terça-feira, 22 de abril de 2014

Terceiro período: é agora ou nunca!

O apelidado por muitos de "período dos aflitos" começa esta terça-feira e, este ano, tem apenas 35 dias úteis. Neste sprint final, apoiar e motivar o seu filho é o mais importante e, defendem os especialistas, produz maiores resultados do que prometer-lhe aquela consola que ele tanto queria.

Se alguns alunos vivem o último período, de acordo com Bruna Pina, professora de Francês do ensino básico e secundário, com a cabeça nas férias de Verão, o que dá origem a “algum desleixo”, sobretudo pelos que acreditam que vão manter as notas dos períodos anteriores “sem grande esforço”. Para outros, particularmente os que estão na “corda bamba” entre passar ou chumbar, este é o período “derradeiro”, durante o qual dão “o tudo por tudo” para concluir o ano com sucesso.

Pedro Sales Rosário, especialista em Psicologia da Universidade do Minho, lamenta que a nota do 3.º período seja global, uma vez que, desta forma, “deixa de existir uma notificação dos trabalhos realizados”. “Era importante que existissem quatro notas, uma por período e uma global”, defende.

Tânia Duarte, professora de Ciências Naturais e Biologia, vai utilizar as últimas seis semanas do ano letivo para concluir os conteúdos e, nas turmas do secundário que vão realizar exame nacional, reservar as aulas finais para o “esclarecimento de dúvidas, revisões e resolução de exercícios”. Para a docente, o facto de o 3.º período ser mais curto, que o habitual, não influencia a preparação dos alunos, dado que o “segundo período foi mais longo”, e por isso “o número de aulas não sofreu uma alteração significativa”.

Para os estudantes que obtiveram classificações negativas no 1.º e no 2.º períodos, ainda não é altura de baixar os braços. Bruna Pina, professora na ilha Terceira, nos Açores, garante que apesar de ser difícil, “não é impossível” um aluno alcançar positiva apenas no último período, é “tudo uma questão de médias”. Tânia Duarte acredita que a superação “depende muito da motivação transmitida pelo docente e pelos encarregados de educação mas, sobretudo, dos objectivos e ambições do próprio aluno”.

Recompensas emocionais em vez de materiais

Nesta última etapa do ano, muitos pais recorrem a promessas de recompensas materiais para motivar os filhos. Contudo, Renato Paiva, psicólogo e autor de livros de autoajuda para alunos e pais, assegura que “as recompensas devem ser sempre emocionais”, até porque “a satisfação de bons resultados deve ser suficiente para que os alunos se envolvam”. Para o especialista em educação, o mais importante é “clarificar bem” os objetivos que os estudantes pretendem atingir. “Existindo metas a alcançar é mais fácil os alunos envolverem-se para o conseguir”, sublinha.

No caso específico dos estudantes que têm de este ano enfrentar os exames nacionais, o também diretor da Clínica da Educação, em Lisboa, um espaço de apoio para alunos e pais, acredita que a chave do sucesso é apostar em “resumos, apontamentos, esquemas, mapas mentais e simulações de exames”. “Ficarem passivamente a ler e memorizar as matérias é muito redutor quando se tem muita matéria para trabalhar”, justifica.

Durante o “período dos aflitos” ocorre habitualmente um aumento significativo no número de inscritos nos centros de explicações. No entanto, a opinião dos especialistas divide-se sobre a eficácia desta alternativa. Renato Paiva acredita que quando existem dificuldades “o melhor é procurar ajuda mais cedo”. No entanto, reconhece que para o aluno com sucesso “é proveitoso procurar ajuda nesta fase”, para “suprir pormenores que ainda falham”.

Porém, José Morgado, especialista em Psicologia Educacional do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa, defende que o recurso às explicações deve ser “sempre o último a considerar”. Porque, se por um lado, “o trabalho dos alunos deveria ser suficiente para suprir um resultado positivo”, por outro, a não ser suficiente, deveria ser a própria escola a “criar os diapositivos de apoio que pudessem ajudar” a resolver a situação. Uma vez que as explicações são “uma ajuda cara”, que muitas famílias não conseguem suportar, o que origina um “aumento do risco de desigualdade e descriminação” nas escolas portuguesas.

Dicas para os pais

Segundo José Morgado, durante as próximas seis semanas, os pais devem:
1. Expressar “confiança e expectativas positivas sobre as capacidades e competências dos filhos”.
2. Incentivá-los a melhorar os resultados escolares, “dentro dos limites razoáveis”, uma vez que nem todos os estudantes “reagem bem” à pressão para excelência. “Os alunos esperam essa atitude interessada por parte dos pais, desde que não seja tão excessiva ou intrusiva que em vez de contribuir para a solução, possa ser parte do problema”, alerta.
3. Conversar, sem grande crispação, com os filhos. “É a forma mais interessante que temos de saber como correm as coisas e o que pode ser tentado quando algo não vai como se esperaria e quereria”.

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