “O Desencanto dos Professores” (procurar em www.ensino.eu – loja virtual), reuni um conjunto de artigos que escrevi numa conjuntura que considero das mais hostis para os profissionais da educação em Portugal. 
Vai levar tempo para erguer, acima dos tornozelos, a auto estima dos professores, para recuperar a sua imagem social, e para chamar novamente à profissão os melhores e os mais capazes. As perdas são, em tempo, custo e envolvimento de recursos humanos, incalculáveis. O tempo, a seu tempo, o dirá. 
O pior que pode acontecer a um povo é perder a sua memória colectiva. Vale a pena, então, lembrar... 
A ideia lançada, inicial e subliminarmente, de que os professores eram uns “madraços”, que acumulavam incontáveis faltas ao serviço, que gozavam férias e mordomias só permitidas a grupos privilegiados, e que desperdiçavam os enormes meios financeiros com eles despendidos, constituiu a maior ofensa, a mais inqualificável infama perpetrada perante uma classe altruísta, que todos os dias, no seu posto de trabalho, deu o seu melhor pelo aperfeiçoamento das qualificações dos portugueses e pelo desenvolvimento social, económico e cultural do seu país. 
Não é novidade. O cenário revelava-se propício e constituiu a porta aberta para o que se lhe seguiu: alteração e aumento compulsivo de funções e tarefas cometidas aos docentes, colocando-os na vertigem da desprofissionalização; divisão da classe, através de uma estratificação artificial da carreira; implementação de processos de avaliação de desempenho administrativos, burocráticos e estigmatizantes; redução artificial de cargas horárias e alterações aos planos curriculares ao sabor das circunstâncias, provocando-se, desnecessariamente, o maior desemprego conhecido, até hoje, na classe; introdução de novas tecnologias na escola, sem formação antecipada dos intervenientes no acto educativo, no que se revelou ser uma insensatez face ao esbanjamento de dinheiros públicos em negócios e parcerias com empresas privadas…
Desde então, escola tendeu para um espaço de desencantos e desencontros, onde os profissionais da educação começaram a ser chamados para reflectirem pouco sobre o acto educativo e, em substituição, a reunirem muito em redor da aplicação de normativos e procedimentos de natureza burocrático-administrativa. 
Neste quadro, milhares de docentes preferiram solicitar a sua aposentação antecipada, com graves penalizações nas suas pensões, no que constituiu uma desnecessária sangria de quadros qualificados e experientes. Ou seja: ao abandono precoce das escolas por parte dos alunos, temos agora que acrescentar o abandono precoce da profissão por parte dos professores. 
E isto tudo, num país que ainda precisa de muita escola e de mais e melhor qualificação dos seus cidadãos. Que desperdício inqualificável formar um docente para deixá-lo partir para uma aposentação precoce, ou deixá-lo desocupado, numa etapa da sua carreira em que revelava mais controlo, segurança e maturidade…. 
Por todas estas razões, o descontentamento trouxe à rua milhares professores, proliferaram os movimentos de docentes à margem das organizações sindicais tradicionais, e as redes sociais e os blogues de docentes constituíram o elo de ligação de um grupo profissional que, apesar de tudo, recusou cruzar os braços e preferiu levantar a voz da indignação e envolver-se na defesa de uma escola pública onde seja gratificante ensinar e compensatório aprender. 

Hoje, apesar da adversa conjuntura em que ainda vive a escola portuguesa, estamos em crer que se alguém quis quebrar a espinha dorsal aos docentes não o conseguiu. 
E, em boa verdade, também não houve uma quebra significativa da confiança que a sociedade deposita nos professores e na instituição escolar. Diríamos mesmo que a escola continua a ser a única organização pública onde as famílias entregam, diariamente, os seus filhos e partem tranquilas para o trabalho, sabendo que crianças e jovens ficam seguros e bem entregues. 
Mas será que, após este claustrofóbico período, a tutela pode afirmar que temos mais escola e melhor educação? 
Infelizmente a resposta é: não! Nos tempos que ainda correm, as escolas fecharam-se num clima organizacional sufocante, os alunos não melhoraram globalmente, de facto, os seus resultados escolares, os professores não aperfeiçoaram as suas competências profissionais e a escola não se transformou numa verdadeira comunidade educativa. 
Ou seja: agora temos menos escola e menos escolas, temos menos educação e menos professores. Entretanto, nesta encruzilhada, o país ganhou a maior taxa de desemprego alguma vez vista na profissão docente, e um medíocre sistema de formação de professores, incapaz de atrair os candidatos mais capazes e mais competentes. 
Mas porque a educação e os professores são semente e pão de todos os futuros, estamos em crer que, uma vez mais, os docentes portugueses irão sabiamente ultrapassar este difícil instante da sua longa história profissional, e recuperarão o valor e energia da sua profissionalidade, para bem do desenvolvimento social, cultural e económico do nosso país.

João Ruivo
ruivo@rvj.pt

Pessoas com deficiência “são prioridade” garante primeiro-ministro

Numa visita à APPACDM de Castelo Branco, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse ontem que as pessoas com deficiência “ao longo de muitos anos foram esquecidos”, mas garantiu que estas são “alvo prioritário” da política social do atual Governo.

Esta mensagem foi deixada pelo governante durante uma visita à Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Castelo Branco, onde Passos Coelho também aproveitou para elogiar o papel das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

Na declaração pública feita durante a visita, o primeiro-ministro português referiu que, quando o Governo anuncia gastos em camas de cuidados continuados, isso implica que terá de diminuir despesa noutras áreas, porque “o dinheiro não estica, não dá para tudo”, sobretudo “em tempos de restrições” como os atuais. “Precisamos de ter prioridades”, acrescentou.

