sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Escola Básica pede donativos aos pais

Numa circular, a coordenadora da Escola Básica 1 nº4 de Olhão, pede aos pais e encarregados de educação "donativos em dinheiro, que ficará ao critério de cada um, ou então géneros". Papel higiénico, detergentes, panos, esfregões, vassouras, esfregonas, baldes, sacos de lixo, clips, agrafos, pioneses e tonner de impressora fazem parte da longa lista entregue, que nem esquece o pedido de ajuda para pagar "a conta do telefone".
"É uma vergonha, quando sabem que a maioria dos pais é gente pobre", queixa-se a mãe de uma das alunas. Maria da Luz denuncia o "grave abandono do estabelecimento de ensino, da responsabilidade da Câmara de Olhão, que se limita a enviar 300 euros, de três em três meses, quantia que não permite o normal funcionamento".
A escola não tem refeitório, o que obriga os alunos a terem de ir comer, acompanhados por uma auxiliar, à escola secundária, situada a 500 metros. "Os miúdos são obrigados a atravessar a perigosa Estrada Nacional 125 e, quando chove, porque a edilidade recusa um autocarro, ficam sem comer, ou apanham uma molha", diz Maria da Luz, que se queixa ainda "do tecto danificado, que leva a que chova nas salas de aula".
Francisco Leal, presidente da Câmara Municipal de Olhão, mostrou estranheza por estas queixas.
"A Junta de Freguesia tem a responsabilidade de apetrechar as escolas básicas e ninguém me falou em falta de material ou de um autocarro", garante o autarca, que lembra os seis milhões de euros que a autarquia tem disponíveis para o apetrechamento das escolas. "Realizámos, recentemente, um forte investimento na escola do Largo da Feira e a EB 1 nº4 vai ter um refeitório e uma sala de apoio, já adjudicados", garante. A utilização do refeitório e de uma sala de apoio alugada são "uma situação provisória".

Comentário:

Eis um exemplo concreto da transferência de competências para as autarquias! Não querendo colocar todos no mesmo saco, reconheço que existem autarcas sensíveis às questões educativas e com cabimento orçamental. Porém, verifica-se, também, normalmente nas autarquias pequenas e do interior, que continuam a debater-se com questões básicas, com a sanidade financeira do município e... sem sensibilidade para as questões educativas. Como é possível alguns autarcas assumirem, assim, novas comepetências?!
Perante estes problemas, a ME, sabiamente, responde: "Essa é uma competência das autarquias!" Mais um problema solucionado!!

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