(...) É o combate à exclusão social, é a aposta em que a educação pode ser uma das armas fundamentais da inclusão social e de desenvolvimento económico do país que subjaz à orientação política que comandou as medidas governativas sobre a escola pública desde 1970 - uma orientação que se tornou explícita e constitucional com o 25 de Abril.
O objetivo da inclusão levou ao desenvolvimento do sistema de ensino e à capacidade de formar gerações como as que agora são avaliadas pela OCDE, embora seja evidente que a exclusão ainda é potenciada pelas diferenças sociais. Como diz "a Comissão Europeia, numa análise aos resultados do PISA", continua a haver "profundas desigualdades" em Portugal, "com os alunos mais pobres a obter resultados muito mais fracos do que os de estatuto socioeconómico mais elevado" (PÚBLICO, 04/12/2013).
É lamentável, porém, que a festa sobre a melhoria de Portugal nas avaliações de desenvolvimento humano da OCDE se faça quando alguns dos factores que lhe deram origem e que são elogiados por aquela organização internacional já não existam e tenham sido extintos pelo atual ministro da Educação, Nuno Crato.
O PISA 2013 ajuda a perceber que há hoje em Portugal uma orientação política que tende a recuperar o ensino socialmente exclusivo e que não favorece a mobilidade social. Também aponta que o que está a ser destruído no ensino público poderá ter consequências gravíssimas na formação das próximas gerações. Esperemos pelo resultado do PISA de 2023 e então iremos provavelmente chorar sobre a política de terra queimada que está a ser praticada.
São José Almeida
Extrato do artigo de opinião do Público.
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