Sem pôr em causa que a avaliação é “indispensável para a valorização do trabalho docente”, os presidentes dos conselhos executivos das escolas do distrito de Coimbra decidiram hoje reclamar a “suspensão” do actual modelo de avaliação. Queixam-se das “limitações, arbitrariedades e injustiças” e apelam ao ministério da Educação e aos sindicatos para regressarem à mesa das negociações e construírem um novo sistema.
A posição foi assumida por unanimidade numa reunião que decorreu na Escola Secundária Quinta das Flores, em Coimbra, e que contou com a presença dos presidentes dos conselhos executivos de 55 das 58 escolas do distrito.No documento que foi aprovado na reunião, e que vai ser enviado ao primeiro-ministro, à ministra da Educação e ao Presidente da República, os responsáveis pelas escolas manifestam-se preocupados com o “clima de cansaço, ansiedade e contestação dos professores” que está a “prejudicar seriamente o processo de ensino”. E apelam às restantes escolas do país para seguirem o exemplo do distrito de Coimbra, reclamando, em conjunto, a suspensão da avaliação.
Apesar de reconhecerem que as escolas não têm, por si, poder para suspender o processo de avaliação, os responsáveis dizem não ver condições para levar o processo até ao fim. “Como disse o primeiro-ministro, as escolas não têm competências para revogar decretos mas, tendo em conta a situação actual das escolas, vai ser impossível chegar ao fim do trabalho que nos foi pedido”, afirma Jorge Jerónimo, presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária D. Duarte, em Coimbra.
Face ao clima de ruptura que está instalado no sector, os presidentes dos conselhos executivos apelam a que o período de negociações entre a tutela e os parceiros sociais que estava previsto no memorando de entendimento seja antecipado em alguns meses e tenha lugar nas próximas semanas. “A senhora ministra tem de voltar à mesa das negociações, os sindicatos têm de voltar à mesa das negociações”, declarou Sobral Henriques, presidente do conselho executivo da Escola Secundária Quinta das Flores, sugerindo que as negociações contem também com a participação dos órgãos das escolas.
Além de considerarem que o processo de avaliação em curso é demasiado “complexo” por prever, por exemplo, uma “multiplicidade de itens de avaliação” a que é difícil responder com “objectividade e credibilidade”, os responsáveis das escolas da região defendem também que o actual sistema “descentra o professor do desenvolvimento do ensino-aprendizagem” e “põe em perigo o clima de confiança e colaboração” entre docentes.
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