segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Dia Mundial do Braille - 4 de janeiro

O Instituto Nacional para a Reabilitação , I.P., na qualidade de coordenador do Núcleo para o Braille e Meios Complementares de Leitura, para comemorar o Dia Mundial do Braille 2013, promoverá um fórum sob o tema - A Interação entre o Braille e as Novas Tecnologias - Desafios à literacia , no dia 4 de janeiro de 2013, sexta-feira, das 15:00 às 17:30 horas, no seu auditório,na Av. Conde de Valbom, 63 - Lisboa, com entrada livre, sem inscrição prévia. 

A referida sessão contará com a intervenção de representantes: 
  • da Área de Leitura Especial da Biblioteca Nacional de Portugal, Secretaria de Estado da Cultura [ Carlos Ferreira (Coordenador) e Maria Martins]
  • da Direção-Geral de Educação, Ministério da Educação e Ciência ( Cristina Miguel e Manuela Micaelo - Projeto Quatro Leituras)
  • da ACAPO [ (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal) - " Perspetivas do uso do Braille ao longo da vida" ]
  • da Unidade Acesso da Fundação para a Ciência e a Tecnologia [Jorge Fernandes (Coordenador)] 
As pessoas surdas que necessitem de Intérprete de LGP, deverão contactar o INR, I.P., até às 15:00 horas do dia 27 de dezembro de 2012 para o endereço electrónico: inr@inr.msss.pt

In: INR

domingo, 30 de dezembro de 2012

A Educação em 2013: Concentração e Distância

Mais do que debater os cortes em Educação, quando qualquer bom economista da Educação sabe que é em contra-ciclo, em tempos de crise, que se fazem os investimentos adequados para um posterior arranque, começa a ser essencial percebermos o que se define como um modelo definito, transversal à maioria do PS e PSD na governação da Educação e do que isso significa para o funcionamento das escolas e para o trabalho com os alunos.

O ano de 2012 consolidou e o de 2013 parece tornar quase irreversível uma dupla tendência preocupante e negativa para uma Educação que se pretenda de qualidade: a tendência para a Concentração e a Distância.

A Concentração verifica-se a três níveis: 

– No afunilamento do aparelho administrativo do Ministério da Educação e Ciência (MEC), que se esqueceu que a centralização se combate com a desconcentração dos serviços e não com o seu recuo para o aparelho central, como parece estar em decurso com o desaparecimento das Direcções-Regionais de Educação (DRE), cujas funções são assumidas por uma nova Direcção-Geral. Central. Com qualidades e defeitos, com os seus hábitos feudalizados e alguns abusos, as DRE – como antes as Coordenações de Administração Escolar (CAE) – eram organismos que levavam alguma proximidade da gestão da política educativa até às escolas. A nova Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares é a antítese disso e representa uma solução de tipo concentracionário, retirando qualquer nível intermédio entre as agora chamadas unidades orgânicas de gestão e o centro de decisão, cada vez mais concebido como Centro único. O que não significa maior autonomia das escolas, mas sim maior desprotecção dos agentes educativos locais perante os desmandos dos centros locais de decisão.

– Em seguida, na sequência de uma reordenação da rede escolar que acentua de forma dramática a centralidade urbana e do litoral desde os níveis iniciais da escolaridade. Nunca como na última década a rede escolar primária ou de 1.º ciclo abandonou tantas zonas do território, colaborando na sua desertificação e num processo de país a duas ou três velocidades como agora. Embora com meios de transporte de outro tipo, a realidade é que este processo de recuo da rede escolar é inédito em toda a nossa História contemporânea, remetendo para um modelo anterior ao Liberalismo vintista do século XIX. A expansão da rede escolar a partir do litoral e dos centros urbanos e municipais para as zonas mais interiores e rurais foi um processo praticamente contínuo durante mais de 150 anos que os últimos 10/20 fizeram refluir muito para além de uma qualquer racionalidade financeira.

- Por fim, ao nível da gestão escolar, a opção por continuar o processo de concentração em mega-agrupamentos cada vez maiores leva a que os centros de decisão, mesmo a nível local, se concentrem cada vez mais, tanto do ponto de vista administrativo como do ponto de vista pedagógico. A junção de escolas de diferentes níveis de ensino numa articulação vertical tem as suas vantagens, mas essas entram em colapso quando se força a junção de estabelecimentos de ensino com práticas e projectos diversos, com culturas de escola conflituantes, forçando a homogeneização do que era diverso e impondo um modelo único de gestão em que a direcção, o conselho pedagógico, o conselho geral e até os cargos de chefia intermédia como as coordenações de departamento estão cada vez mais distantes daqueles que devem acompanhar, orientar ou supervisionar. A concentração de cargos para mera poupança das horas de redução que lhes são atribuídas é profundamente negativa para práticas profissionais de trabalho conjunto e para a tomada de decisões de forma solidária e não hierárquica, sendo que a hierarquia é definida por nomeação e imposição e não por reconhecimento e aceitação pelos pares.

Mas o reforço da Concentração leva ainda ao aumento da Distância e à demolição de qualquer modelo de escola de proximidade. Porque a distância dos centros de decisão passa a ser cada vez maior em relação às próprias escolas e, muito em especial, em relação à sala de aula.

- Com o MEC a concentrar-se sobre si mesmo, a generalidade das decisões que se traduzem em actos legislativos e normativos variados, são discutidas e tomadas longe das escolas, longe daqueles que os devem implementar, tornando-se o diálogo cada vez mais unidireccional e unidimensional. As escolas, através dos seus directores, vão a reuniões onde lhes são comunicadas alternativas ou mesmo decisões não negociadas, decididas através de análise de gabinete, com base em quadros, gráficos, modelos e teorias que na larga maioria das situações não procuram encaixar a diversidade do real mas que a realidade se encaixe nas grelhas de análise produzidas. Os órgãos consultivos tornaram-se cada vez mais apêndices decorativos, sem voz, sem capacidade de intervenção e mero eco de interesses micro-corporativos que facilmente se vergam perante a autoridade.

- Nos mega-agrupamentos, as decisões sobre o quotidiano de milhares de alunos, centenas de professores e dezenas de funcionários passam a ser tomadas por um punhado de pessoas que, excepção (parcial) feita ao Conselho Geral, devem os seus cargos a nomeações ou pseudo-eleições feitas à medida dos interesses de uma direcção unipessoal. E isso passa por ser autonomia, quando apenas é uma autonomia de um sobre todos, quando cada vez mais os professores são encarados como funcionários acríticos, simples executores de políticas e teorias que não são chamados a debater e partilhar, num modelo em que a obediência suplanta de longe a capacidade de iniciativa e a rotina eficaz do que existe substitui sem hesitar o desejo de criar algo diverso. Em que a norma e o padrão atingem o altar e a diferença e a alternativa são motivo de desconfiança.

A Concentração e a Distância são fenómenos que qualquer bom senso indica serem fortemente prejudiciais para um sector como a Educação. Porque quebram laços de proximidade e solidariedade. Porque afastam decisores de executores. Porque afastam as decisões das salas de aula. Porque menorizam alunos, famílias e professores que são aqueles que fazem o quotidiano da Educação e são os elementos essenciais para a sua melhoria qualitativa e não meramente para o equilíbrio das colunas de deve e haver traçadas já não em papel almaço mas em folha de cálculo.
Seja qual for o pretexto, são opções erradas.

Paulo Guinote

sábado, 29 de dezembro de 2012

Diogo, o menino sem mão, ainda precisa de ajuda

O menino de Caminha que nasceu sem mão e que mobilizou centenas de pessoas a juntarem tampinhas até conseguirem uma mão mioeléctrica continua a precisar de ajuda. O Diogo tem 3 anos e precisa de trocar a prótese à medida que cresce. Por isso, uma nova campanha nasceu para que o menino continue a ter os cuidados de que precisa.

Diogo Farinhoto precisa de trocar a prótese de dois em dois anos por causa do crescimento. O caso do Diogo também comoveu Espanha e teve um grande sucesso, principalmente na Galiza.
A agência madrilena Blur quis dar o seu contributo e criou o site www.eudiogo.com que angaria fundos - sem quaisquer fins lucrativos - através de transferência bancária. Este site, “criado de forma despretensiosa”, como se pode ler na sua apresentação, pretende facilitar o contacto e ajuda direta entre o menino, a mãe e todos os donatários. Agora, além dos espanhóis, apela-se a que todos os portugueses se juntem ao Diogo.
Desde abril de 2011, a mãe do menino, Elisabete Farinhoto, tem vindo a impulsionar a recolha de tampinhas usadas para ajudar o seu filho. A prótese que Diogo tem atualmente permite-lhe apenas mover o polegar, indicador e dedo médio mediante um mecanismo que o próprio aciona. A mão mioelétrica funciona como uma pinça que permite que o menino pegue, solte e sustente objetos. Contudo esta prótese é atualizada em cada 2 anos até que alcance a idade adulta, 18 anos, altura em que será instalada uma mão definitiva.



