A educação é um pilar fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade. A qualidade do sistema educativo de um país é determinante para o progresso e bem-estar das suas gerações futuras. Nesse contexto, é essencial reconhecer a importância dos professores na definição das políticas educativas e os perigos associados ao desfasamento da realidade quando algumas tomadas de decisão são feitas por quem não possui experiência prática.
Os professores, como atores-chave na transmissão do conhecimento e no desenvolvimento das habilidades dos alunos, possuem uma compreensão íntima dos desafios e das necessidades que os estudantes enfrentam no processo educativo. As suas vivências diárias proporcionam-lhes uma compreensão única sobre quais são as abordagens pedagógicas mais eficazes e como as políticas educativas podem impactar diretamente a aprendizagem dos alunos. Portanto, é imperativo que os professores tenham um papel ativo na formulação dessas políticas.
Um dos perigos evidentes de políticas educativas criadas por indivíduos distantes da realidade da sala de aula é o desfasamento. As mudanças sociais, tecnológicas e culturais ocorrem a um ritmo acelerado, exigindo abordagens educacionais ágeis e adaptáveis. Políticas baseadas em teorias abstratas e desprovidas de conhecimentos práticos podem falhar em abordar as necessidades reais dos alunos, levando a lacunas na aprendizagem.
Para mitigar o efeito de desfasamento, seria necessário a criação de mecanismos de auscultação dos professores que estão ativamente no terreno. Esses mecanismos poderiam incluir:
- Grupos de trabalho consultivos: compostos por professores de diferentes níveis e áreas de ensino, esses grupos seriam responsáveis por fornecer feedback direto sobre as políticas em discussão.
- Fóruns de discussão online: plataformas digitais dedicadas a debates entre professores, onde ideias e preocupações poderiam ser compartilhadas e debatidas.
- Sessões de feedback regulares: encontros programados entre professores e decisores políticos, para discutir as implicações das políticas educativas propostas.
- Inquéritos de opinião: realização de pesquisas anuais para coletar opiniões dos professores sobre as políticas implementadas e possíveis melhorias.
- Participação em comissões ministeriais: inclusão de professores em comissões que tomam decisões sobre políticas educativas.
Juntamente com estes mecanismos, seria necessária uma mudança de atitude por parte dos professores. Estes também têm de perceber que têm a responsabilidade de serem mais assertivos na execução das diretrizes do ministério. Uma classe unida e informada tem o poder de recusar medidas prejudiciais à educação. Essa atitude requer uma mentalidade de liderança e compromisso com o bem-estar dos alunos.
Especialistas em Educação têm destacado a importância da participação dos professores na construção de políticas educativas. O ensino é uma atividade complexa e aqueles que estão no terreno são os mais aptos a compreender as suas complexidades.
Como exemplo dessa incapacidade temos a questão da imposição do digital nas escolas. Os professores, mesmo sabendo que o uso excessivo da tecnologia pode prejudicar a aprendizagem autêntica e a interação humana, não foram capazes de dizer não. Não aplicaremos as provas ou os exames digitais, não os corrigiremos, não iremos submeter os nossos alunos a esse teste laboratorial. Preferimos a conivência e, com medo, fomos fazendo, impondo uns aos outros essa tarefa, olhando de lado para quem tentou resistir e punindo-os em muitos casos.
É necessário mudar o paradigma da formulação de políticas educativas e por isso a participação ativa dos professores é crucial para evitar o desfasamento da realidade e garantir um sistema educativo adaptado às necessidades reais dos alunos.
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