É urgente apostar no reforço da educação e da qualificação dos portugueses jovens e adultos para as competências e para os empregos do futuro, de forma a ativar o elevador social em Portugal.
A Educação não pode ser compartimentada. Deve ser vista como um processo contínuo ao longo da vida, que inclui a educação obrigatória, a educação e formação profissional, a educação superior e a educação dos adultos ao longo da vida.
No dia em que se comemora internacionalmente a Educação e quando estamos a poucos dias das eleições legislativas é fundamental colocar a Educação na agenda pública e política. Precisamos de fazer diferente e de uma nova ambição para Portugal para podermos quebrar esta estagnação económica e social em que nos encontramos há demasiadas décadas!
A situação atual do país obriga a um compromisso entre todos os stakeholders da sociedade (empresas, entidades formadoras, instituições de ensino e decisores políticos).
E muito desse caminho passa por um Ministério da Educação que, para além das preocupações com as infraestruturas e com os recursos, se foque no essencial - no estudante e nas suas competências, isto é, na qualificação dos portugueses para que estes tenham as competências que lhes permitam ter um futuro melhor e em que os recursos (escolas, professores, conteúdos) são o motor para que tal aconteça. É necessário também que o Ensino Superior acelere a sua transformação para se adaptar com mais agilidade às necessidades do futuro e que seja o promotor de formação de curta duração e orientada para as necessidades do mercado (para além do que já faz hoje).
Precisamos também de desmistificar o Ensino Profissional e o Ensino Superior Politécnico, dando-lhes a real importância que merecem e o enorme contributo que têm dado e que poderão ainda aumentar para as qualificações de todas as gerações. A adiada aposta no ensino dual, que tão bons frutos tem dado em países desenvolvidos como a Alemanha, deverá ser implementada.
Portugal tem o maior fosso inter-geracional da União Europeia nos níveis de qualificação da sua população ativa e é apontado pela OCDE como um dos países com pior enquadramento financeiro para a educação e aprendizagem ao longo da vida, e como o país onde é mais urgente apostar na formação dos seus adultos
Para transformar Portugal numa sociedade do conhecimento, a Fundação José Neves definiu como metas aspiracionais para 2040: uma população jovem e adulta mais qualificada, com pelo menos 60% dos jovens com ensino superior e no máximo 15% dos adultos com baixa escolaridade. Uma taxa de emprego de 90% para os jovens que terminam um nível de escolaridade e 25% dos adultos a participar em educação e formação ao longo da vida. Colocar Portugal nos 10 países da União Europeia com mais emprego em setores tecnológicos e intensivos em conhecimento, com o reforço da educação alinhado às necessidades do mercado de trabalho.
Para concretizar esta ambição é fundamental definir uma agenda para a década (e não para a legislatura), apostar nas qualificações dos jovens portugueses e requalificar a população com baixas qualificações para manterem relevância no mercado de trabalho (nomeadamente através da formação de curta duração), promover a aprendizagem ao longo da vida, garantir alinhamento entre educação e formação e as necessidades do mercado de trabalho, acompanhar e antecipar as dinâmicas e necessidades do mercado de trabalho, diversificar o formato e modelos da oferta educativa, rever o papel da formação profissional e da articulação com escolas profissionais e ensino politécnico, permitir e fomentar a inovação na escola em todas as suas vertentes, apostar no ensino dual, valorizar o papel do professor e tornar a profissão apelativa para os jovens.
O mundo e o mercado de trabalho estão a evoluir rapidamente e Portugal não pode continuar a ficar para trás. Temos de agir já.
Carlos Oliveira
Presidente Executivo da Fundação José Neves
Fonte: Público
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