No próximo ano letivo haverá mais vagas para psicólogos nos agrupamentos escolares da rede pública. O Ministério da Educação autorizou no início do mês a contratação de 181 técnicos (mais cinco que em 2012-2013), mas resta saber se esse aumento significa que os psicólogos vão estar mais tempo na escola e mais tempo também com os alunos. A dúvida seria fácil de esclarecer se a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares já tivesse publicado no seu site a lista com a colocação destes profissionais, como aconteceu em anos anteriores. A informação ainda não está disponível, mas haverá pelo menos 30 agrupamentos espalhados pelo país com horários reduzidos para metade.
O i (jornal I) quis saber junto da tutela quantos agrupamentos no total reduziram para metade o tempo do serviço de psicologia escolar, mas não obteve respostas até ao fecho desta edição. O certo é que escolas e agrupamentos que no ano passado contrataram psicólogos com horário de 35 horas semanais se preparam agora para lançar concursos de 18 horas por semana. São os casos dos agrupamentos de escolas de Fragata do Tejo (Moita), de Fazendas de Almeirim, de Figueiró dos Vinhos, de Arganil, de Mirandela, de Lousada Oeste ou das escolas de Ribeirão, em Famalicão. São alguns dos exemplos de agrupamentos que contavam no ano letivo anterior com um psicólogo a tempo inteiro (sete horas) e que vão passar a fazer três horas e meia por dia.
Ao longo desta semana boa parte das direções escolares recebeu autorizações da tutela para contratar psicólogos e há até casos em que se mantêm as 35 horas, mas o técnico vai ter sob a sua alçada dois agrupamentos. É o caso do agrupamento Amadeu de Souza-Cardoso e do agrupamento de Amarante, que vão ter um único psicólogo, ou então das escolas de Vallis Longo e das escolas de Valongo, que no próximo ano letivo vão ter um técnico para mais de 5 mil alunos.
Jorge Humberto foi o psicólogo que no passado ano letivo ficou colocado no agrupamento de Vallis Longo e, no caso de se candidatar este ano letivo à mesma vaga, vai ficar também com os alunos das escolas de Valongo: "Estamos a falar de um único profissional para acompanhar alunos dos 3 aos 19 anos com uma panóplia de problemas específicos, além das tarefas habituais como orientação vocacional ou avaliações psicológica dos alunos com dificuldades de aprendizagem ou com necessidades especiais."
O agrupamento de Lousada Oeste, com 1500 estudantes, está entre as escolas que reduziram o horário para 18 horas. Ângela Ferreira ficou aqui colocada o ano passado e é uma das candidatas à vaga. A psicóloga escolar explica porém que, se for selecionada, terá de estabelecer novas prioridades com a direção escolar: "Já tinha crianças em lista de espera e já trabalhava muito além do meu horário, nomeadamente para conseguir atender os pais dos alunos em horário pós-laboral."
Manuel Esperança, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, está convencido de que o corte no serviço de psicologia não poderia ter vindo em pior altura: "Estamos num momento em que as escolas têm de lidar com cada vez mais problemas dos alunos associados ao desemprego dos pais ou a famílias desestruturadas. O psicólogo sempre foi uma peça fundamental e agora é ainda mais", remata o dirigente da associação.
In: Jornal I
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