Quase um terço dos alunos portugueses (30,5%) reportou ter piorado o desempenho escolar com a transição para o ensino à distância, processo que se iniciou em Março de 2020 e que se prolongou durante três anos lectivos, de forma intercalada. Os resultados são de um estudo de uma investigadora do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) da Universidade do Porto e dão conta de que, dos quase 2000 mil estudantes inquiridos, os estudantes que viram o desempenho escolar prejudicado são também aqueles com carências socioeconómicas.
“Ao colocarmos em relação as diferentes variáveis, percebemos que os jovens que reportaram um decréscimo no desempenho escolar são aqueles que, por exemplo, não têm pais com competências digitais, são aqueles que reportaram não ter um local sossegado para estudar, que não dominam totalmente as plataformas digitais ou que não têm os equipamentos necessários para o desempenho das tarefas”, exemplifica a autora do estudo, Mariana Rodrigues. A investigação, a cujos dados preliminares o PÚBLICO teve acesso, ainda está a decorrer e tem como objectivo perceber como é que o sistema de educação formal português está a promover a educação digital nas escolas.
Para aferir o estatuto socioeconómico de cada aluno, foram tidas em conta variáveis como, por exemplo, a situação profissional dos encarregados de educação, o escalão da acção social escolar (se for o caso) ou o nível de escolaridade dos pais. A falta de um espaço sossegado para estudar em casa foi uma das razões apontadas para o aumento de dificuldades por 8,7% dos 1757 inquiridos, na transição para o ensino à distância, a par da falta de equipamento informático (4,5%), dificuldades de acesso à Internet (8,1%), dificuldades em usar as plataformas digitais (6,3%) e os equipamentos informáticos (3,9%).
Mariana Rodrigues estabeleceu também uma relação entre as variáveis e percebeu que “os jovens que reportaram ter um decréscimo no desempenho escolar são também aqueles que, no momento presente, têm uma pior avaliação do desempenho escolar”, algo a que chama “efeito de bola de neve”.
Continuação da notícia no jornal Público.
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