sábado, 27 de dezembro de 2008

Famílias de crianças com cancro vão ter casa grátis

A casa que a Acreditar está a construir junto ao novo Pediátrico de Coimbra tem uma missão: acolher, gratuitamente, as famílias de crianças com cancro, permitindo que acompanhem os tratamentos e suavizem a dor.
Naqueles 1200 metros quadrados, cabem 20 famílias. E a estrutura está preparada para receber mais dez quartos, se necessário. Partilham-se cozinha e sala de refeições, mas cada núcleo familiar conserva a intimidade num quarto com casa-de-banho privativa. As salas de convívio estão divididas por faixas etárias, prontas para receber bebés, adolescentes e jovens adultos. Ponto assente é que, na casa, nada vai fazer lembrar o hospital.
"A doença é uma bomba atómica que cai na família", sintetiza, em visita à obra, Margarida Cruz, directora-executiva da Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro. "A casa existe para que as pessoas se sintam acompanhadas, num sítio confortável, alegre, bem disposto. A troca de experiências também ajuda muito", garante.
Esta é já a terceira casa que a Acreditar ergue (primeiro surgiram as de Lisboa e Funchal, na Madeira). Por isso, a associação não duvida da importância que terá para estas famílias. Sabe das dificuldades que enfrentam por viverem longe dos centros de tratamento e terem de suportar deslocações regulares e alojamentos. Sabem o desgaste físico que isso implica para as próprias crianças.
A "bomba atómica", como lhe chama Margarida Cruz, devasta as vidas destas pessoas e expõe-lhes todas as fragilidades. "A doença não só é grave, como prolongada. Muitas vezes, um dos familiares perde o emprego. Vemos muitas mães jovens, com empregos precários. E o endividamento das famílias. Tudo se reflecte", lamenta.
"Esta casa nasceu da necessidade", frisa Margarida Cruz. "Há crianças em tratamento nos Hospitais da Universidade de Coimbra e no Hospital Pediátrico e há sempre famílias de longe que não conseguem ir e vir todos os dias. Os sítios onde ficam, por vezes não são os adequados", sustenta. Neste momento, a Acreditar está a prestar apoio financeiro a pais que não têm dinheiro para o alojamento, em Coimbra. A casa - que vai ter uma governanta e voluntários em permanência - está quase pronta. Faltam apenas alguns materiais, que a associação espera obter através da sua única fonte de financiamento: o mecenato. Prevê-se que abra a 15 de Fevereiro, o dia internacional da criança com cancro.
"Para os pais que estão a viver uma situação destas, completamente desprovidos de tudo, inclusivé de esperança, é muito importante ter este apoio", realça Alexandra Correia, coordenadora do núcleo Sul da associação. Os pequenos também não ficam indiferentes. Segundo a responsável, muitos passam lá, curados, e perguntam: "Posso ir ao meu quarto?". Sinal de que aquela foi mesmo a sua casa.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Físico de Oxford inventa óculos com lentes ajustáveis para os mais pobres

Um professor jubilado de Física da Universidade de Oxford, Josh Silver, inventou óculos ajustáveis às necessidades de visão dos seus portadores, que poderão, segundo espera, ajudar milhões de pessoas nos países pobres a ver melhor.
Para Eduardo Teixeira, presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO), trata-se de uma “óptima invenção, que irá beneficiar as populações mais carenciadas”.
“Há países onde as pessoas deixam de trabalhar entre os 35 e os 40 anos por perderem capacidade visual e que poderiam continuar activas pelo menos mais 20 anos se tivessem acesso a cuidados de saúde visual”, afirmou à Lusa o optometrista português.
Ao preço estimado de apenas um dólar (0,71 euros), estes óculos foram concebidos segundo o princípio de que quanto mais grossa for a lente, maior será a sua potência correctora, e têm dois tubos estreitos circulares cheios de fluido, cada um deles ligado a uma pequena seringa.
A pessoa que precisar de corrigir a visão deverá aumentar ou diminuir a quantidade de líquido introduzido pela seringa nas lentes, ajustando assim a sua potência. Logo que a visão estiver corrigida, basta fechar a entrada de líquido nos óculos e retirar as seringas.
“O princípio é tão simples que qualquer pessoa o pode entender facilmente”, diz o inventor.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Feliz Natal

Após este primeiro período lectivo, é reconfortante ter alguma paz de espírito! Os dias conturbados ainda não terminaram, apenas se "suspenderam". Mas, deixemos essas preocupações para o novo ano civil. Para todos os amigos, colegas, visitantes
FELIZ NATAL
e um ano de
2009 pleno de felicidade!


domingo, 21 de dezembro de 2008

Inventores jovens ajudam vida de doentes de artrite

Uma mola de roupa e um carrinho de limpeza doméstica, adaptados às necessidades dos doentes com artrite reumatóide, venceram o concurso de design ‘Liberdade de Movimentos’, que visava o desenvolvimento de objectos que facilitem a vida quotidiana destes doentes.
Juliana Ferreira, da Universidade Lusófona do Porto, que desenhou uma mola de roupa que se adapta à forma da mão para facilitar o manuseamento, venceu o prémio do júri, num concurso promovido pela Associação dos Doentes com Artrite Reumatóide. Mariana Roque, da Escola Superior de Estudos Industriais e Gestão, com um carrinho de limpeza doméstica adaptado, ganhou o prémio do público que votou através da internet.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Código ajuda daltónicos a decifrar cores

Não mata, mas mói. A incapacidade para distinguir as cores parece, para quem não a tem, um problema menor. E, no entanto, impede um décimo da população mundial de ser autónoma. O designer Miguel Neiva descobriu a luz para os daltónicos.
Cenário individual: como escolher uma peça de roupa em detrimento de outra sem distinguir as cores? O que responder ao filho que pede o lápis verde para pintar a árvore? Cenário social: como interpretar o mapa do metro se as linhas são representadas por cores? Como respeitar as bandeiras de perigo na praia? Cenário profissional: como cumprir uma vocação relacionada com a indústria gráfica, química, da moda ou da decoração, se todas estão ancoradas no domínio da cor?
Nos dois primeiros cenários, haverá a possibilidade de pedir ajuda a terceiros, ainda que isso crie uma dependência pouco confortável; para o terceiro não há solução. Os estudos estimam que 10% da população mundial sofra de daltonismo. Apesar da limitação que a designada "cegueira das cores" implica para os indivíduos, o daltonismo tem sido ignorado.
"Não é visto como um grande problema. E, se calhar, não é. Mas não é preciso ser um grande problema para ser resolvido", defende Miguel Neiva, mestre em Design e Marketing, cuja tese de mestrado, defendida há dois meses, na Universidade do Minho, versou sobre a aplicação de uma solução nunca até agora pensada. "Poderá não ser um problema", insiste, "mas ouvir alguém dizer que tem um carro azul-banana projecta inevitavelmente uma imagem que vai implicar juízos de valor pouco favoráveis. O daltónico sabe-o e sofre em silêncio".
Por isso, o designer do Porto desenvolveu um código gráfico monocromático que, a ser aplicado, prestará "um serviço público a uma pequena grande minoria". Para cada cor primária (vermelho, amarelo, azul) criou um símbolo (respectivamente, triângulo, barra diagonal, triângulo invertido), fácil de apreender, com custos de aplicação reduzidos, e passível de ser adaptado a vários cenários: desde etiquetas de roupa a transportes públicos. A partir do jogo dos três símbolos é possível identificar cores, tons, brilhos e misturas. "O código representa a autonomia dos daltónicos".
Os daltónicos - quase todos do sexo masculino, uma vez que a deficiência, hereditária, está relacionada com uma falha genética associada ao cromossoma X- vêem entre 500 a 800 cores; uma visão normal apreende cerca de 30 mil.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O caldo de pedra da educação

Apesar do tema central desta página ser a educação especial, não resisto, porém, a divulgar alguns comentários ou crónicas, que merecem toda a minha consideração. Ainda sobre a malograda avaliação de desempenho, e a política educativa em geral, transcrevo parte de uma crónica de Manuel António Pina, que escreve habitualmente no JN.
Tendo-se os custos da coisa, principalmente os políticos, descontrolado, neste momento, a ministra já não quer saber do modelo para nada, só estando preocupada, ela e o Governo, que quem estejade fora acredite que a "reforma" vingou. Depois de todas as simplificações, alterações, excepções e derrogações em matérias que ainda no dia anterior eram "essenciais", agora são os professores que se reformarem até 2011 que já não "têm direito" a ser avaliados. O modelo de avaliação da ministra tornou-se numa sopa de pedra ao contrário. Vai-lhe tirando, um a um, todos os ingredientes e condimentos, desde que fique, ao menos, a pedra.

Professores desiludidos com profissão

Os professores portugueses estão desiludidos com a profissão e quase 75 por cento preferia exercer outra actividade. Mais: 81 por cento dos docentes admite que se pudesse pediria a reforma, mesmo com penalizações. Estes dados pertencem ao Observatório da Avaliação de Desempenho, órgão criado pela Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) e pelo Instituto Superior de Educação e Trabalho (ISET) e resultam de um inquérito realizado entre 10 de Outubro e 15 de Novembro a 1018 professores a nível nacional.
O estudo revelou ainda que 40 por cento dos docentes não reconhece aos seus avaliadores "capacidade de avaliar com rigor e isenção", nem tão-pouco "conhecimento na sua especialidade".
Por outro lado, mais de 60 por cento dos professores considera que o processo de avaliação de desempenho vai "prejudicar" ou "prejudicar muito" a preparação e concretização das aulas.
Quase 70 por cento defende que o processo vai prejudicar a relação com os conselhos executivos, com os professores avaliadores e ainda a colaboração com os colegas.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Deficientes que frequentam centros ocupacionais vão ter que pagar mensalidade

As instituições de solidariedade social que têm actividades ocupacionais para deficientes vão cobrar a partir de 2009 uma mensalidade que poderá ir até 30 euros, segundo revelou hoje o presidente do Instituto da Segurança Social, Edmundo Martinho.
Este responsável explica a decisão com a ideia de criar condições idênticas entre os centros privados e os que pertencem ao Estado. Adiantou também que as famílias mais carenciadas poderão ficar isentas ou pagar apenas cinco euros e que a medida abrange cerca de meia dúzia de centros pertencentes ao Estado.
Familiares de utentes do centro de Costa Cabral, no Porto, manifestaram-se surpreendidos com esta opção do Estado.
A mãe de um utente de 30 anos, com paralisia cerebral, queixa-se de que esta medida reduz ainda mais as poucas ajudas existentes.
Muitos dos adultos que utilizam estas instituições frequentam-nas há mais de 20 anos sem nunca terem pago mensalidade.

Ida ao médico nas transições do ciclo escolar


A alta comissária da Saúde, Maria do Céu Machado, anunciou estar a estudar com o Ministério da Educação a obrigatoriedade das crianças irem a uma consulta médica sempre que haja transição do ciclo escolar.
"São indicadores nacionais de saúde as crianças terem uma observação médica aos 6 e aos 13 anos", afirmou Maria do Céu Machado, numa conferência no Hospital D. Estefânia, em Lisboa. Segundo a responsável, aos 6 anos 67 por cento das crianças tem uma consulta de saúde, mas aos 13 anos apenas 37 por cento foi observada. "Há muitas crianças que vão a um médico particular, mas muitas não vão a lado algum", afirmou, revelando estar a articular com o ME para que seja "obrigatório que sempre que haja mudança de ciclo a criança seja observada".

