A turma é um universo de singularidades, incertezas, complexidade. A turma é um universo de pessoas diferentes que reclamam respostas específicas, adequadas e justas. A turma é um desafio de exigência, de atenção, de alerta permanente. Esgotante. Entusiasmante, também poderá ser.
Gerir a turma é passar de um ajuntamento de alunos a um grupo, a uma equipa que tem um objetivo comum (aprender o máximo possível) e cujos elementos se compreendem, aceitam e entreajudam.
Gerir uma turma é gerar comportamentos disciplinados, convergentes, sintonizados com o propósito da aprendizagem. E saber lidar com os conflitos, o alheamento, o tédio, o ruído sistemático, no fundo da sala.
Gerir uma turma é nunca desistir de acreditar na perfetibilidade do ser humano, é fazer descobrir o sentido da aprendizagem.
Gerir uma turma é colocar os alunos em atividades de reflexão, produção, participação pois a aprendizagem requer não apenas a presença mas também a implicação.
Gerir uma turma é redefinir, sempre que necessário, o contrato pedagógico estabelecido, é ajustar metas e métodos, é diversificar procedimentos e atividades em função das necessidades individuais.
Gerir uma turma é saber utilizar os saberes ensinados, é tornar “empregáveis” esses saberes, é criar situações de tensão e distensão.
Gerir uma turma é sair da sala de aula, é atribuir tarefas e responsabilidades que podem ser realizadas em qualquer espaço da escola.
Gerir uma turma é confiar, libertar, desafiar e responsabilizar, diversificar tarefas e projetos. E até permitir que algum aluno possa brevemente respirar fora da asfixia da rotina.
Gerir uma turma é usar de firmeza e de leveza, é personalizar a relação, é elevar expectativas, é mostrar que se gosta do ofício. Poucas atividades sociais requererão tão elevadas competências e tanto desgaste profissional.
Pena que o repouso dos gabinetes não saibam e não sintam esta complexidade extrema.
José Matias Alves
(JMA, CE,2005, adaptado em 2022)
Fonte: Inquietações Pedagógicas
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