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Teste de QI é “altamente enganador”

Investigadores da Universidade Western do Canadá e do Museu de Ciências de Londres realizaram um estudo em que demonstram que medir a inteligência humana baseando-se apenas num teste standard de Quociente Intelectual (QI) é “altamente enganador”.
Mais de 100 mil participantes de todo o mundo foram submetidos – on line – a testes de memória, raciocínio, atenção e capacidade de planeamento. Responderam também a questões acerca dos seus estilos de vida. Os resultados estão publicados na revista «Neuron».
“O objetivo era analisar se realmente se podem medir capacidades cognitivas de uma pessoa com apenas um fator”, explica Adam Hampshire, investigador do Instituto de Cérebro e Mente da Universidade Western.
Os investigadores não acreditam que apenas o número de QI possa representar a capacidade que um indivíduo tem para recordar, raciocinar e pensar. Os resultados sugerem que os testes de QI que são utilizados há várias décadas têm “falhas básicas”, pois não têm em consideração a natureza complexa do intelecto humano.
A equipa desenhou uma série de testes com base em dados de estudos prévios realizados com scanners cerebrais. Assim, os investigadores criaram tarefas para medirem uma ampla variedade de capacidades cognitivas.
“Quando se analisa esta ampla variedade de capacidades cognitivas, as variações na execução dos participantes podem explicar-se em três componentes distintas: memória a curto prazo, raciocínio e habilidade verbal”, explicam os investigadores.
Para confirmarem os resultados, 16 participantes foram submetidos a ressonâncias magnéticas funcionais. Pôde, assim, observar-se as diferenças nas capacidades cognitivas e traçar-se um mapa das conexões neuronais envolvidas na atividade cerebral.
Os três componentes da capacidade cognitiva que se tinham achado previamente correspondiam a três padrões distintos de atividade neuronal. “Os resultados desmentem de uma vez por todas a ideia de que uma só medida como o QI não é suficiente para captar todas as diferentes capacidades cognitivas que existem entre as pessoas”, diz Roger Highfield, um dos autores do estudo.


Curso avançado de dislexia


Para mais informações, consultar aqui.

Exame nacional de Português para alunos com deficiência auditiva de grau severo ou profundo

Encontram-se disponíveis, para consulta, as informações-prova final e as informações-exame, relativas às provas finais do ensino básico e às provas de exame do ensino secundário, a realizar em 2013.
Relativamente aos alunos com necessidades educativas especiais, apenas existe informação sobre a prova de exame nacional de Português para alunos com deficiência auditiva de grau severo ou profundo (Consultar aqui).
Para as restantes provas, consultar aqui.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Houve mais 16 mil funerais do que partos só no primeiro semestre

A notícia que se segue merece ser referida no blog pelas consequências, sobretudo a médio e a longo prazos, da evolução das taxas de natalidade e de mortalidade. Esta situação refletir-se-á, naturalmente, na educação, mas, também, e acima de tudo, no equilíbrio social.

Este ano o défice demográfico terá a maior expressão de que há memória com o número de mortes a ultrapassar largamente a quantidade de nascimentos.
Os que morrem são mais do que os que nascem em Portugal e os que saem também suplantam os que entram. Já não é novidade dizer que a população portuguesa está a encolher, mas em 2012 este fenómeno terá a maior expressão de que há memória.
Aos défices financeiros Portugal soma défices demográficos consecutivos. Se considerarmos apenas os seis primeiros meses de 2012, morreram quase mais 16 mil pessoas do que as que nasceram em Portugal, o que se justifica em parte devido ao pico da mortalidade verificado em Fevereiro e Março. É muito? Para alguns especialistas, é demasiado. A manter-se a tendência, será "preocupante". Em 2011, o número de funerais suplantou em cerca de seis mil o total de partos, e nessa altura já soaram campainhas de alarme. 
São várias as causas que justificam a tendência para o declínio da população, como o saldo migratório, mas a quebra da natalidade é normalmente a que mais preocupação gera. Os números mais recentes voltam a não deixar lugar para dúvidas: entre Janeiro a Novembro nasceram menos 6150 crianças do que no mesmo período de 2011 e, se este mês os nascimentos seguirem a tendência de Dezembro do ano passado, ficaremos pouco acima da barreira psicólogica dos 90 mil nados-vivos.
São dados do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce ("teste do pezinho"), muito aproximados dos números finais por serem realizados nos primeiros dias de vida dos bebés. Nunca nasceram tão poucas crianças desde que este programa arrancou, há mais de três décadas, lamenta a directora, Laura Vilarinho, recordando que em 2011 já tínhamos ficado pouco abaixo da fronteira dos 100 mil, com cerca de 97 mil nados-vivos.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Internet é a janela de um português que sai de casa uma vez por ano

Desde 1997 que José sai da sua casa na aldeia uma vez por ano, apenas para ir ao hospital. Tem 43 anos, é deficiente e a sua vida foi quase sempre assim. Esta é a história do homem que se divide entre duas janelas: a do quarto e a da Internet.

Da janela do quarto vê-se parte da aldeia de Ligares, município de Freixo de Espada à Cinta, a sua terra natal. Foi ali que José Araújo nasceu há 43 anos. Não foi um parto fácil e veio ao mundo com deficiências que nunca lhe permitiram o andar e o forçam a tomar medicamentos para poder viver. As pernas são tortas, a traqueia demasiado apertada, os movimentos são complicados, o coração está ao meio do peito. José não anda e nos últimos quinze anos só saiu de casa para se deslocar às consultas no hospital de Bragança. Nos últimos quinze anos não saiu mais do que 15 vezes de casa.

Nem sempre foi assim. Com o esforço da mãe, que o transportava às costas todos os dias em direção à escola, José aprendia. Na escola nunca teve dificuldades. Tinha amigos, como toda a gente e nunca se sentiu posto de lado. Com a quarta classe concluída, decidiu não prosseguir os estudos. As ruas de terra e de lama, as subidas e descidas da aldeia, a distância que separava a casa da escola, fizeram-no querer poupar a mãe, a quem agradece para a vida. "Se não fosse ela nunca teria aprendido a ler. E isso sim, seria uma enorme deficiência".

Tudo mudou quando os amigos se começaram a ir embora. Uns, seguindo o destino fatalista das aldeias do interior, partiram para as grandes cidades. Os outros casaram e acabaram, também eles, por partir. José ficou com os pais e os quatro irmãos. Entretanto o pai morreu e três irmãos saíram de casa para começar vida própria. José ficou com a mãe e o único irmão solteiro. A mãe, que toda a vida foi doméstica, recebe uma pequena reforma. José Araújo ganha uma pensão de cerca de 300 euros por mês.

O amante de cinema que nunca entrou numa sala
Com a impossibilidade de sair - uma cadeira de rodas simples nunca pode ser uma solução viável, dada a grande inclinação da aldeia - José começou a ler tudo o que podia, principalmente, graças às bibliotecas itinerantes da Fundação Gulbenkian. Para além da leitura, gosta de fotografia e de cinema, principalmente o neorrealista italiano. "Mas nunca entrei numa sala", confessa.
"Nasci numa família pobre mas com a sua riqueza", explica. "Somos todos muito unidos". O que falta em dinheiro, sobra em amor. A casa, embora esteja mais vazia que na sua infância, enche-se com as visitas da família que acabou por aumentar com o nascimento dos sobrinhos cujas fotografias pontuam as estantes, mesas e paredes.

Uma casa obstáculo
A casa é modesta e a disposição não ajuda à mobilidade de um deficiente. José não pede ajuda para continuar a ser o mais autossuficiente possível. Para ir à casa de banho tem de se arrastar pelos muitos degraus que descem ao primeiro andar e voltar a arrastar-se depois para o quarto.

O bloguer que colocou a aldeia no globo
José Pereira, primo e presidente da Junta, diz que a situação está sinalizada. Afirma que a Junta já fez um projeto para mudar a casa de banho para o primeiro andar mas que a Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta nunca libertou as verbas necessárias. "O que ele tem feito por Ligares é muito importante. Se não fosse o José havia muita memória que se iria perder para sempre", diz. Refere-se ao blogue sobre a terra que José Araújo fundou. Já lá vamos.

Há 21 anos à espera de resposta do Centro de Emprego
A sua vida mudou quando o irmão ganhou um computador Spectrum. Enquanto este jogava, José aprendia a programar. Quando lhe ofereceram a possibilidade de trabalhar numa fábrica de sapatos - tinha 22 anos - José declinou o convite. O seu sonho era trabalhar com computadores. O Centro de Emprego ficou de lhe tentar conseguir um curso na área. 21 anos depois, ainda não recebeu resposta. A falta de aptidões profissionais, conta, não o deixam trabalhar com informática profissionalmente. Mas ali há montes, vales, vinhas. Cursos, não. E os que estão online são caros demais para um bolso desde sempre apertado.
Há alguns anos quiseram-lhe pagar para que construísse um site. Não aceitou porque tinha um computador fraco. "Mas hoje penso que mesmo que tivesse melhor equipamento não podia aceitar. A responsabilidade passava a ser outra e eu não tenho curso, uma garantia que possa dar para além daquilo que sou capaz e que fui aprendendo sozinho!", explica.
Mesmo assim, depois de aprender inglês sozinho, vou desvendando os mistérios dos computadores com facilidade. "Sou curioso e gosto de aprender. Nunca olhei para as estrelas sem perguntar o que estava lá", refere.