Comentário:
À partida, vejo esta medida como muito positiva, sobretudo para as famílias mais desfavorecidas e para os meios mais rurais, com evidentes problemas sócio-económicos.
Penso, também, que seria positiva para as escolas e para os alunos com NEE, pois "obrigatoriamente" seriam acompanhados regularmente por técnicos de saúde. Vejo, nesta medida, uma porta aberta para uma maior articulação entre as áreas da saúde e da educação, numa perspectiva de análise pluridisciplinar da situação dos alunos, na procura de respostas mais eficazes e adaptadas a cada caso.
Haja coragem para implementar esta medida!

Governo aposta tudo na divisão dos professores

(...) o Governo tenta dividir os professores de modo a esvaziar a greve marcada para 19 de Janeiro. Fonte do Executivo assegurou ao DN que a dispensa de avaliação de alguns docentes traduz-se num "alívio de carga burocrática significativo", deixando assim sem argumentos os conselhos executivos que têm defendido a impossibilidade de proceder à avaliação. Por outro lado, as outras medidas procuram contentar uma parte da classe que nos últimos seis meses mais dores de cabeça tem dado a José Sócrates. O primeiro-ministro não quer, em ano eleitoral, arriscar nova contestação maciça como as registadas nas duas últimas manifestações.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

12 verdades para um ensino de qualidade em Portugal

Estamos em 2008, no século XXI, e não nos idos anos 70 do século passado: a experiência de todos estes anos leva-nos a considerar que é preciso ter a coragem de dizer 12 verdades, se queremos realmente que se faça uma reforma na Educação, para que haja um ensino de qualidade.
1.ª – O ensino unificado (5.º ao 9.º ano) não serve. Deveriam existir, pelo menos, dois currículos (eventualmente três), um deles com uma maior componente técnica, currículos diferentes não só no que respeita ao número, natureza das disciplinas e carga horária das mesmas como aos respectivos programas.
2.ª –A ausência de reprovações não responsabiliza nem alunos, nem pais, nem professores e compromete negativamente toda a aprendizagem dos alunos com dificuldades, mas a reprovação por si só também não tem a desejada eficácia. Por isso, a partir do 4.º ano, as disciplinas deveriam ter os programas organizados por níveis de aprendizagem, progredindo o aluno em cada disciplina de ano para ano por níveis, não podendo aceder ao nível seguinte sem o domínio do que é essencial do nível anterior.
3.ª – A abolição dos exames foi um erro. A existência de exames (provas de avaliação externa) com um peso de 50% é essencial para a responsabilização de todos os intervenientes no processo educativo, desde o 4.º ano de escolaridade e a todas as disciplinas (no 4.º, no 6.º, no 9.º no Ensino Básico; em cada disciplina terminal no EnsinoSecundário).
4.ª – Os currículos estão desajustados. É necessário que tenham um número equilibrado de disciplinas, devendo desaparecer do mesmo disciplinas instrumentais como, por exemplo, «Área de Projecto» e «Estudo Acompanhado».
5.ª – Os programas são responsáveis por muitos dos problemas da falta de competência dos nossos alunos. Deveriam ser claros, com os conteúdos muito bem explicitados (nomeadamente quanto ao grau de aprofundamento) e os objectivos muito bem definidos, sendo referidos os graus mínimos de consecução em cada ano.
6.ª – A escala de classificação de níveis de 1 a 5 aplicada do 5.º ao 9.º ano é má, pois propicia o laxismo e não incentiva as realizações dos alunos. Na escala de 0 a 20, um aluno que tenha 10 valores esforça-se e vê o seu esforço recompensado, passando a sua nota, por exemplo, para 12 ou 13, mas, na escala de 1 a 5, o mesmo esforço num aluno que tenha obtido 3 não o faz mudar de nível (continua no 3), o que, naturalmente, o desmotiva.
7.ª – O número de alunos por turma é outro dos problemas: turmas de 24 a 28 alunos não são compatíveis com uma aprendizagem de qualidade no tempo presente. As turmas deveriam ter 20 alunos.
8.ª – Os tempos lectivos de 90 minutos e de 135 minutos não servem. É mais adequado cada aula de uma disciplina ter apenas 50 minutos, havendo um intervalo de 10 minutos entre a aula de uma disciplina e a de outra, para que os alunos possam vir até ao pátio de recreio, respirar fundo, falar à vontade, correr, brincar, ir à casa de banho, voltando para a aula seguinte com a capacidade de concentração e de trabalho renovada (exceptuam-se, naturalmente, as disciplinas de cariz laboratorial: 50 minutos + 50 minutos).
9.ª – O absentismo dos alunos e a indisciplina são factores que comprometem a sua aprendizagem. O recente estatuto do aluno não foi feliz nas soluções propostas. É fundamental a incidência da responsabilização nos alunos e nos pais e encarregados de educação.
10.ª – A formação inicial de natureza pedagógica e de natureza didáctica deveria obedecer a directrizes muito claras da responsabilidade do Ministério da Educação, nomeadamente a indicação das disciplinas de pedagogia, das de didáctica e seu conteúdo (por exemplo, em Português, como se ensina o aluno a desenvolver a competência de leitura ou a competência de escrita, entre outras), bem como dos aspectos a ter em conta no estágio, uniformemente em todo o país.
11.ª – A formação contínua tem sido muito heterogénea. Também aqui deveria haver uma intervenção directa do Ministério da Educação no que respeita aos objectivos e conteúdos, bem como à organização e à qualidade.
12.ª – A avaliação de professores deve ser feita tendo como referente um perfil de bom professor no quadro dos grandes objectivos do Sistema Educativo – definido pelo Ministério da Educação, e não deixado ao arbítrio de cada escola, com o pretexto da autonomia. A Educação é um desígnio nacional: a tutela não pode alhear-se desta responsabilidade.
Maria Regina Rocha - Professora do Ensino Secundário

Social Cohesion for Mental Well-being among adolescents


A OMS acaba de editar uma obra na área da Saúde Mental, que contou com a participação de 17 Países Membros, entre os quais Portugal.
A DGIDC e a Faculdade de Motricidade Humana (FMH) participaram na publicação “Social Cohesion for Mental Well-being among adolescents”.

Portugal: from research to practice – promoting positive health for adolescents in schools, p. 153-168

Colónias de férias de Natal para jovens com deficiência

Disponíveis para estadas residenciais e não residenciais, em três programas distintos, as colónias de férias de Natal destinam-se a todos os alunos da Quinta Essência mas também podem participar todos os jovens, com mais de 10 anos, mediante inscrição prévia.
Entre as várias actividades programadas destaca-se o Atelier de Imagem Antes & Depois, a ocorrer nos dias 20 e 21 de Dezembro, dedicado a ensinar, de forma divertida, os jovens a brincar com a sua imagem e a mudar o seu visual, utilizando as dicas para cabelos e maquilhagem praticadas durante o atelier.
A 23 de Dezembro, a Guarda Nacional Republicana (GNR) ensina medidas de segurança, no âmbito do projecto Escola Segura, e realiza uma exibição canina. A 28 de Dezembro, os jovens assistem à peça de teatro Eli – A Elefanta Bebé , no Teatro Tivoli e na noite de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro, a Quinta Essência proporciona uma passagem de ano especialmente concebida para que estes jovens possam dar as boas-vindas ao ano de 2009. Já no novo ano, a 3 de Janeiro, os jovens participam no Biodanza, um sistema de integração afectiva e de reaprendizagem.
A Quinta Essência é um complexo privado, que desde 2005 se dedica ao desenvolvimento das capacidades e da autonomia de jovens com atraso de desenvolvimento intelectual, maiores de 16 anos. Disponibiliza uma solução integrada que pode incluir o serviço de residência permanente, temporária ou ocasional, e um Programa de Desenvolvimento Individual que visa a integração e autonomia pessoal, social e profissional destas pessoas muito especiais. Cerca de 3% da população sofre de atraso mental e, segundo dados do INE, existem apenas na área da Grande Lisboa mais de sete mil pessoas com atraso de desenvolvimento intelectual.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

(Hiper) actividade?

A hiperactividade é uma doença que se encontra directamente relacionada com o comportamento. Por isso, a desordem do défice de atenção com hiperactividade, assim denominada, trata-se de uma problemática que começa por criar dificuldades de aprendizagem e de adaptação, especialmente nos primeiros anos de vida.
Não pode ser considerada uma condição circunspecta à infância, pois em muitos casos prolonga-se até à idade adulta, não sendo ultrapassável apenas com o desenvolvimento.
Estudos indicam que a base desta perturbação é essencialmente neurológica, sendo que factores genéticos e experiências ambientais também podem contribuir para moldar o comportamento. No entanto, importa desmistificar que não é a forma como a criança é educada, a formação dos pais ou o seu estatuto social, que contribui para uma maior afecção da doença.
Estima-se uma prevalência de 3-20% em crianças em idade escolar, sendo os rapazes os mais afectados.
Actualmente, dado o aumento das expectativas académicas em prol dos educandos, têm sido elaborados mais diagnósticos.
Embora as manifestações clínicas possam ser precoces, é na escola, meio privilegiado, que estas mais se fazem sentir. A inatenção, hiperactividade e impulsividade constituem 3 sinais aos quais se deve estar atento.
Estas crianças evitam tarefas que requeiram concentração, distraem-se com facilidade e não prestam atenção ao que se lhes diz.
A hiperactividade resulta numa extrema incapacidade em controlar os impulsos em situações em que tal é requerido e socialmente correcto. Em ambiente escolar, estas crianças normalmente perturbam incessantemente as aulas, interrompem os colegas, alternam facilmente de actividade e não conseguem manter-se sentadas durante um certo período de tempo. Não raras vezes, esta característica, quando associada à impulsividade, pode aumentar o risco da ocorrência de acidentes pessoais.
Crianças com este síndrome costumam ser desorganizadas, desajeitadas, com pouca aptidão desportiva, têm um aproveitamento escolar irregular, e não são muito sociáveis.
Antes de efectuar o diagnóstico importa verificar a existência (ou não) de outras doenças associadas (com especial destaque para a visão e audição). Há que considerar também o temperamento da criança, sexo e idade da mesma.
Após o diagnóstico, pais, professores e outros educadores devem ser esclarecidos e aconselhados pelo técnico de referência acerca das melhores estratégias a adoptar. É fundamental que entendam esta perturbação como um problema de saúde, ao invés de um problema de disciplina. Por isso, é importante valorizar sempre os aspectos positivos da conduta, evitando a crítica sistemática.
Os objectivos do tratamento depreendem-se com a melhoria da aprendizagem e do rendimento escolar.
O prognóstico costuma ser bastante positivo quando existe um bom apoio e acompanhamento psicoterapêutico.
Joana Patrícia Dias

