sábado, 18 de março de 2017

Apneia do sono em crianças provoca redução na massa cinzenta

Crianças com apneia do sono sofrem uma redução significativa da massa cinzenta (células cerebrais) envolvida no movimento, memória, emoções, fala ou percepção, em relação a crianças sem o distúrbio, indica um estudo na revista Scientific Reports.

Publicado esta sexta-feira, o estudo comparou crianças entre os sete e os 14 anos com apneia do sono obstrutiva moderada ou grave com crianças da mesma idade que dormiam normalmente e concluiu que as primeiras tinham redução da massa cinzenta em várias regiões do cérebro.

A descoberta aponta para uma forte ligação entre este distúrbio comum do sono, que afeta até 5% das crianças, e a perda de neurónios ou um atraso no crescimento neuronal do cérebro em desenvolvimento. E é uma razão para os pais de crianças com sintomas de apneia do sono considerarem uma detecção precoce e um tratamento.

“As imagens de mudanças na matéria cinzenta são impressionantes”, considera um dos autores do estudo, Leila Kheirandish Gozal, da Universidade de Chicago (EUA), acrescentando que “ainda não há um guia preciso para relacionar a perda de matéria cinzenta com défices cognitivos precisos, mas há uma prova clara de perda ou dano neuronal generalizado, comparando com a população em geral”.

Os investigadores analisaram 16 crianças com apneia obstrutiva do sono. Os padrões do sono foram avaliados no laboratório pediátrico do sono da Universidade de Chicago e cada criança também fez testes neuro-cognitivos e ressonâncias magnéticas. Os resultados foram comparados com os obtidos em exames idênticos em nove crianças da mesma idade, sexo, etnia e peso, que não tinham apneia do sono e com outros resultados guardados em base de dados.

Foram encontradas nas crianças com apneia reduções no volume de massa cinzenta em várias regiões do cérebro, incluindo o córtex central, o córtex pré-frontal, o córtex parietal, o lobo temporal e tronco encefálico. Apesar de as reduções da massa cinzenta serem bastante extensas, não é fácil medir as consequências diretas, disseram os autores. David Gozal, outro dos autores do estudo, disse que os exames não explicam o que afectou os neurónios nem em que momento, nem se as células cerebrais encolheram ou se foram completamente perdidas.

Fonte: Público

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