A evolução de Portugal no campo da Educação nas últimas décadas é uma “história de sucesso”, como tem sido apontado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), concorda o investigador António Teodoro, que nos últimos quatro anos coordenou um trabalho científico a partir dos dados dos testes PISA. Mas, na sua opinião, essa evolução não tem nada a ver com os indicadores valorizados por estes testes, antes com “mudanças na sociedade portuguesa” ocorridas nos últimos 40 anos.
A equipa deste professor da Universidade Lusófona, que é crítico da forma como são organizados os testes PISA – sigla internacional para Programa Internacional de Avaliação de Alunos – olhou para várias bases de dados, incluindo as da OCDE, do Ministério da Educação e do Eurostat para perceber se Portugal é o “caso de sucesso” descrito pela organização internacional desde que, em 2015, os resultados nacionais no PISA ficaram além da média.
“Apesar das crises económicas, há significativas melhorias na comparabilidade da escola portuguesa com outros países da OCDE e com os parceiros europeus”, explica Teodoro. A geração que está agora na casa dos 30 anos e que começa a ter os filhos na escola, tem qualificações que comparam bem a nível internacional, elevando, desde logo, as habilitações das mães, que é um dos mais fortes preditores do sucesso escolar.
Esta evolução “muito positiva” dos indicadores nacionais a nível educativo deve-se “fundamentalmente às mudanças sociais na sociedade portuguesa” nos últimos 40 anos, não só a nível de habilitações, mas também no acesso à informação, nomeadamente a alta taxa de cobertura de Internet, valoriza o investigador.
Uma das dimensões em que essa evolução é mais clara são os indicadores de abandono escolar – que continuam a atingir mínimos históricos – e também das taxas de retenção. No que toca aos “chumbos” são as próprias bases de dados da OCDE que dão pistas da evolução que tem existido. O PISA é realizado por estudantes de 15 anos, independentemente do nível de ensino que frequentam. Nos primeiros anos em que o teste foi aplicado em Portugal, até 30% dos estudantes estavam atrasados em relação ao que seria o seu percurso escolar normal, frequentando o 7.º ou 8.º anos – em lugar do 9.º ou 10.º, como seria mais indicado para a idade.
“A partir de 2012, essa percentagem diminuiu consideravelmente” e hoje não chegam a 10% os jovens que frequentam anos atrasados. Isto também contribui para a melhoria do desempenho nos testes da OCDE, já que, a nível internacional, os resultados dos estudantes que estão no 9.º e 10.º ano são “bem melhores” do que os que conseguem os colegas que já perderam pelo menos um ano.
Fonte: Público
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