Portugueses vão ao pólo sul para ajudar crianças com doenças crónicas

A Expedição Antárctida 2009 é o primeiro desafio português em caiaque que combina desporto, aventura e solidariedade social.
No início do próximo ano, e ao longo de mês de Janeiro e uma semana em Fevereiro, um grupo de portugueses vai fazer uma expedição em caiaque até ao pólo sul. Uma das missões desta expedição é colocar a Bandeira da Associação Terra dos Sonhos na Antárctida. Com o lema inscrito e traduzido em várias línguas - «Um sorriso vale tudo» - a colocação da bandeira será fotografada e filmada e marcará pela primeira vez a presença da Terra dos Sonhos nesta grande aventura.
Assente numa vertente de responsabilidade social, humanitária e de apoio social, entre outras, a organização da Expedição Antárctida 2009 convidou a Terra dos Sonhos a participar na primeira expedição portuguesa ao pólo sul, o que constitui, nas palavras da organização, «um factor de motivação adicional para a concretização dos nossos objectivos, do nosso sonho».
Da parceria entre a expedição e a Terra dos Sonhos nasce o projecto «A cada Milha nasce um Sonho»que tem por objectivo convidar as empresas portuguesas a adquirir milhas náuticas por um determinado valor que reverte na totalidade para a Associação Terra dos Sonhos.
Por cada milha náutica percorrida em caiaque, a empresa que comprar essas milhas está a contribuir para a realização de sonhos de crianças que sofrem de doenças crónicas e/ou terminais .
A Terra dos Sonhos é uma associação não lucrativa de solidariedade social, que procura desenvolver um conceito inovador de responsabilidade social, envolvendo a sociedade civil, em geral, e as organizações empresariais, em particular, cuja história, posicionamento e equipa podem ser consultados em http://www.terradossonhos.org.

Perturbação de oposição

Se na sua sala de aula tem um aluno que frequentemente se encoleriza; discute com os adultos; recusa cumprir pedidos ou regras; aborrece deliberadamente as pessoas; culpa os outros dos seus erros ou maus comportamentos; manifesta raiva e ressentimento e é rancoroso ou vingativo, então, provavelmente, tem em mãos uma perturbação disruptiva do comportamento, mais concretamente uma perturbação de oposição. Se não tem nem nunca teve alunos com este perfil, pode desde já considerar-se sortudo, pois estas crianças põem qualquer adulto, mesmo que calmo e equilibrado, à beira de um ataque de nervos. O que distingue uma criança com perturbação de oposição de outra normal é a cronicidade dos comportamentos referidos. Provavelmente já se confrontou com alunos com comportamentos de oposição. Muitos destes, felizmente, quando confrontados e sancionados em resultado de apresentarem um comportamento disfuncional, admitem a inadequação do seu comportamento, tornando-se a probabilidade de este voltar a ocorrer reduzida. No caso da perturbação de oposição, a probabilidade da repetição do comportamento disfuncional é muito elevada e o assumir de responsabilidades por parte da criança é muito limitada. Esta perturbação traduz-se, em termos práticos, numa violação sistemática dos direitos básicos dos outros, bem como das normas e regras sociais esperadas para uma determinada faixa etária.
Segundo os estudos já realizados, este padrão de comportamento desenvolve-se quando o estilo de educação parental é marcado pela permissividade, ou seja, quando os pais não impõem limites, raramente usam a punição, evitam exercer autoridade e impõem poucas regras no que se refere ao cumprimento das rotinas diárias, tais como horas das refeições e hora de ir dormir. Esta falta de autoridade vai tendo reflexos cada vez mais graves à medida que a criança cresce e tem consciência de que, faça o que fizer, as consequências serão sempre diminutas.
A grande questão que necessariamente se coloca face a este tipo de problema é: o que fazer? Estes jovens são realmente muito difíceis, pois, além de nunca assumirem as suas responsabilidades, usam a manipulação como forma de tentar que os outros tenham deles uma imagem positiva. Chamar a família e tentar envolvê-la na resolução do problema traduz-se habitualmente em tempo perdido... A minha experiência, infelizmente, assim o tem demonstrado. Apesar de todas as evidências do insucesso da estratégia anteriormente referida, tenta-se sempre pedir a colaboração das figuras parentais. O que acontece é que estas já há muito tempo perderam o poder, se é que alguma vez o tiveram.
O que às vezes vai surtindo algum efeito é recorrer a entidades que tenham um estatuto marcado por alguma autoridade - estou a pensar concretamente nas Comissões de Protecção de Crianças e Jovens. Quando o jovem e a família são chamados às referidas comissões, em alguns casos a consciência de que algo pode realmente acontecer parece ter efeitos positivos em termos comportamentais. Infelizmente, esses efeitos nem sempre são duradouros. Por isso, a articulação entre as escolas e as Comissões é fundamental, já que de vez em quando estes jovens têm de voltar à Comissão para a memória ser refrescada!
O que realmente incomoda profundamente neste tipo de perturbação é que ela se traduz frequentemente num grande desgaste emocional para os professores e para os pares e nem sempre se conseguem encontrar estratégias eficazes para pôr fim ao problema.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Palavras para crianças na Gulbenkian


Especialistas da escrita destinada aos pequenos leitores reúnem-se na Gulbenkian hoje e amanhã. No programa, cinco sessões e duas oficinas dedicadas à literatura infantil.
"Palavra de trapos: as línguas que os livros falam" é o nome da iniciativa e o mote para os que escrevem para crianças se encontrem, troquem experiências, analisem o passado e perspectivem o futuro. A conferência sobre literatura infantil decorre hoje e amanhã na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Cinco sessões para "espremer" o tema. Cinco encontros centrados nas palavras: palavras rimadas, palavras de outrora e de agora, palavras trocadas, palavras pintadas e palavras de bicho.
José António Gomes, Ana Luísa Amaral, Alice Vieira, João Paulo Cotrim, António Torrado, Manuel António Pina e Luísa Dacosta são alguns dos nomes confirmados para o encontro. A iniciativa conta ainda com dois workshops temáticos na terça-feira, a partir das 14h30. "Do livro à animação" é conduzido por Nuno Feijão, enquanto Fernando Galrito, com a participação de Cristina Paiva, orienta "A subversão dos movimentos do corpo e das histórias tradicionais". A sessão de abertura da conferência conta com a presença do ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, e de Marçal Grilo, ex-ministro da Educação e agora administrador da Fundação Calouste Gulbenkian.
A escritora Rita Taborda Duarte é a comissária da conferência, que pretende, entre outras coisas, debater o peso que as palavras têm e as diversas formas que podem assumir numa literatura tão específica e com um público-alvo cada vez mais exigente. Os livros infantis ganham espaço nas prateleiras de muitas casas e, por isso, há que saber como conquistar os pequenos leitores, de maneira que a pedagogia também tenha o seu papel.
Hoje fala-se das palavras rimadas, das que foram de outros tempos e das que agora são usadas, e ainda das palavras trocadas. O acesso às novas tecnologias, a presença de computadores nas salas de aula desde cedo, o ensino do Inglês desde tenra idade são assuntos que não deverão escapar aos entendidos da matéria.
As palavras que ganham cor nos livros abrem a conferência amanhã, às 9h00, com um painel constituído por João Paulo Cotrim, Vicente Ferrer, António Torrado e Luís Henrique. Duas horas mais tarde, palavra de bicho é o tema abordado numa mesa-redonda com Maria Teresa Maia Gonzalez, Manuel António Pina, Álvaro Magalhães e Luísa Dacosta. A sessão de encerramento está marcada para as 12h30, seguindo-se as duas oficinas ao início da tarde.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Integração Escolar e Social em Ambiente Rural - Uma experiência no interior de Portugal

A ASSOL – Associação de Solidariedade Social de Lafões - é uma Organização Não Governamental sem fins lucra­tivos (IPSS), fundada em 1987 em Oliveira de Frades com o objectivo de desenvolver uma rede de apoios a pessoas com deficiência na região de Lafões, situada no distrito de Viseu. Até essa altura, as crianças com deficiências eram mais ou menos aceites nas escolas do primeiro ciclo ou ficavam em casa entregues aos seus pais. Os jovens e adultos ficavam ao cuidado das suas famílias, sem mais apoios.
Em 1987 apenas existiam Cen­tros de Educação Especial em Viseu (cidade que fica a cerca de 50 km de distância), fre­quentados por muito poucas crianças e jovens da nossa região.
A ASSOL, desde o momento da sua fundação, definiu a sua missão como promover a inte­gração social das pessoas com deficiência por oposição à ideia de criar serviços especiais para pessoas especiais. Esta opção procurava dar corpo à inclusão escolar e social das crianças, jovens e adultos numa comuni­dade que até aí sempre se orga­nizara, com muitas dificuldades e limitações, para responder às necessidades das pessoas com deficiência, onde ainda funcio­nava uma economia assente na pequena agricultura de sub­sistência e onde os valores tradicionais diziam que cuidar das pessoas com deficiência é uma cruz a ser carregada por aqueles a quem Deus deu esse destino.
Apesar desta situação, foi decidido que a ASSOL nunca faria escolas especiais que ao tempo eram estruturas muito populares em Portugal. A sua primeira iniciativa, em 1989, porque era para isso que havia financiamento, foi a criação de um curso de formação profis­sional para adultos e jovens desempregados, o que permitiu dar alguma estrutura à Asso­ciação. A segunda, em 1991, foi celebrar um protocolo com o Ministério da Educação que permitiu à ASSOL ter alguns técnicos com a tarefa de co­laborar com as escolas e os serviços de educação especial integrada, então a nascer, de modo a conseguir a integração de todas as crianças e jovens com deficiência.
O local para as crianças e jovens crescerem é entre os seus pares, sendo certo que, para que possam fazê-lo, po­dem precisar de apoios especi­ais. Este é o conceito que está na base do projecto que temos vindo a desenvolver e que, aos poucos, foi contaminando as escolas e a comunidade. O fac­tor distintivo da ASSOL é esta estratégia, pois os recursos acrescentados às escolas são relativamente reduzidos, aten­dendo a que, para uma popu­lação global de 40.000 habitan­tes, temos apenas mais uma psicóloga, um terapeuta da fala, 3 auxiliares pedagógicas e uma técnica de serviço social a meio tempo.
Hoje, passados cerca de 17 anos sobre os primeiros pas­sos, está consolidada a ideia da integração escolar e social como um direito básico que, na nossa comunidade, é asse­gurado a todos, independente­mente da sua condição física ou intelectual. Esta orientação é continuada através de experiên­cias dos alunos em processo de transição da escola para o mundo do trabalho, facilitado pela crescente disponibilidade das empresas em aceitar a sua colaboração. Esta mudança e o empenho das escolas permitem que uma criança com deficiên­cia frequente a mesma escola dos seus pares até aos 16 ou 18 anos sem que os seus pais tenham que fazer mais do que matriculá-la na escola, tal como fazem com os outros filhos.
Através de outros programas dirigidos a jovens e adul­tos, a ASSOL tem conseguido assegurar que, uma vez ter­minada a escola, exista algum apoio seja em centro de activi­dades ocupacionais, formação profissional ou emprego, de­pendendo das capacidades e necessidades de cada jovem.
No sentido de aprofundar o envolvimento dos pais e dos colegas estamos actualmente a utilizar as técnicas do Pla­neamento Centrado na Pessoa (MAPS e PATH1) , que revelam grande potencial para a clarifica­ção de projectos de vida e para promoverem o envolvimento de toda a comunidade na concretização desses projectos.
Esta é uma técnica que exige um grande envolvimento das pessoas mas que se faz com poucos recursos: papel de cenário ou mesmo um quadro onde escrever.
O objectivo essencial é criar uma visão do futuro, desejado pela pessoa e que o grupo de colegas se compromete a apoiar.
A realização do PATH por uma aluna com multideficiência e limitações gravíssimas na co­municação (não fala), na mo­bilidade (anda em cadeira de rodas) na aprendizagem (não sabe ler nem escrever) com os seus colegas de turma com idades entre os 14 e 16 anos e os seus professores, permitiu perceber que todos tinham o sonho de serem mais amigos uns dos outros. Nesta sessão e para realizar esse sonho, os co­legas comprometeram-se a or­ganizar grupos para realizarem actividades com a aluna em questão, em diversos momen­tos ao longo da semana e, em conjunto com os professores, encontrar formas de aumentar a sua participação nas aulas que frequenta, inserida na turma.
A integração escolar das pessoas com as maiores limi­tações tem uma enorme impli­cação no modo como são per­cebidos pelos outros. A mãe da jovem atrás referida pediu que a sua filha continuasse na escola por mais um ano porque no ano seguinte viria a sua filha mais nova para a mesma escola e o facto da irmã mais velha lá es­tar daria segurança à irmã mais nova. Esta transformação de uma “deficiente profunda” em “irmã mais velha” só se consegue pela presença e pela participação e nunca haverá passes de mágica, acções de sensibi­lização ou discurso políticos sobre a inclusão capazes de a operarem.
Esta mudança faz toda a diferença do mundo e é ela que nos dá alento para, embora cometendo erros, persistirmos neste caminho. Esta coopera­ção com as escolas tem uma enorme repercussão em toda a comunidade, criando um ambi­ente de naturalidade que facilita o acesso das pessoas com defi­ciência a outros serviços.
Os recursos são impor­tantes mas mais importante é a estratégia porque se orientam, pois é ela que permite moldar os projectos e estabelecer a direcção a seguir. Os profis­sionais costumam dizer que tra­balham para as pessoas, o que, sem dúvida, é verdade. Mas acontece que em terapias que utilizam animais, por exemplo a hipoterapia com cavalos, estes também trabalham. Portanto, não é o facto de trabalhar que, por si só, distingue o terapeuta do animal. A capacidade de re­alizar o trabalho em função de uma estratégia, esse sim, é o factor distintivo.
As casas e as prisões são feitas com os mesmos materi­ais. A diferença está apenas no plano. Também em educação os recursos podem servir para promover a integração e puxar as pessoas para a corrente da vida comunitária ou pelo con­trário para as conter nas mar­gens.
1- MAPS – Making Action Plans (Formulação de Planos de Acção)
PATH - Planning Alternative Tomorrows with Hope (Planea­mento dum Futuro Alternativo com Esperança)
Mário Pereira é Psicólogo e Di­rector Técnico da ASSOL

