O secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho, diz que o país "está no bom caminho". Em reacção ao estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre a literacia dos alunos de 15 anos, feito em 65 países e zonas económicas, o governante admite, no entanto, que é preciso "mais intervenção precoce", porque o número de jovens que, com esta idade, estão retidos no sistema, em anos escolares que era suposto terem já ultrapassado, suscita preocupações.
Outros estudos têm sublinhado este facto: há um conjunto de jovens "com percursos persistentes de insucesso", lembrou o secretário de Estado nesta terça-feira, numa apresentação, no Ministério da Educação, dos resultados do PISA 2012 — sigla para Programme for International Student Assessment, oestudo da OCDE divulgado nesta terça-feira.
"Temos vindo a manifestar a nossa preocupação com a intervenção precoce para evitar que os alunos iniciem percursos de insucesso escolar", disse João Grancho. Essa intervenção "deve começar no pré-escolar" e o Governo compromete-se a reforçá-la, "desenvolvendo um trabalho de proximidade com as escolas".
Os dados recolhidos pelo PISA 2012 não deixam margem para dúvidas: chumbar não faz ninguém melhorar. Num percurso normal escolar, os alunos de 15 anos, aqueles que foram avaliados, devem andar no 10.º ano de escolaridade. Da amostra dos mais de 5700 portugueses que fizeram os testes PISA, os que de facto estão no 10.º conseguem uma média de 536 pontos nos testes de literacia matemática — mais cinco pontos do que tinham conseguido em 2009, quando tinha sido realizada a última avaliação. E bem mais do que a média nacional (487 pontos).
Já os alunos que ainda estão no 7.º ano, porque chumbaram, não ultrapassam os 358 pontos, quando sujeitos aos mesmos testes. E os que estão no 8.º (também retidos), ficam-se pelos 396 pontos. Em qualquer caso, os resultados destes alunos (os tais que acumulam insucesso) são piores do que em 2009.
O relatório PISA 2012 cita várias vezes Portugal como um dos países que "têm melhorado o seu desempenho médio a Matemática, Leitura e Ciências, ao longo da sua participação no PISA, o que mostra que mesmo num curto espaço de tempo é possível melhorar de forma abrangente". A conclusão da OCDE, mais do que basear-se na comparação entre os resultados de 2009 com os de 2012 (porque aí a pontuação do país a Matemática mantém-se e nas Ciências e Leitura decresce), baseia-se numa análise que a OCDE faz à evolução dos países desde que eles participam no PISA — cerca de uma década em revista. (...)
O país ambiciona, contudo, "estar no grupo da frente", onde estão vários países asiáticos, declarou. Entre as medidas que disse que estão a ser tomadas para atingir esse objectivo, destacou, por exemplo, "a valorização da profissão docente", a aposta na formação contínua dos professores, a introdução da prova de avaliação de conhecimentos para os contratados e "a aposta na intervenção precoce" dos alunos com insucesso.
Os rankings da OCDE mostram o seguinte: a Matemática Portugal está no 23.º lugar no conjunto dos países da OCDE, com 487 pontos. A média da OCDE é 494 pontos. Na Leitura os alunos portugueses estão em 25.º. A média do país é 488 pontos, menos oito pontos do que a média da OCDE. Nas Ciências o país está em 26.º, com 489 pontos, menos 12 do que a OCDE.
In: Público
Nota: Destacado a negrito da autoria do editor do blog.
Comentário:
Entre as muitas questões e "palavrões" que me apetece escrever, respeitosamente, limito-me a umas poucas interrogações: Aposta na intervenção precoce sem definição clara de uma política neste âmbito, com duplicação normativa de serviços? Evitar entrar em percursos de insucesso com redução drástica de docentes de educação especial? Aposta na prevenção sem afetação de recursos, humanos e materiais?
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