Neste périplo pelo interior de Portugal que acabou no distrito de Castelo Branco, tendo começado em Vila de Rei, Passos Coelho esteve acompanhado pelo ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, e pelo secretário de Estado deste mesmo pelouro, Marco António Costa.

Aprovado o Plano Nacional de Reabilitação e Reinserção 2013-2015

Pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 46/2013 procede-se à aprovação do Plano Nacional de Reabilitação e Reinserção 2013-2015 e do Plano Nacional de Reabilitação e Reinserção - Justiça Juvenil - 2013-2015.
O Plano Nacional de Reabilitação e Reinserção 2013-2015 tem por base três princípios fundamentais de atuação: o princípio da reabilitação do comportamento criminal; o princípio da reinserção e responsabilidade social e o princípio da sustentabilidade do sistema de execução de penas e medidas, e prevê a adoção de um conjunto de 96 medidas estruturadas em torno de 12 áreas estratégicas.
Enquanto linha programática de atuação, o referido Plano visa aumentar as oportunidades de mudança do indivíduo e de reinserção social, intervindo com o seu meio envolvente, a montante da prisão, durante o cumprimento de pena e após a sua libertação.
Por sua vez, o Plano Nacional de Reabilitação e Reinserção - Justiça Juvenil - 2013-2015, integra um conjunto de 16 medidas que se articulam de forma autónoma, atendendo à especificidade da população alvo, em torno de três princípios estruturantes: o princípio da qualificação da avaliação e da intervenção direcionada ao comportamento delituoso; o princípio da consolidação de respostas de qualidade e dos níveis de eficiência das unidades operativas; e, por fim, o princípio da articulação intra e interinstitucional.
Para informação detalhada, consultar a Resolução do Conselho de Ministros n.º 46/2013.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Filhos de mães depressivas têm tendência para a obesidade

Publicada na revista Academic Pediatrics, uma pesquisa realizada no The Children’s Hospital at Montefiore (CHAM), de Nova Iorque, com 401 pares de mãe e filho, constatou que a hipótese de mães que relataram sintomas depressivos terem filhos obesos ou com excesso de peso aos cinco anos de idade é 23,4% maior que entre mães que não apresentam sintomas de depressão.

Das crianças estudadas, 288 crianças tinham documentado a sua altura e peso aos cinco anos nos seus registos médicos. Os cientistas realizaram uma entrevista de 30 minutos com as mães (principalmente de baixos rendimentos, hispânicas e negras, no Bronx), cujos filhos tinham recebido assistência social no Centro de Montefiore. Foram feitas perguntas sobre a saúde mental da mãe e os hábitos alimentares dos seus filhos, incluindo práticas de refeições e alimentação e estilo de vida.
Os dados mostram que mães com sintomas depressivos, com menos estudos e desempregadas tendem a exibir uma educação permissiva.

Elas são menos sensíveis às necessidades dos seus filhos e muitas vezes deixam de estabelecer limites para o comportamento da criança.
Foi verificado que essas mães eram mais propensas a ter filhos que consumiam mais bebidas com açúcar, raramente tinham refeições em família, mais vulgarmente frequentavam restaurantes e tiveram menos pequenos-almoços regulares, que crianças com mães sem sintomas depressivos.


Mães deprimidas também eram menos propensas a modelar uma alimentação saudável do que as mães não-deprimidos.

Práticas alimentares, como preparar o pequeno-almoço diariamente, modelando uma alimentação saudável, e estabelecimento de limites para a dieta da criança, exigem o envolvimento materno activo, possivelmente explicando porque essas práticas eram menos comuns entre mães deprimidas.

Os pesquisadores também investigaram os níveis de actividade e padrões de sono de todas as 401 crianças e constatou que filhos de mães com sintomas depressivos dormiam menos horas por dia e tiveram menos tempo de brincadeiras ao ar livre do que aquelas com mães sem sintomas depressivos. O sono inadequado tem sido associado ao aumento do risco de obesidade infantil e limitar o tempo diário de brincar ao ar livre também pode afectar o peso.


Segundo os pesquisadores, os resultados sugerem que a depressão materna desempenha um papel importante na obesidade infantil. Eles defendem a necessidade de recursos educacionais para famílias de baixos rendimentos para incentivar a participação activa em práticas de alimentação saudável.

Com o objectivo de inverter a tendência de avanço da obesidade, os especialistas defendem mais acesso a especialistas em saúde mental na rede básica de saúde pediátrica como forma de prevenir a obesidade infantil. São estratégias que poderiam ter um impacto a longo prazo sobre a epidemia de obesidade, especialmente entre minorias étnicas e famílias de baixos rendimentos, que são conhecidos por serem em maior risco para a obesidade infantil precoce e depressão materna.

Listas de colocação de educação especial

Acabaram de ser publicadas as listas definitivas do concurso interno e externo - ano escolar de 2013/2014.

EDUCAÇÃO ESPECIAL

910 - Educação Especial 1              Colocação             Não Colocação
920 - Educação Especial 2              Colocação             Não Colocação
930 - Educação Especial 3              Colocação             Não Colocação

Para mais informações, DGAE

domingo, 21 de julho de 2013

EUA aprovam aparelho que mede ondas cerebrais para diagnóstico do défice de atenção

Os Estados Unidos aprovaram (...) o primeiro dispositivo para diagnóstico com base em ondas cerebrais para o transtorno de défice de atenção e hiperatividade (TDAH). Liberado para uso pelo FDA, agência sanitária americana, o dispositivo funciona analisando as diferentes ondas elétricas emitidas pelos neurónios e a frequência desses impulsos. O aparelho deverá ser usado como parte do diagnóstico (que inclui exames e avaliações psicológicas), para aprimorar e confirmar a opinião médica.


Produzido pela empresa NEBA Health, o aparelho NEBA System (Sistema NEBA, em tradução livre) reconhece as diferentes ondas cerebrais por meio de eletroencefalografia (EEG). Em seguida, ele calcula a proporção entre as frequências de dois tipos de ondas cerebrais: theta e beta. De acordo com estudos prévios, a frequência dessas ondas é mais alta em crianças e adolescentes com TDAH. O teste não é invasivo e dura entre 15 e 20 minutos.

In: Veja (via facebook)

Implantes feitos em Coimbra devolveram audição a mais de 400 crianças

A Unidade Funcional de Implantes Cocleares do Centro Hospital e Universitário de Coimbra (CHUC) já implantou, com êxito, estes dispositivos em 400 crianças, permitindo-lhes o acesso ao mundo do som e a possibilidade de desenvolver linguagem áudio-oral.
Carlos Ribeiro, o coordenador desta unidade do Serviço de Otorrinolaringologia instalada no chamado Hospital dos Covões, em Coimbra, alertou hoje, em declarações à agência Lusa, para a necessidade de estes implantes serem feitos o mais precocemente possível, sobretudo entre o um ano e os dois de vida da criança, de forma a que o tratamento resulte em sucesso.
“Todos nascemos programados biologicamente. O ideal é aprender a falar até aos dois anos. Entre os dois e três anos ainda é considerado um período aceitável, mas depois dos três anos a taxa de sucesso reduz-se bastante”, disse o clínico, em declarações à Lusa.
Recordando que mais de 90% destes implantes são feitos em Coimbra (as cirurgias pediátricas são feitas no Hospital Pediátrico, mas todo o outro trabalho é efetuado nos Covões), Carlos Ribeiro explicou à Lusa que, “ quando uma criança nasce com uma surdez severa profunda, ou profunda, não tem capacidade para ouvir o suficiente para criar linguagem”.
“Quando o grau de surdez é muito elevado, as próteses auditivas não conseguem compensar os graus acentuados de surdez. Essas crianças estavam condenadas, por isso, a não formar capacidades áudio-orais. E isso é sempre limitativo para o desenvolvimento das crianças numa sociedade que vive da comunicação”, explicou.
O coordenador da unidade, satisfeito por este “avanço tecnológico incrível”, que permite o “acesso ao mundo dos sons e a saída do mundo do silêncio”, disse ainda que as crianças implantadas, embora tenham depois alguma dificuldade em “ambientes sonoros adversos”, não sentem qualquer problema nos ambientes escolares e familiares, conseguindo uma “adaptação totalmente normal”
Os estudos demonstram que as crianças implantadas demoram praticamente o mesmo tempo a descodificar os sons - transformando-os em linguagem áudio-oral - do que as crianças ditam normais, isto é, o tempo de aprendizagem é semelhante, mesmo que as implantadas, eventualmente, comecem mais tarde as descobertas.
A sonoridade da língua portuguesa, por outro lado, é outra das vantagens para os implantes realizados em Portugal, explicou Carlos Ribeiro, que salientou a excelência do trabalho desenvolvido em Coimbra e o sucesso que a unidade tem conseguido internacionalmente, facto que permite que o país realize, em 2017, o mais importante congresso deste setor da Saúde.
O trabalho feito por esta unidade, que começou em 1985 a fazer implantes em adultos e sete anos depois em crianças, baseia-se numa complexa equipa, que, após o ato cirúrgico, desenvolve todas as competências nos mais novos, desde a aprendizagem dos sons ao desenvolvimento da linguagem.
O implante coclear tem dois componentes, um instalado no exterior, junto ao pavilhão auricular, e outro interno, mais complexo e que consiste num recetor-estimulador, por baixo da pele, na mastoide e que depois é ligado por uma série de microcabos colocados dentro da cóclea (caracol), no ouvido interno.
Carlos Ribeiro, coordenador em Coimbra da terceira unidade na Europa que utiliza esta técnica, explicou ainda que esta tecnologia não se compadece com implantes pontuais, já que o trabalho feito no pós-cirurgia é fundamental para o sucesso de toda a operação.
Perceber o derrube dos muros de silêncio que rodeiam as crianças surdas e ver o posterior desenvolvimento das crianças, a melhoria da sua realização pessoal e a integração familiar e social destas são o “melhor salário possível”, disse ainda este responsável.
“Tudo isto é muito gratificante. O melhor pagamento são os sorrisos das crianças e dos seus familiares”.
In: Sol

sábado, 20 de julho de 2013

A compreensão da leitura em papel é muito superior à em suporte digital

A leitura em formato digital cresceu significativamente nos últimos anos. As funcionalidades oferecidas pelas novas tecnologias têm conduzido à emergência de um novo paradigma de leitura que tem nos adolescentes um grupo maioritariamente afeto. Ler textos nos telemóveis, nos monitores dos computadores ou simplesmente em tablets é uma realidade corrente. Apesar disso, tem permanecido de algum modo por avaliar o impacto que estes novos hábitos de leitura têm ao nível da compreensão leitora, por um lado, e sobretudo, por outro, as implicações pedagógicas que daí relevam para uma efetiva aprendizagem em contexto letivo.

Num estudo efetuado por três investigadores da Universidade de Stavanger, na Noruega, junto de 72 adolescentes com idades de 15 e de 16 anos e intitulado Reading linear tests on paper versus computer screen: Effects on reading comprehension(2013), conclui-se que, de facto, o suporte de leitura interfere na compreensão do lido, levando o texto impresso a levar a melhor sobre a sua versão digital. 

