Associação Portuguesa de Deficientes considera este ano letivo “desastroso” para as crianças com necessidades educativas especiais e prevê um agravar da situação para o ano, dado o corte anunciado de 14 milhões de euros.
Cerca de três meses após a abertura do ano letivo, centenas de crianças [da educação] especial de todo o país continuam sem professores, sem terapeutas e algumas sem matrícula. “É um cenário negro”, afirma (...) a diretora Associação Portuguesa de Deficientes Ana Sezudo.
“Continuamos a ter alunos sem matrícula, a ter falta de professores [da educação] especial, falta de técnicos, falta de auxiliares e, portanto, as crianças com necessidades educativas especiais continuam com uma falta de apoio tremenda”, acrescenta.
A responsável não aponta um número certo, mas calcula em centenas o número de alunos afetados. Os que estão inscritos “estão a receber apoio noutros sítios, nomeadamente em instituições que têm acordos atípicos com a Segurança Social”.
“É um retrocesso brutal, é a segregação de crianças com necessidades educativas especiais e de crianças com deficiência. Segregação e institucionalização”, critica. Este é, por isso, nas palavras de Ana Sezudo, um ano letivo “desastroso”.
“Há uma falta generalizada de condições nas escolas de ensino regular para apoiar crianças que tenham necessidades educativas especiais, ao nível de profissionais e de currículos. Todo o ambiente escolar não está preparado, neste momento, para dar condições específicas a estes alunos”, refere.
“Para o ano, não se preveem melhorias, porque já foi anunciado um corte de mais 14 milhões do Orçamento do Estado para a educação inclusiva, portanto, aquilo que se prevê é um agravamento da situação”, conclui.
Falta de profissionais em Coimbra
A falta de professores e terapeutas [da educação] especial é comum a muitas zonas do país. No distrito de Coimbra, são quatro os concelhos afetados: Lousã, Gois, Pampilhosa e Miranda do Corvo, num total de 180 alunos com necessidades educativas especiais.
Só na Lousã são 90 as crianças desde setembro. Muitas delas nem têm saído de casa por falta de capacidade financeira das famílias. O autarca Luís Antunes diz não ser possível esperar muito mais pela resposta do Governo.
Em setembro, o ministro da Educação, Nuno Crato, garantia estar a cumprir a lei no que se refere à colocação de professores de ensino especial.
A Renascença visitou ainda a escola EB 23 da Maia, no distrito do Porto, que continua sem especialistas para o ensino especial.
In: Rádio Renascença, via FB com, áudio.
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