João Martins despediu-se hoje em Londres da natação adaptada de alta competição. Para trás ficam 17 anos de piscina e 18 medalhas, que o tornam o nadador português mais sorridente e medalhado de sempre.
"Queria despedir-se com uma medalha aqui nos Jogos de Londres2012, mas foi quarto", diz o treinador António Pitta após a prova dos 50 metros costas S1, enquanto ao lado João Martins, sorri, gesticula e tenta articular palavras, mostrando que concorda com o que ouve.
Aos 42 anos, o nadador que sofre de paralisia cerebral e compete na classe menos funcional da natação adaptada, deixa a alta competição e sorri quando se lhe pergunta "o que vai fazer agora?".
A custo, percebe-se que a resposta é um "ainda não sei", seguido de um longo sorriso, através do qual expressa muitas das suas emoções.
João Martins começou a nadar há 20 anos, entrou na alta competição há 17 e subiu ao pódio em 18 ocasiões, entre campeonatos europeus, mundiais do Comité Paralímpico Internacional e Jogos Paralímpicos.
O nadador, que se estreou em competições internacionais em 1995, frequenta o Centro de dia Nuno Belmar da Costa, da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa, e até aos Jogos Paralímpicos de Londres2012 treinava entre três a cinco vezes por semana na piscina do Estádio Nacional, sempre com António Pitta.
Trabalham juntos há quase 20 e mantêm uma relação de "amizade muito forte", com a treinador a acompanhá-lo em todas as provas que disputa.
O fim da carreira não será, certamente, o fim da forte relação com o treinador. "Acaba a relação profissional mas vai manter-se a amizade", garante o técnico, também emocionado.
João Martins vive com a mãe, na Amadora, tem o quarto ano de escolaridade, e "um grupo de amigos fantástico", segundo António Pitta.
Enquanto ouve o treinador contar histórias das várias homenagens que os amigos já lhe fizeram, João Martins acena com a cabeça, como quem diz que sim, e sorri.
Gosta de desenhar num programa de computador e escreve poesia, tendo já dedicado um poema ao seu treinador e amigo.
A vida de João Martins, um exemplo de superação, vai sempre confundir-se com a natação, que ao longo de duas décadas lhe deu tantas alegrias e lhe "arrancou" tantos sorrisos rasgados.
In: I online
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