Os estudantes foram divididos em dois grupos e a ambos foram atribuídos dois textos para leitura, sendo que esses textos foram disponibilizados a um grupo em formato impresso e ao outro em formato digital, no monitor de um computador - um para cada estudante, próximo daqueles que predominam nas escolas: monitores LCD de 15''. Após a referida leitura, solicitou-se aos alunos que respondessem a uma bateria de questões relativa aos documentos lidos - algumas delas semelhantes às que se efetuam no contexto do teste PISA - que procurava avaliar a sua compreensão do lido ao longo da experiência em análise. Poderiam, para o efeito, reler durante um tempo limitado os textos, respondendo depois em computadores às questões formuladas. 

Os resultados obtidos indicam que aqueles que leram em papel impresso compreenderam significativamente melhor os textos em comparação com os que leram em versão digital. Conclui-se, em primeiro lugar, que o suporte de leitura - nomeadamente os utilizados neste estudo - influi na compreensão do que se lê, e, em segundo lugar, que o que se lê em suporte papel é melhor compreendido do que o que é lido em suporte tecnológico. Nas palavras dos autores do estudo, "ler textos lineares [i.e., não hipertextos] em monitor de computador resulta numa compreensão mais pobre quando em comparação com a mesma leitura em papel impresso." Um dos elementos que, baseados na consulta da literatura científica relativa a este tema, afirmam estar na base destes resultados está o scroll no rato do computador que interfere na concentração leitora e a utilização do mesmo suporte (o computador) para mais do que uma tarefa em simultâneo (ler e responder). Apesar de especularem quanto à fadiga inerente ao contacto continuado com um monitor, os procedimentos a que obedeceu a experiência em análise não permitem extrair resultados claros neste aspeto em particular. 

Entre os vários outros trabalhos mobilizados por estes investigadores escandinavos - Anne Mangen, Bente R. Walgermo e Kolbjørn Brønnick - para discutir os resultados a que chegaram destacam-se aqui dois. O primeiro, intitulado VDT versus paper based (2003), de Noyes & Garland, sustenta a tese de que a informação é melhor transferida da memória de trabalho para a memória a longo prazo quando resulta da leitura em papel impresso, por comparação com a adquirida via ecrã. Por outras palavras, o conhecimento resulta melhor com o papel lido do que com a leitura em monitor de computador ou de outros suportes congéneres. O segundo, designado Metacognitive regulation of text learning: On screen versus on paper (2011), de Ackerman & Goldsmith, compara o desempenho cognitivo que resulta daquilo a que os seus autores chamam OSL - On-screen learning, por um lado, e OPL - On-paper learning, por outro. Concluem neste documento que, quando autorregulado, o estudo OPL é, em termos de aprendizagem, mais eficaz que o OSL, ainda que, sendo externamente controlado (por um professor, por exemplo), não haja alterações significativas no desempenho cognitivo. Considerando-se, no entanto, que o paradigma educacional é mais hoje o da aprendizagem do que o do ensino, é fácil concluir, no capítulo da aprendizagem, a superioridade do OPL face ao OSL. Como afirmam os seus autores, os dispositivos eletrónicos parecem estar mais vocacionados para "a leitura rápida e não aprofundada de pequenos textos, tais como notícias, e-mails, etc." 

Confirma-se, enfim, a hipótese que estava na base do estudo Reading linear tests on paper versus computer screen: Effects on reading comprehension: a de que a compreensão do lido que releva da leitura em papel é muito superior à sua congénere em suporte digital. 

Pode consultar aqui o estudo.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Exames do 4.º ano: educar para a perversão

