Pela importância, pela pertinência e pelo potencial impacto, partilho o artigo da colega Maria de Fátima Almeida com o título "Sinais de alerta da dislexia: perceção de alunos com dislexia". Atendendo à extensão do artigo, destaco o resumo, a introdução e a conclusão, ficando disponível o acesso ao texto.
Resumo
Partindo de um levantamento de sinais de alerta de dislexia – conceito que, como propomos, é diferente de marcadores de Dislexia - empreendido pela DISLEX - Associação Portuguesa de Dislexia, por nós adaptado no âmbito do presente estudo e integrado sob a forma de questionário, foram inquiridos cinquenta e três alunos desde o primeiro ciclo até ao ensino secundário, já com diagnóstico desta Perturbação de Aprendizagem Específica, sobre a intensidade e frequência com que sentem estas dificuldades. Com uma metodologia quantitativa e o recurso à aplicação de questionário, foi possível encontrar os sinais que mais alunos sentem com mais e com menos intensidade e frequência por nível de educação e de ensino e de uma forma global. Percebendo quais são as maiores dificuldades sentidas pelos alunos inquiridos, pudemos propor o que deve ser feito pela escola de forma a minimizar o impacto da desvantagem relacionada com o fator individual dislexia.
Introdução
Nenhum aluno pode ser deixado para trás. Este é o lema da educação inclusiva. Aliás, um dos direitos fundamentais consagrados na Constituição da República Portuguesa é que “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.” (Lei Constitucional n.º 1 de 10 de abril, 2005, art.º 13.º, n.º 1). E a escola é, sem dúvida, o espaço por excelência para fazer valer esse direito.
Existem estudos sobre a perceção de professores quanto à problemática da dislexia; há estudos sobre a atitude dos pais e professores com crianças disléxicas. Não encontrámos, contudo, investigação que se foque na perceção que os próprios alunos têm das suas dificuldades de leitura e escrita, associadas à dislexia, dos sinais relacionados com esta problemática e, por isso, considerámos que seria importante ouvir alguns destes alunos.
Este texto, dividido em oito pontos, é iniciado com um enquadramento teórico sobre os conceitos de dislexia, insucesso na dislexia, sinais de alerta e marcadores na dislexia e, por último, focase na questão da perceção; o quinto ponto integra alguns aspetos metodológicos relacionados com a implementação do estudo, o sexto foca-se nos resultados e o sétimo integra a discussão dos mesmos, seguindo-se a apresentação de algumas conclusões.
Conclusão
É urgente perceber o que é a dislexia e quais são as dificuldades dos alunos, e de cada aluno, com dislexia. Com o presente estudo procurámos conhecer melhor estes alunos, ouvindo as suas perceções quanto às suas maiores dificuldades.
Os alunos com dislexia apresentam dificuldades significativas no seu percurso escolar, sentidas ao longo do tempo. Fica, de facto, claro com este estudo que não só as dificuldades não desaparecem com a idade como a perceção das dificuldades se acentua ao longo do tempo, possivelmente porque deixam de se importar com a opinião dos outros (no estudo, o outro é o inquiridor) - falamos dos pares, que frequentemente maltratam os alunos com dislexia por não compreenderem as suas dificuldades ou por simples desporto/maldade – ou porque será maior o seu conhecimento relativamente ao esperado.
Apesar de reconhecermos a pertinência dos dados que apresentámos, não podemos deixar de mencionar o facto de a amostra de alunos do ensino secundário ter apenas 6 participantes.
Acreditamos que este estudo poderá dar um importante contributo para que se compreenda melhor a desvantagem em que se encontram os alunos com dislexia e para que se atenue na escola – e futuramente na sociedade - essa desigualdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário