Foi disponibilizado o documento sobre as novas "orientações curriculares para a educação pré-escolar". Do articulado, destacam-se alguns aspetos centrados na política da educação inclusiva e da educação especial.
Todas as crianças, independentemente da sua nacionalidade, língua materna, cultura, religião, etnia, orientação sexual de membro da família, das suas diferenças a nível cognitivo, motor ou sensorial, etc., participam na vida do grupo, sendo a diversidade encarada como um meio privilegiado para enriquecer as experiências e oportunidades de aprendizagem de cada criança.
A inclusão de todas as crianças implica a adoção de práticas pedagógicas diferenciadas, que respondam às características individuais de cada uma e atendam às suas diferenças, apoiando as suas aprendizagens e progressos. A interação e a cooperação entre crianças permitem que estas aprendam, não só com o/a educador/a, mas também umas com as outras. Esta perspetiva supõe que o planeamento realizado seja adaptado e diferenciado, em função do grupo e de acordo com características individuais, de modo a proporcionar a todas e a cada uma das crianças condições estimulantes para o seu desenvolvimento e aprendizagem, promovendo em todas um sentido de segurança e autoestima.
Para a construção de um ambiente inclusivo e valorizador da diversidade, é também fundamental
que o estabelecimento educativo adote uma perspetiva inclusiva, garantindo que:
todos (crianças, pais/famílias e profissionais) se sintam acolhidos e respeitados; haja um
trabalho colaborativo entre profissionais; pais/famílias sejam considerados como parceiros;
exista uma ligação próxima com a comunidade e uma rentabilização dos seus recursos. Uma
permanente intenção de melhoria dos ambientes inclusivos deve considerar o planeamento
e avaliação destes aspetos, com o contributo de todos os intervenientes.
Relações entre profissionais
Qualquer que seja a composição do grupo, a relação individualizada que o/a educador/a
estabelece com cada criança é facilitadora da sua inclusão no grupo e das relações com
as outras crianças. Na educação de infância, cuidar e educar estão intimamente relacionados,
pois ser responsável por um grupo de crianças exige competências profissionais que se
traduzem, nomeadamente, por prestar atenção ao seu bem-estar emocional e físico e dar
resposta às suas solicitações (explícitas ou implícitas). Este cuidar ético envolve assim a
criação de um ambiente securizante em que cada criança se sente bem e em que sabe que é
escutada e valorizada.
O estabelecimento educativo deverá também favorecer as relações, e o trabalho em equipa, entre profissionais que têm um papel na educação das crianças. Esse trabalho em equipa pode realizar-se a vários níveis:
▪ Reuniões regulares da equipa que trabalha com o mesmo grupo de crianças: educador/a, auxiliar de ação educativa/assistente operacional, animadores/as da componente de apoio à família ou outros profissionais que intervenham com as crianças em tempo letivo (professor/a de educação especial ou professor/a com especialidade numa determinada área). Este trabalho é indispensável para desenvolver uma ação articulada, que se integra na dinâmica global do grupo e no trabalho que se está a realizar.
Glossário
Currículo – Em educação de infância, o currículo refere-se ao conjunto das interações, experiências,
atividades, rotinas e acontecimentos planeados e não planeados que ocorrem num
ambiente educativo inclusivo, organizado para promover o bem-estar, o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças (adaptado do currículo neozelandês Te Whariki).
Inclusão – Processo que, atendendo à diversidade, promove a participação e o sentido de
pertença dos intervenientes, independentemente das características individuais e sociais de
cada um. Em contexto educativo implica criar respostas que garantam o direito de todos à
educação e a uma maior igualdade de oportunidades.
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