Combater à distância o insucesso e o abandono escolar é um conceito que poderá provocar arrepios a professores e pais convencidos de que o êxito de alunos e filhos só é possível com acompanhamento personalizado e permanente. Esse é no entanto o objetivo da plataforma eletrónica que a associação de Empresários Pela Inclusão Social (EPIS) apresenta hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e que pretende usar a partir de setembro nas escolas públicas do país.
O método pode ser utilizado por qualquer escola, professor ou outros profissionais de educação que decidam aderir à plataforma. Equipas concelhias de técnicos especializados no combate ao abandono e insucesso escolar criaram um sistema para sinalizar factores de risco com base em quatro grupos: aluno, família, escola e território. Cada categoria tem um portefólio de abordagens e métodos específicos que vão permitir construir planos individuais de alunos que serão acompanhados por professores, psicólogos ou assistentes sociais, consoante os recursos disponíveis em cada escola.
“Vamos fornecer também as nossas ferramentas informáticas e dar alguma formação pontual a psicólogos, assistentes sociais, técnicos de educação e até professores, que queiram acompanhar de uma forma relativamente estruturada os alunos, mesmo que seja pontualmente ou a tempo parcial”, explica (...) Diogo Simões Pereira, director-geral da EPIS.
O método procura traduzir para o contexto escolar conceitos como gestão pessoal, gestão de tempo, metodologias de estudo, gestão de ansiedade ou de convivência entre colegas: “A nossa ideia foi lançar uma versão mais simples que, do ponto de vista dos métodos de trabalho, utilize só as abordagens mais eficazes e que não exigem uma formação tão técnica, mas que contribuem para bons resultados quantitativos por parte dos alunos.”
Para quem ainda está incrédulo, a associação garante que o modelo resulta e já está no terreno há cerca de seis anos em 10 concelhos e 88 escolas do 3.º ciclo. O projeto conseguiu, no 2.º período deste ano lectivo, melhorar as notas dos 6 mil alunos acompanhados em proximidade por 63 mediadores. Segundo os dados da EPIS, registou-se um aumento da “zona de aprovação” em cerca de 8%, correspondente a mais 440 alunos com perspetivas de sucesso escolar, quando comparado com igual período do ano letivo anterior.
“A metodologia de mediação que nós temos para o 3º ciclo é a base que nos vai permitir lançar agora esta iniciativa, primeiro com uma fase piloto e mais tarde com uma fase de disseminação em vários concelhos”, conta o director-geral da EPIS, esclarecendo que quanto maior for a adesão e os contributos, melhores serão as hipóteses de sucesso desta iniciativa.
Ana Tomás
In: Jornal I
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