Quando uma criança nasce, os pais concentram a sua capacidade de amar na preservação do bem-estar físico e emocional dessa criança ao longo dos primeiros anos de vida.
Tradicionalmente contava-se com a ajuda dos mais velhos, no geral os avós, para melhor cuidar desse bem-estar. Com o andar dos tempos o médico, na figura do pediatra, passou também a desempenhar um papel fundamental nessa tarefa.
Hoje, na ausência dos avós e, principalmente, na dos próprios pais ao longo de muitas horas do dia, os berçários e as creches, através das suas educadoras, passaram também elas a estar diretamente envolvidas na preservação do bem-estar físico e emocional das crianças que lhe são confiadas.
Assim, cada vez mais prematuramente, os pais confrontam-se com um maior número de pessoas na “criação” dos seus filhos. Pessoas que, não fazendo parte da família, isto é, não partilhando da natural capacidade de amar aquela criança em particular, que antes unificava o cuidar de pais e avós, abrem caminho para a nova preocupação que se instalará pouco a pouco no coração dos pais: educar, preservando ao mesmo tempo o bem-estar físico e emocional da criança.
Se essa preocupação se concentrar essencialmente em formas de estar e fazer que se adeqúem ao espaço físico e humano que rodeia a criança, rapidamente se confronta com exigências de adequação que não só tendem a ser diferentes como antagónicas. O espaço familiar por um lado, o espaço institucional por outro, apresentam à criança um horizonte complexo de estares e fazeres que se lhe impõe em diferentes momentos da sua vida diária, e quase nunca como a melhor forma de preservar o seu bem estar físico e emocional. Impercetivelmente este vai reduzindo-se face a necessidades adaptativas sucessivas, as quais acabam por se tornar na preocupação dominante do ato de educar.
Daí a pergunta, incómoda para os adultos e assustadora para as crianças, que geralmente culmina ao fim do dia a separação de pais e filhos: "Hoje portaste-te bem?"
Sejamos verdadeiros, quantas vezes essa questão é substituída por qualquer coisa como: "Hoje, sentiste-te bem, tiveste um dia feliz?..."
A educação, enquanto preocupação de ajudar a estar e a fazer adequadamente, mas com base no respeito pelo Ser, preservando-o na sua integridade, torna-se cada vez mais inacessível à natural capacidade de amar dos pais. Não por falta de capacidade de amar, entenda-se, mas pela brutal pressão a que está sujeita por parte de quem “conduz” os caminhos educativos da sociedade atual: a Escola.
A Escola, enquanto instituição, não ama cada criança em particular, não mostra conhecer as necessidades que o crescimento das crianças comporta, não sabe como adequar formas de estar e fazer a essas necessidades. Não sabe nem poderia sabê-lo, a menos que, reconhecendo em boa verdade essa incapacidade, aceitasse com humildade e como meta do seu trabalho aprender a servir o crescer da criança, adequando procedimentos à preservação do seu bem-estar, no lugar de adotar sucessivas políticas “educativas” cada vez mais estranhas e adversas à infância.
Se se compenetrasse em se reconhecer, a Escola adquiriria a consciência de que, com o andar do tempo, indo o bem-estar abrangendo âmbitos cada vez menos visíveis e mais complexos – já não é só físico e emocional, mas também afetivo, ético-moral, espiritual – o resultado do seu trabalho vai deixando marcas profundas nessa progressiva abrangência: mesmo que a Escola o ignore, o bem-estar da criança até à idade adulta vai fertilizando o terreno onde ela vai semear ao longo da sua vida o sentido da existência.
É exatamente por volta dos nove anos que essa complexidade desponta: a criança começa a apreender a qualidade do mundo que a rodeia, vislumbrando a sua verdade. Pela primeira vez vê o que é, despido do véu de encantamento que a infância coloca sobre tudo o que toca. Essa proteção diáfana mas efetiva vai desaparecendo com a proximidade dos nove anos, para dar lugar pouco a pouco a um olhar consciente, obrigando a criança a mergulhar na imperfeição, nos limites e na efemeridade da vida dos homens. O seu mundo de luz dá lugar ao mundo onde a luz e a sombra se confrontam, dando contornos a tudo o que existe. A nitidez desses contornos, adquirindo qualidades morais no crescimento do Ser da criança, é a matéria prima com que ela irá modelar a complexidade do seu bem-estar. No futuro, a sua forma de atuar no mundo emergirá de forma inexorável da qualidade dessa complexidade.
Como se responde a tais necessidades do crescimento nesta idade, para que nela se semeie o garante de um futuro benéfico para a vida?
Ajudando essa nova capacidade de olhar, a ver o que, apesar de tudo, dignifica e engrandece o homem, na sua luta face à imperfeição, aos limites, à efemeridade; a ver a força curativa que, apesar de tudo, emana das coisas belas; a ver a bondade dos homens quando cuidam daquilo que amam; a alimentar enfim uma confiança ilimitada na vida e na humanidade como impulso futuro na defesa da verdade, da bondade e da beleza da Vida que determinará um agir reto no seio social.
Durante o 1.º ciclo (idealmente no sistema do nosso ensino, durante quatro anos) a criança é acompanhada por um adulto que lhe foi abrindo as portas do mundo através de múltiplas experiências e aprendizagens, cujo contributo para o seu crescimento global está grandemente condicionado pela confiança e estima que a criança vai criando dentro de si pelo/a professor/a. Para a criança esse adulto entra na sua ainda curta vida como uma âncora para o resto da sua vida. Porquê? Porque através dela bebe uma visão sobre o mundo, um sentir sobre a vida que, quer se queira quer não, constituem, para além da família, o suporte da edificação moral da criança.
A frase, tantas vezes ouvida da boca das crianças ao longo do 1.º ciclo: “a minha professora é que sabe…”, evidencia a confiança imensa que se espelhará na capacidade de confiança em si própria, para fazer a caminhada da vida que o seu coração acolhe na antevisão do que virá… O adulto que se torna digno da confiança que a criança nele deposita alimenta a sua autoconfiança face à vida.
De uma forma saudável ela aceita tanto os seus elogios como as suas exigências, porque imbuídas de amor e respeito pelo seu Ser. Esse é o cerne da verdadeira autoridade. Quando assim é, a criança aceita-a de uma forma natural, realizando com coragem todas as provas que lhe são pedidas, pois realizá-las por amor transmite-lhe a segurança que necessita para caminhar na vida.