Oito a dez horas por dia na Net
Foi aí, no ecrã, que foi construindo a janela que o deixa ver o mundo no lugar que quiser. "A Internet, para além do exercício da mente, permite-me comunicar. E tem o poder de colocar as pessoas todas ao mesmo nível", explica. Navegando, mesmo sem sair do quarto, passa oito a dez horas por dia na Internet à velocidade de 1 Mb/s, num momento em que se anunciam velocidades de 400 Mb/s. Por ela, "um luxo caro", paga cerca de 40 euros mensais. Já reclamou à ANACON pela discriminação negativa mas a resposta que teve é que "não podiam mexer nos tarifários das operadoras". "Dos 40, quinze euros são de taxa, o que é uma discriminação para as aldeias do interior. Anda lá alguém a dar à manivela para a internet chegar aqui?", pergunta. O Expresso constatou que é mais fácil apanhar rede espanhola do que portuguesa e que o 3G raramente se encontra.

No twitter escreve sobre política, mas há mais...
Com mais ou menos velocidade, tem dois blogues e um twitter. Um deles sobre a sua terra, Ligares. Junta memórias, fotografias, histórias e gentes da aldeia. Pede fotografias aos habitantes e outras, atuais, ao irmão. Investiga, escreve os textos e publica. "Já me escreveu uma pessoa a dizer que a única fotografia que tinha visto da mãe foi no blogue, que se não tivesse sido eu que nunca teria visto imagens da própria mãe. Isto paga tudo: o trabalho, o esforço, as horas passadas ao computador", conta. No twitter escreve sobre política. E depois há o "5N", o seu blogue pessoal e criativo. Reflete sobre o amor, a religião - mesmo não sendo crente - a sua vida. "Escrevo textos curtos como são curtos os acontecimentos da minha vida. É um outro mundo".

Há uns anos uma prima levou José a ver o mar. Foram a Matosinhos e depois a um centro comercial. "Senti-me muito bem. Estava tudo cheio de gente. Provavelmente, demasiado preocupados com as suas próprias vidas para olharem para mim. Foi bom sentir-me apenas mais um", recorda. "Muitas pessoas - por bondade, julgo eu - têm pena de mim. Dizem que há sempre quem esteja pior. Mas em que é que isso me alegra? Saber que há quem esteja pior que eu? Quem me dera que não houvesse. Tomara eu que fosse o único, era sinal que as pessoas estavam bem. Há coisas que nunca vou ter e gostava, como a saúde, o poder dar uma vida melhor à minha mãe. Materialmente, gostava de ter um computador melhor, um telemóvel melhor. Mas não vou andar triste por causa disso. Se não posso, paciência. Nunca pedi nada para mim", garante.

"O céu é aqui"
De uma coisa tem a certeza: não trocava o poder andar pela inteligência. "Não quero dizer que sou mais inteligente do que os outros, apenas que tenho a minha própria inteligência, que tenho consciência das coisas à minha volta. Vejo certas pessoas que andam e eu não gostava de ser assim. Dizem-me que quando for para o céu que vou andar. Talvez até venha a ser um Figo ou um Ronaldo. Mas eu acho que o céu é aqui e que é aqui que temos de aproveitar. Tudo o resto é uma enorme incerteza".

Siga o grupo aberto por José Araújo no Facebook
No texto de apresentação do grupo no Facebook, José Araújo escreve: "É difícil partilhar a minha vida convosco, porque nem comigo a consigo partilhar. Sinto que muitas vezes passa por mim sem me falar, não é por não a querer viver! Quero e muito! A minha vida é que tem um feitio muito difícil, tenho de me chatear com ela, mesmo que não queira. Eu quero sempre mais e ela quer me dar apenas o que há... tem dias que não a suporto! Apesar disso, amo-a muito, somos inseparáveis! Sorrimos quando podemos, choramos quando dói e ficamos sós, quando assim tem de ser... amo-a e como-a com toda a minha alma! Sem ela não vivo e isso diz tudo... às vezes parece-me encontrar vidas mais belas, fico triste com a minha! Porém, as outras vidas, por mais belas que sejam, não me amam como a minha. É a minha vida e só posso pedir que me aceitem assim, que o amor que tenho pela vossa vida seja o mesmo que sintam pela minha."

Clique para aceder ao grupo de José Araújo no Facebook

Pedro Neves (reportagem), Carlos Paes (infografia)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Feliz Natal!!

A todos quantos vão passando por este blog, agradeço as visitas e desejo um Feliz Natal e, dentro das condicionantes sobejamente referidas, um ótimo 2013!

sábado, 22 de dezembro de 2012

Uma escola para 14 nacionalidades

“Meninos, façam uma fila indiana”, manda a professora. “Indiana? Porquê indiana?”, pergunta um rapaz, provavelmente indiano. Na escola básica n.º 1 da Madalena, num primeiro andar da Rua da Madalena, no centro de Lisboa, é difícil que toda a gente se entenda. “Fila indiana” e “sentar à chinês”, por exemplo, são expressões que grande parte dos miúdos não percebe. “Quando me zango com os meus alunos e pergunto: ‘Mas eu estou a falar chinês com vocês?’, a minha chinesinha responde logo: ‘Não está não, professora’”, ri-se Inês Lopo, professora e diretora da escola.
Dos 67 alunos da escola da Madalena, pelo menos 35 são estrangeiros, diz a diretora. “No primeiro dia de aulas, o espanto é quando vemos na lista um nome português”, conta Helda Nascimento, professora da turma de 22 alunos do 1.º ano, onde há dez nacionalidades diferentes.
Num quadro de presenças à porta da sala de aula, os nomes dizem tudo: Sanjidah, Maruf, Minesh, Fardih, Abeeha, Malisha, Ambre, Ruxanda e lá pelo meio uma Laura, um Sebastião, um Pedro e uma Inês.
Na hora de enumerar os 14 países de origem dos miúdos da escola, a história repete-se: “Guiné, Nepal, São Tomé, Sri Lanka, Moldávia, Ucrânia, Roménia, Paquistão, Índia, Bangladesh, China, Angola, Cabo Verde... Esperem lá, está-nos a faltar um...”, diz alguém na sala de professores. “Ah, claro, Portugal...”
A razão para tanta multiculturalidade numa só escola? A Mouraria, mesmo ali ao lado. “Há muitos pais que põem aqui os filhos porque trabalham na zona”, explica Carla Carvalho, professora de apoio de Português na escola.
“Mas a fama também vai passando de boca em boca”, continua Carla. “Sabem que aqui respeitamos a cultura de cada país. Por exemplo, nos dias de festa pedimos para virem com roupas tradicionais e trazerem comida típica, fazemos esse tipo de actividades que evidenciam as culturas e que não acontecem noutras escolas.”

EMENTA COM RESTRIÇÕES 
E por falar em comida, a hora das refeições é sempre complicada porque aqui “respeita-se a religião e as restrições alimentares impostas por ela”, esclarece a professora. “Há meninos que não podem comer glúten ou porco, outros que não comem carnes vermelhas, outros que são intolerantes à lactose, uns vegetarianos de todo, outros que só comem peixe, outros ainda que só comem carnes brancas e peixe...” Enfim, uma confusão. “Até já tivemos um aluno que entrou no Ramadão e nos pedia para sair da escola à hora das refeições”, recorda Inês. No primeiro dia de aulas, quando ainda não se sabe com o que contar, a solução é encomendar um almoço que em princípio não traga problemas a quase ninguém, “tipo douradinhos ou frango”.

NADAR DE CALÇAS E CAMISOLA 
Não é fácil também lidar com as diferentes religiões dos miúdos. Na natação, uma das atividades promovidas pela escola, há pais a proibir as filhas de entrarem dentro de água. “Dizem-nos: ‘Português sim. Bangladesh não’”, conta Inês, a imitar o sotaque de um pai. Outros já se tornaram mais tolerantes e deixam que as filhas aprendam a nadar, “mas de calças ou calções e uma camisola”.
Nas aulas, algumas raparigas muçulmanas têm de usar véu e é frequente faltarem no período de festas dos seus países. “Dantes faltavam sem dizer porquê ou mentiam, mas agora já se habituaram a dizer-nos que têm as festas tradicionais ou que vão visitar o seu país.” Já houve pais que proibiram as raparigas de se sentarem ao lado dos rapazes. “Também tivemos situações de pais que não queriam que os meninos se sentassem uns ao lado dos outros porque os países estavam em guerra, como o Paquistão e o Bangladesh”, conta Inês. “E nós tentamos explicar que as crianças não têm culpa.”