O Insucesso Escolar

O combate ao insucesso escolar deve ser uma meta que todos os professores devem definir em cada ano lectivo. Contudo, as estratégias a usar para conseguir alcançar esse objectivo nem sempre são fáceis de por em pratica e obrigam muitos docentes a ter necessidade de alterar praticas há muito enraizadas.
Há quem defenda turmas de nível que se, por um lado, podem levar os alunos a ter sucesso, por outro impedem‐nos do contacto com alunos diferentes, com outro grau de conhecimentos. Como professora também me parece um pouco frustrante trabalhar só com este tipo de alunos, com alunos sem motivação e com muitas dificuldades. Parece‐me importante um bom diagnóstico da turma, no início do ano lectivo e, de acordo com as dificuldades dos alunos, praticar um ensino o mais possível individualizado (o que não e nada fácil com turmas de 27 alunos ou mais) e recorrer a aulas de apoio postas a disposição destes alunos. Em minha opinião, a autonomia das escolas e o bom senso são parâmetros fundamentais para recorrer a este tipo de turmas.
Mesmo assim nem sempre o insucesso deixa de existir. E preciso lembrar que ele está intimamente ligado ao insucesso social. Se uma família apresenta baixa escolaridade, falta de emprego, as crianças dela oriundas mostram baixa auto-estima, falta de interesse e empenho o que conduz ao insucesso escolar. A escolaridade obrigatória é gratuita, em teoria; na pratica ela é dispendiosa e os alunos subsidiados não necessitam unicamente de manuais escolares, precisam também duma boa alimentação e de um local, em casa, calmo onde possam estudar e duma família que os apoie também, mas na família com insucesso social (e são tantas!) isto não acontece!
Há um provérbio africano que diz: "Para educar uma criança e preciso toda uma aldeia". Pensando bem, é verdade! O papel do Director de Turma é importantíssimo na ligação Escola /Família. Assim, a escola identifica os casos de insucesso e oferece apoio aos alunos com dificuldades de aprendizagem; através do Director de Turma reforça os laços entre escola e família para ajudar os pais a saberem apoiar os filhos nos estudos; e tendo em conta a diversidade e as dificuldades, os professores desenvolvem formas de trabalho e integração para o sucesso escolar. Mas nem sempre os Pais estão abertos a estes conselhos.
O Decreto-Lei n.º 319/91 foi revogado, as crianças com necessidades educativas especiais (NEE) continuam a existir e precisam de atenção muito especial. Nem todos os professores sabem lidar com "Dislexia" ou outro problema mais grave, portanto, para que o insucesso escolar não domine estas crianças cuja auto-estima costuma ser baixa (normalmente, partem já com espírito derrotista, com um "não sou capaz" ou " eu sou burro para isto" para as tarefas) é necessário que não se exija às escolas turmas com um elevado número de alunos. No entanto, a legislação mudou e esses casos estão incluídos em turmas com bastantes alunos o que, à partida, torna os NEE inibidos e um pouco amedrontados.
Se se vão buscar tantos exemplos à política educativa da Finlândia por que não copiar o que ai se faz quanto ao número de alunos por turma, 15 no máximo!!! E verdade que aí investe‐se na educação! Ela é considerada tão essencial como pão para a boca. Todavia, tiro o chapéu à recente criação do ensino profissional, tão necessário há tantos anos. Acredito que é uma boa solução para colmatar o insucesso escolar com o consequente abandono dos estudos, encaminhando os jovens que apresentam habilidades específicas em determinadas áreas. Ate que enfim!
Mas continua a ser premente investir na Educação, em Portugal, não pensando só nos jovens, mas também nos docentes, oferecendo‐lhes formação através dos centros de formação para que eles não sejam obrigados a despender do seu parco vencimento em formação, assemelhando‐se ao que se passa nas empresas privadas as quais financiam e dispensam os seus trabalhadores para formação, ao longo do ano. Paralelamente parece‐me importante que a profissão docente seja valorizada por parte dos governantes e da população em geral. Toda a gente, sociedade em geral, pais e até os governantes, apontam o dedo aos professores, culpando‐os de todos os males das escolas, sem fazerem um exame serio de consciência e verificarem que, se algo corre menos bem, a culpa não e da escola, não e dos professores, mas e mais fácil não assumir os erros…
Aqueles professores que enveredaram pela profissão docente por gosto (o meu caso, por exemplo) sentem‐se desmotivados, entristecidos e logo que seja possível abandonam a profissão. Esta é uma das razões por que tantos professores pediram a aposentação antecipada e é triste. A continuarmos assim, daqui a alguns anos começar‐se‐á a ver nos jornais o anúncio: PROFESSOR, precisa‐se!"
Marta Oliveira Santos – Licenciatura em Filologia Romanica
Correio da Educacao

Portugal entre os piores nos cuidados infantis

O País chumba nos apoios aos menores de três anos, no baixo investimento público nos cuidados de apoio, na falta de formação superior do pessoal especializado, no baixo rácio de funcionários por criança e na elevada taxa de pobreza infantil, que é o dobro do indicado pela OCDE.
Portugal é um dos piores países da OCDE ao nível dos equipamentos e assistência à infância. Apenas cumpre quatro dos dez padrões necessários. Não cumpre na licença parental, no investimento público e na formação superior dos funcionários, considerados insuficientes, e na taxa de pobreza, considerada excessiva. É no grupo etário dos três anos que o défice é maior. Só 23% destas crianças estão em estruturas licenciadas apoiadas, quando 70% das mães trabalham a tempo inteiro.
O País é analisado no conjunto dos 25 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e fica nos últimos lugares em termos de equipamentos e de medidas de apoio à infância. Atrás estão apenas a Espanha, os Estados Unidos, o México, a Suíça, a Austrália, o Canadá e a Irlanda. E apenas a Suécia cumpre os dez padrões exigidos. São as conclusões de um relatório do Centro de Pesquisa Innocenti, da Unicef, que é hoje apresentado em Florença, Itália. "A Transição dos Cuidados Infantis, uma tabela classificativa dos serviços de educação e cuidados na primeira infância nos países economicamente desenvolvidos" é um estudo comparativo sobre os padrões considerados necessários para acompanhar as crianças numa fase de mudança.
Essa mudança é caracterizada pelo acesso das mulheres ao mercado de trabalho. "Mais de dois terços de todas as mulheres da OCDE em idade activa trabalham for de casa" e "a participação feminina faz crescer o PIB". Por outro lado, "uma economia global mais competitiva baseada no conhecimento está a ajudar a convencer os governos e os pais de que a educação pré-escolar é um investimento no sucesso académico. E, por último, "alguns países da OCDE começaram a encarar os serviços de cuidados infantis com uma maneira de lutar contra o decréscimo da natalidade", explicam os peritos.
Um daqueles países é a França, que aumentou substancialmente o índice de fecundidade (IF) com as novas medidas destinadas à infância e à família. Passou de um índice de 1,66 (1993) para 1,98 (2007). O IF de Portugal é de 1,3 crianças por mulher em idade fértil.
Um dos padrões necessários à mudança é uma licença parental de um ano com um salário a 50%, o que já é possível na Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, França, Noruega e Hungria. Por exemplo, a licença de maternidade dos noruegueses e dos franceses é cinco vezes superior à dos portugueses.
Uma cobertura de creches gratuitas ou subsidiadas de 25% das crianças entre os zero e os três anos é a meta da OCDE, mas os líderes da UE concordaram em aumentar a fasquia para os 35% até 2010.
A meta de cobertura para as crianças de quatro anos é os 80%, um objectivo que Portugal já cumpre. "Nos países ricos, quase 80% das crianças entre os três e seis anos estão inseridas em algum tipo de estrutura de cuidados e educação infantis", salientam os peritos da UNICEF. E elogiam a Dinamarca e a Islândia, que apresentam a taxa mais alta de inscrição em creches, 60%.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Avaliação dos Currículos Específicos Individuais

Uma colega colocou, há dias, uma questão relacionada com o tipo de avaliação a aplicar nos Currículos Específicos Individuais (CEI).
O tipo de avaliação deve estar contemplado no Programa Educativo Individual (PEI), em função das áreas/disciplinas frequentadas e da respectiva natureza.
No meu Agrupamento, aos alunos com CEI tem-se apilicado uma avaliação "mista". Assim, às áreas curriculares normalmente desenvolvidas pelo docente de Educação Especial, na sala polivalente, a avaliação é qualitativa; às disciplinas frequentadas, onde os alunos acompanham, genericamente, o currículo comum, como é o caso das expressões, a avaliação é quantitativa.
A avaliação quantitativa, no meu ponto de vista, deve aplicar-se nos casos em que o aluno acompanha ou tem condições para desenvolver as competências de final de ciclo de uma determinada disciplina, tendo por base o currículo regular. Por exemplo, um aluno com défice cognitivo, pode desenvolver o currículo regular da disciplina de Educação Física. Neste cenário, a avaliação pode e deve ser quantitativa, pois a valor atribuído situa-o num determinado nível de desenvolvimento do currículo regular, à semelhança dos restantes alunos da turma.
No entanto, no desenvolcimento de uma área currícular específica, tendo em conta que não existe um currículo padrão, a avaliação deve ser qualitativa, baseando-se na descrição das competências desenvolvidas pelo aluno.

