O livro que estou a escrever, cujo título está em epígrafe, é sobre a pergunta: "É o hábito que faz o monge?" Como hoje se comemora o "Dia Internacional das Pessoas com Deficiência" e também S. Francisco Xavier, vem mesmo a calhar uma crónica cheia de "deficiências".
Será a "farda" que faz a diferença? Ou a diferença que exclui? As comemorações valem o que valem, mas nunca é de mais - lá diz o cartaz - parar e trabalhar no sentido de "melhorar a compreensão dos assuntos relativos à deficiência e a mobilização para a defesa da dignidade, dos direitos e do bem-estar destas pessoas." Escolhi "general", mas poderia ter escolhido, sei lá, "sapateiro", médico", "pescador", "professor" ou outro. Mas achei que ficava melhor "general" porque é como se desse "uma geral".
Não falo de cor. Tenho guardada a conversa que tive há umas semanas com uma educadora de ensino especial. Incluir quer dizer 'inserir num ou fazer parte de um grupo'; em educação também quer dizer fazer parte ativa de um grupo de pares. Quem de nós, em algum momento da nossa vida, já não se sentiu excluído? Lembram-se da sensação que é? E em contrapartida, quem já teve o prazer de se sentir incluído? Do sentimento de pertença a um grupo? Lembram-se como é?
Pois é! Todos somos diferentes, duma maneira ou outra, e crescemos e enriquecemo-nos nessa diferença. Isto é: nada garante que alguém aprenda mais com outro exatamente igual a ele...; antes pelo contrário, são as diferenças que nos despertam...e assim a inclusão é válida para todos.
E para que não restem dúvidas: o sentido da inclusão é o de que ela é válida para todos, mais e menos diferentes. E uma vez que todos o somos de uma forma ou de outra, a deficiência é vista como uma diferença, que se integra; como se faz com os gordos, os magros, os inteligentes e os assim assim. A exclusão pertence "ao antigamente": desejamos todos, e desejo eu. Quem não deseja?
Curiosamente o meu primeiro livro (em co-autoria) foi sobre educação, melhor, sobre uma educadora, uma mulher que me mudou muito. Porquê? Por ela ser uma mulher diferente, marcante, positiva, verdadeiramente interessada em despertar talentos. No centro de todas a sua pedagogia está o reconhecimento de que cada um de nós é uma pessoa. "Encontro com Maria Ulrich no século XXI", é o nome, e quem o apresentou - faz hoje precisamente 4 anos, no El Corte Inglês - foi António Câmara: um homem sem fardas nem hábitos e que vive "apenas" do que é. É muito bom viver-se assim: YDreams!
S. Francisco Xavier também experimentou tudo isto por terras bem longínquas e aparentemente estranhas.
Fátima Pinheiro
In: Expresso por indicação de Livresco.
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