TRADUTORES 
No hall de entrada da escola são precisas três professoras para explicar a um pai a que horas é o lanche de final de período com pais e alunos. “Quatro, quatro horas”, repetem, enquanto gesticulam. Nas reuniões com os pais passa-se o mesmo e alguns já aparecem com amigos que estão em Portugal há mais tempo e falam melhor. Às vezes vêm com um tradutor da embaixada e quando isso não acontece são os próprios alunos a traduzir. “Mas há tantos dialetos que às tantas os meninos de países com a mesma língua já nos dizem: ‘Professora, eu não percebo o que ele diz. Não falamos a mesma língua.’”

NATAL SEM BACALHAU 
Para dar a matéria é complicado e há que recorrer a muitas imagens, gestos e dicionários ilustrados. Mas os alunos portugueses não saem prejudicados, garante Inês. “Pelo contrário, temos vários planos de aulas e os portugueses tentam ajudar os outros”, explica Inês.
Helda diz que o seu melhor aluno é o ucraniano Ievgen. Quando chegou a Portugal, no início do ano letivo, não falava uma palavra de português. “Há uns que não falam de todo. Outros que leem e percebem tudo mas nunca falam e outros que aprendem rápido.”
Por esta altura, a escola preocupa-se em não valorizar muito o Natal, até porque grande parte dos alunos não o festeja. “Houve um exercício que até tive de retirar de uma ficha”, continua Inês. “Dizia para ‘pintar os alimentos que comes na noite de Natal’, mas muitos dos meus alunos nem sabem o que é bacalhau.”
Por Clara Silva

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Lista de produtos de apoio para 2013 - Instituto Nacional para a Reabilitação

Em Diário da República, foi publicado o Despacho n.º 16313/2012, emitido pelo Instituto Nacional para a Reabilitação, I. P., que  homologa a lista de produtos de apoio, para vigorar a partir de 1 de janeiro de 2013.

A lista encontra-se em anexo ao despacho.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

PROJETO BIA - Sistema de Comunicação Aumentativo e Alternativo

A Câmara Municipal de Castro Daire criou o 1º Sistema de Comunicação Aumentativo e Alternativo Multiplataforma (Windows, Mac, Linux, Android, iPad, iPhone) desenvolvido em Portugal, com funcionalidades únicas no mundo e totalmente gratuito. O sistema foi batizado de “BIA”.
Este projeto surgiu com o objetivo de melhorar a vida da Beatriz, uma criança do Concelho de Castro Daire com paralisia cerebral (tetraplegia espástica com componentes atetósicos e disartria) que não consegue comunicar de forma verbal, o que constantemente se revela uma enorme limitação, pois torna-se difícil satisfazer as suas necessidades mais básicas.
Este sistema tem como base os símbolos pictográficos de comunicação coloridos, devidamente separados por categoria, que após a sua seleção, reproduz sonoramente a palavra associada ao símbolo. A BIA, permite a seleção de vários símbolos convertendo-os numa frase que poderá ser reproduzida ou alterada em qualquer momento. A navegação entre as categorias e símbolos, pode ser feita de várias formas, permitindo desse modo responder às várias limitações dos possíveis utilizadores. O sistema permite gerir os símbolos pictográficos (adicionar, editar, apagar) de modo a ser adaptado às necessidades do utilizador final.
Este projeto pretende ser uma referência internacional, motivo pelo qual, possuiu os seguintes idiomas: Português, Inglês, Chinês, Alemão, Francês e Espanhol, conseguindo dessa forma romper com as barreiras geográficas, dando visibilidade a este projeto a nível internacional.
Atualmente existem no mercado outros Sistemas de Comunicação Aumentativo e Alternativo, mas com grandes custos de aquisição, atualização e limitados aos vários sistemas operativos. Em termos de inovação o Projeto BIA tem funcionalidades únicas no mundo:
- Geo-localização – permite enviar as coordenadas GPS do utilizador(criança ou adulto), para um contato definido na aplicação (Android, iPhone e iPad), em caso de emergência ou de desorientação.
- Envio de Email – permite a comunicação via email após a construção de frases com símbolos, por parte do utilizador. O destinatário recebe a mensagem em texto após uma conversão automática. 
Esta aplicação móvel poderá ser aplicada a outros tipos de problemáticas, como o caso da estimulação da fala em crianças com Autismo, idosos que sofreram algum acidente que lhes limita a voz, entre outros. Em termos mais terapêuticos, este projeto poderá ser um excelente auxilio na área da terapia da fala.
Este sistema é totalmente gratuito e ficará disponível na página do projeto, App Store e Google Play, permitindo, desse modo, o download e instalação em qualquer parte do mundo.
Este software foi totalmente desenvolvido na Câmara Municipal de Castro Daire, sem qualquer custo extra, com o apoio da Rádio Limite na narração dos símbolos, em parceria com a Associação de Paralisia Cerebral de Viseu e com a Associação Sorriso da Rita.
Neste momento a Câmara Municipal de Castro Daire está a estabelecer parcerias com várias empresas, associações nacionais e internacionais com o objetivo deste projeto responder ao maior número de situações diferenciadas.
A apresentação oficial do projeto será dia 5 de março de 2013, contando com a presença de investigadores, técnicos, professores, encarregados de educação, ligados à paralisia cerebral, autismo, terapia da fala e acompanhamento de idosos.
O Projeto BIA é uma clara aposta da Câmara Municipal de Castro Daire na inovação e empreendedorismo social e demonstra que a autarquia tem potencialidades para criar e desenvolver projetos realmente tecnológicos com destaque mundial sem envolver custos adicionais.
Mais informações e pormenores em http://cm-castrodaire.pt/bia

Dos cortes, em Educação…

... Até agora só tenho visto decisões cegas, tiradas a regra e esquadro como um mapa do centro africano em conferência berlinense, que de tão racionais provocam efeitos de irracional distorção e acelerada entropia na eficácia de todo o sistema.

Vejamos:

- gigantismo e concentração na gestão escolar que, em troca de alegadas poupanças, vai tornar completamente disfuncional a gestão de grande parte das escolas públicas, com um afastamento – agravado pelo modelo unipessoal – do centro de decisões em relação ao terreno, aumentando de forma dramática as distâncias que muitas crianças precisam de percorrer para frequentar não o velho "Liceu" mas agora a própria "Primária", num modelo de meados de Oitocentos;

- reduções brutais nas remunerações dos docentes (encaradas como redução da despesa) que, em acumulação com a destruição dos horizontes de progressão na carreira, deixaram completamente desmotivados e sem qualquer confiança na tutela os executores de quaisquer reformas educacionais que se queiram implementar com algum sucesso. Ao mesmo tempo, acumula-se um lumpen docente em situação de precariedade e sub-emprego como pressão sobre quem está (estava!) nos antigos quadros de escola para que aceitem condições de trabalho cada vez piores;

- diminuição do apoio aos alunos mais desfavorecidos e com dificuldades de aprendizagem moderadas ou severas (o que se vai passando com os alunos com NEE vai sendo cada vez mais vergonhoso), a par com a definição de percursos educativos promotores de crescente segregação sócio-educacional, importados de algures sem atenção ao contexto nacional, criando uma escola a várias velocidades e plural no mau sentido. Uma escola em que os indesejáveis são remetidos para escolas públicas sem os luxos herdados da Parque Escolar, enquanto se tenta concessionar a privados os nichos mais atractivos e menos problemáticos do mercado da Educação.

Ao mesmo tempo oculta-se ou manipula-se informação relevante sobre o desempenho dos alunos e o trabalho dos professores nas escolas públicas nos últimos 15 anos (cf. resultados dos testes PIRLS e TIMMS) que contrariam a tese do mau trabalho feito, e não se faculta informação transparente sobre a forma como são geridas as escolas privadas com contratos de associação feitos à medida de interesses particulares e a quem se pretende dar uma maior fatia do orçamento do MEC em troca da fidelidade ao modelo dos cortes acima exposto.

Recupera-se, ainda, a ideia da municipalização da Educação, herdada dos mandatos anteriores e que antes se criticava, apenas porque assim se desorçamentam os encargos directos do MEC. Ideia essa que entre nós nunca funcionou, muito menos em tempos de emagrecimento dos orçamentos autárquicos. Muito menos quando se foi incapaz de contrariar o instalado caciquismo local, potenciador de fenómenos de clientelismo na gestão dos recursos humanos.

Dos cortes em matéria de Educação, que se dizem inevitáveis sem explicar porque não se corta em outras matérias gravosas para os encargos do Estado, e em montantes que ninguém demonstra serem fundamentados, apenas conhecemos práticas de amputação da Educação em Portugal e ideias tendentes ao aumento das desigualdades.

Pode ser o que resulta de modelo ideológico, mas é errado, profundamente errado e, apesar dos truques incluídos (afastar um lote assinalável de alunos das provas de avaliação externa), levará a uma fortíssima degradação do desempenho de todo o sistema, em especial das parcelas pré-destinadas ao fracasso num sistema que faz por cumprir as suas próprias profecias.

