A deteção precoce de problemas na fala é uma das mais-valias do TL-ALPE (Teste de Linguagem - Avaliação de Linguagem Pré-Escolar) desenvolvido por uma equipa de investigação guiada por Ana Mendes, professora da Escola Superior de Saúde de Setúbal. O teste avalia crianças com idades entre os três e os seis anos, "nas áreas da semântica, morfossintaxe e fonologia", e permite identificar "problemas que podem afetar o desempenho escolar e a vida social dos alunos".
De acordo com o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), o TL-ALPE "é composto por um livro de imagens, uma coleção de objetos, um manual de instruções e uma folha de registo que, ao serem utilizados, segundo as instruções do terapeuta, estimulam respostas verbais na criança, através das quais é realizada uma avaliação e se detetam possíveis perturbações na linguagem".
A professora Ana Mendes explicou (...) que os "estudos internacionais revelam uma prevalência de problemas de linguagem em cerca de 10 por cento das crianças". Com o novo teste, "as crianças a partir dos três anos podem ser avaliadas e sinalizadas de modo a usufruírem de intervenção terapêutica atempada, minimizando o impacto de atraso ou perturbação de linguagem no percurso académico e social".
A investigadora refere que o TL-ALPE "permite a medição válida e fiável das competências comunicativas e domínios linguísticos de cada criança", tendo em conta que o seu desempenho é comparado com 817 amostras de performances de outras crianças. O teste permite traçar um "perfil comunicativo" e realizar "um plano terapêutico adequado às necessidades de cada" criança.
O projeto que deu origem ao TL-ALPE foi desenvolvido ao longo de dez anos pela equipa liderada por Ana Mendes e conduzida em conjunto com as professoras Marisa Lousa e Fátima Andrade, da Universidade de Aveiro, e com a docente Elisabete Afonso, antiga professora da mesma instituição de ensino. As 817 amostras foram recolhidas em onze distritos do país e das duas regiões autónomas.
O TL-ALPE foi desenvolvido no âmbito de dois projetos de investigação e contou com o financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação para Ciência e a Tecnologia e do Ministério da Educação e Ciência, tendo sido colocado no mercado no último mês de fevereiro.
In: O Bocagiano por indicação de Livresco
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