Assim as aprendizagens escolares mergulham no oceano mais vasto e fundo das aprendizagens da vida. Dito por outras palavras, a instrução adquire significado porque serve os desígnios da educação.
Por todas estas razões e outras que não cabe aqui mencionar, se adivinha o drama da insegurança no crescimento da criança, quando ao longo dos quatro anos de escolaridade, a âncora desse amor e respeito anda à deriva nas águas da constante mudança de professora.
Contextualizemos no âmbito deste complexo processo a existência de exames no 4.º ano, ou, se preferirmos, a forma como contribuem para edificar a complexidade do bem-estar da criança, nos moldes em que foram lançados neste ano de 2013.
Num ambiente educativo imbuído de confiança, as crianças são informadas pelo seu professor sobre o desenrolar do processo e o diálogo acontece. Relatemos excertos a partir do exemplo vivido numa escola do 1.º ciclo:
“– Terão de fazer um exame a Matemática e outro a Língua Portuguesa …
– Assim como as provas que fazemos com a professora?
– Mais ou menos, é que não sou eu que vos faço a prova…
– Mas a professora é que sabe fazer as nossas provas! Foi a professora que nos ensinou… Não sabe fazer esta?
– Desta vez não posso ser eu, na verdade não sabemos quem a faz.
– Mas nós não conhecemos essa professora e ela também não nos conhece…
– Pois é, mas vocês vão imaginar que ela vos conhece e assim é mais fácil. Lembrem-se que eu sei que vocês aprenderam e que são capazes.
– É a professora que depois vai ver se fizemos bem, não é?
– Também não sabemos quem vai ver o que fizeram.
– Ah, assim fico com medo! A minha letra não é muito bonita… só a professora sabe lê-la bem…
– Não vale a pena terem medo, eu estarei a pensar em vocês para vos dar força! Ainda há mais um pormenor: teremos que ir a outra escola fazer a prova e…
– Porquê? A nossa sala é esta, temos mesas e cadeiras… Nós sentimo-nos bem é na nossa escola.
– Eu sei, mas são ordens do ministério.
– Ah! E como é que vamos? É muito longe? A professora vai connosco? Eu sozinho não sei ir…
– Claro que vou com vocês. Só não posso estar na sala quando estiverem a fazer a prova… mas fico à vossa espera lá fora.
– Ficamos sozinhos numa sala qualquer? Sem a professora? Eu não vou!
– Claro que vais, vão todos. Haverá outras professoras que ficam com vocês…
– Boazinhas como a professora? E se são más ou não gostam de nós?
– Não se preocupem, não podem é perguntar nada, entram e sentam-se direitinhos até ao fim da prova…
– E se tivermos vontade de fazer xixi, não podemos?
– Não, não podem sair nem para ir à casa de banho, nem para beber água. Só podem levar as vossas coisas num saquinho de plástico transparente, caneta, lápis…
– Num saco transparente. Porquê?
– Para que se veja bem que só levam o que devem levar.
– Ah, eles desconfiam de nós…
– São regras… e mais uma coisa antes de entrarem têm que pôr o vosso nome num papel…
– No papel da prova?
– Não, isso é lá dentro. Cá fora é um papel onde diz que não levam um telemóvel no bolso. Chama-se assinar um termo de responsabilidade.
– Um termo de… responsabilidade?! O que é isso?
– É para as professoras que vos recebem terem a certeza que não levam telemóvel.
– Mas nós não íamos levar telemóvel se a professora nos disser… Porque não nos perguntam?
– Pois, mas não chega. Têm que assinar o tal papel, para que seja mesmo verdade. Quando se assina um termo de responsabilidade e depois se mente as pessoas sofrem uma espécie de castigo. Neste caso a prova seria anulada.
– É como uma promessa a que se não deve faltar, não é? Mas quando prometemos está prometido, não é preciso assinar nada! As pessoas não mentem quando assinam um… papel?
– Quem me dera que não fosse nada assim… para que servirá fazermos este exame?”
No preciso momento em que a criança está a viver a crise de crescimento dos seus nove anos, que sentido adquire toda esta panóplia de procedimentos no seu sentir, no seu pensar, no seu bem-estar, independentemente de servir supostos conceitos de rigor ditados por um qualquer ministério?
Transmite-lhe, sem sombra de dúvida, que a pessoa de referência com quem construíram a confiança em si próprios e nos outros não é totalmente confiável na capacidade de se responsabilizar por tudo o que fizeram juntos.
Transmite-lhe, sem sombra de dúvida, que quem não a conhece e portanto não a estima é que tem poder para decidir sobre ela.
Transmite-lhe, sem sombra de dúvida, que não basta agir respeitando o que nos pedem, é preciso apresentar provas em invólucros transparentes para que os olhos, mais do que o coração possam julgá-la.
Transmite-lhe, sem sombra de dúvida, que existem procedimentos estranhos e ainda incompreensíveis à sua vida que substituem a pergunta que se lhe faz, olhos nos olhos, na resposta à qual está contida a coragem de dizer a verdade.
Transmite-lhe enfim e sem sombra de dúvida que, como nada disto tem sentido no contexto do caminho que cada criança conseguiu fazer, deve ter outra finalidade alheia ao bem-estar do seu crescer. Mas isto ela só compreenderá mais tarde: usa-se a criança para servir metas que controlem os professores e construam uma exterioridade fictícia de rigores absurdos e balofos para serem aplicados a crianças que apenas despertaram para a vidinha dos homens.
Por tudo isto e muito mais que não cabe aqui mencionar, falar de procedimentos de exames não é um assunto político, é um assunto ético e moral no seio de uma cultura cujos procedimentos prognosticam com evidência a doença e a decadência que a corrói.
A escolha é simples e faz-se na consciência de cada um: ou se permite que a doença alastre na direção do futuro através de cada criança e se promove definitivamente a decadência da própria Infância, ou se olha de novo com amor e respeito aquilo que o crescimento do ser humano nos exige através de cada criança.
“A criança é o pai da humanidade”, disse-nos Wordsworth, na esperança de que soubéssemos salvaguardar a grandiosidade humana que na criança brilha ainda quase incólume. Cabe-nos a todos nós – pais, educadores, professores, pediatras… – fazê-lo, em vez de o delegar num qualquer Ministério da Educação que, de educação, pouco sabe.

Leonor Marroio Malik
Pedagoga, doutorada em Ciências da Educação

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Metade dos alunos melhorou aproveitamento depois de a escola garantir pequeno-almoço

Muitas das crianças sinalizadas como precisando que a escola lhes garantisse o pequeno-almoço melhoraram o seu desempenho a partir do momento em que a primeira refeição do dia passou a estar assegurada. De acordo com os dados apresentados nesta quinta-feira, 50% dos 10.186 alunos abrangidos pelo Programa Escolar de Reforço Alimentar (PERA) viram o seu aproveitamento melhorar.

Em 37% dos casos não houve alteração em termos de aproveitamento escolar. Em 13% das situações o desempenho não melhorou, ainda segundo o balanço feito no Ministério da Educação e Ciência, em Lisboa.

O impacto no comportamento dos alunos abrangidos pelo reforço alimentar também foi medido: 42% revelaram melhorias; em 49% dos casos não houve alteração.

