A Associação Nacional de Empresas de Apoio Especializado alertou hoje para um protocolo do Governo que alterou as regras de atribuição do Subsídio de Educação Especial, prejudicando "a continuidade dos tratamentos e do acompanhamento" de centenas de crianças com deficiência.
Em causa está um protocolo de colaboração assinado, no passado dia 22 de Outubro, entre o Instituto de Segurança Social e a Direcção Geral dos Estabelecimentos Escolares, que "está a marginalizar as crianças com necessidades de apoio especiais".
"Na prática [o protocolo] não faz uma colaboração entre os dois ministérios, mas sim uma revogação ou alteração legislativa", disse à agência Lusa o presidente da associação, Bruno Carvalho.
Para Bruno Carvalho, o que está a acontecer "é uma tentativa do Instituto de Segurança Social de cortar os apoios a crianças com deficiência que necessitam de apoios especializados".
O protocolo veio "alterar todos os procedimentos, contrariando aquilo que a lei já prevê, nomeadamente em relação à tramitação dos processos de pedidos de apoio", sublinhou.
O presidente da associação considerou também "muito grave" o protocolo retirar os médicos do processo, passando a responsabilidade da certificação para os agrupamentos de escolas ou para as equipas locais de intervenção, que têm técnicos que podem prestar o apoio, mas não têm clínicos que possam passar as certificações.
"Quando estamos a falar de acesso à saúde e de crianças com deficiência, a quem é diagnosticada a necessidade de acompanhamentos terapêuticos, como psicologia, terapia da fala, terapia ocupacional, pedopsiquiatria, obviamente que, tecnicamente, quem está habilitado a poder fazer essa certificação da deficiência e os termos em que os apoios devem ser prestados são os médicos", argumentou.
O responsável considerou que o protocolo "põe em causa" o acesso das crianças a este tipo de apoios", que existem há muitos anos, mas também a sua saúde e, eventualmente, a sua integração social, uma vez que estes apoios ajudam a sua integração na sociedade.
"Não temos dúvidas de que se trata de um protocolo intencional no sentido de restringir o acesso a estes apoios", comentou.
A associação, sem fins lucrativos, adianta que "são muitas as crianças que, embora preencham os requisitos estipulados pela lei, veem os seus tratamentos interrompidos por falta de apoio/subsídio".
Disse esperar que "haja sensibilidade por parte do Governo" para esta questão, porque o que "se começa a perceber é que há aqui um ataque brutal aos direitos constitucionais, aos direitos fundamentais de acesso à saúde e à educação destas crianças".
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In: Sol
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