É defensável que existam formas de avaliar docentes: antes de entrarem na carreira ou ao nível da actualização dos seus conhecimentos, por exemplo. Nada disto é remotamente parecido com o modelo da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades dos docentes ontem publicitada pelo Ministério da Educação e Ciência. Pela simples razão que essa prova nada avalia e atinge os únicos objectivos de enganar a opinião pública, infantilizar os docentes e eventualmente excluir alguns destes. É quase como pedir a quem lecciona se é capaz de dizer todas as letras do abecedário. O professor e blogger Paulo Guinote, por exemplo, diz que já pediu “coisas mais difíceis aos alunos do 9.º ano”. O Ministério tenta passar para a opinião pública a ideia de que os professores estão a reagir corporativamente e por inércia a esta avaliação. O modelo da prova demonstra que os professores tinham toda a razão em rejeitá-la. Quanto mais não seja, por uma questão de dignidade.
In: Editorial do jornal Público de 23/11/2013
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