Ensino Profissional sem conseguir dar o salto: apenas um em cada três alunos estão matriculados nas vias profissionalizantes. O topo do ranking pertence a duas escolas públicas onde o ensino profissional coexiste com cursos científico-humanísticos. A oferta profissional continua a atrair mais os rapazes.
O número de estudantes que optam pelos cursos profissionais continua a não descolar. Pelo terceiro ano letivo consecutivo, fixou-se no patamar dos 110 mil estudantes.
Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Educação, ainda não foi no ano letivo 2019/2020 (último ano com dados apurados), que o número de matriculados nos cursos profissionais ultrapassou os que estavam inscritos em 2013/2014, altura em que a Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência começou a disponibilizar os dados relativos ao ensino profissional e o ano em que foi registado o maior número de alunos inscritos (110.750).
Depois desse ano letivo, o número de estudantes caiu e teve o seu ponto mais baixo em 2015/2016 quando estavam inscritos 105.654 alunos.
Em sete anos, os cursos profissionais perderam 201 alunos, enquanto no mesmo período os cursos científico-humanísticos, vocacionados para o acesso ao ensino superior, ganharam 3.660 alunos.
Parece assim estar cada vez mais longe a fasquia dos 50% nos cursos profissionais, frequente em muitos países europeus e que foi apontada como uma meta pelo Governo PSD/CDS (2011-2015), quando Nuno Crato era ministro da Educação.
O mesmo aconteceu com os governos PS, que não conseguiram por mais de metade dos alunos no ensino profissional.
Cursos profissionais na rota dos dinheiros do PRR
O executivo socialista aposta agora no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para dar um novo fôlego ao ensino profissional.
O objetivo é criar 365 Centros Tecnológicos Especializados (CTE), até 2025, em escolas com oferta de ensino profissional.
O aviso de abertura do concurso foi publicado a 17 de junho pelo Instituto de Gestão Financeira da Educação (IGeFE). Estão disponíveis 480 milhões de euros para modernizar os estabelecimentos de ensino e a oferta educativa, que prevê quatro áreas de especialização tecnológica: industrial, energias renováveis, digital e informática.
Uma oportunidade que, para o presidente da Associação Nacional de Escolas Profissionais (Anespo), não pode ser desperdiçada. (...) José Luís Presa diz que existe “um compromisso com a União Europeia de alocar a estes Centros Tecnológicos Especializados 20 mil alunos, por ano”.
Sendo assim, avisa o responsável, estes alunos “devem ser orientados para os novos cursos de acordo com as suas tendências vocacionais”.
Trata-se de um aviso que tem como alvo o Ministério da Educação que, segundo José Luís Presa, tem a responsabilidade por dar indicações aos serviços vocacionais das escolas básicas.
Indicações essas que devem ir no sentido de os serviços vocacionais “informarem as famílias e os jovens e orientarem vocacionalmente os alunos para as diversas modalidades de ensino e formação, seja para os cursos integrados nos científico humanísticos, seja para os cursos integrados nas fileiras do ensino profissional”.
Escolas públicas ganham terreno no profissional
De acordo com os dados relativos ao ano letivo 2019/2020, os 100 estabelecimentos com melhor desempenho no ensino profissional dividiam-se de forma igual entre escolas onde existe apenas esta oferta, que na maior parte dos casos são privadas, e escolas públicas onde coexistem os cursos científico-humanísticos.
Esta aproximação tem acontecido de forma paulatina. No ano anterior, dos 100 estabelecimentos com melhor desempenho, 58 eram exclusivamente profissionais e no ano letivo 2017/2018, constavam 60 no top 100.
Olhando só para as cinco primeiras instituições com maior taxa de conclusão nos três anos do ciclo de estudos, há quatro escolas públicas e, em duas delas, todos os alunos conseguiram completar o ensino profissional sem chumbar. Foram as únicas, das 582 para as quais há dados, onde se conseguiu tal proeza. (...)
Em 80% das 582 escolas (só foram consideradas as que tinham mais de 15 alunos), metade ou mais de metade dos alunos concluíram o curso em três anos. Esta é uma percentagem que tem estado a subir de ano para ano. Já em 113 escolas mais de metade dos alunos não conseguiram concluir o ensino profissional nos três anos do ciclo de estudos.
Quem frequenta os cursos profissionais?
Os dados do Ministério da Educação revelam que 40.939 alunos tinham 18 ou mais anos, o que correspondia a 37% dos alunos que frequentaram o ensino profissional em 2019/2020.
Foi mais do triplo do registado nos cursos científico-humanísticos. Nesta via de ensino, vocacionada para o acesso ao ensino superior, apenas 11,6% dos alunos que frequentaram o secundário tinham mais de 17 anos.
Ao nível da distribuição por sexo, no ano letivo 2019/2020, manteve-se a tendência: os cursos profissionais continuaram a atrair mais rapazes (59%) do que raparigas (41%), o inverso do que acontece nos cursos científico-humanísticos, que têm mais raparigas (55%).
Fonte: Renascença por indicação de Livresco
1 comentário:
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