As escritoras Luísa Beltrão, Alice Vieira e Luísa Ducla Soares apresentam três livros sobre crianças portadoras de deficiência. A filha mais nova de Luísa Beltrão trabalha, tem 33 anos e 90% de incapacidade.
"É bom ter amigos", "Um detective em cadeira de rodas!" e "Um mundo só meu", são as histórias da Vera, do Tiago e do João, três meninos que existem de verdade. A receita da venda destes livros (três euros cada livro) reverte na totalidade para a associação Pais-em-Rede .
Os livros são hoje apresentados por Bárbara Guimarães, na livraria Ler Devagar, em Lisboa, pelas 18 horas.
Luísa Beltrão começou a escrever tarde e a publicar bem depois dos 40. "Decidi tornar-me escritora para ter voz", disse ao Expresso. A filha mais nova tem uma incapacidade intelectual de 90%, e Luísa cedo constatou que a "socialização" poderia ser o maior obstáculo à integração da filha.
"Estava em Londres quando o Sá Carneiro morreu. Tinha lá levado a minha filha, que tem o mesmo nome que eu. O médico fez uma avaliação exaustiva e disse-me: 'A sua filha está nas suas mãos, vai ser o que fizer dela'".
Luísa Beltrão começou a trabalhar, a escrever, a meter-se em projectos voluntários com o fito de criar uma rede de suporte a pais e deficientes. Deu uma volta completa à sua vida. "Esta minha filha foi um motor de mudança."
Depois de várias experiências que "nunca eram bem o que tinha em mente", em 2008, fundou a Pais-em-Rede, com um grupo de mães de portadores de deficiência. Cinco anos depois, a associação tem 2500 associados e 21 núcleos regionais, distribuídos por todo o país que prestam apoio a pais, professores, e outros grupos que contactem com portadores de deficiência.
Realizam formações e workshops para pais e professores. "Mais de 300 pais já participaram e concluíram essas oficinas que lhes dão ferramentas ao nível da gestão emocional, da responsabilização da parentalidade e, numa fase posterior, os treinam como prestadores de ajuda a outros pais", explica Sofia Perestrelo da direcção da associação.
In: Expresso
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