sábado, 18 de agosto de 2012

Jovem que só tem uma mão é pianista de sucesso

Disseram-lhe que nunca seria bem sucedido e que estava apenas a desperdiçar o tempo dos professores. Mas Nicholas McCarthy viria a tornar-se o primeiro pianista só com uma mão a graduar-se no Royal College of Music, em Londres, no Reino Unido.

Nicholas McCarthy, de 23 anos, nasceu sem a mão direita, mas tal não o impediu de tornar-se um pianista de sucesso. Ainda em criança, o britânico aprendeu sozinho a tocar num piano elétrico, começando a ter lições apenas aos 14 anos.
Profissionalmente, a carreira que o jovem ambicionava era a de chefe de cozinha, mas uma sonata para piano de Beethoven tocada por um amigo deixou-o "estupefacto". Segundo o que contou à BBC, foi aí que o jovem decidiu que queria ser pianista.
Na altura em que começou a procurar uma escola para jovens pianistas, foi-lhe recusada uma audição, justificada pelo professor principal como sendo uma perda de tempo para ele e para os outros. Para o professor, o facto do jovem ter só uma mão iria ser sempre um contratempo, que faria com que este nunca tivesse sucesso.
Para McCarthy, ser pianista "era tudo o que queria fazer", por isso o episódio deixou-o destroçado, mas não lhe tirou a força de vontade. "Podia sentir que iria ser como subir uma ladeira, mas tornou-me mais determinado. Sou bastante teimoso", disse o jovem à BBC.
Aos 17 anos entrou na famosa escola de música Guildhall, em Londres, ganhando o prémio de piano anual. Depois seguiu para o Royal College of Music, também na capital inglesa, de onde saiu como o primeiro pianista só com uma mão a graduar-se naquela instituição.
"Ele tem sido uma grande inspiração para muitos dos seus colegas, mostrando o que é possível conseguir quando se tem uma incapacidade", contou a professora de piano, Vanessa Latarche.
A professora acrescentou que o jovem foi "incrivelmente empreendedor" em ultrapassar grandes desafios, como o de desenvolver energia para fazer recitais de 50 minutos só com uma mão. McCarthy toca peças escritas para a mão esquerda, sem as alterar.

A primeira paraorquestra britânica

O jovem faz parte da primeira orquestra britânica composta por músicos com incapacidades, a paraorquestra, que tocou para os atletas paraolímpicos aquando da chegada a Londres para as Paraolimpíadas. Assim que se juntou ao grupo, alguns músicos parcialmente cegos não conseguiam acreditar que o pianista tocava só uma mão, o que o jovem considerou ser "um grande elogio".
McCarthy disse também pensar que muita gente o vai ver tocar só por curiosidade. "Para muitos, a primeira reação é de espanto, o fator "uau". Houve algumas pessoas que pensaram que eu tocava com uma música de apoio, mas sou só eu e a minha mão esquerda".
A determinação, a confiança e a crença de que nenhuma tarefa é impossível foram conceitos instigados pelos pais do jovem, que sempre o deixaram fazer coisas que os outros diziam que ele não conseguiria. McCarthy foi um dos primeiros entre os seus colegas a aprender a andar de bicicleta, adaptada para ser usada com a mão esquerda.
"Podes permitir que a sociedade te defina pela tua cor, raça, crença ou incapacidade, mas se decidires não ser definido por isso, o mundo inteiro torna-se a tua concha", declarou o pai do jovem.



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