Procurando indicadores de educação inclusiva: as práticas dos professores de apoio educativo


O movimento da Escola inclusiva e, consequentemente, da Educação inclusiva está a ganhar raízes no discurso dos políticos e experts da Educação, desde a celebração de compromissos internacionais, como é o caso da Declaração de Salamanca (1994). Preconiza-se que a Educação Especial, uma educação paralela ao sistema de Educação Regular, dê lugar a práticas educativas inclusivas que, partindo da diversidade humana como uma mais valia e usando metodologias de diferenciação inclusiva e de aprendizagem cooperativa, possam gerar o sucesso de todos através do sucesso de cada um, caminhando, assim, para o despontar de um novo paradigma de escola. Procuraram-se, com este estudo, Indicadores de Educação Inclusiva nas Práticas dos Professores de Apoio Educativo. Como instrumento de pesquisa foi usado o questionário, aplicado no primeiro ciclo do Ensino Básico, na Região Educativa de Lisboa. Este estudo revelou que, nas práticas destes professores, os indicadores de Educação Inclusiva são pontuais. A acção pedagógico-educativa aparenta estar mais próxima da modalidade Educação Especial, o que nos permite questionar se os 'actores' principais co-responsáveis pela gestão da diferença/diversidade na escola estão a desempenhar o papel que lhes é atribuído e o que é que os impede que tal aconteça.
Isabel Sanches & António Teodoro

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Criança sem terapia da fala há três meses

Um menino da Escola Básica do 1.º Ciclo do Bom Sucesso, no Porto, está sem aulas de terapia da fala desde o início do ano lectivo. A mãe pede soluções à escola e à DREN, que diz que o caso, comparado com outros, não é prioritário.
Uma criança de dez anos, portadora de uma síndroma genética com grave atraso do desenvolvimento psicomotor, frequentava desde 2006, na Escola Básica do 1.º Ciclo do Bom Sucesso, no Porto, aulas de terapia da fala e de ensino especial.
A frequência do apoio individualizado de ensino e de terapia da fala tinha sido aconselhada quer pela psicóloga quer pelo pediatra que acompanham o menino. No relatório de avaliação médica de Setembro de 2007, pode ler-se que foi constatado, após o primeiro ano, "um franco progresso em várias vertentes do desenvolvimento psicomotor e comportamental, o que favorece a integração social", sendo recomendado pelo pediatra no relatório de 2008 "um apoio acrescido de terapia da fala". A mãe, Manuela Moutinho, conta como sentiu melhorias na aprendizagem do filho. "Tinha dificuldades em articular as palavras. No ano passado aprendeu a ler e a escrever ", confirma.
Contudo, no início do ano lectivo, a criança, que continuou a frequentar o ensino especial, não foi integrada nas aulas de terapia da fala. "O coordenador da Escola do Bom Sucesso diz que não pode fazer nada porque não tem mais terapeutas. Já ando desde o início deste ano lectivo entre a DREN e o agrupamento de escolas e não vejo solução para o meu filho", lamenta. "Já pedi para mudarem o horário para inscrevê-lo em aulas privadas, mas não me deram permissão. Também não quero mudar de escola porque aqui já se adaptou, já tem amigos", explicou.
Contactada pelo JN, a coordenadora do Ensino Especial da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), Conceição Menino, afirma ter conhecimento do caso. "Temos duas unidades que dão apoio ao ensino especial e terapia da fala: a de apoio à multideficiência e a de autismo. O que se passa é que quando este aluno foi integrado na nossa Unidade de Apoio ao Autismo, naquela escola, havia disponibilidade de terapeutas e, por isso, foi possível incluí-lo a título excepcional", explicou a responsável.
"Este ano tivemos nessa unidade, que abrange outras escolas, mais alunos a precisaram de mais horas semanais. Como o aluno não é autista, não possui multideficiência nem surdez, não foi possível incluí-lo, porque a terapeuta já tem todo o horário preenchido", acrescentou.
Comentário:
Infelizmente, existem muitos casos semelhantes por esses agrupamentos! É a política da "escola inclusiva excluinte"!
No Agrupamento onde me encontro, não existem terapeutas nem psicólogos. Para os alunos que carecem de terapia da fala, recorre-se a um terapeuta da fala exterior à escola, pago pela Segurança Social. Acontece, porém, que só os alunos com NEE são contemplados pela Segurança Social.
No entanto, com o processo de monitorização, a cargo da Equipa de Apoio às Escolas, alguns alunos deixaram de ser considerados com NEE. Trata-se de alunos com necessidade de apoio ao nível da terapia da fala, de que já vinham beneficiando há alguns anos. No quadro actual, estes alunos deixaram de se enquadrar nos apoios da Segurança Social. As famílias são de fracos recursos económicos, não podendo suportar as despesas inerentes aos apoios da terapia da fala. Como proceder nestas situações? Ficam os alunos excluídos da terapia da fala, hipotecando o desenvolvimento que já tinham efectuado e o seu futuro? Que pode fazer o Agrupamento, para além informar a Direcção Regional de Educação e solicitar uma solução?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Uma Escola Acolhedora, Uma Educação Inclusiva

Insucesso escolar, abandono escolar, exclusão escolar, percursos quase sempre indiciadores e potenciadores de exclusão social, constituem-se hoje como autênticos “buracos negros” nas democracias europeias, pondo em causa a credibilidade e a eficácia dos modelos de desenvolvimento, e configurando-se a problemática da exclusão como centralidade reflexiva das políticas educativas e sociais. Em Portugal também estas questões são um referencial nas estratégias educacionais, até porque nos confrontamos com elevadas taxas de abandono e insucesso escolar que marcam cerca de metade da população escolar ao nível dos seis primeiros anos de escolaridade.
Sob a égide da UNESCO têm vindo a realizar-se Conferências Mundiais (Educação para Todos, 1990; Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade,1994) e a produziremse Relatórios (Relatório Delors: Educação para o século XXI, 1996) que convergem numa visão de escola como comunidades de aprendizagem ética, moral e científica, fundadas na cooperação e necessariamente acolhedoras de todos os sentires e de todos os sentidos.
Neste compromisso colectivo de refundar e reinventar a escola como espaço, tempo e experiência de encontro solidário na descoberta do mundo e na reinstituição da cultura, talvez não haja ideia tão grávida de esperança, tão intensa de premissas, tão determinante para nos acrescentarmos em cidadania e sageza, tão nuclear para a construção da profissionalidade de educadores, como a ideia de educação inclusiva.
(artigo completo)
Américo Peças
Assistente Convidado na Universidade de Évora

Hiperactividade atinge cerca de 250 mil adultos

Pode surgir na infância e perdura na adolescência e fase adulta. Caracteriza-se por uma grande inquietação, dificuldade de concentração e, na fase adulta, pela dificuldade ou até mesmo incapacidade de satisfação. A perturbação de hiperactividade com défice de atenção tem, contudo, tratamento.
Humberto, hoje com 50 anos, ainda se lembra de ser um rapazinho de seis anos e de não conseguir estar mais de uma hora dentro de casa. A irrequietude era tal que o pai teve de instalar um sistema para que a porta da rua não se fechasse e ele pudesse entrar e sair vezes sem fim. Sem saber, a sua necessidade de acção permanente, alternando o foco de atenção - que se mantém ainda agora -, seria hoje diagnosticada pelos médicos como perturbação de hiperactividade com défice de atenção (PHDA).
Estima-se que esta desordem atinja entre oito e 12% das crianças a nível mundial. O que poucos sabem é que "a perturbação permanece na adolescência e na idade adulta em cerca de metade das situações em que existe diagnóstico na infância", disse ao DN o psiquiatra Carlos Filipe, que dirige o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Infantil (CADIM) e que tem seguido o fenómeno, sendo procurado por "centenas" de adultos. As estimativas mais prudentes avançam que a PHDA afecta até 2,5% da população adulta portuguesa (cerca de 250 mil pessoas), o que é "uma prevalência muito considerável", da mesma ordem de grandeza da diagnosticada para a esquizofrenia, observa aquele clínico. Há outras estimativas internacionais que avançam mesmo para cerca de 5,0% dos indivíduos.
Não é, por isso, de estranhar que Humberto (nome fictício) tenha experimentado inconstância no período da adolescência, passando por dois cursos diferentes antes se decidir pela sua opção final. Embora tenha conseguido concluir os estudos com sucesso e mantenha actualmente uma boa performance profissional, as suas relações pessoais e afectivas são marcadas por grande instabilidade, sendo a inquietação , a ansiedade e a irritabilidade sinais fortes do seu quotidiano, marcado por várias mudanças de casa e até de país de residência.
O psiquiatra Carlos Filipe reconhece no caso de Humberto alguns dos sinais do PHDA nos adultos, como sejam, a inquietação derivada da incapacidade de obter satisfação com actividades calmas e sedentárias. Esta limitação pode, segundo os estudos científicos, estar associada a deficiências no funcionamento da dopamina, um neurotransmissor. "Os adultos com PHDA apresentam com frequência uma baixa tolerância a frustração, têm acessos de mau génio com variações súbitas de humor e frequentes e uma baixa auto-estima", explica Carlos Filipe. Por outro lado, "iniciam numerosos projectos entusiasticamente, mas acabam muito poucos. Procuram constantemente a novidade e aborrecem-se facilmente, pelo que lhes pode ser difícil manterem relações afectivas ou empregos estáveis".
Apesar das limitações provocadas por esta desordem, "a boa notícia é que este problema tem tratamento", refere Carlos Filipe. "E os resultados são rápidos e extraordinariamente significativos."

