Em apenas um ano, mais de 150 pessoas com deficiência foram recrutadas ou estão em fase de recrutamento. Entidades empregadoras e os talentos recrutados partilharam experiências positivas durante o evento que se realizou em Lisboa
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a e a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) assinaram um protocolo de colaboração no âmbito da Valor T, uma agência de empregabilidade que se encontra ao serviço das pessoas com deficiência. Na ocasião, foi também lida uma mensagem do Senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A cerimónia, imbuída de simbolismo e de expectativas renovadas sobre a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, decorreu no final da semana passada no Polo de Inovação Social, na Mitra, e contou com as presenças da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho; do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho; do presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva; Laurinda Alves, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa e Vanda Nunes, diretora da Valor T, além de muitos dos jovens já contratados através do programa.
Estiveram ainda presentes as administrações de muitas empresas, tendo a Sonae, a Altice, a Inditex, o Santander, a Cuf e o Grupo Pestana apresentado o testemunho de compromisso para com a integração de pessoas com deficiência e o trabalho em curso com a Valor T.
O protocolo estabeleceu princípios de colaboração entre as duas instituições na implementação de atividades do projeto. "O protocolo tem um valor simbólico imenso, exprimindo a vontade das empresas de serem inclusivas e de serem parte deste processo maravilhoso. A CIP está connosco desde a primeira hora. Isso tem um significado tremendo", admite o provedor da SCML. No futuro, esta poderá ser uma porta de entrada no mercado de trabalho para muitas centenas de pessoas com deficiência. "Neste momento, temos mais de 100 empresas connosco, todas com a mesma vontade de seguir em frente e de acolherem nos seus quadros pessoas em função dos seus talentos e não apenas das suas limitações. O importante aqui é centrarmo-nos no potencia e menos nas dificuldades. Estou convencido que este protocolo irá envolver ainda mais empresas e motivá-las a ter esta atitude", explicou Edmundo Martinho.
Lançada em maio de 2021, precisamente no Dia do Trabalhador, a Valor T tem por missão não só apoiar as pessoas com deficiência na procura e concretização do seu potencial profissional através de um processo de promoção de empregabilidade centrado na valorização do talento e mérito dos candidatos mas também o acompanhamento de proximidade das entidades empregadoras. O primeiro ano do projeto foi "muito positivo" e como tal, não falta "ânimo para continuar", conforme o provedor da SCML fez questão de reiterar.
Já há casos de sucesso
Um indisfarçável orgulho guiava cada passo de Vanda Nunes, diretora da Valor T, no acolhimento a todos os que participaram na cerimónia, no Polo de Inovação Social, na Mitra. Colegas, empresas e entidades parceiras e, sobretudo, os seus ‘talentos’ recentemente integrados no mercado de trabalho, todos lhe mereciam uma palavra, um sorriso.
"Procuramos reunir aqui hoje uma parte das empresas T, que são já mais de 100, aquelas que vieram até nós e que são geradoras de oportunidades e com as quais procuramos fazer a ponte com o talento e as competências dos nossos candidatos. Neste encontro conhecemo-nos melhor uns aos outros", explicou (...).
O projeto, que nasceu há um ano, já é vencedor. "Surgiu em plena pandemia e teve de ser muito resiliente para conseguir crescer e chegar até aqui. É uma caminhada difícil, exigente, que se faz todos os dias com proximidade e atenção, porque é também aí que procuramos fazer a diferença", recorda.
Nesta agência cada um candidato tem direito a um apoio individualizado para facilitar o recrutamento e a integração. "O ‘T’ é também o do ‘tempo’ que cada um merece. Num processo de recrutamento de pessoas com deficiência, procuramos que a equidade seja garantida, para partirmos todos pela mesma meta e podermos depois celebrar casos como o do João Antunes, que acabou de ser integrado nos quadros da empresa que o recrutou há alguns meses através da Valor T", ilustrou, dando um dos vários exemplos de sucesso que a agência já vai somando.
António Saraiva, presidente da CIP
– Em termos de inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, em que é que este protocolo se poderá traduzir no futuro?
– Muitos dos nossos problemas são civilizacionais e, por isso estamos num tempo de inclusão. E essa inclusão que a Valor T permite, a integração deste público-alvo, mais do que uma responsabilidade social é uma responsabilidade civilizacional, porque as empresas e a sociedade têm de saber incluir estas pessoas. O talento não tem género, não é feminino nem masculino, e também não é exclusivo de quem não tem deficiência. A Valor T é também isto: transformação das mentalidades e das atitudes. Isso vale mais que bonitas palavras. Como diz o Governo: "Não podemos deixar ninguém para trás."
– Que tipo de dificuldades têm as empresas que pretendem empregar estes talentos?
– Há um conjunto de necessidades que têm de ser cobertas: questões de mobilidade e acessibilidade, de formação profissional, etc. A integração não é mera vontade, há um conjunto de aspetos que têm de se interligar para consumar esse objetivo e que passam por toda a sociedade.
Fonte: CM
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