Uma equipa da Universidade de McGill, no Canadá, desenvolveu uma abordagem que utiliza o popular jogo eletrónico Tetris para tratar a ambliopia adulta – disfunção oftálmica caracterizada pela redução ou perda da visão num dos olhos –, vulgarmente conhecida como "olho preguiçoso", que pode derivar do estrabismo. O estudo vem publicado na revista «Current Biology».
O objetivo é distribuir informação entre os dois olhos de forma complementar e o jogo treina os dois olhos de forma a obrigá-los a trabalhar em conjunto. Este avanço fornece evidência direta de que aliviar a supressão do olho mais fraco, forçando ambos os olhos a cooperarem, aumenta o grau de plasticidade do cérebro, fazendo-o reaprender.
Para o estudo com 18 adultos o método funcionou bastante bem. Nove participantes jogaram o jogo monocularmente com o olho mais fraco, enquanto o mais forte ficava tapado, os outros nove jogaram, onde cada olho vendo apenas uma parte separada do jogo.
Após duas semanas, o último grupo mostrou uma melhoria no olho mais fraco, assim como na sua perceção de profundidade a três dimensões. Já o grupo monocular, que mostrou apenas uma melhoria moderada, foi transferido para a nova formação e a visão destes também melhorou drasticamente.
Agora, a equipa de investigação, liderada por Robert Hess, pretende testar o método em crianças com ambliopia. Esta é a causa mais comum de deficiência visual na infância, afetando até três por cento da população. É causada por mau processamento no cérebro – o que resulta na supressão do olho mais fraco pelo mais forte.
Os tratamentos mais comuns geralmente tratam de cobrir o olho mais forte, para forçar o mais fraco a trabalhar, mas o sucesso foi apenas parcialmente atingido em crianças, e tem sido ineficaz em adultos.
Segundo o grupo de trabalho, o cérebro humano adulto tem um elevado grau de plasticidade e proporciona a base para o tratamento de uma variedade de condições em que a visão tem sido perdida, como resultado de um período de desenvolvimento visual interrompido precocemente na infância.
In: Ciência Hoje
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