quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Avaliar e leccionar exigem muito papel

Papéis e mais papéis. A avaliação de professores deu origem, em muitas escolas, a uma catadupa de documentos a preencher por avaliados e avaliadores. Sem falar em toda a burocracia presente no exercídio de outros cargos escolares.
Isabel Damião nem queria acreditar quando às suas mãos vieram parar as 17 grelhas que ela e os restantes colegas da Escola Secundária da Lourinhã são obrigados a preencher no âmbito da avaliação de professores. E isto sem falar num outra quantidade de papéis que englobarão os objectivos individuais e outra tanta para a auto-avaliação, duas fases importantes do processo.
As 17 grelhas incluem a descrição do plano individual de acção, actualização do plano individual de acção, registo de cargos e funções desempenhadas, projectos dinamizados, planificação do programa (unidades didácticas/módulos), reformulação da planificação, planos de aulas, material pedagógico seleccionado, atendimento e apoio informal aos alunos, entre outros.
O marido, Pedro Damião, também ele professor, ficou admirado com a profusão de documentos a preencher. "A avaliação dos professores veio agravar ainda mais o trabalho burocrático dos professores, que já não era pequeno", afirmou.
"A par da avaliação, os professores continuam a produzir papéis e mais papéis. Por exemplo, em Dezembro, se um aluno começa a revelar dificuldades e demonstra poder vir a reprovar, começam os professores a preencher os planos de recuperação. Tudo tem de ficar escrito. Em turmas com 28 alunos, há sempre cerca de metade que necessitam de planos de recuperação às diversas disciplinas. Agora, imagine a quantidade documentos escritos que é preciso produzir!", salientou aquele professor.
E Pedro Damião já nem quer referir o caso em que o professor também é director de turma. "Bom, nesse caso é mesmo caótico, pois o professor fica mesmo afogado em papéis, pois não só tem de acompanhar as faltas dos alunos, como preparar toda a documentação para as reuniões de avaliação", explicou. "Não basta ficar o registo em acta, é obrigatório produzir muita documentação", fez notar.
Helena Lopes, professora do 2.º ciclo do Ensino Básico, também lamentou que a burocracia esteja a desviar os professores da sua função primordial, que é ensinar.
"O Ministério da Educação vem dizer que os professores só têm de preencher uma folha com os objectivos individuais. Mas não diz o que o professor tem de lá escrever. É que comparar a evolução dos resultados dos alunos face à evolução média no mesmo ano de escolaridade e com as outras disciplinas exige muito trabalho burocrático prévio", referiu. E Helena Lopes chama a atenção de que há professores com 11 e mais turmas, cada uma com cerca de 25 alunos.
Comentário:
É importante desmistificar a opinião pública, infomando sobre os verdadeiros motivos da polémica e as consequências deste modelo de avaliação! Tem sido difícil! Por algum motivo, Vital Moreira é de opinião que a ME não pode ceder pois ganha a opinião pública! Mas temos de insistir! Para o bem da verdade! Para o bem od País, dos pais, dos alunos e da Educação!

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