O papel da Escola na defesa da democracia e de uma cidadania ativa marcaram a intervenção do Ministro da Educação, João Costa, na sessão de abertura do projeto «Educação para a Cidadania», iniciativa do Programa Cidadãos Ativ@s, desenvolvido pela Fundação Calouste Gulbenkian.
«Debates recentes tentam estabelecer qual o papel da escola, é apenas ministrar alguns conteúdos ou é educar de uma forma mais abrangente, é educar também para os valores, é educar para os Direitos Humanos? Não tivemos hesitação em dizer que é papel da escola educar para a cidadania, uma cidadania global, educar para os direitos humanos, educar para valores variados. Alguns dizem ‘isso é papel da família’. Pois é. Outros dizem ‘isso é papel da escola’. Pois é. É papel da família e é papel da escola, porque a família e a escola assumem uma relação complementar e não uma relação antagónica», disse, salientando ainda que escola e família não têm de defender o mesmo pondo de vista: «Ótimo, é sinal que vão crescer com pluralismo de opiniões e com múltiplos olhares para poderem depois, enquanto adultos, serem ativos e tomarem as suas decisões em consciência».
O Ministro falou sobre várias questões da atualidade, como os incêndios ou os números da violência doméstica, para salientar a importância e a relevância dos temas abordados nas aulas de Cidadania e Desenvolvimento. Deu mesmo o exemplo da reciclagem como sendo «uma das áreas em que os mais pequenos tiveram influência sobre os mais velhos».
«Uma questão que tem sido colocada é «porque é que esta disciplina não é facultativa?». A resposta é simples: porque a cidadania não é facultativa, a cidadania é um dever de todos nós. E se a Matemática não é facultativa, a Cidadania também não é. Porque é que a Matemática não é facultativa? Porque o Estado reconhece que o conhecimento matemático é fundamental para o desenvolvimento dos cidadãos. Porque é que a Cidadania não é facultativa? Porque se reconhece que a promoção dos Direitos Humanos, a promoção da paz, a promoção da aceitação do outro é fundamental para o nosso desenvolvimento enquanto cidadãos e enquanto sociedade. O combate ao ódio não pode ser um desígnio facultativo e individual, tem de ser um compromisso coletivo».
A terminar, João Costa deixou um desafio às escolas: «Cidadania não pode estar confinada a uma ou duas horas por semana. Tem de estar na escola toda. Não podemos querer promover a cidadania ativa dos jovens e não lhes dar voz».
Recordar Utøya 11 anos depois
O projeto-piloto de «Educação para a Cidadania» decorreu entre março de 2019 e o passado mês de fevereiro no Agrupamento de Escolas de Gondifelos (Famalicão), no Agrupamento de Escolas da Damaia (Amadora) e no Agrupamento de Escolas de Porto Santo (Arquipélago da Madeira).
Luís Madureira Pires, diretor do programa Cidadãos Ativ@s da Fundação Calouste Gulbenkian apresentou o projeto e enalteceu o trabalho colaborativo entre esta Fundação, a Fundação Bissaya Barreto, a Fundação Gonçalo da Silveira e a Universidade Católica do Porto, bem como o apoio da Direção-Geral da Educação.
Também presente na sessão de abertura esteve Ellen Aabø, chefe de missão adjunta da embaixada da Noruega em Portugal, que sublinhou a importância de uma educação para a democracia e uma cidadania ativa dando como exemplo o ataque extremista que matou 77 pessoas na ilha norueguesa de Utøya, atentado que ocorreu a 22 de julho, em 2011. Este ataque também foi lembrado pelo Ministro da Educação, que sublinhou o perigo de os extremismos poderem levar a mais incidentes trágicos.
Fonte: Governo por indicação de Livresco
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