Ainda assim, as taxas de aproveitamento escolar entre os alunos abrangidos pelo PERA são mais baixas do que a média — 21% chumbaram. O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, diz que isto mostra como as "dificuldades sociais" têm impacto no aproveitamento. "Mas temos que lutar contra isso", disse, e o PERA ajuda a "trabalhar nesse sentido". Os últimos dados disponíveis no site do ministério mostram que em 2009/2010 a média nacional de retenção e desistência variou entre 7,6%, no ensino básico, e 18,9%, no secundário.

O projecto PERA foi criado em setembro, na dependência directa do secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova de Almeida, para responder à "excepcionalidade do momento" que, nas suas palavras, o país atravessava. Havia mais crianças que estavam a ir para as aulas sem tomar o pequeno-almoço, relatavam as escolas.

Com uma duração prevista de dois anos lectivos, o objectivo essencial do PERA é "conciliar a educação alimentar com a necessidade de suprir carências alimentares detectadas em alunos" de escolas públicas.

Quase 400 escolas abrangidas

Neste que foi o primeiro ano de aplicação, o PERA chegou a 387 agrupamentos e escolas não agrupadas de todo o país. E abrange actualmente mais de 10 mil crianças e jovens de diferentes níveis de ensino não superior. Mas "muitos outros já passaram pelo PERA, tendo entretanto as suas famílias sido sinalizadas para o Instituto da Segurança Social, que as referenciaram para que pudessem receber apoio de instituições de solidariedade social e/ou os apoios sociais aos quais têm direito e para que o pequeno-almoço passasse a ser tomado em casa", segundo o comunicado do ministério.

"O Ministério da Solidariedade e Segurança Social apoiou o programa também através da utilização das cantinas sociais pelos alunos durante os períodos de interrupção da actividade lectiva."

Na base do PERA estão parcerias várias entre o Ministério da Educação e empresas de comercialização e produção de géneros alimentares, bancos alimentares contra a fome e instituições particulares de solidariedade social. O PERA não tem custos para o ministério.

Um outro protocolo assinado com a Associação Nacional de Municípios Portugueses permitiu garantir o transporte dos produtos para as escolas. E estas últimas, por sua vez, fizeram parcerias com as redes locais de acção social.

No final da apresentação do balanço, foram assinados protocolos com dez empresas do ramo alimentar (Jumbo, Sumol+Compal, Danone, Jerónimo Martins, Lactogal, Nestlé, Sonae, Dia, Lidl e E.Leclerc), uma empresa de transportes (Luis Simões, SA), empresas de outros ramos que quiseram apoiar o projecto através do pagamento de pequenos-almoços servidos nas escolas (Grupo Portucel Soporcel, Colomer Portugal e BP) e o Lions Club.

Nuno Crato agradeceu a colaboração dos que têm apoiado com alimentos e vão continuar, sobretudo numa altura "em que muitas empresas portuguesas não estão a viver os seus dias mais felizes".

Nunca a atividade cerebral foi vista de forma tão real

E se conseguíssemos visualizar, em tempo real, o funcionamento dos neurónios dentro de um cérebro vivo? Para desenvolver uma ferramenta suficientemente sensível que permitisse este tipo de observações, Michael Orger e Sabine Renninger, investigadores do Programa Champalimaud de Neurociências, da Fundação Champalimaud, uniram esforços com o grupo liderado por Douglas S. Kim da Janelia Farm, do Howard Hughes Medical Institute, nos EUA.
O resultado deste trabalho conjunto (...) [foi] publicado na revista científica Nature e representa, nas palavras de Michael Orger “o início de uma nova era na investigação em neurociências”. Esta nova ferramenta denominada “Repórter GCaM6”, apresenta novos repórteres GCaMP6, geneticamente codificados, e vem possibilitar o estudo ótico da dinâmica complexa da atividade nas populações neuronais.
Uma das propriedades da atividade neuronal é o aumento da concentração de cálcio dentro das células. Outros repórteres haviam já sido desenvolvidos para observar estas alterações nos níveis de cálcio, no entanto, pecavam pela baixa sensibilidade e por uma dinâmica de resposta lenta, o que permitia conhecer apenas parte da real atividade neuronal.
Como refere o autor, “os repórteres disponíveis não tinham a capacidade de seguir alterações ao nível do potencial de ação, a unidade básica de atividade neuronal, mas com esta nova ferramenta isso passou a ser possível.” Graças à sensibilidade que o Repórter GCaMP6 oferece, é agora possível medir a comunicação que se estabelece entre neurónios em sinapses únicas, possibilitando a visualização de como os neurónios processam a informação individualmente.
Para desenvolver esta nova ferramenta, baseada numa proteína fluorescente sensível ao cálcio, os investigadores do Janelia Farm usaram um sistema de alto rendimento para produzir múltiplas variantes da mesma proteína.
Na Fundação Champalimaud, o grupo liderado por Michael Orger foi responsável por testar, em peixes-zebra, quais as variantes mais eficazes para o estudo da atividade neuronal do cérebro.
“O peixe-zebra é ideal para estes testes. Como é transparente, conseguimos visualizar toda a atividade neuronal, em qualquer região do cérebro, sem necessidade de intervenções cirúrgicas”, explica o investigador.
“Além de uma dinâmica mais rápida e da alta sensibilidade, esta nova ferramenta tem o potencial de ser aplicada na visualização de populações neuronais específicas possibilitando o estudo do papel que os diferentes tipos de neurónios desempenham no processamento da informação”, conclui o autor reforçando a importância e as possibilidades de utilização desta nova técnica na investigação do cérebro.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Cromossoma que causa a síndrome de Down foi desligado no laboratório

Pela primeira vez, uma equipa de cientistas conseguiu silenciar um dos três cromossomas 21, que é responsável pela síndrome de Down. Este resultado poderá ajudar a desenvolver novos tratamentos.

