A nossa associação (Pró-Inclusão: Associação Nacional de Docentes de Educação Especial) continua o seu compromisso com a promoção de uma escola que eduque todos e que os eduque com qualidade. Claro que temos um interesse particular com os alunos que têm necessidades educativas específicas – são esses que em primeiro lugar estiveram no nosso pensamento quando em 2008 criamos a nossa associação. Rapidamente nos apercebemos que a nossa missão extravasava a educação inclusiva e de qualidade dos alunos com necessidades específicas e nos apercebemos que a Inclusão era um objetivo muito maior, muito mais abrangente. A Inclusão é um valor, que se deve transmutar em reforma educacional para que todos os alunos que entram na escola de lá saiam com participação e com sucesso. Perguntam-me muitas vezes: “Todos mesmo?” Respondo invariavelmente: “Sim, todos mesmo”.
Há poucos dias uma nossa colega, professora de Educação Especial, dizia-me que a grande inspiração para o seu trabalho é imaginar o que é que os pais das crianças com que trabalha gostariam que os professores e a escola fizessem com elas. Esta professora continuou dizendo-me que quando pensa nisso sente uma redobrada determinação para insistir, para procurar encontrar vias, meios e percursos que normalmente não procuraria. Qual mãe, qual pai diria à escola: o meu filho não precisa de ir às aulas com os outros alunos, o meu filho não precisa de ir ao recreio, o meu filho não precisa de ir à aula de Português, o meu filho pode ficar na unidade todo o dia? Quem diria isso? Certamente ninguém ou muito poucos…
Mesmo que nem sempre esta sintonia seja perfeita entre os pais e a escola, é essencial que a escola e os seus professores em particular entendam e procurem corresponder às espectativas dos pais. E sabem o que é curioso? É que estas expectativas mudaram muito. Cada vez mais pais clamam e reclamam por uma melhor inclusão e não por uma mais confortável segregação. Pais e professores já entenderam o essencial da Educação: é aprender em conjunto, é estabelecer laços, relações, conexões e redes. Aprender é isto, é estabelecer relações, teias de emoções, de conhecimentos, de conteúdos, de competências, de relações.
Cada vez mais os pais sabem disto, cada vez os professores sabem mais isto e é por isso que hoje na Primavera de 2017 ao ver estas flores, acreditamos nos frutos. Talvez estes frutos sonhados não cheguem neste Verão ou mesmo até no Outono, mas estão aí porque até as flores, até as nossas crenças e utopias, têm uma força telúrica. Boa Primavera!
David Rodrigues
Sem comentários:
Enviar um comentário