Plano de Transição para Jovens com Necessidades Educativas Especiais


O Plano de Transição para Jovens com Necessidades Educativas Especiais: Guia de Apoio na Comunidade, foi elaborado para permitir aos membros da comunidade (pessoal da escola, assistentes sociais e pessoas da comunidade) utilizarem informações e ideias que ajudem o processo de transição dos jovens com necessidades especiais.
Neste texto, a expressão jovens com necessidades especiais, refere-se a jovens que necessitam de apoios especiais para promover a sua saúde e para participar nas actividades diárias em casa, na escola e na comunidade, dados os problemas que apresentam nas seguintes áreas:
- saúde
-compreensão
- capacidades sensori-motoras
- integração social
-capacidades emocionais/comportamentais
- capacidade de auto-ajuda

Página de Recursos

Neste espaço disponibiliza-se o acesso a diversos documentos organizados nas seguintes categorias: autismo, défice de atenção-hiperactividade, deficiência auditiva, deficiência mental, deficiência visual, dificuldades de aprendizagem, dislexia, epilepsia, espinha bífida, paralisia cerebral, problemas emocionais, problemas de linguagem e fala, síndrome de down.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Acção de Formação “A Utilização das TIC na Educação Especial”

O Centro de Recursos para a Inclusão Digital do Instituto Politécnico de Leira vai promover no próximo dia 10 de Dezembro, entre as 16:00h e as 18:00h, no Auditório 2 na Escola Superior de Educação – IPL, a acção de formação “A utilização das TIC na Educação Especial”.Esta iniciativa, dirigida aos professores, educadores e técnicos que trabalhem com as necessidades educativas especiais, pretende dar a conhecer algumas das novas tecnologias e software adaptados à língua portuguesa.

Nova resposta para a esclerose múltipla

O Ministério da Saúde vai avançar com a criação de Centros de Elevada Diferenciação e Centros de Tratamento para a esclerose múltipla, uma doença que, estima-se, afecta cerca de cinco mil pessoas em Portugal.
O anúncio foi feito ontem pelo director-geral da Saúde no encerramento do Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) que, durante dois dias, abordou temas como as terapêuticas disponíveis, o acesso aos tratamentos e a importância da neuroreabilitação no tratamento desta doença neurológica. Ao JN, Francisco George disse que a nova abordagem de "gestão integrada" da esclerose múltipla vai avançar "em breve", mas escusou-se a adiantar quando e em que hospitais é que os novos centros vão nascer, atribuindo essa responsabilidade à ministra da Saúde.
Segundo o director-geral, trata-se de replicar um modelo que foi aplicado "com sucesso" no tratamento da hemodiálise e da obesidade e que se enquadra num processo de reorganização destes cuidados de saúde, que passa também por uma nova fórmula de financiamento. De acordo com os cálculos feitos pela DGS, os hospitais podem vir a receber entre 1280 e 12 mil euros por cada doente/ano, em função do estádio dos doentes que são tratados.
Segundo Francisco George, os Centros de Elevada Diferenciação (CED) serão unidades altamente diferenciadas, com competências clínicas para fazer o diagnóstico e acompanhamento da evolução da doença, preocupando-se também com a produção de investigação clínica, implementação e avaliação de novas tecnologias e formação de médicos. Em articulação com os CED, deverão funcionar os Centros de Tratamento, com equipas multidisciplinares (médicos neurologistas, fisiatras, psicólogos e enfermeiros) de modo a garantir uma oferta de cuidados diferenciados.
O anúncio de Francisco George não surpreendeu a direcção da SPEM, visto que a sociedade integra o grupo de trabalho que tem vindo a participar na definição desta nova abordagem da doença. Contudo, Cecília Vaz Pinto, fisiatra da SPEM, lamentou que as unidades de reabilitação (que incluem fisioterapia, terapia ocupacional, da fala, reabilitação cognitiva e cuidados de psicologia) não estejam para já incluídas neste projecto, explicando que há muitos doentes que não estão abrangidos por estes serviços.

"Paulo Azevedo - Uma Vida Normal"


A história de vida de Paulo Azevedo, que nasceu sem mãos e sem pernas, foi agora transformada em livro. Contada na primeira pessoa com a ajuda da jornalista Sofia Arêde, a obra foi já apresentada.

Depois de ter sido tema de uma Grande Reportagem, exibida em Fevereiro de 2008 na SIC, o convite surgiu da Porto Editora e concretizou-se com o trabalho da jornalista Sofia Arêde e do próprio Paulo. O protagonista desta história da vida real tem agora 27 anos e nunca soube o motivo da malformação, de nascença. Paulo Azevedo já foi treinador de futebol, está a concretizar o sonho da representação e, agora também, da literatura.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Lisboa: Internet mostra locais com acessos para pessoas com mobilidade reduzida

Lisboa tem agora na Internet um guia informativo que lista os locais com acesso especial para as pessoas com mobilidade reduzida. O sítio Portugal Acessível foi criado pela Associação Salvador. Sítio Portugal Acessível

Linha editorial: a educação!

Quando criei este "blog", foi com a intenção de promover um espaço de partilha, troca de ideias, experiências, material, divulgação de notícias, ou seja, um espaço global dedicado essencialmente à problemática da Educação Especial.
No entanto, enquanto docente, não posso deixar de me alhear de todas as medidas, polémicas ou não, relativas à política educativa em geral! Afinal, considero-me um agente educativo activo!
Reconheço, todavia, que, nos últimos tempos, tenho centrado os assuntos abordados neste "blog" na polémica relacionada com a avaliação de desempenho dos docentes. Não poderia deixar de me envolver, talvez com alguma emotividade, embora o tenha procurado fazer com alguma ponderação.Trata-se de uma matéria respeitante a todos os docentes e, numa perspectiva mais ampla, transversal a toda a política educativa, com implicações, também, na Educação Especial.
Após todas estas manifestações, tomadas de posição, comunicados... tenciono voltar a centrar a minha atenção nas questões relacionadas essencialmente com a Educação Especial. Não ponho de parte voltar a abordar outras questões de política educativa! Mas vou tentar fazê-lo pontualmente. Existem vários "blog's" que têm por objecto analisar e opinar sobre as questões de política educativa, e fazem-no com mais acutilância e protagonismo. Nesse aspecto, presto-lhes a minha vénia!
Aos visitantes desta página, o meu sincero agradecimento! Os "blog's" existem para serem visitados, partilhados! Agradeço, também, e desde já, os contributos, as questões, as dúvidas... que vão colocando! A todos procurei, procuro e procurarei responder, dentro das minhas possibilidades!
Bom trabalho!

Ministra admite substituir modelo de avaliação no próximo ano lectivo

A ministra da Educação admitiu hoje estar disponível para alterar e até substituir o actual modelo de avaliação dos professores, mas apenas no próximo ano lectivo e desde que seja aplicado já este ano. "Uma vez iniciada este ano uma avaliação séria dos professores, estarei totalmente aberta à discussão de alterações a este modelo e até à sua substituição, mas em anos seguintes, não neste", disse Maria de Lurdes Rodrigues, no Parlamento. (...)
Contudo, a ministra garantiu não ser "intransigente na defesa do modelo em vigor, mas apenas na defesa do princípio de uma avaliação séria e com consequências". E acrescentou: "Não me peçam para aceitar um modelo que assenta na auto-avaliação porque isso é apenas um modo disfarçado de nada propor", afirmou.

Afinal, a avaliação é outra


Era fácil adivinhar o sucesso desta greve dos professores. Mais difícil é conjecturar os efeitos desta greve. De uma greve que, neste momento, já não é contra o processo de avaliação proposto pelo Ministério, já não é contra o Ministério ou contra a própria ministra, contra o Governo. E, em última análise, já nem é contra o sistema de ensino. É contra o sistema de governo.
Era fácil de adivinhar o sucesso da greve, pois os agentes dominadores do sistema de ensino, os professores, já haviam demonstrado por inequívocas formas, muito especialmente pelas grandiosas manifestações de rua, que estavam envolvidos numa luta sem cedências.
No estado geral das características desta luta, o móbil vital já nem é o modelo de avaliação. É tudo o que este modelo traz por arrasto. Não conheço nenhum modelo de avaliação de actividade profissional em ordem a concluir resultados sobre a sua produtividade que não tenha discordâncias daqueles sujeitos a esse processo. E isto nas repartições de Estado ou nas empresas privadas. Conheço grande parte da contestação que o sistema de avaliação para os funcionários públicos recebeu. Medir resultados da produtividade de trabalho intelectual torna ainda qualquer modelo de avaliação mais difícil. Avaliar comporta classificar, estabelecer hierarquias, definir valorações com correspondentes méritos e gratificações motivacionais e materiais.
Em relação à avaliação dos professores, o modelo confronta-se com outras situações específicas. Primeiro, a consistência geral em conhecimentos e formação profissional que confere aos professores especial capacidade argumentativa, na defesa dos seus direitos, sejam eles devidos ou adquiridos, e lhes aumenta uma qualidade de resistência superior à de outros grupos socioprofissionais. Depois, os professores são no esquema do sistema de ensino uma parte principal e sem a qual o sistema não funciona. Têm na mão «a faca e o queijo».
Por outro lado, o sistema geral de ensino tem sofrido reformas sobre reformas, mas os professores não têm sido intrometidos como «parte principal» dessas reformas e não têm merecido a atenção prioritária que deveriam ter. Os professores sentem-se como uma «classe» não tida na devida conta, socialmente desvalorizada. Basta ouvir os seus discursos e verificar como a sua grande maioria se sente «magoada». É visível a emotividade que domina as suas declarações numa luta que já perdeu alguma racionalidade e gera-se já por sentimentos muito misturados de várias razões.
O modelo de avaliação intrínseco ao desempenho de cada um, e não apenas às condições externas de trabalho, espoletou o «grande motivo» e a ocasião não perdida para desencadear a luta há anos silenciada pelos professores. Uma liderança forte de revolta por oposição política aglutinou este descontentamento que ultrapassa a cor dos próprios sindicatos ou forças partidárias.
Numa visão puramente política, é difícil admitir que o Governo recue na totalidade das condições requeridas, ainda que tenha de desfigurar todo o modelo proposto. Por isso, pôr como condição para conversações de possível entendimento a retirada do modelo é desafiar o próprio sistema da governabilidade democrática. Fica aberto um caminho sem retorno. O modelo agora em jogo é o da avaliação do sistema.
Paquete de Oliveira

A propósito da greve...