A espécie humana tem 46 cromossomas. Um desvio deste número mágico dá, na maior parte das vezes, mau resultado. A trissomia 21 é um desses exemplos. Quem nasce com síndrome de Down tem três cromossomas 21, em vez de dois, o que causa uma série de complicações fisiológicas e uma capacidade cognitiva limitada. Agora, pela primeira vez, uma equipa de cientistas conseguiu no laboratório desligar este cromossoma a mais em células de pessoas com trissomia 21. Os resultados (...) prometem trazer uma nova compreensão sobre esta doença que pode resultar em terapias.

“Para as pessoas que vivem com a síndrome de Down, a nossa esperança é que a demonstração deste conceito abra vários caminhos para estudar este problema e torne possível pensar em investigar no futuro uma ‘terapia cromossómica’”, explica Jeanne Lawrence, da Escola Médica da Universidade do Massachusetts, nos EUA, que liderou este projeto.

É ainda uma realidade a muito longo prazo, que parece para já um cenário impossível. Só se consegue detetar que um feto tem um cromossoma 21 a mais a partir da 12ª semana de gestação. E qualquer terapia só é possível após o nascimento, quando muitos problemas já estão presentes. Por se conhecer tão pouco da doença, não se sabe hoje que efeitos teria um tratamento nessa altura.

Mas é talvez nisso que, para já, esta descoberta pode ajudar: compreender como é que um simples cromossoma 21 a mais nas células provoca problemas cognitivos, o início precoce da doença de Alzheimer, um aumento de risco de leucemia na infância, defeitos no coração, no sistema imunitário ou endócrino, que fazem diminuir a esperança de vida.

Em muitos casos, a causa da trissomia 21 começa antes da fecundação, quando se produzem as células sexuais que vão dar origem a um indivíduo com esta síndrome.

Os 46 cromossomas humanos são oriundos das células sexuais dos nossos pais que se juntam na fecundação. O ovócito tem 23 cromossomas — classificados desde o cromossoma um até ao 22, mais o cromossoma sexual feminino X. O espermatozóide carrega outros 23 cromossomas — que, além dos 22 cromossomas, inclui o cromossoma sexual X ou Y, que define se o embrião vai ser uma mulher (XX) ou um homem (XY).

No caso da trissomia 21, uma das células sexuais traz, em vez de um, dois cromossomas 21. Isto acontece durante a produção dos espermatozóides ou dos ovócitos. Quando ocorrem as divisões celulares para se produzirem estas células, os 46 cromossomas têm de passar equitativamente a metade, mas às vezes a separação não é bem feita e o espermatozóide ou o ovócito acabam por ficar com um cromossoma a mais.

A síndrome de Down é das trissomias mais comuns, um em cada 800 recém-nascidos tem-na, mas também existem trissomias dos cromossomas sexuais e dos cromossomas 13 e 18.

O cromossoma 21 é o mais pequeno dos 22 cromossomas não sexuais. O nosso genoma tem 20.000 genes que comandam o fabrico de proteínas diferentes, além de muitos mais genes que controlam a actividade ao nível do ADN e tornam possível que um ser humano se desenvolva a partir de uma célula. Estes genes estão distribuídos pelos vários cromossomas em longas sequências de ADN. O cromossoma 1 carrega 2073 genes que codificam proteínas, já o cromossoma 21 tem apenas 242 genes.

Por isso, no caso de pessoas com trissomia 21, as suas células estarão a produzir estas 242 proteínas em mais quantidade. De uma forma simplificada, a grande questão é saber quando é que o excesso de uma proteína A no tecido B está a provocar o problema C numa pessoa com síndrome de Down.

Jeanne Lawrence e colegas ainda estão um passo atrás da resolução desse problema. A equipa conseguiu fazer com que um dos três cromossomas 21 deixasse de ativar os seus genes. Para tal, serviu-se de um fenómeno que já acontece nas células de todas as mulheres e imitou-o.

Ainda que as mulheres tenham dois cromossomas sexuais X, só precisam de um ativo (nos homens, o cromossoma Y tem os genes que garantem o desenvolvimento dos seus órgãos sexuais). Nas mulheres, logo no início do desenvolvimento embrionário, um dos dois cromossomas X activa o gene XIST, produzindo uma molécula de ARN. É este ARN que prende este cromossoma X em vários locais como um cadeado, impedindo-o de funcionar. Assim, só um dos cromossomas X funciona quando o embrião se desenvolve.

A equipa serviu-se do gene XIST para fazer o mesmo em células de pessoas com síndrome de Down. Através de engenharia genética, reprogramaram essas células adultas, transformando-as em células estaminais. E inseriram aí o gene XIST num dos cromossomas 21. Quando o gene começou a funcionar, este cromossoma ficou silenciado, não activando os genes. Estas células passaram a ter uma actividade genética semelhante às células com 46 cromossomas.

De seguida, forçaram essas células estaminais a tornarem-se neurónios, para comparar o seu desenvolvimento quando tinham três cromossomas 21 ou quando um dos três cromossomas estava silenciado por este novo método. Os resultados mostraram que os neurónios com o cromossoma desligado multiplicavam-se mais e agrupavam-se de forma mais organizada. “Agora temos uma ferramenta poderosa para identificar e estudar as patologias e as vias celulares que estão a ser condicionadas pela sobre expressão do cromossoma 21”, explica Jeanne Lawrence.

Para João Pinho da Silva esta descoberta “é um avanço muito grande”, mas “ainda é cedo para se prever o que pode acontecer no organismo”, explica o médico geneticista do Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto. “Num bebé com trissomia 21, alguns dos problemas já estão instalados e não sabemos se uma terapia [que surja desta investigação] poderá reverter os sintomas ou impedir o seu avanço.”

Nicolau Ferreira