quinta-feira, 15 de abril de 2010

Cientistas descobrem organização de dicionário do cérebro

Está aberto o caminho para tratar doenças como o autismo. Cientistas da Universidade de Carnegie Mellon (Estados Unidos), parceira de nove instituições portuguesas, descobriram «como está organizado o dicionário do cérebro», de acordo com investigadores citados pela Lusa.
O trabalho foi desenvolvido pelos neurocientistas Marcel Just e Vladimir Cherkassky e os cientistas informáticos Tom Mitchell e Sandesh Aryal, da Universidade de Carnegie Mellon. Nesta Universidade trabalha desde Janeiro o português Jaime Cardoso, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Esta investigação determinou como é que o cérebro organiza representações de substantivos, combinando imagens cerebrais e técnicas de aprendizagem mecânica. «Descobrimos como é que o dicionário do cérebro está organizado», explica Marcel Just, professor de Psicologia, num comunicado do programa Carnegie Mellon Portugal.
Just acrescenta que o cérebro não faz apenas uma «ordem alfabética ou segundo cores e tamanhos»: «Fá-lo através de três características básicas», explica. Os três códigos ou características são a relação física com o objecto, associação com o acto de comer e ideia de abrigo, explica o comunicado.
Estes factores, cada um deles codificado entre três a cinco áreas diferentes do cérebro, foram descobertos através de um algoritmo, que procurou pontos comuns entre as áreas cerebrais dos participantes, que respondiam a 60 substantivos sobre objectos físicos.
A palavra «apartamento», por exemplo, provocou alta activação nas cinco áreas que codificam palavras relacionadas com «abrigo». Os investigadores conseguiram ainda prever onde se daria a activação cerebral mediante um substantivo apresentado aos participantes e que o significado dos substantivos é codificado de forma similar entre os participantes.
Os significados de certos conceitos estão, por vezes, distorcidos nas doenças psiquiátricas e neurológicas. Estas novas técnicas podem, por isso, permitir a medição dessas alterações e contrariá-las, como no caso de um autista, que pode ter uma codificação mais fraca na área do contacto social. «Nós ensinamos a mente, mas estamos a moldar o cérebro, e agora podemos testar o cérebro sobre o quão bem aprendeu um conceito», conclui Marcel Just.
A experiência integra o Programa Carnegie Mellon Portugal, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e iniciado em Outubro de 2006, no âmbito do programa de intercâmbio de professores. A iniciativa abrange mais de 160 estudantes portugueses e estrangeiros de mestrado profissional e de doutoramento, incluindo 10 projectos de investigação.

1 comentário:

Atena disse...

Será assim um tão grande avanço? Com tantas noticias do género, já não me entusiasmo muito com nada. Não perco a esperança em maiores desenvolvimentos científicos na àrea, mas também não acredito muito numa grande descoberta a curto prazo.
Abraço
Cristina