quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Criança sem terapia da fala há três meses

Um menino da Escola Básica do 1.º Ciclo do Bom Sucesso, no Porto, está sem aulas de terapia da fala desde o início do ano lectivo. A mãe pede soluções à escola e à DREN, que diz que o caso, comparado com outros, não é prioritário.
Uma criança de dez anos, portadora de uma síndroma genética com grave atraso do desenvolvimento psicomotor, frequentava desde 2006, na Escola Básica do 1.º Ciclo do Bom Sucesso, no Porto, aulas de terapia da fala e de ensino especial.
A frequência do apoio individualizado de ensino e de terapia da fala tinha sido aconselhada quer pela psicóloga quer pelo pediatra que acompanham o menino. No relatório de avaliação médica de Setembro de 2007, pode ler-se que foi constatado, após o primeiro ano, "um franco progresso em várias vertentes do desenvolvimento psicomotor e comportamental, o que favorece a integração social", sendo recomendado pelo pediatra no relatório de 2008 "um apoio acrescido de terapia da fala". A mãe, Manuela Moutinho, conta como sentiu melhorias na aprendizagem do filho. "Tinha dificuldades em articular as palavras. No ano passado aprendeu a ler e a escrever ", confirma.
Contudo, no início do ano lectivo, a criança, que continuou a frequentar o ensino especial, não foi integrada nas aulas de terapia da fala. "O coordenador da Escola do Bom Sucesso diz que não pode fazer nada porque não tem mais terapeutas. Já ando desde o início deste ano lectivo entre a DREN e o agrupamento de escolas e não vejo solução para o meu filho", lamenta. "Já pedi para mudarem o horário para inscrevê-lo em aulas privadas, mas não me deram permissão. Também não quero mudar de escola porque aqui já se adaptou, já tem amigos", explicou.
Contactada pelo JN, a coordenadora do Ensino Especial da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), Conceição Menino, afirma ter conhecimento do caso. "Temos duas unidades que dão apoio ao ensino especial e terapia da fala: a de apoio à multideficiência e a de autismo. O que se passa é que quando este aluno foi integrado na nossa Unidade de Apoio ao Autismo, naquela escola, havia disponibilidade de terapeutas e, por isso, foi possível incluí-lo a título excepcional", explicou a responsável.
"Este ano tivemos nessa unidade, que abrange outras escolas, mais alunos a precisaram de mais horas semanais. Como o aluno não é autista, não possui multideficiência nem surdez, não foi possível incluí-lo, porque a terapeuta já tem todo o horário preenchido", acrescentou.
Comentário:
Infelizmente, existem muitos casos semelhantes por esses agrupamentos! É a política da "escola inclusiva excluinte"!
No Agrupamento onde me encontro, não existem terapeutas nem psicólogos. Para os alunos que carecem de terapia da fala, recorre-se a um terapeuta da fala exterior à escola, pago pela Segurança Social. Acontece, porém, que só os alunos com NEE são contemplados pela Segurança Social.
No entanto, com o processo de monitorização, a cargo da Equipa de Apoio às Escolas, alguns alunos deixaram de ser considerados com NEE. Trata-se de alunos com necessidade de apoio ao nível da terapia da fala, de que já vinham beneficiando há alguns anos. No quadro actual, estes alunos deixaram de se enquadrar nos apoios da Segurança Social. As famílias são de fracos recursos económicos, não podendo suportar as despesas inerentes aos apoios da terapia da fala. Como proceder nestas situações? Ficam os alunos excluídos da terapia da fala, hipotecando o desenvolvimento que já tinham efectuado e o seu futuro? Que pode fazer o Agrupamento, para além informar a Direcção Regional de Educação e solicitar uma solução?

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