As contas, como tem sido hábito, não batem certo. De acordo com o Ministério da Educação, 61% dos professores participaram no protesto de ontem, parando 30% das escolas. Os sindicatos falam em 94%. Mas a conclusão não muda: a greve de ontem foi mesmo a maior de sempre, geral ou sectorial. Isto porque, se os dados da "plataforma" são recordistas, também não há registo de um governo ter admitido mais de dois terços de adesão a uma greve.(...)
Estas são, no entanto, contas que o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, não terá considerado antes da conferência de imprensa que deu na 5 de Outubro, onde defendeu que apesar da "significativa" mobilização , "os objectivos traçados pelos sindicatos de professores falharam". De resto, a avaliar pelo discurso ministerial, nada do que se passou ontem justifica ponderar novos recuos.
De manhã, o outro secretário de Estado, Jorge Pedreira, tinha manifestado disponibilidade da tutela para prolongar por mais "alguns anos" o modelo simplificado do Governo - o tal que os sindicatos já recusaram. À tarde, Valter Lemos garantiu que, "como sempre", o ministério está "inteiramente disponível" para negociar e que é à posição de "intransigência" da "plataforma" que se deve o actual impasse.
Confrontado com o facto de, pela terceira vez num ano, mais de 60% dos professores se terem associado a essa "posição" sindical e de a suspensão já ter sido exigida em mais de 300 escolas e agrupamentos, o governante não desarmou: a lei "é para cumprir" e o Governo "não cede a ultimatos".
No que cada vez mais se assemelha a uma "conversa de surdos", os argumentos das partes não deixam de revelar uma notável coincidência. Cerca de hora e meia depois, Mário Nogueira considerou que os cerca de 132 mil professores que ontem fizeram greve reforçam a posição da "plataforma" para... negociar. Essa é, aliás, a grande vontade dos sindicatos, acrescentou, um processo de negociação "sério e aberto". "O ministério tem de aceitar negociar sem condições prévias, ao contrário do que tem feito, e ainda por cima colocando o ónus da intransigência nos sindicatos", acusou.
Para as 11 organizações reunidas na "plataforma", o reconhecimento de que esta foi "uma greve significativa" implica que se tirem as devidas consequências. E esperam que isso aconteça nos próximos dias, dado o "nervosismo" que detectaram nas palavras de Valter Lemos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Lei contra discriminação por regulamentar há 2 anos

A deficiência é a terceira causa de discriminação em Portugal, de acordo com o Eurobarómetro de 2007. Estes dados servem apenas para reforçar a necessidade e a urgência em regulamentar a lei 46/2006, de 28 de Agosto que proíbe e pune a discriminação com base na deficiência. Humberto Santos, presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, lembra que, dois anos depois, a regulamentação da lei continua por fazer. "Com excepção de uma regulamentação relativa a questões de índole administrativa, em Fevereiro de 2007, nada foi feito. É uma lei morta porque sem regulamentação não pode ser aplicada", refere o responsável. Aliás, continua, "este Governo até já tomou medidas contrárias ao publicar legislação, em Abril deste ano, que possibilita a discriminação das pessoas com deficiência ou risco agravado de saúde na celebração dos seguros de vida". E, de um total de 119 queixas recebidas pelo Instituto Nacional para a Reabilitação em 2007, 38% estavam relacionadas com esta situação.
Por isso, no dia em que se celebra o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, os dirigentes de associações de defesa dos direitos dos deficientes consideram que há pouco para celebrar. Afonso Barreto, da Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes (CNOD), lembra que "de acordo com dados da União Europeia, a taxa de desemprego das pessoas com deficiência é, em regra, três vezes superior à dos seus concidadãos e, segundo a Organização Internacional do Trabalho, recebem remunerações mais baixas do que os outros trabalhadores".
Educação, formação profissional e emprego, situação fiscal, prestações sociais e transportes são as áreas que mais preocupam. "A educação é prioritária porque se as pessoas com necessidades especiais não forem rapidamente incluídas na escola, estamos a perpetuar uma situação de exclusão e dependência social", explica Humberto Santos.
Mas a recente alteração fiscal das pessoas com deficiência é a questão mais controversa. Até 2006, 50% dos rendimentos das pessoas com deficiência estavam isentos de retenção. Valor esse que foi reduzido para 10% em 2008 e 2009 e que deverá ser anulado em 2010. "Desta forma", considera Jorge Falcato, do Movimento dos Trabalhadores Portadores de Deficiência em Defesa dos Benefícios Fiscais, "o acréscimo das despesas mensais por causa das deficiências deixa de ser compensado".

PME não empregam deficientes

Mais de metade das Pequenas e Médias Empresas nacionais não empregam pessoas com deficiência. Dos mais de 600 mil deficientes - 6,1% da população - só 29% são economicamente activos. Os homens sofrem mais.
A conclusão resulta do estudo europeu "Investindo na diversidade", promovido pelo projecto Respons&Ability ao longo de três anos e meio, e divulgado ontem, data em que se assinalou o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
A deficiência é vista como um obstáculo à contratação, sendo que apenas 31% das das 85 PME estudadas (63 em Portugal; 22 nos restantes países) afirmou ter colaboradores com deficiência.
Trata-se de um número residual se tivermos em conta que as PME representam mais de 99% das unidades empresariais a operar no mercado nacional, gerando entre 75% e 83% das oportunidades de emprego em Portugal. Facto: 69% não emprega pessoas com deficiências.
Questionados sobre a razão que sustenta estes números, 48,3% dos potenciais empregadores afirmou "nunca ter tido candidatos com deficiência", e 19% justificou "que a empresa não está fisicamente preparada para ter trabalhadores com deficiência."
De acordo com um estudo de 2001 do Instituto Nacional de Estatística, das empresas que têm site na internet, apenas 16% são acessíveis a pessoas com necessidades especiais, o que denota uma falta de preocupação com este segmento de mercado.
O recenseamento da população portuguesa apurou, também em 2001, a existência de 634,408 pessoas com deficiência. A população com pelo menos um tipo de deficiência representava 6,1% da população residente total.
Desse universo, apenas 29% era considerado economicamente activo. E, contrariamente ao que acontece no restante mercado de trabalho, são os homens quem mais sofre neste segmento.
A maioria dos trabalhadores com deficiência tem idade compreendida entre os 25 e os 34 anos. Tem emprego 62,5% da população masculina (33,9% consideram-se inactivos), e 49,3% da população feminina (47,1% é inactiva). Em ambos os casos, o desemprego ronda os 3,6%.
Apesar de tudo, Portugal está entre os países mais bem vistos nesta matéria - 19,9% dos deficientes têm uma actividade profissional -, a par da Dinamarca e apenas ultrapassado pela Inglaterra (27,2%). Espanha, Lituânia e Itália estão na base na pirâmide.
A emergência da igualdade de oportunidades das pessoas com deficiência no acesso ao emprego levou à alteração da legislação. Hoje, lei portuguesa obriga a que as empresas contratem 2% do número total de trabalhadores; e na administração pública este número sobe para 5%.

Educação: ministério admite prolongar aplicação do modelo simplificado de avaliação

O Ministério da Educação (ME) admitiu hoje a possibilidade de aplicar o modelo simplificado de avaliação de desempenho não apenas neste ano lectivo, como tinha anunciado, mas também nos próximos, desde que os sindicatos aceitem negociar.
"Estamos disponíveis para estender a aplicação deste regime transitório por mais algum tempo, para o próximo ano lectivo ou até mais, no sentido de criar confiança junto dos sindicatos, (...) desde que eles aceitem negociar e abdiquem de uma posição de tudo ou nada", disse à Lusa o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira.
A confirmar-se a disponibilidade do Ministério, a avaliação dos professores no próximo ano lectivo poderia continuar a ser feita sem ter em conta os resultados dos alunos e sem observação de aulas, nem qualquer outro aspecto da componente científico-pedagógica, mas apenas com base na auto-avaliação, assiduidade, formação contínua e participação em projectos e na vida da escola.
Com as medidas de simplificação anunciadas pelo Governo há duas semanas, será este o modelo a aplicar este ano, excepto no caso dos docentes que ambicionarem obter as classificações de Muito Bom e Excelente, para as quais a observação de aulas se mantém como critério indispensável.
Questionado pela Lusa sobre se a aplicação consecutiva de uma versão simplificada da avaliação de desempenho dos professores não significa que o modelo do Governo não é exequível tal como tinha sido inicialmente definido, Jorge Pedreira considerou que as alterações não mexem no "essencial". (...)
Comentário:
Afinal, quais são os elementos que se mantêm, ainda, do modelo original de avaliação de desempenho, aprovado pelo governo?! Com tantas alterações, propostas e introduzidas, não será mais sensato aceitar que o modelo é inexecuível (alguém do ME tem dúvidas?!), e partir para um modelo novo, tendo por base as experiências anteriores e os "defeitos" do modelo actual!? Neste momento, vivemos um braço de ferro político, sem fim à vista, com prejuizo sobretudo para os alunos e para a escola pública!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Opinião de uma advogada sobre os professores

Recebi o seguinte texto por mail, enviado por um colega. Desconheço o autor. No entanto, atendendo à sua pertinência, não posso deixar de o divulgar!

Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não o apliquem a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc.).
Se é suposto compreenderem o que está em causa e as virtualidades deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão, os médicos.
A carreira seria dividida em duas: Médico titular (a que apenas um terço dos profissionais poderia aspirar) e Médico.
A avaliação seria feita pelos pares e pelo director de serviços. Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados. Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes.
O médico teria de estabelecer, anualmente, os seus objectivos: doentes a tratar, a curar, etc. A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável, ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética...Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos 'especialistas' na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim.A questão é saber se consideram aceitável o modelo? Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões?
Será???!!!
Já agora...
Poderiam começar a 'experiência' pela Assembleia da República e pelos (des)governantes...

domingo, 30 de novembro de 2008

Governo admite negociar novo modelo de avaliação

O Ministério da Educação está disponível para começar a negociar um novo modelo de avaliação. Assim que os sindicatos o requeiram, mas sem pré-condições, frisou, ontem, o secretário de Estado adjunto, Jorge Pedreira.
Comentário:
O ME aceita negociar com os sindicaos mas sem pré-condições! É de registar esta aparente boavontade!
Mas, outra questão se coloca: estará o ME disponível para negociar sem querer impor o actual modelo?! Afinal, negociar sem pré-condições, deve aplicar-se a ambas as partes!!

