sexta-feira, 12 de abril de 2013

Faz sentido o psicólogo da escola mudar todos os anos?

E se todos os psicólogos escolares se juntassem numa sala e só saíssem depois de descobrir as melhores receitas para ajudar os alunos na escola? A pergunta não é assim tão absurda, já que é isso mesmo que eles vão fazer hoje no Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria). “Ser Psicólogo em Contexto Escolar” é o tema que reúne dezenas de profissionais com a ambição de criar uma plataforma para identificar e promover as boas práticas, numa altura em que as carências económicas andam lado a lado com a orientação profissional feita pelos psicólogos.
São muitas vezes estes técnicos os primeiros a identificar os alunos em situação de carência, como explica (...) Adélia Lopes, diretora do agrupamento de escolas Rainha Santa Isabel, em Leiria, e uma das convidadas do encontro. “O psicólogo é muitas vezes o primeiro a ter conhecimento das dificuldades económicas que de repente afligem os alunos e as suas famílias e é através dele que a escola consegue ajudar e responder a situações dramáticas que permaneceriam no silêncio se não fosse a relação de cumplicidade entre o psicólogo, os alunos e as suas famílias”, conta a docente.
Telmo Baptista, bastonário da Ordem dos Psicólogos e outro dos participantes no debate promovido pelo IPLeiria, acrescenta que as dificuldades que os alunos sentem são uma realidade a ter em conta pelos técnicos, “que merece referenciação adequada para que os recursos sociais e económicos existentes possam ser mobilizados”.
Se a importância dos psicólogos nas escolas é reconhecida pela generalidade de pais e professores, o número de técnicos para o universo de alunos também une docentes e psicólogos nas queixas. “O rácio é insuficiente para as necessidades permanentes da comunidade escolar e o processo de acompanhamento fica muitas vezes comprometido pela incapacidade de fixar pessoas em escolas e projetos, o que provoca situações de ruptura, descontinuidade e dificuldade de dar respostas.” É esse o caso do agrupamento de escolas Rainha Santa Isabel, com mais de 1500 alunos e onde a colocação de psicólogos é feita anualmente e associada ao desenvolvimento de projetos vocacionados sobretudo para o apoio a alunos com necessidades educativas especiais. “O primeiro constrangimento que sentimos é todos os anos haver um psicólogo diferente e como tal é mais difícil dar continuidade ao trabalho desenvolvido no ano anterior”, explica Adélia Lopes.
O agrupamento tem por isso de recorrer aos professores com horário reduzido: “A orientação escolar tem sido feita maioritariamente por professores que entretanto investiram nesta área em termos de formação pessoal bem como pelos psicólogos, que, apesar de não serem colocados para esse efeito, têm ajudado.”
Apesar da frequência com que esta situação ocorre no quotidiano daquelas escolas, a diretora ressalva que se trata de uma solução de recurso e que mesmo assim não é suficiente: “É uma responsabilidade acrescida para os docentes e, além de poder comprometer o seu trabalho, poderá comprometer também a qualidade do trabalho de orientação escolar, que carece de conhecimento técnico e científico, que pertence claramente ao psicólogo escolar.”

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