Em suma, faz-se o contrário do que qualquer bom economista da Educação sugere em tempos de crise, ou seja, que o investimento em efectiva qualificação se faz em contra-ciclo com a Economia.

Mas o capital humano que nos desgoverna é o que é e não se pode esperar mais do que uma pirâmide ou acrópole de imitação, em pauzinhos de fósforo, já ardidos, e bem contados.

Paulo Guinote
Professor e autor do blogue "A educação do meu umbigo"


Notas:
1- Foi mantida a ortografia original;
2- O destacado é nosso.

“A aplicação dos Direitos da Criança tem sido lenta e pouco consistente”

A Convenção dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, foi ratificada por Portugal em 1990, mas, no nosso país, há um desconhecimento alargado sobre os artigos que aí se encontram.
Com o aumento das dificuldades económicas das famílias, as crianças são o grupo mais vulnerável à pobreza, tendo inclusive ultrapassado o dos idosos, de acordo com um estudo encomendado em 2011 pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.
Precisamente com o intuito de proteger os direitos das crianças e de consciencializar a sociedade para esta necessidade, a Amnistia Internacional – Portugal criou, em 2011, uma estrutura específica para divulgar esta convenção e assegurar o seu cumprimento.
Num momento de particular austeridade e cortes orçamentais, o Magazine de Educação falou com Manuel Almeida dos Santos, coordenador do Cogrupo sobre os Direitos das Crianças.

A Convenção sobre os Direitos da Criança foi ratificada por Portugal em 1990. Vinte e dois anos depois, como está a situação em Portugal relativamente ao respeito e à proteção dos direitos das crianças?
A aplicação da Convenção dos Direitos da Criança tem sido lenta e pouco consistente, não tendo conseguido evitar um agravamento do quotidiano de muitas
crianças. Por outro lado, não foi ainda promovida uma ação de divulgação da convenção, constatando-se a existência de faixas alargadas de crianças, pais,
professores e outros membros da comunidade que nunca tiveram um contacto
aprofundado com a convenção e com aquilo que dela resulta. 

Quais são os principais problemas que afetam as crianças em Portugal?
As diferentes organizações que trabalham na área dos Direitos das Crianças têm divulgado um conjunto alargado de preocupações, sendo de destacar um elevado número de crianças em situação de risco (só em 2011 foram acompanhados pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens cerca de 68 000 casos), um crescendo de limitações de acesso à habitação e aos serviços públicos essenciais (água, eletricidade, gás, etc.), um avolumar de dificuldades económicas do agregado familiar, a não consideração do superior interesse da criança nas relações desta com a sociedade e a dificuldade no estabelecimento de um clima afetivo na escola e em muitas famílias.

Compreende-se assim, que, em 2011, as crianças tenham sido consideradas o grupo mais vulnerável à pobreza. No contexto atual de crise e cortes orçamentais, de que forma é que isto se reflete?
A situação de total dependência das crianças relativamente ao poder de criação das condições para o seu desenvolvimento coloca-as na posição de grande vulnerabilidade na atual situação económico-social. Isto tem reflexo no acesso à satisfação de necessidades básicas (alimentação deficiente, carência de meios para transportes, ausência de água canalizada e eletricidade por incapacidade do seu pagamento, degradação do ambiente familiar e da situação habitacional, insuficiência de material escolar, redução dos apoios sociais, etc.), com a consequente afetação do bem-estar físico e psicológico necessários a um são desenvolvimento.

E que papel podem ter as escolas e os professores relativamente à Convenção dos Direitos das Crianças?
Fundamentalmente aplicando as disposições da convenção, promovendo o seu estudo e divulgação. Toda a comunidade escolar deve conhecer aprofundadamente a convenção, nomeadamente no direito à educação e ao reconhecimento das crianças como sujeitos portadores de direitos, com a consequente
aceitação da igualdade na dignidade sem pretensões de subalternidade das crianças seja em que situação for. Por outro lado, a escola e os professores devem ter em conta a problemática que afeta as crianças no seu meio envolvente, procurando contribuir de forma ativa para minimizar os seus aspetos negativos. Importa relevar o direito ao afeto e à parentalidade socioafetiva como uma regra incontornável na consideração dos direitos das crianças.

E o Estado?
Ao Estado exige-se, como parte da convenção, o cumprimento das obrigações que assumiu ao ratificar esse referencial jurídico. Nessas obrigações inclui-se implementar as disposições legais necessárias à sua observância e à não tomada de medidas que não tenham em conta o que lá se estatui. Neste capítulo, a recente aprovação do Estatuto do Aluno e Ética Escolar coloca este normativo longe da filosofia subjacente à Convenção dos Direitos da Criança, tendo o Cogrupo sobre os Direitos das Crianças da Amnistia Internacional – Portugal feito chegar a sua apreensão e parecer à Assembleia da República.
Ao Estado incumbe, também, proporcionar as condições políticas e socioeconómicas previstas na Convenção para que as crianças possam dispor do seu usufruto tendente a um sadio desenvolvimento global.

De 1990 até aos dias de hoje, que alterações já foram realizadas?
As alterações mais visíveis verificam-se nas áreas da escolarização e da saúde, havendo uma evolução mais lenta, e, por vezes, em retrocesso, nas restantes. Lamenta-se que se esteja a assistir a uma degradação das condições económicas das crianças, com as consequências inerentes tendentes a um aumento das situações de pobreza e exclusão social, assim como do reconhecimento do aumento da dificuldade de integração na sociedade após a conclusão dos estudos, em condições dignas de trabalho e remuneração.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Escola: a promoção da desigualdade!

Salas de aula a abarrotar. Alunos desinteressados, desatentos e agitados. Docentes cada vez mais sobrecarregados com mais aulas, com mais alunos e com mais burocracia; desgastados e impotentes na imposição de medidas que ponham fim à indisciplina. Falta de assistentes operacionais que vigiem devidamente espaços, onde habitualmente ocorrem conflitos. Pais demasiado atarefados ou preocupados com a sobrevivência, para valorizarem a escola e acompanharem o percurso escolar dos filhos. Eis a escola atual!

Mas afinal de quem será a culpa para a escola estar no estado em que está? Dos alunos? Dos pais? Dos professores? Da forma como o sistema de ensino está concetualizado? Apontaria para a última hipótese. Vejamos cada um dos intervenientes no contexto escolar.

Quem são os alunos que, sem querer generalizar, destroem frequentemente as aulas? Os alunos que foram transitando sem adquirir os conhecimentos necessários para acompanhar o nível crescente de exigência. Quantos são os alunos que, estando a frequentar o 2.º ciclo, não sabem ler nem escrever? Posso garantir que são bastantes. Se estão no 2.º ciclo e não adquiriram as competências do 1.º ciclo, então a culpa é dos professores que os passam sem saberem nada? Diria eu não. Assim, vejamos, os professores do 1.º ciclo são obrigados a passar todos os alunos do 1.º para o 2.º ano, mesmo que estes não tenham adquirido conhecimentos mínimos, por exemplo, mesmo que não reconheçam as letras. Mas há mais: por vezes, na mesma sala de aulas, o professor tem alunos dos 1.º, 2.º, 3.º e 4.º anos. Acho que anda por aí alguém a pensar que os professores do 1.º ciclo devem ter poderes mágicos ou algo parecido! Quando o alicerce é tão frágil, tudo o resto acabará certamente muito mal.

Se calhar são mesmo os pais destes alunos os culpados de tudo. Os filhos não aprendem e eles nem querem saber. Os filhos deixam os professores "à beira da loucura" e eles simplesmente encolhem os ombros e, lá no fundo, bem no fundo, pensam "Os professores que os aturem, pois nós já os aturamos em casa!". Mas, afinal, quem são os pais destes meninos indisciplinados que, a determinada altura, estão na aula de matemática e tudo lhes parece chinês? São aqueles que, para sustentarem a família, trabalham horas e horas e têm de deixar os filhos entregues a si próprios ou a uma vizinha quando não estão na escola; ou então são aqueles que, não fazendo nada o dia inteiro, desvalorizam completamente o papel da educação no futuro dos filhos. Eles também nunca tiveram jeito para a escola, como é que os filhos haveriam de ter? Não será por acaso que estudos recentes mostram que o baixo aproveitamento escolar e até o abandono escolar dos alunos portugueses não são fenómenos restritos a Portugal. Mesmo quando integrados no sistema educativo do Luxemburgo, Canadá, Reino Unido, Suíça e França, os alunos portugueses apresentam maior insucesso e abandono escolar que os restantes estrangeiros a viver nestes países.

Serão os professores os maiores culpados da situação em que se encontra o sistema educativo atual? Se tivessem a possibilidade de passar algumas horas em salas de aulas completamente a abarrotar, que nem sequer foram projetadas admitindo a hipótese de ter 30 alunos lá dentro... Se conhecessem alguns dos alunos que frequentam essas mesmas aulas... Se sentissem que muito dos alunos não vos ouviam porque se deitaram tardíssimo na noite anterior, ou porque não percebem nada do que lhes é dito, ou, simplesmente, porque não estão habituados a respeitar figuras de autoridade... então seria mais fácil responderem à questão atrás lançada.

