Investigadores suíços descobriram que os autistas têm uma disfunção específica nos circuitos neuronais e identificaram uma forma de a reverter, dá conta um estudo publicado na “Science”. A descoberta, garantem, pode levar ao desenvolvimento de uma nova forma de tratar a doença.
O autismo é um distúrbio hereditário do desenvolvimento do cérebro caraterizado por comportamentos repetitivos e dificuldade de comunicação e de interação social. Até agora, já foram identificadas mais de 300 mutações associadas ao risco desta doença. Um destes genes, o neuroglin-3, desempenha um papel importante na formação das sinapses, a estrutura que permite que os neurónios comuniquem entre si através do envio de sinais. Neste estudo, os investigadores da Universidade da Basileia, na Suíça, descobriram uma alteração no modo como os sinais são transmitidos através das sinapses, que altera a plasticidade e a função dos circuitos neuronais. Esta alteração está associada a um aumento da produção de um recetor do glutamato específico, responsável pela regulação da transmissão dos sinais entre os neurónios. A função e o desenvolvimento cerebral são afetados ao longo do tempo pelo excesso destes recetores, os quais inibem a adaptação da transmissão dos sinais sinápticos durante o processo de aprendizagem.
Adicionalmente, os cientistas descobriram que esta alteração do desenvolvimento do circuito neuronal poderia ser revertida. Isto porque verificaram que a reativação da produção de neuroglin-3 nos ratinhos conduziu a uma redução dos recetores do glutamato para níveis normais, tendo os efeitos estruturais cerebrais típicos do autismo desaparecido. Assim, estes recetores do glutamato podem ser alvo de desenvolvimento de fármacos capazes de impedir ou reverter o desenvolvimento do autismo. Os autores do estudo estão confiantes que este novo estudo indique uma nova forma de tratar a doença e que, no futuro próximo, adultos e crianças com autismo possam ser tratados com sucesso. Atualmente, não existe cura para o autismo, mas os sintomas podem ser reduzidos através da terapia comportamental e de outros tratamentos.
In: Pais & Filhos
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