Nos primeiros anos de vida, os mais pequeninos desenvolvem-se e crescem de uma forma incrível e visível aos nossos olhos. Não tão visível é o que cresce e se desenvolve nos seus cérebros enquanto absorvem tudo o que se passa à sua volta como verdadeiras esponjas.
No entanto, algumas das capacidades que observamos em crianças mais velhas, ou até mesmo em nós adultos, irão levar o seu tempo a desenvolver-se nomeadamente a sua autonomia e independência.
Desenvolver a autonomia traz inúmeros benefícios para as crianças. Uma delas é fomentar a autoconfiança, a autoestima para desenvolver a confiança necessária para enfrentar e superar os desafios da vida e tornar-se adultos independentes no futuro.
O que significa “autonomia” nos mais pequeninos?
Na primeira infância, autonomia significa a capacidade de uma criança agir por vontade própria e realizar tarefas de forma independente, sem a ajuda de um adulto.
Benefícios da autonomia
Naturalmente, como pais, temos o desejo de superproteger nossos filhos, pois não desejamos que eles passem por nenhuma dor. Daí que, no nosso dia-a-dia, acabamos por apressar os pequeninos, também porque na correria do dia a dia, é muito mais fácil fazermos as coisas por eles: apertar os sapatos ou vestir o casaco são alguns exemplos.
No entanto, é importante termos alguma consciência dos aspetos negativos desta superproteção, porque com a melhor das intenções podemos prejudicar sua confiança e transformá-los em crianças inseguras e tímidas e influenciar a personalidade dos nossos filhos à medida que se desenvolvem e se tornam adultos.
Existem formas que conseguimos desacelerar esta necessidade que temos de os manter dependentes e ajudá-los a desenvolver independência e confiança, dando um empurrãozinho na sua autoestima. Estas competências vão levá-los bem mais longe do que ser os melhores da turma ou tirar as melhores notas!
Como incentivar a autonomia?
Quando as crianças aprendem a ser autónomas, elas naturalmente vão tornar-se adultos independentes através das novas competências que adquirem durante a infância.
Precisamos de ter tempo e paciência para ajudar os mais pequeninos a serem capazes de desenvolver esta competência tão importante para a vida. Isso significa que, às vezes, é importante aguardar que o bebé, em tentativa-erro, aperte o casaco ou os cordões enquanto pensa secretamente para si “Eu já tinha apertado e já tínhamos saído de casa”.
Aproveite este tempo de espera porque ele pode tornar-se também num momento de conexão se a criança perceber que está ali para ajudar e guiar e não para fazer as coisas por ela. Outra forma de desenvolver esta autonomia é por exemplo avisar que eles precisam de fazer algo, assoar o nariz é um exemplo, em vez de ir logo limpar o nariz sem que eles sequer parem a brincadeira e por isso mesmo não adquiram consciência do nariz sujo e da necessidade de o limpar.
Os mais pequeninos não têm o mesmo nível de atenção e foco que os adultos e por isso podem não reparar que têm um pingo no nariz. Ao invés de pegarmos logo no lenço e limparmos, podemos sugerir que à criança que pegue num lenço e limpe.
Quando nos habituamos a fazer as coisas pelos nossos filhos eles podem ficar muito frustrados e, como consequência, podem nem sequer querer tentar fazer por si próprios.
À medida que a criança cresce, você pode reconhecer os seus esforços em casa por meio de exemplos muito simples, como calçar os sapatos, comer e vestir-se de forma independente.
Abaixo estão algumas formas e exemplos para orientá-los no desenvolvimento da autonomia à medida que crescem desde bebés. É importante estimular a autonomia dos mais pequenos e ajudá-los a serem capazes de:
- Assoar o nariz, com um espelho por perto.
- Vestir e despir. Há formas mais fáceis de ensinar a vestir o casaco do que a forma que fazemos diariamente. Podemos colocar o casaco no chão, os meninos põem os dois braços e passam por cima da cabeça, o que encaixa perfeitamente.
- Dar ou ir buscar a fralda.
- Buscar água quando têm sede, pelo que a mesma deve estar acessível.
- Escovar o cabelo e os dentes, sendo necessário garantir que ambas as escovas estão à mão.
- Preparar pequenos snacks quando sentem fome.
- Lavar as mãos sem ajuda, colocando uma toalha por perto e um degrau para facilitar a subida ao lavatório.
Ao incentivarmos os nossos filhos a cuidarem de si próprios estamos a desenvolver as suas capacidades cognitivas, sócio-emocionais e de autonomia. Para além disso, mostramos que confiamos neles e que as suas escolhas também importam, o que desenvolve a auto-estima.
Clementina Almeida
Fonte: Público
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