Face ao exposto, o que fazer para que a escola possa realmente responder de forma mais eficaz a diferentes necessidades e promova de facto uma maior igualdade? 

Em primeiro lugar, é urgente uma intervenção precoce, junto de alunos que, nos primeiros anos de escolaridade, apresentem dificuldades. Em segundo lugar, é fundamental que os alunos façam todos os trabalhos escolares no contexto escolar, ainda que isso signifique diminuição do número de disciplinas, mas não de professores. Em muitas famílias portuguesas é utópico pensar que os pais vão estar disponíveis para apoiar e supervisionar a realização de tarefas académicas quando os filhos chegam a casa. Como se trata de uma utopia, há imensas crianças condenadas ao insucesso escolar, logo no início da sua escolaridade.

Estamos no mês de dezembro. Terá este tema sido bem escolhido? Quem sabe se alguém o aproveita em 2013? Mais uma utopia!

Adriana Campos

In: Educare

Tetraplégica domina braço robótico com pensamento


Jan conseguiu comer chocolate sozinha com o seu braço robótico. Fotos © UPMC. Clique no link abaixo para ver um vídeo da norte-americana a testar esta tecnologia.


O caso da norte-americana Jan Scheuermann não é o primeiro em que um braço robótico é controlado pelo pensamento. Porém, de acordo com os especialistas, nunca se tinha conseguido um controlo tão preciso e natural. Agora, graças a uma equipa da Universidade de Pittsburgh, nos EUA, a mulher de 53 anos, tetraplégica, conseguiu até dar chocolate a comer a si própria.

"Dar cinco" a alguém, agarrar e mover objetos de diferentes formas e tamanhos ou até comer sem necessitar de ajuda são tarefas que, para a maioria de nós, parecem banais. No entanto, há já nove anos que Scheuermann, que sofre de degeneração espinocerebelar - uma patologia que leva à destruição das células nervosas do cerebelo, do tronco cerebral e da espinal medula e à perda dos movimentos - não conseguia cumpri-las.

Ao tomar conhecimento de um sistema pioneiro que estava a ser desenvolvido em Pittsburgh, a norte-americana decidiu partilhar a sua história e acabou por integrar a experiência que, com recurso a uma tecnologia "cérebro-computador" dá aos pacientes a possibilidade de controlar, com a mente, um braço robótico. 

Para que tal fosse possível, a equipa implantou no cérebro de Scheuermann duas grelhas de eletródos com um centímetro quadrado e com 96 minúsculos pontos de contacto nas regiões cerebrais que efetuam, normalmente, o controlo do braço direito e do movimento da mão. 

"Antes da cirurgia, efetuámos testes de imagiologia ao cérebro para determinar exatamente onde colocar as duas grelhas", conta Elizabeth Tyler-Kabara, cirurgiã responsável pelo procedimento, numa nota divulgada no site da Universidade de Pittsburgh.

Os elétrodos colocados nas grelhas recebem os sinais dos neurónios dos indivíduos e, posteriormente, são utilizados algoritmos computacionais para identificar os padrões associados a determinados movimentos observados ou imaginados, como levantar e baixar o braço ou rodar o pulso. Depois, a intenção do movimento é transformada em verdadeiro movimento, materializando-se no braço robótico.
A caminho da independência

Ao fim de uma semana, a mulher conseguia já esticar o braço - ao qual deu o nome de "Hector", movê-lo para a direita e para esquerda, levantá-lo e baixá-lo, o que lhe proporcionou o chamado "controlo tridimensional". Passados três meses, Scheuermann tornou-se capaz de dobrar o pulso e rodá-lo, além de agarrar objetos - ou seja, de efetuar um "controlo a sete dimensões".

"Trata-se de um passo em frente espetacular no caminho em direção à independência das pessoas que não são capazes de mover os braços", defende Andrew B. Schwartz, um dos coordenadores da investigação, em comunicado.

Segundo Schwartz, a tecnologia em causa "interpreta os sinais do cérebro para guiar um braço robótico" e "tem enorme potencial", um potencial que continuará a ser explorado. O especialista garante que o estudo mostrou ""que é tecnicamente plausível restaurar a mobilidade" e que todos os participantes afirmaram que o sistema lhes deu "esperança para o futuro". 

Já para Schuermann, esta tem sido "a viagem de uma vida". A norte-americana vai continuar a treinar movimentos com recurso a esta tecnologia durante os próximos dois meses e, depois, os implantes serão removidos numa nova cirurgia. "É uma autêntica montanha russa. É como fazer queda livre. É maravilhoso e estou a aproveitar cada momento", conclui.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O país do faz de conta

Faz de conta que somos um país. O Ministro da Educação não dispensou (despediu?) cerca de 30 mil professores (colaboradores?), num só mês. Que se tratava de gente qualificada, experiente, e de dádiva diária. Faz de conta que tudo isto não se passou no grupo socioprofissional europeu em que há mais casais no exercício da mesma profissão. Faz de conta que qualquer notícia de um despedimento de tal monta, em qualquer empresa mundial, mesmo a ser aplicada apenas para próximos dois ou três anos, não seria notícia de abertura de todos os telejornais do mundo, dito, ocidental… Por aqui, faz de conta que foi considerada uma mera medida de ajuste do sistema educativo. Faz de conta que essa medida foi sustentada em qualquer relatório de uma qualquer comissão de avaliação externa, independente e credível… Faz de conta que a OCDE não disse, nesse mesmo dia, que o número de alunos no básico e secundário tinham aumentado em Portugal em 70 mil. Faz de conta que, no mesmo dia, o Ministro da Educação não disse que os estudantes tinham diminuído em 200 mil. Faz de conta que a EU não nos obriga a aumentar para 40% o número de diplomados no ensino superior, entre os 30 e os 34 anos, até 2020. Por isso mesmo, faz de conta que não vivemos num país em que inúmeros pais dos nossos alunos ainda têm menos habilitações académicas do que os seus filhos. Faz de conta, ainda, que já não há alunos com avós analfabetos. Faz de conta que não se reduziram as actividades, os currículos e horas curriculares nas escolas, para provocar fictícios excedentes de professores e de educadores. Faz de conta que, actualmente, os professores não fazem um pouco de tudo, menos o que deveriam (e sabem) fazer: isto é, ensinar, educar, orientar e promover o desenvolvimento dos seus alunos. Faz de conta que não há escolas onde se morre de frio. Assim como não há escolas com novíssimo aquecimento central e ar condicionado topo de gama, mas que ambos estão desligados… por falta de verbas orçamentais para pagar as contas à EDP/GALP. Faz de conta que não há estudantes com fome nas aulas, e que o ensino já é tão gratuito que ainda querem que ainda seja mais bem pago. Faz de conta que os professores podem (devem?) ficar em casa, desocupados, num país onde ainda falta muita escola, cultura, aprendizagem da cidadania e, sobretudo, apoio a alunos com necessidades educativas especiais e a grupos socioculturais altamente carenciados e diferenciados. Faz de conta que o ministro não tem os corredores do seu ministério apinhados de assessores de duvidosa proveniência e que não é imune aos grupos de pressão, sobretudo os que tentam repartir o bolo entre o público e o privado. Faz de conta que os rankings das escolas traduzem a real e verdadeira situação dessas organizações educativas, na sua globalidade. Faz de conta que não temos uma das redes europeias mais pequenas de ensino superior público e que os ditos mega agrupamentos não se baseiam em medidas de caracter exclusivamente orçamental. Faz de conta que os professores não têm que fazer centenas de horas extraordinárias não remuneradas, e adicionalmente, tenham que pagar os transportes públicos para se deslocarem, diariamente, para o seu local de trabalho, ao contrário de outros grupos socioprofissionais do Estado. Faz de conta que os docentes nunca souberam o que significava a expressão mobilidade geográfica e profissional e que Portugal não está a custear a formação dos seus jovens para que outros países os acolham, já formados, e sem qualquer custo adicional. Faz de conta que os melhores e mais capazes, regressam logo que podem, em reconhecimento do esforço que a pátria por eles fez. Faz de conta que não temos ministros e secretários de estado que não fazem a mínima ideia do que é estudar e obter um diploma a sério (com trabalho, sacrifício, suor e, quantas vezes, até lágrimas…). 
Faz de conta que o país não exige demais, sobretudo às franjas sociais mais fragilizadas. Aliás, sabe-se, que a primeira coisa que um governante faz quando tem um familiar doente é correr para as urgências do hospital público mais próximo, ou integrar a fila das 8 da manhã do centro de saúde do seu local de residência. Faz de conta que os governantes se fazem deslocar em veículos que estariam ao alcance do seu orçamento familiar, se fossem comuns cidadãos. Faz de conta que os professores e a educação não são considerados em todos os relatórios internacionais como o melhor bem de cada país e apontados como O recurso indispensável ao progresso dos povos. Faz de conta que não somos um país nas mãos dos “Jotas”, formados no espírito corporativo da fidelidade cega ao chefe e da ascensão fácil, quantas vezes por desmérito. 
Por tudo isto, o nosso ministro vai dando uma no crato, quando diz que os professores (ainda) são necessários ao desenvolvimento, e outra na ferradura, quando quer ostentar publicamente o preço por aluno, sem base em critério universalmente aceite e estabelecido por entidade idónea. 
Somos o país do vai andando, o país do outro lado do espelho. Mas também somos o povo do faz de conta onde, um dia, se acorda e se percebe que, afinal, já toda a gente percebia o que todos nós também já tínhamos percebido, e que eles teimavam em querer que a gente fingisse que ainda não percebera. Perceberam?! 

