quarta-feira, 19 de março de 2014

A demagogia política sobre os alunos com necessidades educativas especiais

Isabel Cruz, subdiretora da Direção-Geral dos Estabelecimentos [Escolares] referiu (...), na sessão de abertura do IV Seminário Ibérico de Educação Especial, que a grande parte dos constrangimentos [da Educação] Especial situam-se hoje no ensino secundário devido, essencialmente, o aumento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos.

De acordo com a responsável, as escolas do ensino secundário não estavam preparadas - “porque nunca tiveram de se preparar” - para acolher alunos com necessidades específicas e, por isso, terão agora de se reajustar. 
“Temos, por exemplo, problemas físicos, escolas que têm de adaptar os seus espaços para alunos portadores de deficiência; temos de fazer a adaptação curricular. Ou seja, um conjunto de procedimentos para ajustar aquilo que se ensina à especificidade do aluno”, disse Isabel Cruz. 
Perante a mudança de paradigma, a responsável diz que as escolas estão já a adaptar-se à nova realidade imposta. 
“Toda a escola se prepara, não só para estes, mas também para aquele conjunto de alunos que não tem grande motivação para a escola que até aqui chegava ao 9.º ano e abandonava os estudos, não estando dentro da escolaridade obrigatória. A escola tem de se adaptar a ter lá todos. Antigamente ia para o ensino secundário o aluno que optava por estudar. Agora a escola também tem de se adaptar a receber os restantes alunos que não queriam mas têm de estar na escola”, prossegue a subdiretora.
Para Isabel Cruz, a escola tem de ter uma oferta diversificada que abranja os diferentes tipos de alunos, cumprindo o seu papel que é “ensinar a todos”.
O futuro da Educação Especial deve, segundo a subdiretora da Direção-Geral de Estabelecimentos, assentar em três eixos fundamentais: especialização na Educação Especial, equipas multidisciplinares e uma avaliação de rigor. 
Debruçando-se sobre a avaliação dos alunos [da Educação] Especial, a responsável diz que atualmente não se verifica insucesso no currículo deste alunos com PEI (Programa [Educativo Individual]) “o que nos leva a refletir. Se todos conseguem e não há nenhum que reprove, a exigência tem que aumentar. Não quero que eles reprovem, quero é que a escola exija ao máximo, a cada um, dentro da sua capacidade. Não basta à escola acolher os alunos da Educação Especial, ela tem que olhar para cada uma destas crianças e ver o seu potencial, aquilo que ele pode aprender, facto que pode facilitar também a sua integração na sociedade”, diz Isabel Cruz, que defende mais rigor na avaliação e o estabelecimento de metas, um trabalho que exige uma monotorização e supervisão. “Estes meninos também têm futuros. Temos de ter sempre presente a exigência no sentido de ajudá-los a construir futuros”, prossegue. 
A subdiretora disse ainda que, nos últimos três anos, aumentaram em 93% o número de alunos com necessidades educativas de caráter permanente, revelando que muitos destes alunos não deveriam estar ao abrigo destes programas, defendendo uma ‘triagem’ mais rigorosa sem prejudicar o seu futuro.
In: Correio do Minho por indicação de Livresco

Comentário
Segundo a subdiretora da Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares "nos últimos três anos, aumentaram em 93% o número de alunos com necessidades educativas de caráter permanente". Esta afirmação bombástica carece de esclarecimento!
Segundo as informações disponibilizadas pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, no ano letivo de 2012/2013 havia um total de 62100 alunos com necessidades educativas especiais, incluindo os das escolas especiais (instituições e colégios de educação especial).
No ano letivo de 2010/2011 havia um total de 46950 alunos com necessidades educativas especiais, incluindo os das escolas especiais (instituições e colégios de educação especial).
Estes dados podem ser confirmados na página da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência. Como diria alguém, é só fazer as contas... ou oferecer uma calculadora mas com as instruções, para evitar equívocos!

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