Portugal é um dos países europeus com maior percentagem de deficientes empregados, encontrando-se profissionalmente activos 55,2 por cento dos portugueses com deficiência, ou seja, mais de metade do universo. Numa comparação com outros cinco países europeus, Portugal lidera a empregabilidade destas pessoas, ficando acima de países como a Inglaterra (54,6%) ou a Dinamarca (52,8%). No outro extremo da tabela situam-se a Lituânia, a Espanha ou a Itália, países em que a percentagem de deficientes inactivos se situa claramente acima da dos que têm um emprego.
Sem excluir a hipótese da relativamente elevada empregabilidade dos deficientes em Portugal estar associada a uma economia assente em baixas qualificações, o presidente da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral, José de Barros, disse ao DN que "isto também se deve ao nosso modelo socio-profissional, que, ao contrário de outros países, aposta em dar formação a pessoas e em áreas em que as hipóteses de integração no mercado são reais e não apenas para entreter as pessoas".
Aqueles dados constam de um estudo patrocinado pelo projecto comunitário Equal, a que o DN teve acesso, e que mostra que, apesar de tudo, "a deficiência ainda é vista como um obstáculo à contratação" para 69 por cento das empresas. Num inquérito realizado junto de 63 pequenas e médias empresas (PME), mais de um quarto dos gestores afastam definitivamente a possibilidade de contratarem um trabalhador cego, sendo que quase metade considera aquela deficiência "dificilmente integrável". Já a deficiência motora é encarada com maior tolerância, com 39,2 por cento das PME a considerarem como "medianamente integrável" a contratação de alguém com aquele tipo de deficiência. Esta predisposição é mesmo ligeiramente superior à demonstrada para admitir nos quadros da empresa um ex-toxicodependente, com 36,5 por cento dos gestores a considerarem "medianamente integrável" um trabalhador nessa situação.
As empresas manifestam maior disponibilidade para admitirem um ex-recluso (31,1%) do que um homem surdo (21,6%) ou um proveniente de Angola (12,2%). Estes indicadores servem para medir a predisposição das PME portuguesas para gerir a diversidade nos seus recursos humanos, que é uma recomendação e uma aposta da Comissão Europeia a seguir por Portugal.
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