sábado, 9 de novembro de 2013

AEC potenciam aprendizagens inovadoras

Estudo da Área Metropolitana do Porto, realizado nos 16 municípios, avisa que as Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) não podem ser planeadas como tratando-se de “mais-escola”.
O estudo Avaliação do Impacto Social e da Implementação de Projetos de Atividades de Enriquecimento Curricular na Área Metropolitana do Porto envolveu 107 agrupamentos, 197 escolas do 1.º ciclo do ensino básico e 257 turmas, dos 16 municípios, durante o ano letivo de 2011/2012. A pesquisa foi conduzida pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, em parceria com o Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte. Foram selecionadas nove das 19 AEC oferecidas nas escolas primárias da Área Metropolitana do Porto (AMP), mais concretamente inglês, música, atividade física e desportiva, expressão plástica, expressão dramática, tecnologias da informação e comunicação, dança, prevenção rodoviária e pequenos engenheiros. O estudo feito para a AMP conclui que as AEC potenciam o desenvolvimento global do aluno e de aprendizagens inovadoras, estimulando, ao mesmo tempo, competências para outras atividades desenvolvidas em contexto escolar. 
O estudo, que abrangeu 10 126 pessoas – 4751 alunos do 1.º ciclo, 3587 pais, 1443 professores, 352 assistentes operacionais -, conclui também que as AEC “têm um impacto muito positivo junto de todos os membros da comunidade educativa”. Com esta análise, a AMP pretendeu fazer uma reflexão crítica sobre o trabalho desenvolvido pelos 16 municípios nesta área. “Julgamos ser dificilmente refutável a conclusão de que as AEC vieram preencher uma função importante de inclusão social das crianças. Uma função que estava ausente do sistema de ensino à escala que agora encontramos”, sustentam os autores que assumem que as conclusões podem, com as devidas reservas, ser extrapoladas a nível nacional. 
Os alunos do 1.º ciclo, na sua maioria com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos, estão satisfeitos com as AEC. Afirmam que aprendem coisas novas e que as atividades depois das aulas contribuem para o seu desenvolvimento e para outras aprendizagens escolares. O estudo refere, aliás, que as AEC “cumprem uma função essencial de suporte e inclusão” e que a sua oferta é diversificada - ao todo, 19 atividades diferentes. A análise definiu cinco indicadores principais: satisfação e atitude dos atores do contexto-escola em relação às AEC, impacto percebido das AEC em dimensões do desenvolvimento do aluno, impacto social das AEC na vida das famílias, qualidade do contexto-escola para implementação das AEC, impacto da implementação das AEC nas competências e atribuições dos municípios no contexto educativo. 
“As AEC são fortemente valorizadas por todos enquanto dispositivo pedagógico promotor de um espetro alargado de competências e de ‘experiências desenvolvimentais’ às quais, muito provavelmente, muitas crianças não teriam acesso a não ser pela via das AEC”, lê-se no estudo disponível no site da AMP, que revela, a propósito, que cerca de 40% dos pais admitem que de outra forma seria improvável ou muito improvável proporcionar aos filhos experiências semelhantes às AEC. E não são apenas os constrangimentos materiais e económicos das famílias que estarão associados à exclusão social da família, já que as dinâmicas e estruturas familiares também explicam as dificuldades em conciliar as preocupações dos pais com a educação e desenvolvimento dos filhos que frequentam o primeiro nível de ensino. O carácter marcadamente lúdico e o facto de não haver avaliação de desempenho nas AEC são duas características consideradas importantes do ponto de vista do potencial impacto no desenvolvimento dos mais novos. A preparação para aprendizagens futuras, a satisfação pela frequência das AEC, a garantia de “guarda segura” e a gratuidade são as principais razões que os pais apontam para a inscrição dos filhos nessas atividades extracurriculares. 
“Seja qual for o domínio a que as AEC se reportem, estas surgem num período particularmente relevante no que concerne à construção de representações sobre várias áreas do saber e das profissões que lhe estão associadas”, revela o estudo. Os resultados indicam, por outro lado, que estas atividades “não podem ser concebidas, planeadas, estruturadas e implementadas como tratando-se de ‘mais escola”. A análise sugere, portanto, que qualquer reformulação ao modelo de implementação das AEC deve merecer uma profunda reflexão. 
A avaliação que os profissionais fazem em relação a vários parâmetros relacionados com o exercício das suas funções não é, na prática, “nem positiva nem negativa”. É moderadamente positiva em relação a dimensões importantes como materiais pedagógicos para a implementação das AEC, oportunidades de participação dos pais ou relação dos professores de AEC com a entidade patronal. 
O estudo sublinha que a implementação das AEC implica um forte investimento por parte dos municípios e que essas atividades têm um papel importante na aproximação entre a comunidade educativa e a comunidade local. “Na generalidade dos modelos de implementação das AEC, os municípios da AMP incluíram o envolvimento ativo da comunidade local na operacionalização das atividades que são proporcionadas às crianças (por exemplo, associações ou grupos com a atividade sociocultural relevante no município, associações de pais, juntas de freguesia, empresas, etc.)”, sustenta.
In: Educare por indicação de Livresco

Sem comentários: