O fim do ano escolar representa para os filhos o verdadeiro início de férias e para muitos pais, um estado de pré-férias muito ansiado!
Este é um período em que a pressão sobre as rotinas do dia-a-dia diminui consideravelmente. Durante o ano letivo os horários exigentes de pais e filhos fazem-nos crer que vivemos permanentemente vestidos com um colete de forças e com a sensação de que em algum momento ele vai rebentar. Deveríamos todos, enquanto adultos e agentes participativos e construtores de todo um sistema social refletir seriamente sobre a forma como vivemos.
Nas consultas de saúde mental com crianças, jovens e famílias facilmente nos apercebemos o quanto o stress nas famílias da atualidade contribui para dificultar a resolução de muitas das problemáticas que ali chegam.
A carga horária excessiva de trabalho para os pais, horários escolares e pós-escolares que espartilham os filhos no meio de tanta exigência do sistema de ensino atual, em muito contribui para o sentimento de desencontro entre pais e filhos. Os finais de dia e família resumem-se a um tempo mínimo de qualidade entre as exigências das tarefas domésticas dos pais e as escolares dos filhos. Quando, pelo meio, surgem ainda dificuldades particulares relativas a um filho ou a um dos pais, o nível de stress aumenta consideravelmente.
Sim, esta é a época em que vivemos! Muitos o dirão. Mas este facto não deve servir para que nos conformemos. Antes sim, para que cada um de nós lute, dentro do sistema em que vive, por mudanças, que beneficiem o aumento da qualidade vida de nós próprios e daqueles que nos rodeiam e que de nós dependem. Os agentes políticos podem e devem defender medidas que protejam de forma mais efetiva a estabilidade e qualidade de vida das famílias; os pais têm o dever de proteger os filhos do excesso de atividades escolares e extracurriculares, sobretudo para aqueles com mais dificuldades em acompanhar o ritmo globalmente instituído ou que necessitam de maior estabilidade nas rotinas; ao nível do casal há que ter sempre a premissa presente de estar atento e cuidar do outro, sobretudo quando surgem períodos de maior exigência profissional ou de qualquer outro nível. Muitos são os exemplos que poderiam ser pensados mas que representam a exclusividade de cada família…
A revisão contínua das prioridades deve ser uma constante no dia-a-dia para que as opções que vamos fazendo nos tragam algum apaziguamento e certeza de que estamos atentos ao outro.
Os filhos esperam, neste tempo de férias, ter pais menos ocupados, mais relaxados, mais sorridentes, e sobretudo, mais livros para o encontro. Os pais, anseiam também este encontro com filhos mais felizes e libertos de obrigações escolares. Vamos todos aproveitar-nos!
Boas férias!
Sofia Nunes da Silva
Fonte: Público
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