terça-feira, 25 de abril de 2017

ASSOCIAÇÃO DE PARALISIA CEREBRAL ALMADA SEIXAL LEVA DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL À TURQUIA

A Turquia tem um longo caminho a percorrer para a inclusão da deficiência, através novas abordagens aos processos educativos. Com o projeto “Non4mall 4 all” Erasmus +, o intercâmbio de conhecimento entre profissionais de diferentes países vai permitir criar projetos assertivos, com mais interação entre alunos e professores em ambiente extracurricular, porque a educação e a inclusão vão além da sala de aula.

O projeto de intercâmbio na formação de professores “Non4mal 4all” Erasmus + (Não-formal para todos”), promovido pela Associação de Paralisia Cerebral Almada Seixal (APCAS) em parceria com representantes da Noruega, Estónia, Roménia, Hungria e Turquia, realizou em Istambul, de 2 a 8 de abril, mais um encontro transnacional.

Uma iniciativa realizada à semelhança daquilo que ocorreu no Seixal em fevereiro, quando a APCAS recebeu as instituições parceiras, com o objetivo de divulgar boas práticas para a educação inclusiva. “O primeiro encontro de seis, a realizar entre todos os países, num projeto que decorrerá até 2018”, destacou em fevereiro José Patrício, presidente da direção da APCAS, em declarações a O Seixalense. Agora, em Istambul, o encontro foi recebido pela Tuna Ilkokulu, escola sede do projeto na Turquia, com atividades direcionadas para a inclusão das comunidades refugiadas. No que José Patrício considerou ser “um verdadeiro sucesso de partilha fraterna, com a certeza que Istambul é uma cidade a revisitar”.

Embora uma das instituições visitadas, a Escola de Educação Especial, Remziye Yakup Kutsal Özel Eğt. Mes. Eğt. Mrk., tenha impressionado pelas “excelentes condições materiais e de equipamento para acolher 25 jovens com deficiência intelectual ligeira”, na perspetiva de José Patrício. A Turquia, assim como em todos os países participantes no “Non4mall 4all”, “na inclusão das crianças com necessidades educativas especiais, ainda está num patamar muito insipiente, faltando galgar muitos degraus até ao ponto em que estas crianças e jovens possam estar em igualdade de oportunidades”, afirma o professor.

A escola Tuna Ilkokulu, por outro lado, apresentou um papel muito ativo junto da população proveniente da Bósnia na década de 90. Atuando junto da primeira e segunda geração, com “projetos centrados na integração dos alunos e das suas famílias na cultura turca, mantendo sempre a sua identidade cultural e ligação às raízes” . Através de uma impressionante interação família-escola, “com a permanência constante de pais na escola, em ligação permanente com os docentes”. Na escola Șair Șinasi Ilkokulu, que também integrou o conjunto de visitas durante a semana, “presenciamos projetos de ensino da língua turca destinados às famílias provenientes da Síria, dotando-as de competências que facilitam a inclusão na comunidade e na escola.

Ensino inclusivo e o fluxo de refugiados

A visita à Turquia teve enfoque no contexto de proximidade que o país vive, em relação à Síria. Com a finalidade de passar formação sobre o desenvolvimento de atividades não formais em contextos de multiculturalidade, “esta visita decorreu sob o espectro da realidade que aquele país enfrenta na atualidade, com o crescente número de crianças refugiadas provenientes do holocausto que se vive na Síria, principalmente na cidade de Aleppo”, comenta José Patrício.

As questões do ensino inclusivo, na Turquia, têm por base o fluxo de refugiados, com necessidades ao nível de acompanhamento na aprendizagem e integração. Aos refugiados sírios “soma-se uma nova geração de Bósnios, descendentes daqueles que procuraram abrigo na Turquia, após a guerra dos Balcãs”. É esta complexidade cultural que o professor refere como “um desafio enorme para o sistema de educação turco”.

Fonte: O Seixalense/Zoomonline por indicação de Livresco

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