João Ruivo 
ruivo@rvj.pt

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Projeto Ensino Básico Vocacional

Partilho a apresentação do Ministério da Educação e Ciência sobre o Projeto do Ensino Vocacional, apresentado publicamente no dia 14 de dezembro nas Caldas da Rainha.
Independente da política seguida, no verdadeiro sentido do termo, com base na experiência profissional que vou tendo, penso que poderá ser a solução adequada para alguns alunos. O problema situa-se ao nível da concretização da medida, quando, por decreto, se condiciona a criação destas ofertas educativas, sem ponderar algumas variáveis determinantes, como a região, a existência de um número significativo de alunos, etc.
Para consultar a apresentação, aqui Projeto Ensino Básico Vocacional.

Ações de sensibilização

No âmbito da missão do Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., vão realizar-se em dezembro, no auditório do INR,I.P., as ações de sensibilização:
A "Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência - art. 12º e 13º- Igualdade e não discriminação: o reconhecimento igual perante a lei e o acesso à justiça"
no dia 19 de Dezembro - 2 ª edição
no dia 20 de Dezembro - 3ª edição
A "Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência - art. 16º - A prevenção da violência a pessoas com deficiência"
- no dia 27 de Dezembro - 1 ª edição 
- no dia 28 de Dezembro - 2 ª edição
Estas ações têm como destinatários preferenciais técnicos, docentes e alunos nas áreas da segurança nacional, justiça e do direito e como objetivos a:
- Promoção dos direitos das pessoas com deficiência;
- Sensibilização dos participantes para o combate à discriminação com base na deficiência;
- Identificação das práticas discriminatórias mais comuns;
- Capacitação dos participantes com conhecimentos e a identificação de recursos visando a promoção dos direitos das pessoas com deficiência e a prevenção de atos de violação dos mesmos
As vagas para a frequência (gratuita) devem ser reservadas até às 14:00 horas do próximo dia 18 de dezembro, através do envio da ficha de inscrição para as referidas ação de sensibilização.
In: INR

sábado, 15 de dezembro de 2012

Apoio psicológico gratuito para crianças

O desemprego é um fantasma que assola muitas famílias portuguesas, que se debatem com dificuldades financeiras, frustrações ocupacionais, preocupações de futuro e de gestão corrente, depressão e trauma. Embora seja um "problema de adultos", não passa indiferente às crianças. Por essa razão, a Oficina de Psicologia vai oferecer, em Lisboa, acompanhamento psicoterapêutico gratuito aos mais novos que estejam em situações difíceis.

"Os miúdos também deprimem. O desemprego dos pais também lhes é traumático. E, no entanto, é precisamente a esses miúdos que está vedado o acesso a consultas de Psicologia Clínica, pelas constrições financeiras dos pais", explicam os responsáveis da entidade.

Portanto, neste Natal, a Oficina de Psicologia uniu esforços para dar de presente a 12 crianças lisboetas de famílias em fortes apuros financeiros como consequência do desemprego a estabilidade emocional para um futuro risonho, sem quaisquer custos. 

Para que as crianças possam beneficiar deste apoio é apenas necessário enviar um e-mail para contacto@oficinadepsicologia.com com os respetivos contactos e explicando a situação. Embora não possam oferecer "teto ou mesa", os psicológos querem, assim, "oferecer um chão sólido onde se apoiarem" em busca de um amanhã mais positivo.

Clique AQUI para aceder ao site da Oficina de Psicologia.

Roupa interativa portuguesa para crianças "especiais"

Tarefas como vestir ou despir a roupa diariamente podem parecer simples e rotineiras para muitos de nós, mas tornam-se verdadeiras batalhas para as pessoas com necessidades especiais e, em particular, para as crianças com limitações motoras. Foi para tentar ajudar a melhorar a sua qualidade de vida que a designer de moda portuguesa Ângela Pires desenvolveu o conceito sensorialFIT, que assenta em peças de roupa confortáveis e fáceis de vestir para promover a autonomia e bem-estar infantis.
A ideia surgiu em 2008 no âmbito da tese de mestrado em Design de Moda desta portuguesa de 27 anos, natural da Covilhã mas residente em Vila do Conde, que queria criar uma marca de vestuário que "pudesse de alguma forma contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas". "Lembrei-me das crianças com necessidades especiais, que têm mais dificuldades em atos como vestir e despir, e fiz um estudo sobre este tema", conta Ângela em entrevista ao Boas Notícias.
Depois de contactos com "inúmeros terapeutas, com pais e com as próprias crianças para perceber melhor as principais dificuldades relacionadas com o vestuário" e também "os tipos de terapias utilizadas para aumentar o desenvolvimento destas crianças", o conceito sensorialFIT começou, finalmente, a tomar forma.
Atualmente, Ângela está a desenvolver uma coleção que, nesta fase inicial, é apenas de partes de cima - t-shirts, camisolas, casacos, entre outras peças. "Ainda estão a ser feitos os primeiros protótipos que, por integrarem vários elementos inovadores, terão que ser testados para validar a sua eficácia. Só depois poderão ser produzidas as primeiras peças em maior quantidade", esclarece a designer de moda.

Duas linhas de roupa e acessórios interativos

Segundo a sua criadora, o vestuário sensorialFIT vai dividir-se em duas linhas. Uma delas, a Linha "Soft", será pensada "especialmente para crianças com hipersensibilidade" e terá "preocupações com a utilização de materiais mais suaves e com fibras naturais, a eliminação ao máximo de costuras, a substituição das etiquetas convencionais em tecido por etiquetas estampadas e a escolha de cores mais neutras e suaves". 

Já a Linha "Texture", desvenda Ângela ao Boas Notícias, vai caraterizar-se por "um uso mais intensivo das cores, da diversidade de texturas, de padrões, estampados e bordados". Apesar das respetivas diferenças, ambas as linhas têm uma preocupação eminentemente funcional e vão englobar peças confecionadas, na sua maioria, em malha, "porque são mais confortáveis".
Além disso, a marca portuguesa vai ainda disponibilizar uma série de acessórios interativos para facilitar o dia-a-dia das crianças com deficiências motoras, acessórios esses que têm "um caráter modular", o que significa que "podem ser adquiridos separadamente e integrados em qualquer peça de roupa através de um sistema de encaixe comum".
Com a ajuda destes acessórios, a designer de moda portuguesa pretende incentivar a estimulação sensorial - através, por exemplo, de cores, texturas ou aromas - mas também o desenvolvimento cognitivo, por via de jogos que promovem a interação com outras crianças, e ainda a motricidade fina, para a qual contribuirão acessórios relacionados com o vestuário (botões, molas ou fechos) "para trabalhar os movimentos mais minuciosos e precisos onde muitas crianças sentem grandes dificuldades".
"Ao serem mais confortáveis e fáceis de vestir e despir, estas peças tornam-se muito mais práticas do que as convencionais", salienta Ângela. O propósito é, portanto, "que muitas crianças passem a conseguir vestir-se sozinhas ou, nos casos em que não conseguem chegar a esse nível de autonomia, que a tarefa fique facilitada para os cuidadores".
"Por outro lado, estes acessórios interativos que não existem no vestuário convencional vão possibilitar uma intervenção mais prolongada, que trará também benefícios do ponto de vista terapêutico", antevê a jovem empreendedora.
Projeto tem recebido críticas positivas e já ganha prémios
Para já, os preços das peças ainda não estão definidos "porque dependem de diversos elementos", mas Ângela garante que "a intenção é que sejam produtos acessíveis ao maior número possível de crianças". E, visto que a sensorialFIT tem um "conceito modular", cada pessoa poderá "ir adquirindo gradualmente novos produtos, que podem ser utilizados em conjunto com os outros".
Embora ainda não tenha chegado ao mercado, o conceito está a despertar muita satisfação e interesse, em particular nos pais e terapeutas. "Tenho recebido muitas mensagens de pessoas que tomaram conhecimento do projeto e que demonstram que o conceito faz sentido e é necessário", confessa a mentora, que recentemente venceu, com este trabalho, o prémio SIM da Samsung, no valor de 25 mil euros.
Graças ao seu trabalho no conceito sensorialFIT, Ângela foi também selecionada como finalista do programa de empreendedorismo TecEmpreende, promovido pela Anje e pelo InescPorto, entidades que, segundo garante, lhe têm dado um apoio "imenso no desenvolvimento do plano de negócio e na estratégia de implementação do projeto".
Clique AQUI para aceder ao site oficial da sensorialFIT e AQUI para visitar a página da marca no Facebook.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Calendário da implementação das Metas Curriculares

As Metas Curriculares identificam a aprendizagem essencial a realizar pelos alunos em cada disciplina, por ano de escolaridade ou, quando isso se justifique, por ciclo, realçando o que dos programas deve ser objeto primordial de ensino.
Sendo específicas de cada disciplina ou área disciplinar, as Metas Curriculares identificam os desempenhos que traduzem os conhecimentos a adquirir e as capacidades que se querem ver desenvolvidas, respeitando a ordem de progressão da sua aquisição. São meio privilegiado de apoio à planificação e à organização do ensino, incluindo a produção de materiais didáticos, e constituem -se como referencial para a avaliação interna e externa, com especial relevância para as provas finais de ciclo e exames nacionais.
O Despacho n.º 15971/2012, hoje publicado, define o calendário da implementação das Metas Curriculares das áreas disciplinares e das disciplinas, bem como os seus efeitos na avaliação externa dos alunos.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Audiência do MEPI com Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Ensino Superior

No dia 6 de dezembro, entre as 14h 10m e 16h, na sala 10 da Assembleia da República, reuniu a comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Ensino Superior com quatro representantes do MEPI – Movimento para um Ensino Público Inclusivo e ainda os deputados João Pina Prata (PSD), Inês Teotónio Pereira (CDS), Jacinto Serrão (PS) e Rita Rato (PCP) e os assessores destes três partidos. A Comissão foi presidida pela deputada Margarida Almeida. A deputada Ana Drago (BE), inicialmente prevista, não esteve presente.

Depois da apresentação dos presentes, a presidente agradeceu a presença das representantes do MEPI, reconheceu a importância de poderem ouvir os pais sobre um tema tão importante, como é a Educação Especial e destacou a relevância deste movimento cívico, o que foi reiterado, posteriormente, por todos os deputados presentes. Foi dada a palavra ao movimento que expôs detalhadamente os quatro principais constrangimentos do diploma n.º275-A/12 de 11 de Setembro, contemplados na carta-manifesto, a saber: 

1- Ausência de flexibilidade da matriz curricular, atendendo à heterogeneidade dos alunos;
2- Deslocação da responsabilidade da escola para as entidades parceiras; 
3- Não participação dos pais, alunos e técnicos na tomada de decisão no processo 
4- Inexistência de articulação com recursos da comunidade.
Seguiram-se as posições dos representantes partidários. De uma forma geral a totalidade dos deputados subscreveu as nossas preocupações e afirmou-se solidária, manifestando apreço pelo trabalho de cidadania que este grupo desenvolvia. 

Foi debatida a questão da articulação da Formação Profissional e os alunos com NEE após o 9º ano e que tipo de alunos podem ser para aí encaminhados; Também foi discutida a compatibilização e a ligação que pode ser estabelecida entre o ensino regular e a educação especial. Como é possível compatibilizar. Foi salientada a importância dos alunos deverem ficar mais tempo nas escolas do que em instituições de ensino especial ou pares.

O movimento recordou a prevalência do Dec. Lei 3/2008 sobre a Portaria e que a estrutura curricular era causisticamente ajustada em cada escola, a cada aluno, pelo que mal se compreendia que a escola, no âmbito da portaria deixasse de ter essa capacidade e competência; por outro lado a limitação desta matriz curricular não permitia a profissionalização deste alunos, o que pode e deve ser ponderado, atenta contra heterogeneidade dos alunos com CEI. 

O empenhamento dos pais em desenvolver capacidades e competências aos seus filhos era colocado em causa com a demissão da sua participação em todo este processo; acresce que a pretensão dos pais, circunscrita no caso concreto a esta portaria, não era solicitar financiamento mas sim permitir que a escola pudesse, orientando profissionalmente os alunos, escolher e atribuir a outras instituições, a dotação/financiamento prevista na portaria para as instituições parceiras. Vários exemplos e possibilidades foram apresentados. 

Esclareceu-se ainda que a questão dos constrangimentos financeiros não podia ser colocada, já que o diploma 275-A é, por si só, um diploma muito dispendioso, dada a inexistência de recursos humanos e materiais. Foram ainda descritos os diferentes momentos que devem pautar os percursos formativos dos alunos após o 9º ano, lembrando que tal já está em prática, em diferentes escolas e Centros de reabilitação, onde a formação profissional e a escola trabalham em conjunto. Salientou-se a importância da supervisão de todo o processo passar a ser responsabilidade dos professores de Educação Especial, questionou-se sobre a ausência de referência às instituições locais (como entidades parceiras), já que estas têm assento no Conselho Geral das escolas, o que permitiria agilizar processos, conter custos e flexibilizar respostas de qualidade à formação dos alunos.

Uma experiência pessoal foi descrita para elucidar dificuldades quer de alunos com CEI quer de agrupamentos distintos.

A presidente da comissão debateu, demoradamente com os presentes, os diferentes pontos apresentados, relativamente aos quais manifestou concordância. E ficou a intenção de se apresentar propostas para que a portaria seja melhorada, solicitando a colaboração do movimento, sob a forma de propostas concretas, para a sua alteração.

(Recebido por correio eletrónico)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

"Ver para aprender ou aprender para ver?"

No âmbito das comemorações do Dia Mundial do Braille, os estudantes do Mestrado em Ensino da Matemática no 3º Ciclo e Secundário do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, em parceria com a ACAPO de Coimbra, irão realizar um colóquio sobre a deficiência visual, com o intuito de reunir um conjunto de pessoas que tem como objetivo comum o progressivo melhoramento das condições de estudo e de vida das pessoas com deficiência visual. 
Pretende-se que este colóquio, com um conjunto de palestras e workshops sobre o tema, seja um momento de aprendizagem, partilha e reflexão sobre temas relevantes que contribuem para que a vida de todos os portadores de deficiência visual seja cada vez mais autónoma e inclusiva. Tem também como objetivo mostrar que a sociedade está preparada para superar muitos destes desafios, mas ainda tem um longo caminho a percorrer para que esta inclusão seja total e recíproca. 

Sábado, 5 de Janeiro de 2013, entre as 08.30h e as 18.15h.

Para obter mais informações contactar a organização pelo seguinte email: vereaprender@gmail.com

Diurético pode moderar os distúrbios do autismo

Um simples diurético pode atenuar a gravidade de alguns distúrbios do autismo. A conclusão é de uma equipa de cientistas do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Medica francês, cujo estudo foi publicado esta terça-feira no jornal Translational Psychiatry.
Desta investigação participaram 60 crianças, com idades entre 3 e 11 anos, portadoras de autismo. Os testes realizados seguiram o método duplo-cego, que consiste na análise da eficácia de um novo medicamento sem que os cientistas e as pessoas testadas saibam qual a natureza do medicamento usado nos testes.
Durante três meses, de forma aleatória, as crianças ingeriram ora o diurético bumetanida (na proporção de 1 mg por dia) para “reduzir os níveis de cloro” nas células, ora um placebo.
Além dos três meses em que foram acompanhadas, os investigadores seguiram as crianças por mais um mês, em que nenhum medicamento foi administrado. Depois foram avaliados os sintomas autisticos ocorridos no início dos testes, ao fim de três meses e no quarto e último mês.
Os resultados verificados demonstraram que três quartos das crianças apresentaram uma melhoria significativa nos sintomas, diminuindo em muito a severidade dos distúrbios provocados pelo autismo, que impossibilitam os portadores desta doença de desenvolver as suas capacidades de socialização.
Quando o tratamento à base do diurético foi suspenso, alguns problemas reapareceram com mais intensidade, como as dificuldades em interagir com outras pessoas e manter a concentração.
Concluída a fase de testes, os cientistas pretendem avançar com um estudo à escala europeia (para o qual esperam obter autorização) para determinar a população que poderá ser abrangida por este tratamento.
O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento que afeta as capacidades de comunicação e socialização das pessoas portadoras deste transtorno.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"Todos (Realmente) Diferentes. Estratégias para a Inclusão no Contexto Pré-Escolar"

Vai realizar-se no dia 4 de janeiro de 2013, das 17h30 às 19h30, na Faculdade de Educação e Psicologia (FEP) da Universidade Católica Portuguesa (UCP) - Porto (Foz), uma sessão dedicada ao tema "Todos (Realmente) Diferentes. Estratégias para a Inclusão no Contexto Pré-Escolar". Trata-se de uma palestra no âmbito da iniciativa "Aprender a educar Programa para Professores e Educadores". As inscrições devem efetuar-se até 28 de dezembro.
A sessão procura encontrar respostas para algumas interrogações suscitadas pelos desafios que se deparam ao educador devido à diversidade das crianças que frequenta hoje em dia o contexto pré-escolar.