sábado, 29 de novembro de 2008

Avaliação sempre. Avaliação nunca

A fazer fé nos jornais - e temos de ter fé em algo - perfilam-se duas formas de avaliação muito sérias. Na aparência, ambas estão na montra da casmurrice que tem sido o diálogo de surdos entre sindicatos e ministério da Educação. Mas a casmurrice não é, para aqui, avaliada. Ambas são estimáveis. Uma triunfará. Ou nenhuma.
O ministério começa a ceder qualquer coisita. Quer recuperar fôlego. Inspira borbulhidos. Expira minudências. Abandona o acessório. Conserva o essencial esburacado. Convicções fortes.
Os professores podem, agora, pedir para ser avaliados por um avaliador da mesma área disciplinar. Então o docente de Contabilidade já não é competente para avaliar o de Filosofia? Despreza-se assim a possibilidade de haver uma contabilidade filosófica? Ou Educação Física aferida por educador tecnológico? É pena.
Os professores são dispensados, este ano, da análise dos resultados escolares dos alunos na sua avaliação. Já vão poder chumbar à tripa-forra? E o sentimento de orfandade de não ter todos os alunos no ano seguinte? Acho mal. Docente órfão dos filhos-alunos, que são retidos, repetentes, renitentes, não é docente.
Também acho curta a passagem de três para duas aulas dos docentes a serem observadas. Por que não baixar este número astronómico? Uma aula observada já é exagero. Espera-se gesto de boa vontade para baixar para menos. Alguém gosta de ser observado? Eu, pelo menos, fico intimidado quando Maria me observa. É infeliz esta minha observação. A pessoa fica como que presa por um fio. Dental.
É certo que, quem quiser, dispensa-se do parâmetro anterior. Mas não pode ser avaliado com Muito Bom ou Excelente. Acho excelente. As Finanças agradecem. Eu também. Os meus impostos não têm de andar a promover suas excelências. Além disso, o avaliador que será depois avaliado, vai atribuir Excelente a sua excelência o subalterno, esgotando as quotas? E fica o avaliador, na sua quota-parte, sem quotas?
Da parte dos sindicatos a coisa é mais séria e pragmática. Os sindicatos exigem a suspensão da avaliação. Eu pessoalmente detesto suspensão. Fiquei traumatizado. Sou suspeito. Apanhei, aluno do Liceu de Portimão, muitos dias de suspensão. E, também por suspeição, apanhei suspensão.
Nogueira só fala em suspensão, suspensão. Alguém tem coragem de suspender Nogueira? Credo! Não defendo a suspensão, pelo pescoço, tal como o José Estalinho fazia aos opositores na União que foi soviética. Ou nos campos gelados de concentração na matéria dada. Nada disso. Recolocar aquele bigodinho numa sala de aula, suspenso no pasmo dos seus alunos, não estragava nada. Nem o bigode, nem as crenças, nem o soviete supremo intersindical.
Mas não se duvide que os sindicatos querem avaliação. Outra qualquer. Que tem de ser muito bem pensada. Com tempo. As calendas gregas podem ser o curto prazo para avaliar em tempo útil. A alternativa ao actual modelo da avaliação, segundo o homem da Plataforma (estou a vê-lo a ministrar aulas em cima da plataforma, do palanque), passa, este ano, por um "documento de auto-avaliação" do docente. Acho muito bom e muito original. Nunca visto em Portugal. É por defenderem auto-avaliação que os sindicatos fretam autocarros para Lisboa. Não se faz auto-avaliação a pé.
A auto-avaliação é um complexo exercício de auto-gratificação. Quem há-de gabar o noivo senão o noivo? A auto-avaliação agarra-se etimologicamente ao prefixo auto. O docente pode fazer copy/paste de um bom documento, descarregado da net, carrega no enter e é auto, automático. O conselho pedagógico assentirá. Docente automaticamente avaliado. Abalizado. Rápido. Barato. Dá a milhões. Não digo a milhões, mas a dezenas de milhar de docentes, a morte das sevícias de duas aulas observadas. Ou menos.
Todos querem avaliação. Os sindicatos mais. O Ministério menos. Os docentes assim-assim. Sim. Talvez. Não. Avaliação sempre. Avaliação nunca. Entendam-se. Avaliação é coisa séria. Não é para rir.
Expresso Online

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Propostas de alteração sobre a avaliação de desempenho

Segundo o projecto de decreto regulamentar divulgado pelo Ministério da Educação (ME), a avaliação da componente científico-pedagógica passa a ter carácter voluntário. Assim, a observação de pelo menos duas aulas só será obrigatória se o professor avaliado quiser aceder às duas classificações mais elevadas.
Por outro lado, deixa de ser considerado o parâmetro relativo aos resultados escolares dos alunos e à redução das taxas de abandono escolar.
Os professores, sempre que requeiram, poderão ser avaliados por professores da mesma área disciplinar, podendo neste caso estes docentes ser requisitados a outros estabelecimentos de ensino. O ME abriu a possibilidade do pagamento de horas extraordinárias para concretizar esta medida.
Em relação às fichas de avaliação e auto-avaliação, é apenas exigida a classificação e avaliação dos parâmetros, sendo dispensado o preenchimento dos itens e subparâmetros.
Outra das medidas de simplificação anunciadas prende-se com a dispensa, em caso de acordo, das reuniões entre avaliador e avaliado, designadamente para discutir os objectivos individuais e a atribuição da classificação final.

Centros sem formação há um ano só apoiam avaliação

O Estatuto da Carreira Docente determina que os 140 mil professores de escolas públicas terão de obter pelo menos 50 horas de formação, a cada dois anos, para evitarem penalizações na avaliação, mas os centros responsáveis não dão cursos há mais de um ano. Entretanto, têm estado apenas direccionados para o apoio à avaliação do desempenho.
No passado ano lectivo, o Ministério da Educação decidiu extinguir todos os 200 centros de formação de associações de escolas existentes e reduzir a rede através da fusão dos anteriores. Isto numa altura em que já estavam elaboradas as candidaturas ao apoio financeiro do Programa Operacional do Potencial Humano (POPH), que ficaram sem efeito com a reorganização da rede de centros, que deveriam ser homologados até Agosto. "Até ao momento, foram registados 92", informa Joaquim Raminhos, director do Centro de Formação de Escolas do Barreiro e Moita. "Com a reorganização, ainda não foi possível concorrer aos fundos do POPH. Há mais de um ano que não existem formações - isto apesar de o Ministério da Educação garantir que as acções de formação não pararam, inclusive através de serviços ministeriais - e antes de Janeiro não vai haver nada, o que gera o desespero em professores que vêem o tempo passar e têm a informação que precisam da formação para efeitos de avaliação."
Muitos professores decidiriam não esperar pela abertura dos novos centros, a que deve corresponder uma explosão na procura, e pagam as formações do próprio bolso. Nunca menos de 150 euros por curso de 25 horas. "Dinheiro pago por um serviço que o ministério é obrigado a fornecer", critica Luís Mateus, ex-representante dos centros da região de Lisboa e critico da reorganização do Governo, "que está a gerar dificuldades aos centros para conseguirem regressar à normalidade".
Em vez de formações, os centros estiveram no último ano a dar apoio à avaliação do desempenho, nomeadamente com acções de esclarecimento junto de conselhos executivos, avaliadores e professores avaliados. "Enquanto isso, não arrancaram os cursos para todos os grupos disciplinares existentes nas escolas, não só os tradicionais, como o Português ou a Matemática, como em novas áreas, como as tecnologias, que é uma das apostas do Governo." A este propósito, o coordenador do Plano Tecnológico da Educação (PTE), João Trocado da Mata, anunciou ontem que a formação e certificação de professores em competências de Tecnologias da Informação e Comunicação vai arrancar no primeiro trimestre de 2009.
Acções contabilizadas
Críticos do actual modelo de avaliação, os movimentos independentes de professores defendem o regresso ao regime anterior de progressão na carreira, em que o professor tinha de reunir créditos para passar de escalão. O que não seria praticável neste momento, em que os cursos de formação contínua estão parados. "Além disso, o Ministério da Educação informou que as formações realizadas antes de 2005/2006, ano em que as progressões foram congeladas, iriam ser contabilizadas na avaliação. Importa perceber o que aconteceria àqueles professores que não têm acções anteriores a 2005 e que não as conseguiram fazer nos últimos dois anos por falta de oferta", questiona Mário Machaqueiro, da Associação em Defesa do Ensino.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Regras em crise


É urgente que os pais compreendam que ao imporem disciplina desde cedo estão a promover o autocontrolo dos filhos e a ajudá-los a serem capazes de estabelecer os seus próprios limites.
"Já não sei mais o que fazer... dou-lhe tudo! Ele tem computador, telemóvel topo de gama, televisão no quarto e leitor de MP3"
A elevada frequência com que me tenho confrontado com afirmações semelhantes a esta, tem-me deixado verdadeiramente preocupada. Os pais que fazem afirmações deste tipo têm geralmente filhos problemáticos, sendo frequentemente chamados à escola porque estes não cumprem regras nem respeitam os adultos. Em termos educativos, entramos na onda do dar muito, mas exigir pouco. Muitos dos nossos alunos sabem que o mau comportamento não será penalizado, nem na escola, que infelizmente tem poucos meios para impor autoridade, nem em casa. Depois de dois ou três dias em que o castigo vigora, o coração do pai ou da mãe amolece e, portanto, rapidamente se reconquista tudo o que se perdeu na sequência dos maus comportamentos na escola. Como não há consistência em termos educativos, rapidamente a criança/o jovem volta a apresentar distúrbios de comportamento, porque afinal os castigos, se existirem, são de tão curta duração que a/o leva a aprender que "o crime verdadeiramente compensa". Não é difícil um jovem pensar "Para que é que vou mudar de atitude, se mesmo sendo arrogante e mal-educado poderei usufruir de telemóvel, televisão no quarto e de todas as outras mordomias que felizmente tenho sempre ao meu alcance?". O meu contacto frequente com alunos não me deixa qualquer dúvida relativamente à veracidade da teoria apresentada. Recentemente, devido ao comportamento disruptivo de um grupo de alunos que frequentam um CEF (Curso de Educação e Formação), dizia uma aluna: "Eu estou a esforçar-me por melhorar o meu comportamento, porque a minha mãe me tirou o telemóvel e as saídas com as minhas amigas. Só poderei voltar a ganhar isto, se o meu comportamento melhorar." Outro aluno, cujo pai fora também alertado para a importância de aplicar algumas penalizações em consequência do seu mau comportamento, dizia arrogantemente: "O meu pai não me tirou nada."
Quando estes jovens são encaminhados para o Serviço de Psicologia e Orientação, procuro que os pais compreendam que os filhos não sofrem de nenhum problema psicológico e o processo de mudança passa pelo estabelecimento de regras e limites por parte da família. Ora este processo esbarra de imediato com muitas dificuldades, pois o trabalho que os pais deveriam iniciar nos primeiros anos de vida começa apenas na adolescência, quando a omnipotência e tirania dos jovens já é reinante. Nos primeiros seis anos de vida, a interiorização das regras e a tomada de consciência dos limites são mais fáceis de integrar.
É de sublinhar que alguns destes pais nunca impuseram limites, por considerarem que os comportamentos disfuncionais dos filhos seriam o resultado deste ou daquele problema familiar e não o fruto da inexistência de autoridade; outros, porque dizer "não" e manter o "não" dá muito mais trabalho que dizer "sim". Contrariamente ao que estes pais supõem, no fundo, as crianças gostam de ouvir "não", uma vez que este significa que há alguém acima delas que as ajuda a resolver o que não conseguem resolver sozinhas, e que toma conta delas, protegendo-as contra eventuais riscos.
Usando as palavras do Dr. Daniel Sampaio: "É preciso afirmar, sem subterfúgios, que não se pode educar sem autoridade, quer no contexto da família quer no ambiente da escola. Há temas que não são negociáveis na interacção com os filhos: o respeito pelos mais velhos, a proibição da linguagem obscena, o cumprimento dos horários, a obrigatoriedade de trabalhar ou estudar, a manutenção dos limites da privacidade geracional, a necessidade de cumprir em conjunto os rituais familiares (festas significativas, datas de habitual festejo, férias da família), entre outros."*
É portanto urgente que os pais compreendam que ao imporem disciplina desde cedo estão a promover o autocontrolo dos filhos e a ajudá-los a serem capazes de estabelecer os seus próprios limites.
* Extraído de "Notícias Magazine".
Adriana Campos