Publicada na revista Academic Pediatrics, uma pesquisa realizada no The Children’s Hospital at Montefiore (CHAM), de Nova Iorque, com 401 pares de mãe e filho, constatou que a hipótese de mães que relataram sintomas depressivos terem filhos obesos ou com excesso de peso aos cinco anos de idade é 23,4% maior que entre mães que não apresentam sintomas de depressão.
Das crianças estudadas, 288 crianças tinham documentado a sua altura e peso aos cinco anos nos seus registos médicos. Os cientistas realizaram uma entrevista de 30 minutos com as mães (principalmente de baixos rendimentos, hispânicas e negras, no Bronx), cujos filhos tinham recebido assistência social no Centro de Montefiore. Foram feitas perguntas sobre a saúde mental da mãe e os hábitos alimentares dos seus filhos, incluindo práticas de refeições e alimentação e estilo de vida.
Os dados mostram que mães com sintomas depressivos, com menos estudos e desempregadas tendem a exibir uma educação permissiva.
Elas são menos sensíveis às necessidades dos seus filhos e muitas vezes deixam de estabelecer limites para o comportamento da criança.
Foi verificado que essas mães eram mais propensas a ter filhos que consumiam mais bebidas com açúcar, raramente tinham refeições em família, mais vulgarmente frequentavam restaurantes e tiveram menos pequenos-almoços regulares, que crianças com mães sem sintomas depressivos.
Mães deprimidas também eram menos propensas a modelar uma alimentação saudável do que as mães não-deprimidos.
Práticas alimentares, como preparar o pequeno-almoço diariamente, modelando uma alimentação saudável, e estabelecimento de limites para a dieta da criança, exigem o envolvimento materno activo, possivelmente explicando porque essas práticas eram menos comuns entre mães deprimidas.
Os pesquisadores também investigaram os níveis de actividade e padrões de sono de todas as 401 crianças e constatou que filhos de mães com sintomas depressivos dormiam menos horas por dia e tiveram menos tempo de brincadeiras ao ar livre do que aquelas com mães sem sintomas depressivos. O sono inadequado tem sido associado ao aumento do risco de obesidade infantil e limitar o tempo diário de brincar ao ar livre também pode afectar o peso.
Segundo os pesquisadores, os resultados sugerem que a depressão materna desempenha um papel importante na obesidade infantil. Eles defendem a necessidade de recursos educacionais para famílias de baixos rendimentos para incentivar a participação activa em práticas de alimentação saudável.
Com o objectivo de inverter a tendência de avanço da obesidade, os especialistas defendem mais acesso a especialistas em saúde mental na rede básica de saúde pediátrica como forma de prevenir a obesidade infantil. São estratégias que poderiam ter um impacto a longo prazo sobre a epidemia de obesidade, especialmente entre minorias étnicas e famílias de baixos rendimentos, que são conhecidos por serem em maior risco para a obesidade infantil precoce e depressão materna.
In: Diário digital
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